terça-feira, 16 de janeiro de 2007

EDITORIAL DO CORREIO DA CIDADANIA
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O que espera a classe trabalhadora em 2007

O discurso ambíguo de Lula, tanto na campanha eleitoral como após sua retumbante reeleição, não deve enganar ninguém. Somente alguém muito ingênuo pode acreditar em uma virada substantiva em 2007. O que vai acontecer, de fato, é uma nova rodada de ataques aos direitos dos trabalhadores e à autonomia da Nação.Não que se atribua a Lula propósitos sinistros. Apenas se vê, realisticamente, que esses ataques estão na lógica do modelo de sociedade implantado no país nestes últimos quinze anos. Numa economia capitalista neoliberal - e o Brasil é hoje uma economia neoliberal -, é imprescindível reduzir direitos dos trabalhadores e transformar o Estado em um apêndice do Mercado. Por isso, Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Consolidação das Leis do Trabalho, Previdência Social são a bola da vez, pois são tudo o que restou do antigo Estado da Era Vargas.Dentro da tradição de abrir o ano com previsões, o Correio da Cidadania aponta a necessidade de preparar a esquerda para os ataques a essas fortificações que ainda não foram destruídas.Já aprendemos, no primeiro mandato, que a tática adotada pelo governo é “comer pelas beiradas”. Nada de apresentar um projeto de lei dizendo: “revoga-se a lei do salário mínimo”. O método consiste em usar uma fórmula enganosa para transformar o que é piso em teto e gastar milhões em publicidade para convencer a massa de que se trata de um avanço social importante. Foi assim com o “supersimples”, a “unificação das receitas da União”, “os leilões de bacias petrolíferas”, as “parcerias público-privadas, as terceirizações. Não há como prever a forma e a época dos ataques que o sistema irá desferir nos direitos trabalhistas e previdenciários em 2007. O exército mais forte, como todos sabem, tem a prerrogativa de decidir a hora e a tática do combate. Cabe às forças da esquerda se prepararem para poderem dar respostas o mais prontamente possível, assim que o ataque for desferido.Contudo, não basta preparar-se para resistir porque nenhum exército consegue manter-se eternamente na defensiva. A resistência só tem sentido enquanto parte de uma estratégia de vitória.Pensando nisso, convém assinalar que o ano de 2007 pode proporcionar uma oportunidade para oferecer à classe trabalhadora uma verdadeira alternativa ao modelo neoliberal. A razão disso é que o ataque ao contrato de trabalho afeta mais diretamente a classe trabalhadora do que os outros ataques que já foram desferidos contra ela e, portanto, tem lógica esperar que ela reaja mais intensamente do que nos ataques anteriores.Se as forças de esquerda souberem agir, poderão surgir condições para um novo processo de mobilização de massas – o único fato realmente decisivo para qualquer alteração na política atualmente seguida pelo governo federal.A leitura de textos dos intelectuais da direita permite supor que eles também estão vendo essa possibilidade, tanto que já começaram a desenvolver a tese de que a incorporação dos trabalhadores informais depende da redução das vantagens e garantias dos trabalhadores com carteira assinada. Desse modo, joga-se povo contra povo.A única maneira de neutralizar essa tática é lançar uma campanha pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários, sob o argumento de que, se há mais trabalhadores disponíveis do que o número necessário para produzir os bens e serviços demandados pela sociedade, não há razão alguma para exigir que os trabalhadores empregados trabalhem oito, dez, doze e até mais horas, salvo obviamente a enorme margem de lucro dos empresários. Mas é precisamente esta que precisa ser reduzida para diminuir a escandalosa desigualdade social.Com as informações de que dispõe, o Correio da Cidadania não tem condições de prever nada mais para o ano de 2007.

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