domingo, 30 de novembro de 2008

Guerra aos miseráveis

A oposição brasileira reclama que o atual governo da mole na relação com os vizinhos latinoamericanos. Gostariam que o nosso governo declarasse guerra aos miseráveis, que em alguns casos nem são tão miseráveis assim.

A maçonaria

A maçonaria é uma instituição que tem gerado ao longo do tempo muita especulação sobre a sua estrutura, seus participantes, seus objetivos, o fato é que se trata de uma sociedade secreta, e essa característica possibilita uma séria de especulações.

A esquerda petista e os setores conservadores do governo

A chamada esquerda petista convive com uma tranquilidade assustadora com os setores mais conservadores do governo Lula. Confirmando a velha tese de que no governo, todos acabam ficando muitos parecidos.

Há anos 80!

Nos anos 80 no Brasil, logo após o fim da ditadura se desenvolveu uma cultura de forte crítica em relação aos problemas sociais, Hoje seria ótimo que isso fosse recuperado, para fazer um contraponto com o discurso dos satisfeitos e dos filósofos do óbvio. Há anos 80!

Obama governará obedecendo aqueles tradicionais compromissos

Ao que parece o encantamento com Obama vai caindo na realidade, realmente não seria razoável supor que os EUA mudará da água para o vinho apenas pelo resultado de uma eleição, todos hão de concluir que houve muitos exageros nas comemorações pela vitória do candidatos democrata pelo mundo. Obama governará a principal potência do mundo certamente obedecendo aqueles tradicionais compromissos que todos os seus antecessores obedeceram.

Santa Catarina não é a Europa brasileira

As enchentes em santa Catarina nos servem para percebermos a pobreza e a desigualdade que assola boa parte dos moradores das nossas cidades. Bom para os Brasileiros saberem que Santa Catarina não é a Europa brasileira como muitos políticos demagogos gostam de falar. Também serviu para todos ouvirem nossas autoridades expressarem, a sua preocupação fundamental com o turismo do final do ano, que será prejudicado com as enchentes.

A esquerda que os EUA é capaz de tolerar na América Latina

No Brasil, Uruguai e no Chile, observou-se a ascensão de uma esquerda, representada por Luís Inácio Lula da Silva, Tabaré Vázquez e Michelle Bachelet, que aceita a globalização e não se opõe a uma economia de mercado, nem pretende substituir o regime da democracia representativa, mantém uma relação cordial com os Estados Unidos. Em linhas gerais poderíamos dizer que é a esquerda que os EUA é capaz de tolerar na América Latina.

Nossa esquerda atenuante

Atenuar as desigualdades, parece ser a palavra de ordem da esquerda nos governos latino-americanos. Deram adeus a qualquer perspectiva de uma sociedade igualitária, seu horizonte máximo passou a ser ATENUAR AS DESIGUALDADES, e nem isso tem conseguido fazer.

ES TV II - Chuvas na Grande Vitória - 25/11/08

ES TV II - Chuva na BR 101 Sul - 25/11/08

Aquecimento global

sábado, 29 de novembro de 2008

Como fazer uma criança morrer de rir - Corinthians - Timão

Tente Não Rir...

Para rir

Você Aprende - William Shakespeare

Blog do Noblat

Blog do Noblat :
"Mais mortos pelas chuvas em Santa Catarina
O prefeito de Ilhota, Ademar Félix, aprovou um decreto nesta sexta-feira, que está sendo divulgado neste sábado, autorizando a Polícia Militar a prender os desabrigados que tentarem voltar para casa na região do Braço do Baú, considerada área vermelha, isto é, de grande risco. Segundo a Prefeitura, a intenção é fazer com que as pessoas fiquem nos abrigos, pois muitos moradores estão fugindo de volta para tentar salvar seus pertences. Neste sábado, a Defesa Civil anunciou que encontrou mais quatro corpos na região do Baú, elevando para 109 o número de mortos."

Não vamos esquecer tão cedo!


Não vamos esquecer tão cedo!

Porto de Itajaí

AS ENCHENTES EM SC 2ª

AS ENCHENTES EM SC 3ª

A persistência do conservadorismo político

A política é um esforço tenaz e enérgico para atravessar grossas vigas de madeira. Tal esforço exige, a um tempo, paixão e senso de proporções. É perfeitamente exato dizer – e toda a experiência histórica o confirma – que não se teria jamais atingido o possível, se não se houvesse tentado o impossível. (Max Weber)



“Se quisermos que tudo fique como está é preciso que tudo mude”, escreveu Giuseppe Tomai di Lampedusa. (1974: 42) A história brasileira confirma a máxima lampedusiana e revelam o amálgama entre o elemento conservador e o liberal; são “revoluções pelo alto” que silenciam ou incorporam, nos limites da ordem política e social liberal-democrática, determinadas demandas dos de baixo.[1] A ascensão dos movimentos sociais pressiona parcela das elites na direção mudancista. Diante da manifestação das massas na cena política, estes setores terminam por se dobrar à realidade e, então, procuram ansiosamente impor limites, integrar e promover a domesticação das forças contestadoras.

A direita raivosa range os dentes e fica à espreita; mas os setores esclarecidos da elite brasileira, à maneira do personagem lampedusiano que encarna a aristocracia economicamente decadente, se molda aos novos ventos e tenta evitar o turbilhão. Se a política da ordem se mostrar inviável, isto é, se a radicalização dos de baixo produzir uma situação que dificulte a estratégia de mudar para que tudo permaneça igual, a solução historicamente adotada pelas classes dominantes consiste na imposição dos seus interesses políticos através de meios autoritários. Observemos os curtos períodos democráticos em nossa história, aliado à própria fragilidade da democracia e os recorrentes períodos de regimes políticos ditatoriais.

A política da ordem depende da integração das forças de esquerda, isto é, que estas se reconheçam no sistema vigente. No passado recente, essa política se traduzia na estratégia pecebista colaboracionista pela revolução nacional e democrática. A derrota do reformismo em 1964 pareceu dar razão aos seus críticos, os que propugnavam por uma estratégia socialista para o Brasil e apontavam os limites do caminho pacífico da revolução brasileira propugnado pelo partidão. A repressão que se seguiu ao golpe militar foi indiferente às divergências na esquerda brasileira, atingindo ferozmente uns e outros. Sem desconsiderar este aspecto, fundamental para compreender a derrota dos revolucionários, é preciso também observar que este período revela o calcanhar de Aquiles da esquerda brasileira: a distância entre a retórica socialista e a prática reformista; entre as grandes estratégias revolucionárias traduzidas na idéia de partido ou vanguarda armada, mas profundamente incapaz de se enraizar nas massas.

O surgimento do Partido dos Trabalhadores expressa a tentativa de superar o duplo dilema: a política populista que pressupõe a condução da massa passiva ou mobilizável segundo critérios e controle da liderança; e, o vanguardismo tradicionalmente vinculado à herança marxista-leninista. Tratava-se de ultrapassar a concepção política burguesa eleitoralista, fundada numa relação paternalista e/ou tuteladora; e, por outro lado, possibilitar a ultrapassagem da política da esquerda fundada no mito do partido que expressaria os interesses da classe e a razão revolucionária.

O Partido dos Trabalhadores surge como um paradoxo que oscila entre a obediência e a contestação da ordem. Prisioneiro da legislação, tudo faz para se legalizar e, neste sentido, ser aceito pela ordem burguesa.[2] Simultaneamente, potencializa o discurso e a prática contestatórios amparados em forças sociais populares que lhe dão sustentação. Seu crescimento eleitoral indica não apenas transformações substanciais da sua linha política, uma inflexão na direção da integração à ordem política em seu conteúdo liberal-burguês, mas também se dá numa fase de descenso do movimento operário e popular.

Ao mesmo tempo, ocorre o agigantamento da máquina partidária e a sua crescente burocratização. Os fatores do crescimento eleitoral também influenciam os setores radicalizados. Todos passam a ter interesses materiais a defender e os anseios revolucionários têm que ser mediados e/ou reduzidos à retórica. Economicamente, a vida de centenas e milhares de pessoas fica indissoluvelmente ligada à existência da organização partidária: o emprego, a sobrevivência dos militantes e das suas famílias passam a depender dela. Neste processo, a organização deixa de ser um meio e transforma-se no fim.

Esse fenômeno não é específico do Partido dos Trabalhadores, mas é algo observável na trajetória da social-democracia européia e nos partidos operários de massa. Como ressaltou Robert Michels:

“Quanto mais necessita de tranqüilidade mais se atrofiam suas garras revolucionárias e ele se transforma num partido ostensivamente conservador que continua (o efeito sobrevivendo à causa) a utilizar a terminologia revolucionária, mas na prática não desempenhará outro papel senão o de um partido de oposição constitucional”. (229)

A tendência conservadora dos partidos políticos de origens operárias e de massas também foi analisada por outros olhares argutos.[3] Tomemos mais um exemplo ilustrativo:

“A social-democracia está hoje evidentemente a ponto de converter-se em uma poderosa máquina burocrática dando ocupação a um exército de empregados, a um estado dentro do estado. (...) A questão é quem tem de temer mais tudo isto a longo prazo, a social-democracia ou a sociedade burguesa. Eu, pessoalmente, penso que é a primeira (...), isto é: aqueles elementos que nela são portadores de ideologias revolucionárias. Já hoje todo mundo conhece a existência de certas oposições dentro da burocracia social-democrata. E quando possam desenvolver-se totalmente as oposições entre os interesses materiais de sustento dos políticos profissionais, por um lado, e a ideologia revolucionária , de outro (...) Só então correrá a virulência revolucionária verdadeiramente sérios perigos e será mostrado que por este caminho a longo prazo não será a social-democracia quem conquistará as cidades ou o estado mas, ao contrário, será o estado quem conquista o partido. (Muito bem!) E não vejo por que a sociedade burguesa como tal há de ver um perigo nisto”.[4]

As palavras de Max Weber expressam a realidade social-democrata nas primeiras décadas do século XX e revelam-se atuais. Comparativamente ao PT, e resguardadas as circunstâncias e especificidades históricas, a impressão é de déjà vu.

O Partido dos Trabalhadores que, finalmente, conquistou o governo federal contradiz os seus princípios e valores dos primeiros anos, é outro partido. Tanto os indivíduos quanto as instituições se transformam com o tempo. Porém, o caráter resultante dessa metamorfose não é determinado a priori, mas depende das opções feitas. As transformações das instituições políticas estão vinculadas às decisões políticas majoritárias ou a incapacidade da minoria em impor outro caminho ou mesmo de conciliar para manter o espaço conquistado.

A tendência ao conservadorismo, à transformação da organização de meio em fim, influi sobre o conjunto partidário. A militância profissionaliza-se, o partido adota meios e valores criticados em suas origens e até mesmo o discurso ético é abandonado ou “esquecido” em nome do imperativo pragmático. A crescente dependência econômica dos recursos provenientes do Estado fortalece aproxima-o das forças políticas conservadoras (o partido começa a justificar alianças políticas que antes seria inaceitáveis e consideradas espúrias); fortalecem-se os vínculos com os interesses da ordem.

Esta dinâmica atinge o partido em seu conjunto. Mesmo seus setores considerados à esquerda resvalam no conservadorismo político: atenuam a crítica interna, adaptam-se à luta política internista sem colocar em risco seus interesses políticos e materiais, adiam interminavelmente a ruptura, voltam-se romanticamente para um passado mitológico – algo como o retorno ao “PT das origens” – e elaboram discursos justificatórios da permanência no interior do partido.

O advento do governo petista sugeriu aos mais otimistas e esperançosos que, finalmente, entrávamos numa fase que possibilitaria a ruptura com o padrão conservador. A ascensão do Companheiro Lula à presidência foi vista como resultante e tradução dos anseios populares por mudanças. Em política, erros de análise geram ilusões e frustrações que podem ser irreversíveis. Não demorou muito e logo surgiram os perplexos e desiludidos.[5] A recorrência à política conservadora, agora sustentada por um discurso que advoga, de maneira determinista, os imperativos da política econômica e a necessidade de garantir a governabilidade, produz, é claro, a sua oposição à esquerda.

Pode parecer um paradoxo que forças da esquerda oriundas do partido lulista passem a combater o governo. As divergências demonstram a fragilidade das análises maniqueístas e o quanto a realidade política é complexa – para além de raciocínios dicotômicos. A esquerda têm as suas contradições, e se alimenta destas. A ascensão do PT e seus aliados ao governo federal acirram as diferenças e produz os novos radicais.

A nova fase política inaugurada com a vitória de Lula à presidência da república contribui para delimitar os campos. Os desiludidos tendem a ampliar o coro dos descontentes e a crítica à esquerda opera como um centro de atração, repetindo um ciclo político observável na história dos partidos operários: a tendência à conservação é tensionada pela tendência à fidelidade aos princípios originais. Os novos radicais, com erros e acertos, cumprem um papel fundamental na construção de novos caminhos opostos ao servilismo dos que usufruem as prebendas governamentais, às vezes, em flagrante contradição com a própria trajetória política. Os hereges expressam a consciência crítica e o mal-estar dos novos conservadores que imaginam poder congelar o tempo e obstruir o florir das primaveras.

Muda o discurso, refaz-se o arco de alianças, e os inimigos de ontem substituem os companheiros dos primeiros tempos que teimaram em erguer a bandeira da contestação da ordem. O governo Lula repete o padrão conservador presente na história brasileira. Vez ou outra, intelectuais lúcidos como Manoel Bonfim erguem-se em meio aos deslumbrados pelo poder para denunciar a persistência da lógica lampedusiana que metamorfoseia contestadores de ontem em conservadores de hoje.[6]

O conservadorismo político nem sempre se assume. No Brasil a direita é envergonhada e a esquerda termina por se confundir com esta ao se identificar com o centro pantanoso, oportunista e fisiológico; esta simbiose aglutina interesses específicos relativos às demandas regionais e ao usufruto do aparato do Estado e aprofunda o descrédito em relação à política e os políticos. O governo de plantão repete a lógica de governar pela distribuição de prebendas públicas, em nome da necessidade de manter a base aliada, isto é, do realismo e pragmatismo político. Os deslumbrados, à maneira das antigas ordens religiosas, assimilam as necessidades profanas e elaboram o discurso legitimador desta política pusilânime e conservadora. Repetem os que hoje se dizem na oposição.

A permanência do conservadorismo conta com o concurso dos partidos e lideranças originados no campo popular integrados ao aparato do Estado. A política do governo petista expressa o desenlace de uma dinâmica cujo ponto de inflexão é marcado por dois momentos: o V Encontro Nacional do PT, realizado em finais de 1987; e, a derrota de Lula na disputa com Collor, em 1989. Desde então, o PT e seu eterno candidato se prepararam para assumir o governo e, neste caminho, não titubearam em levar às últimas conseqüências a máxima de que os fins justificam os meios. Mas para isso o PT e as suas lideranças máximas tiveram que borrar o próprio passado.

O PT preparou-se para governar, e a elite convenceu-se neste processo de que não havia motivos para grandes sustos. Ocorreu a dupla conversão: do PT à política burguesa e de parcelas dos setores burgueses a ele. Por outro lado, a evolução da sociedade nestes anos legitimou o compromisso conservador. Se nos anos 1980 o PT atemorizava amplos setores sociais com o seu radicalismo, nos anos 1990 sua política perde acentuadamente a conotação radical – reservada na linguagem da grande imprensa aos setores minoritários em seu interior[7] – e isto também contribui para a aceitação de grandes setores populacionais, inclusive das classes populares, ideologicamente conservadores. O PT vitorioso nas últimas eleições presidenciais expressa o pacto social pela ordem e estabilidade, encoberto pela retórica mudancista que, inclusive, responde aos anseios de determinados setores organizados.

Lula e o PT que emergem deste processo expressam o positivismo – e, neste sentido, sua política não é incoerente com a campanha eleitoral.[8] Os desalentados de última hora parecem não ter percebido a evolução do lulismo e do petismo. Por outro lado, é compreensível que os indivíduos enfatizem os seus desejos, em detrimento da realidade.

O realismo político do governo petista se traduz num pragmatismo medíocre. A julgar pelo discurso petista atual, não há alternativas, e o próprio Lula seria prisioneiro da contradição entre as boas intenções e as condições para implementá-las. Só lhe resta, então, se preparar pragmaticamente para a reeleição. Se tomarmos a epígrafe como referência, podemos concluir que nem mesmo um liberal lúcido concordaria com esta concepção determinista da política. É o padrão conservador atualizado.




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[1] Ver as reflexões publicadas neste espaço: “O PT no governo: um outro Brasil é possível?” REA, nº 2, julho de 2001; e, “Entre a razão e a emoção”. REA, nº 20, janeiro de 2003.

[2] Esta é uma contradição verificável não apenas na necessidade do PT aceitar determinadas normas para obter a sua legalização, mas presente nos movimentos sociais do período, os quais oscilam entre a crítica ao Estado – em nome da autonomia – e a necessidade de ter este como interlocutor. Por outro lado, os elementos que caracterizam a “novidade” do PT e dos movimentos sociais desta época contrastam com os “velhos” valores que permeiam-nos. O novo não é tão novo quanto parece.

[3] Ver, entre outros, ABENDROTH (1977) e PRZEWORSKI (1989).

[4] “Atas da Assembléia Geral de 1907”, Leipzig, 1908, p. 296. Apud Guimarães,1990, op. cit., págs. 78-79.

[5] Remetemos o leitor à reflexão “Os perplexos, as ilusões perdidas e os novos radicais”, publicada na REA, REA, nº 33, fevereiro de 2004.

[6] Nesse sentido, as palavras seguintes sintetizam bem esta dinâmica integracionista e, por outro lado, mostra que o conservadorismo político deita raízes em nossa formação social: “Parece um paradoxo, tão estranho é: pouco importa a luta, os conflitos, levantes e revoluções que tenham trazido o indivíduo ao poder, uma vez ali, "sentindo as responsabilidades do governo”, o verdadeiro homem se revela; tudo parou, o revolucionário de ontem desaparece, as gentes ponderadas e graves podem aproximar-se – ficarão encantadas de verificar que mundos de sensatez nele se encerram ali; ávida vai continuar tal qual era; “o período de agitação acabou, as responsabilidades, etc., impõem o dever de não criar dificuldades novas”. Quer dizer: todo o esforço agora é para impedir que se dê execução às reformas em nome das quais se fez a revolução, e para defender os interesses das classes conservadoras, a fim de acalmá-las.” (BONFIM, 2000: 735)

[7] Ver: “A Revista Veja, o PT e as Tendências”. REA, nº 18,

“Trabalho e Política - Ruptura e tradição na organização política dos trabalhadores (Uma análise das origens e evolução da Tendência Articulação – PT)”. REA, nº 22, março de 2003; “Os amigos do rei, guardiões da ordem e os radicais”, REA, nº 26, julho de 2003; e,

[8]. Ver: “Lula: O Positivista”. REA, nº 16, setembro de 2002; e, “Crescimento eleitoral e positivismo petista”. REA, nº 41, outubro de 2004.

AS ENCHENTES EM SC 1ª

Paulo Alceu

Paulo Alceu:
"Vergonhoso
Os culpados PELAS MORTES EM VIRTUDE DAS ENCHENTES E O MAU TEMPO, são todos os responsáveis pela defesa civil do Estado de Santa Catarina. Durante todo esse tempo que esta chovendo, NÃO deram sequer um ALARME de PREVENÇÃO!
NÃO colocaram um único ALERTA nos quartéis e Corpo de Bombeiros, bem como nas regionais!
NÃO esta chovendo há 30 dias, nem há 40,50,60,70,80... Esta chovendo há 105 dias, três MESES E CINCO DIAS, até o final de semana de maior tragédia, de deslizamentos, mortes, estradas bloqueadas por terra, alagamentos... E NÃO DERAM UM SÓ ALARME DE CUIDADO, DE PREVENÇÃO, NEM UM MEIO ALARME, com a terra toda encharcada como diz o manézinho e tbém o colono do interior. Se eu fosse o governador do Estado,que não tem culpa do desastre, pois pensou que nomeou pessoas competentes para a função, exoneraria, demitiria, colocaria para a rua a cúpula da Defesa Civil e depois processaria por dolo, por todas as mortes ocorridas e que ainda venham a ocorrer.A FALTA DE PREVENÇÃO FOI A PRINCIPAL CAUSA!!!!
Os sites que comentam a previsão do tempo, como a climaterra.com.br, vem avisando há semanas, E NADA FOI FEITO, NENHUM ALARME SOOU, NEM UM MEIO ALARME FOI DADO, NEM ALARME NÍVEL 1, NEM 0,1!!!
Em Blumenau o capitão do exército disse em declaração a TV, '...que não deu tempo de avisar os soldados QUE ESTAVAM EM CASA...' CLARO QUE NÃO DEU, NÃO HOUVE UM ÚNICO ALARME DE PREVENÇÃO POR PARTE DA DEFESA CIVIL DO ESTADO!!!!

Nikita Prado / Florianópolis"

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Lamento pelo Planeta

Até agora, não escrevi uma única vez sobre a tragédia em Santa Catarina simplesmente porque não sabia o que escrever. O que aconteceu num Estado que todos, quando o citam, lembram de sua beleza, furta-me as palavras. Não tendo o que dizer, pois, resta-me apenas lamentar.

Fica difícil dizer algo que a ajude as vítimas da tragédia ou mesmo que ajude a prevenir que esta não volte a ocorrer. A fúria da Natureza manifestou-se de forma tão impressionante que ninguém ousou questionar qualquer mortal por não ter tomado medidas para enfrentá-la. Ficou completamente evidente que o poder que se manifestou transcende muitas vezes o do homem.

A mídia reproduz até os esforços desesperados dos governos federal, estadual e da sociedade civil para mitigarem a dor das vítimas. O dinheiro público jorra, a solidariedade da sociedade é generosa, farta e célere, mas todos sabem que são apenas esforços humanos contra um poder superior. Somos apenas homens contemplando o Poder da Criação.

Todavia, se talvez eu pudesse tentar dizer alguma coisa que importasse e que pudesse fazer sentido, que nos permitisse racionalizar sobre tudo isso, eu diria que a Natureza é poderosa demais, que a Criação é poderosa demais para ser provocada como temos feito.

A irracionalidade da busca hedonista do homem emerge em cena com toda a sua exuberância bizarra. Nesse espasmo desvairado de nossos desejos por moldar a realidade ao nosso redor, terminamos explodindo o chão sob nossos pés ao extinguirmos o ar à nossa volta e exaurirmos os recursos naturais nas entranhas do planeta.

Quantos, porém, clamarão pela preservação do meio-ambiente de forma muito mais clara, muito mais objetiva e muito mais inteligente do que a minha, mas sem obterem nem um átimo a mais do que eu da atenção dos que poderiam determinar a preservação do planeta?

“Mais um texto ecochato”, é o que diriam os senhores da guerra econômica que o planeta trava se lessem o que estou escrevendo, pois lutam uma guerra na qual não há espaço para preocupações com o futuro e na qual só o presente interessa, com todas as suas cifras, dividendos e royalties.

Não há como usar o futuro da humanidade para barganhar com os donos do planeta, com os semideuses que decidem quanto, quando e como iremos poluí-lo, saqueá-lo e destruí-lo nessa busca desenfreada por lucros imediatos e palpáveis. O que nos resta, assim, é elevar aos céus este lamento por um planeta que estamos estrangulando, mas que começa a reagir.


Eduardo Guimarães

O Poder dos Pesadelos - 01/01 - Saiyd Qutb

América Latina

As esquerdas latino-americanas entraram novamente na moda, tudo por que vários governos da região se identificam como sendo de esquerda, embora seja uma espécie de esquerda, um tanto quanto confusa.
A pobreza, quando não a miséria, é a tônica dessa parte do mundo, e essa talvez seja uma boa explicação para o crescimento das esquerdas. Mesmo que os atuais governos da região não tenham propostas radicais, digamos assim, os setores conservadores estão de orelha em pé, e travam uma árdua batalha para desacreditarem os governos ditos esquerdistas.
O subdesenvolvimento ainda é uma marca da América latina tão sofrida. Vários anos de governos militares, e de ditaduras só serviram para ampliar os espaços que separam ricos e pobres.
Como um antigo abrigo da tirania, do caudilhismo, da violência institucional, do desprezo ao constitucional, e dos incontáveis golpes militares e quarteladas, a América latina de hoje teima em se reconstruir. É necessário recordar que há trinta anos atrás, na época dos Regimes Militares, praticamente não havia eleições na América Latina, ou quando isso se dava já se sabia previamente qual era o resultado.
Em suma, atualmente mais de 250 milhões de latino-americanos foram às urnas e aqueles que eles elegeram estão agora no exercício do poder com lisura e legitimidade.
As falhas institucionais e as diferenças entre a letra da lei e a sua aplicação, são a tônica da política latino-americana, entre outros motivos pela ausência do Estado de direito. Não que não existam constituições e códigos de toda a ordem, inspirados nas melhores das boas intenções, mas isso não significa que a justiça seja aplicada ou que as conquistas asseguradas nas cartas constitucionais sejam de fato garantidas.
Há um abismo entre a teoria e a prática, entre aquilo que foi aprovado num artigo constitucional e o que realmente é executado. Há uma excessiva exigência em relação à democracia recém conquistada, desejando com que ela assuma a função um tanto mágica de prover todas as necessidades materiais e demais carências sociais de um continente profundamente marcado pela miséria e pela violência institucional.

O Poder dos Pesadelos - 02-01 - Inimigos em comum

Brizola, Lula, Genoino, Collor: Eleições 98 [TV Câmara 2008]

Merenda escolar

O governo federal estuda junto com outras entidades a inclusão do ensino médio das escolas públicas no programa de merenda escolar.

Os melhores parlamentares segundo pesquisa do site Congresso em Foco

Senador
Votos
Alvaro Dias (PSDB-PR)
82279
Pedro Simon (PMDB-RS)
41253
Eduardo Suplicy (PT-SP)
41162
Cristovam Buarque (PDT-DF)
39934
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)
38665
Arthur Virgílio (PSDB-AM)
22988
Renato Casagrande (PSB-ES)
21197
Paulo Paim (PT-RS)
18777
Marina Silva (PT-AC)
17209
Jéfferson Péres (PDT-AM) - (in memorian)
16996
Patrícia Saboya (PDT-CE)
15247
Demóstenes Torres (DEM-GO)
14960
Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN)
13326
Ideli Salvatti (PT-SC)
9671
Tião Viana (PT-AC)
8127
Aloizio Mercadante (PT-SP)
6202
Total: 407993 votos

Deputado
Votos
Fernando Gabeira (PV-RJ)
63815
Luciana Genro (Psol-RS)
60365
José Carlos Aleluia (DEM-BA)
55123
Rita Camata (PMDB-ES)
45712
Gustavo Fruet (PSDB-PR)
45353
Ivan Valente (Psol-SP)
36524
Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ)
35253
Henrique Fontana (PT-RS)
35169
Osmar Serraglio (PMDB-PR)
34973
Miro Teixeira (PDT-RJ)
33294
Ibsen Pinheiro (PMDB-RS)
19190
Fernando Coruja (PPS-SC)
16364
Walter Pinheiro (PT-BA)
14600
Rodrigo Rollemberg (PSB-DF)
12993
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)
11938
Maria do Rosário (PT-RS)
9769
Dr. Rosinha (PT-PR)
9423
Chico Alencar (Psol-RJ)
9154
Maurício Rands (PT-PE)
8641
José Eduardo Cardozo (PT-SP)
8419
Arlindo Chinaglia (PT-SP)
8389
Raul Jungmann (PPS-PE)
7858
Ciro Gomes (PSB-CE)
6681
Flávio Dino (PCdoB-MA)
6603
Luiza Erundina (PSB-SP)
6140
Aldo Rebelo (PCdoB-SP)
3671
Total: 605414 votos

Vida Global

Vida Global:
"Desemprego cresce na China e nos EUA

O desemprego na China chegou a 4%. Atinge principalmente os trabalhadores migrantes que saíram do campo para a cidade em busca de uma vida melhor.

As autoridades chinesas afirmam que a estabilidade no emprego é a prioridade número um do país. Já temem distúrbios sociais por causa do desemprego. Pelo menos em uma cidade do interior, populares cercaram e atacaram policiais."

Paulo Alceu

Paulo Alceu: "Levantamento?
Alguém pode me falar para que a Comissão Externa de Acompanhamento da Calamidade no Estado, vai percorrer suas regiões para um levantamento das perdas, pura política, já de olho em 2010...isso tá na cara. Olha quem e o presidente da comissão deputado Paulo Bornhausen, que sobrevoará Blumenau com o prefeito João Paulo Kleinübing, LULA já teve no Estado junto com o governador Luiz Henrique da Silveira, senadora Ideli e não precisou de comissão para liberar verbas para os desabrigados, até com a desgraça das pessoas os maus políticos como sempre fazem sua parte, saiu o pai e ficou o demagogo do filho,mudança JÁ ESTADO.

Ricardo Souza Neto / Tubarão"

Paulo Alceu

Paulo Alceu:
"Toda essa tragédia que estamos vivenciando não se deve exclusivamente a força e a cobrança da natureza, mas em muitos casos se deve a omissão das autoridades e o total desrespeito às leis. Só que vida não tem preço...."

Enchente em SC




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Enchente em SC











Ancelmo Gois

Ancelmo Gois: O Globo Online:
"A chapa tucana
Fernando Henrique Cardoso sonha com Aécio Neves e José Serra - não necessariamente nesta ordem - juntos na chapa tucana para a eleição presidencial em 2010.
- Vou apoiar as junções dessas forças - disse o ex-presidente aos coleguinhas Luiz Carlos Azedo, Tereza Cruvinel e Mônica Bergamo, no programa '3 a 1', que vai ao ar hoje, às 22h, na TV Brasil."

Vida Global

Vida Global:
"Comandos indianos ainda enfrentam terror

Mais de 24 horas depois de uma onda de atentados terroristas, comandos indianos invadiram hoje os hotéis Taj Mahal Palace e Oberoi, em Mumbai, a maior cidade da Índia. Travaram uma luta quarto por quarto contra terroristas muçulmanos, enquanto outro parte do grupo extremista mantinha pelo menos 10 reféns num centro cultural judaico.

Agora há pouco, a TV BBC anunciou que começou o assalto ao Centro Judaico. Mais cedo, foi anunciado que comandos de elite de Israel seriam enviados para se juntar às forças do Exército e da polícia da Índia que combatem os extremistas. Estes se identificaram apenas como os Mujahedin do Decã, o que indica que são muçulmanos."

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Enchente em Itajaí

Enchente em Itajai

Enchente em Blumenau

Paulo Alceu

Paulo Alceu:
"Presença ativa
Já está funcionando a Comissão Temporária Externa, aprovada pelo Senado, para acompanhar a situação em Santa Catarina. O requerimento partiu do senador Raimundo Colombo. Vai ser feita uma visita ao Estado para depois serem encaminhadas sugestões de medidas para minorar os efeitos da situação de calamidade pública. A função da Comissão também será de acompanhar a liberação de recursos da MP assinada pelo presidente Lula em sua passagem pela região do Vale do Itajaí permitindo desta forma acesso mais rápido a recursos emergenciais. Na Câmara também foi autorizada pelo presidente, Arlindo Chinaglia, a criação de uma comissão externa para acompanhar o socorro às vítimas das enchentes proposta pelo deputado Paulo Bornhausen."

A MORTE DA POLÍTICA

Autor: Chico Alencar
Publicado: O Globo
Data: 21/02/2008



O mundo globalitário do século XXI agrega medo e perde encanto. Mergulhados no imediato, inseguros e fascinados apenas pelo que brilha nas vitrines e nas telinhas, resistimos a olhar para o futuro, lugar do imprevisível mas também dos projetos. E esquecemos do passado que nos constituiu e nos explica: a História é inútil.

Nesse ambiente sem contexto, de egos, fobias e prazeres efêmeros, a política também morreu? Não, ela adaptou-se aos novos tempos do individualismo e do consumismo predatório. Pragmática, mediocrizou-se. Vejam-se os primeiros movimentos para o preenchimento, em outubro, dos cargos eletivos de 5.562 prefeitos e 51.875 vereadores no país. O sistema eleitoral formal, que as forças políticas dominantes não querem reformar, torna banal e até desejável o desinteresse pela política. Não contam mais programas, plataformas e mesmo partidos. Apresentam-se nomes, montam-se esquemas para os “currais eleitorais” e alianças são costuradas em torno de recursos para as campanhas, ampliação de tempo de tv e rádio e partilha futura de cargos.

A política torna-se um jogo sujo gerador de lucro imediato e empregos. O alheamento crescente da população em relação às atividades públicas facilita a dinâmica corrompida do governo-empresa e do parlamento-negócio.

Há outro cenário possível e necessário, porém. Da distopia: o não à democracia de mercado, ao republicanismo de mera delegação e aos dutos podres dos partidos-de-clientela, em que situação e oposição conservadora se assemelham. Da utopia: a política das propostas vinculadas ao interesse coletivo e à transição para uma nova hegemonia que viabilize formas alternativas de exercer o poder.

As cidades – pequenas, médias e mesmo as grandes – podem ser o palco privilegiado de uma dinâmica política virtuosa. A mundialização econômica, que debilita os Estados Nacionais, terá nos aglomerados urbanos um ponto de inflexão: ali, novos modelos, participativos e autônomos, serão capazes de travar embates até com o poder monopolista do capital financeirizado e das corporações reprodutoras das desigualdades. Movimentos sociais ainda fragmentados, mas reais, em torno dos mais diversos direitos – à moradia, à educação pública, à saúde, à informação, à segurança de todos, à vida saudável, ao respeito a minorias – tecem uma rede de resistência molecular à tecnoburocracia autoritária que tudo despolitiza.

No espaço vivido do município há potencial para a radicalização democrática, com o chamamento à auto-organização da população para a melhoria da qualidade de vida e acumulação de forças para a construção de uma nova cultura política. Não se faz, por óbvio, “socialismo numa só cidade”, mas não se administra o menor dos burgos, sob o êmulo do igualitarismo libertário, sem meios socializantes de decidir e legislar e negando a cidadania coletiva.

Os eixos gerais de uma nova forma de fazer política são a mobilização social permanente, a descentralização efetiva, a transparência total dos gastos públicos, a inversão de prioridades, com opção preferencial pelos sem-direito, no viés da sustentabilidade ambiental, e a interlocução independente com as demais instâncias da administração. E com experiências emancipatórias de outras cidade do planeta.

Indagado certa vez por que não disputava um mandato público, o escritor Guimarães Rosa foi taxativo: “os políticos só pensam no imediato. Eu quero eternidades, aposto na ressurreição dos homens”. Já passa da hora de, com idéias e causas, ressuscitar a grandeza da política.

OS COOPTADOS

Autor: Chico Alencar
Publicado: O GLOBO
Data: 27/05/2007


Cooptar é verbo transitivo direto. Mestre Aurélio explica o significado: “admitir numa sociedade com dispensa das formalidades de praxe”. No Brasil de hoje, dispensa-se muito mais do que formalidades. Uma anestesia geral engaveta a consciência crítica e as convicções transitam diretamente para o esquecimento. Há aceleração do crescimento da mediocridade, dos ganhos financeiros – legais ou não – e da violência.

Assim, arquivados os sonhos e um projeto de nação, a lógica limitadora do “menos ruim” avassala corações e mentes. A naturalização dos escândalos e a degeneração política, com a alta do clientelismo rasteiro e do desinteresse, ameaçam a emergência da massa à condição de povo emancipado da demagogia e do paternalismo.

Assim, o crítico feroz de ontem, que considerava o presidente da República “avesso ao trabalho e ao estudo, fugidio de tudo o que lhe traga dificuldade e inapto para o cargo”, torna-se o palaciano de hoje, pensador do futuro com amnésia do passado. Adesão tão sinistra quanto a de partidos que, na última campanha eleitoral, demarcavam contra aquele que “traíra compromissos trabalhistas históricos”. Para calar a voz dissonante, não há mistério: ofereça-se um Ministério. E aos adesistas de sempre, para os quais ser da situação é condição fisiológica de reprodução de mandatos, abram-se cargos a mancheias, sem qualquer preocupação com o saber técnico dos ocupantes.

Assim, a oposição conservadora, perplexa ao ver o adversário novamente vitorioso empunhar bandeiras que foram suas, como a do modelo econômico permanente e a “governabilidade a qualquer preço”, confunde-se com o mapa de navegação, muda de nome mas não de projeto. Que é o de não ter projeto de governo exceto o de monitorar, suavemente, o funcionamento do mercado, deus-regulador de vida, corretor natural de todas as injustiças, desde Adam Smith.

Assim, no Parlamento sufocado pelas Medidas Provisórias, o provisório torna-se permanente. E o legislador, impotente e sôfrego, vai embutindo no guarda-chuva desses “decretos-leis” do Executivo tudo aquilo que as corporações que o elegeram exigem, misturando alhos com bugalhos, inoculando minimização de anúncio do aleitamento materno em programa de arrendamento residencial, juntando redução de imposto para a construção de iates com isenção para compra de remédios.

Assim, nesse mesmo Legislativo que legisla por exceção, e deixa a Reforma Política esquecida em algum desvão, reitera-se o mandamento da auto-proteção: o voto anistiou a todos, o silêncio é a melhor resposta a qualquer denúncia. Os tribunos não vão à tribuna, calar é se proteger e orientar o eleitorado a esquecer.

Assim, a reprimarização da economia vira janela de oportunidade singular para o desenvolvimento (in)sustentável: o modernizante império das plantations do imenso canavial, abençoado pelas virtudes renováveis do agro-combustível, coloca véus na exploração do trabalho e na desertificação dos campos. O ciclo promissor do etanol pode se tornar nossa contribuição nefasta ao aquecimento global.

Assim, as causas da pobreza e da profunda desigualdade numa economia relativamente rica - 78% da população mundial vivem em países com renda per capita menor do que a nossa - não são enfrentadas estruturalmente. Ao invés do investimento público, reforçado pela redução da drenagem para pagamento de juros e serviços da dívida, prossegue o déficit primário da educação, da qualificação profissional e do emprego formal. Na emergência da miséria gritante, a bolsa circunstancial, que, em meio a garantias da sobrevivência básica, nutre o caminho eleitoral.

Assim, judicializa-se a questão criminal e o crime vai capturando também esferas do Judiciário. Sem integração e reestruturação de polícias e presídios, o engodo de mais prisão e “retirada de circulação” encobre a galopante e letal circulação de armas e cumplicidades. A venda de sentenças reforça a exaltação, para a juventude, da trajetória esperta e magistral onde tudo se compra para subir no tribunal do poder, do prestígio e do efêmero que pereniza.

Assim, a convocação operária liderada pelo gigantesco aparato das grandes centrais sindicais oferece casas no lugar de causas e imóveis sorteados para domesticar a mobilização. Pão individual, algum circo e preito ao capital substituindo consciência e organização dos que vivem do trabalho.

Assim... Ah, não! Não há apenas neoconformismo neste país em que os governantes costumam sair da História para cair na vida. Nem todos se acomodaram na terra de Macunaíma, “o herói sem nenhum caráter”. Nem tudo se diluiu. O pulso ainda pulsa e, aos poucos, cresce a consciência do grande mal-estar. Santo Agostinho dizia que “só mudamos impulsionados por um grande amor ou por uma grande dor”. Uma molecular rede, em todos os aspectos da vida social, revela que há solidariedade e luta cidadã. A percepção aguda de nossas dores aumenta, e nos põe em movimento.

Chico Alencar - deputado federal e professor universitário

Facadas, foices e martelos

A nova moda é debater, furiosamente, se o presidente do Equador, Rafael Correa, está certo ou errado no que está fazendo com o Brasil. Em primeiro lugar, é preciso entender o que ele "está fazendo com o Brasil", certo?

Correa, um cara jovem, bem intencionado e bem formado, começou direito. Botou a boca no trombone e exigiu reparação da construtora Odebrecht, responsável pela construção da segunda maior usina do país, a São Francisco, que em um ano já estava toda bichada e parou de funcionar. A empresa brasileira respondeu que a culpa toda foi da erupção de um vulcão. Sim, e o projeto não previu isso? E o desgaste prematuro das turbinas, o que tem a ver com vulcão?

Na época, até escrevi uma coluna na "Folha de S.Paulo" terminando assim: "Respeito é bom, e o Equador merece". Mas... Correa ficou extasiado com seus 15 minutos de glória e transformou a justa indignação contra uma empresa privada numa guerrinha política contra os "yankees" do Sul, que somos nós, o Brasil.

Depois de um decreto expulsando a Odebrecht e vetando a saída do país de quatro dos seus funcionários (pelo menos um deles já estava fora), Correa foi num crescendo contra o Brasil: deixou de atacar não apenas uma empresa privada e estendeu a ira para Furnas, que nem tem negócios no Equador, para a Petrobras, que tem muitos projetos lá, e, enfim, passou para a ameaça do calote no BNDES. São três entes públicos. O governo brasileiro não poderia fazer ouvidos moucos.

Se foram condescendentes --até, talvez, em demasia-- com a Bolívia de Evo Morales, Lula e o Itamaraty começaram também leves com Correa, quando a coisa era exclusivamente contra uma empresa privada e com um motivo aceitável. Mas não dava para ver a escalada e continuar oferecendo a outra face para sempre. A reação brasileira foi dura com a suspensão de uma missão técnica a Quito e mais dura ainda agora, com a volta do embaixador Antonino Marques Porto. E precisava ser assim.

Lula ficou irritado com Correa no conteúdo, mas mais ainda na forma. Diplomacia se faz assim: Correa avisa a Lula, ou manda avisar ao chanceler Celso Amorim, que está danado da vida, pensando em recorrer à arbitragem internacional para dar o calote no BNDES. Passo seguinte, o Brasil se informa, analisa o caso e pede tempo, para ver o que é negociável, sem chegar ao ponto de jogar a crise para Paris. E os dois sentam, põem as cartas na mesa e tentam chegar a um acordo.

Mas Correa não é assim, não faz assim. Conversa com Lula, muy amigo, num dia. No dia seguinte, anuncia uma bomba contra o Brasil. Depois, manda seus assessores conversarem com o embaixador brasileiro num dia, sem falar nada da arbitragem, e no dia seguinte, pimba!, anuncia nova bomba e se gaba publicamente de estar confrontando o gigante da região.

A isso se chama, no governo, de "facada nas costas". E, se Lula e Amorim estiverem sempre oferecendo a outra face e aceitando placidamente facadas nas costas do Equador, podem ir se preparando para um efeito-cascata. Evo Morales (Bolívia) vai afiar a sua, o bispo Fernando Lugo (Paraguai) vai sacar uma foice e Hugo Chávez (Venezuela) sempre terá a espada de Bolívar para eventualidades. Se é que alguém não vai aparecer com um martelo...

O Brasil, portanto, não pode aceitar a condição de saco de pancada, sob o risco de se transformar em inimigo número um não dos governos, mas das populações vizinhas; de enfraquecer a Unasul (uma espécie de ampliação do Mercosul); e de ver esgarçada sua posição de liderança regional e de mediador de conflitos.

Como diria o outro, é melhor prevenir do que remediar. E há muito espaço para conversar com Correa, sem surpresas, facadas e guerras de poder. Até porque é melhor para o próprio Equador. Mal ou bem, a Venezuela tem petróleo, e a Bolívia tem gás. Têm suas "armas". O Equador tem o quê? Portanto, ele ganha muito rechaçando atitudes gananciosas de empresas privadas, mas ao mesmo tempo mantendo uma boa relação com o Brasil e com a Unasul. Isso é sempre fundamental. Com uma crise econômica global, vira questão de vida ou morte.

Eliane Cantanhêde é colunista da Folha, desde 1997, e comenta governos, política interna e externa, defesa, área social e comportamento. Foi colunista do Jornal do Brasil e do Estado de S. Paulo, além de diretora de redação das sucursais de O Globo, Gazeta Mercantil e da própria Folha em Brasília.

Paulo Alceu

Paulo Alceu:
"Serra 2010
A prioridade do DEM em 2010 é eleger governadores e ter uma bancada federal de pelo menos 50 deputados. Para ajudar a candidatura presidencial de José Serra, já decidiu abrir mão da vaga de vice. A contrapartida é o apoio dos tucanos a seus candidatos a governador: Paulo Souto (BA), Raimundo Colombo (SC), João Alves (SE), José Roberto Arruda (DF), Rosalba Ciarlini (RN), Kátia Abreu (TO) e Valéria Pires (PA). Hoje o DEM tem um só governador: Arruda.

Adriano Mason / Lages"

Paulo Alceu

Paulo Alceu:
"Futuro
Enquanto o deputado Gervásio Silva destacava que Santa Catarina enfrenta a maior catástrofe de sua história o peemedebista Valdir Colatto alertava para um problema futuro: ' Quarenta por cento da safra de hortifrutigranjeiros do Estado foram destruídas pelas chuvas.' Isso significa problemas no abastecimento e certamente aumento de preço de vários produtos. É a lei do mercado."

Blog do Noblat

Blog do Noblat
"Movimentos sociais aclamam Dilma candidata a presidente
Diante de uma audiência de cerca de 900 representantes de movimentos populares, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, teve pela primeira vez seu nome lançado para a Presidência da República em pleno Palácio do Planalto. Ela foi chamada de 'nossa sucessora' e 'nossa futura presidente' por oradores na cerimônia. Leia"

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Avançar contra pobreza não significa sucesso contra a desigualdade.

No México, uma nova companhia aérea que atua com preços baixos registrou que 47% dos seus passageiros confessaram que era a primeira vez que eles faziam uma viagem de avião. A democratização de um transporte tido até então como de elite é suficiente para perceber-se a alteração para melhor que está ocorrendo. Mas ainda assim avançar contra pobreza não significa sucesso contra a desigualdade.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Bobos e bobagens

Lula se comporta feito tolo frente à crise econômica mundial, é o quepodemos concluir através da comentada frase de Fernando Henrique Cardoso (PSDB): "não diga bobagem, presidente". A pérola, dita durante um encontro tucano, foi acompanhada por muitas outras declarações ex-presidenciais que combinaram as mais variadas figuras de linguagem: da metáfora à ironia.

Acontece que, queiramos ou não, a palavra bobagem, definida como "gracejo de um bobo" numa análise lexical, acabou aproximando a figura do presidente Lula e de um conhecido personagem medieval, o Bobo da Corte. Traçando relações entre os dois é possível encontrar uma semelhança interessante: ambos são apontados como responsáveis por fazer a nobreza sorrir. Guardando-se as devidas proporções contextuais, claro.

A oposição ao governo petista costuma fazer chacota das peripécias do presidente bobalhão, dizendo que "nunca na história deste país os 'nobres' sorriram tanto". Seria até uma piada engraçada se não estivesse gasta pelo tempo e pelas próprias gestões anteriores. Além do mais se torna um perigo para os oposicionistas estarem tentando ser engraçadinhos num momento delicado como esse, já que é prudente lembrar que os nobres insatisfeitos com as anedotas contadas, geralmente, sentenciavam os Bobos da Corte com um sonoro e mortífero "cortem a cabeça!". Em defesa de Luiz Inácio - e das cabeças que ainda não precisam rolar - José Serra, partidário de FHC, preferiu apaziguar: "Lula está preocupado com a crise sim" e fim de papo.

Apesar da popularidade que essa pendenga presidencial conseguiu em poucas horas, a população nada tem a ganhar com ela. Já se comenta na internet, e nos botecos de esquina, que entre as besteiras que Lula diz e as que Fernando Henrique fez quando presidente da República, preferível é ficar com
o bobo da vez. A vantagem de Lula parece que é ter conseguido colocar o sorriso na boca de nobres e pobres. O problema é que os pobres ainda não têm dentes para mostrar quando sorriem.

Isolda Herculano, 24 anos, é jornalista baiana radicada em Maceió. Ela tem dois blogs: www.malajornalistica.blogger.com.br e www.isolda.blogger.com.br

General Leônidas: OBAN

General Leônidas: Terrorismo

General Leônidas: Castello Branco

General Leônidas-RioCentro

General Leônidas: Lamarca

General Leônidas: Médici

General Leônidas: Tancredo/transição

General Leônidas: Jango e o comunismo

"Estou acostumado com esse terrorismo"

ENTREVISTA: PAULO PAIM, SENADOR PELO PT

A militância do senador Paulo Paim (PT) a favor dos aposentados tem gerado críticas dos colegas de bancada. Acusado de ser demagogo por ter apresentado projetos onerosos e de difícil implementação, Paim falou à Agência RBS sobre a polêmica.


O senhor não teme deixar o governo em uma situação difícil com os aposentados?
Paulo Paim - Pelo contrário. Os aposentados de todo o Brasil estão recolhendo assinaturas por esse projeto. Já entreguei no Congresso 2,5 milhões de assinaturas.

O governo está errado quando diz que não tem condições de arcar com o custo desse projeto?
Paim - O governo disse que o projeto sai por R$ 9 bilhões. Quantos bilhões o governo deu para salvar os bancos, as montadoras e a construção civil? Dinheiro não falta. A seguridade social tem recursos para pagar.

Há quem acuse o senhor de fazer demagogia e apresentar projetos para fabricar discurso para a campanha ao governo do Estado em 2010. O que o senhor pensa disso?
Paim - Se é esse o raciocínio, então vou lançar a minha candidatura para presidente da República, não para governador. Ou só tem aposentados no Rio Grande do Sul?

Com essa crise financeira mundial, é o melhor momento para aprovar esse gasto para a Previdência?
Paim - A crise só ajuda. Os especialistas dizem que a saída para essa crise é estimular o mercado interno. Se você colocar R$ 9 bilhões no mercado de consumo, imagina como isso vai ajudar a economia? Estou acostumado com esse terrorismo que os governos criaram ao longo da história quando chega a vez de olhar para os velhinhos.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Distribuição de renda

O maior problema da América Latina, continua sendo a questão da distribuição da riqueza ou da renda, que é uma espécie de herança maldita que assombra os países latino-americanos desde os tempos da colonização ibérica, fazendo com que a maior parte da população, particularmente os descendentes de indígenas e dos africanos escravizados, não sinta os efeitos da prosperidade.

Enchente em SC







domingo, 23 de novembro de 2008

América desigual

Na América Latina a desigualdade não tem sido reduzida. Ainda que a pobreza em geral tenha diminuído, nem o Chile, país apontado como caso exemplar da aplicação da política neoliberal, que registra, há alguns anos, uma taxa de crescimento maior do que 5% obteve sucesso no que toca a atenuação das diferenças entre ricos e pobres.

sábado, 22 de novembro de 2008

Hugo Neira - parte I - sobre Cuarta espada (Sendero Luminoso)

22 de novembro de 1963


22 de novembro de 1963 – O presidente americano John F. Kennedy foi assassinado em Dallas, Texas. Foi o quarto presidente dos Estados Unidos a ser assassinado.
As investigações oficiais concluíram que Lee Harvey Oswald foi o assassino. Entretanto, não se chegou a uma conclusão se ele atuou sozinho ou com cúmplice.
Sabemos hoje que John F. Kennedy não foi um grande presidente para os Estados Unidos, nem para a América Latina nem para ninguém.
Não era nenhuma maravilha como caráter, marido ou aliado político. Tudo bem. Mas ao derrotar Richard Nixon e suceder a Dwight Eisenhower em janeiro de 1961, com apenas 43 anos, Kennedy encarnou como ninguém a mudança da guarda, ou seja, a transferência do poder da geração que havia levado o mundo à Segunda Guerra Mundial para a geração que havia lutado nas frentes de batalha.
O momento era difícil para a auto-estima americana, com o êxito Sputnik e do programa espacial soviético. Contracenando com Kruschev e Fidel Castro, também recém-chegados, em três anos John Kennedy mudou a face do mundo – e para sempre.
Milionário, católico, democrata, jovem e sofisticado, Kennedy liderava as promessas de grandes transformações.
E que mudanças! Sob Kennedy, Washington deixava para trás a guerra, o macartismo e a arrogante caipirice americana; civilizou-se e aprendeu boas maneiras. Ficou elegante, bonito, cheio de idéias novas, com uma primeira-dama sofisticada, que gostava de arte e falava francês.
Na companhia do economista John Kenneth Galbraith, do historiador Arthur Schlesinger, jovens universitários – até professores e schollars! – ingressavam nos círculos mais íntimos do poder na maior potência do mundo, e tudo parecia mais inteligente.
Aí surgiu o inevitável apelido: Washington transformou-se em Camelot, o reino encantado do rei Artur onde, entre jovens poderosos, o bem e a verdade conviviam em harmonia com a inteligência, a eloqüência, as artes e a beleza.
A estréia de Kennedy não podia ter sido mais infeliz. Deixando progredir uma maluquice engendrada ainda no governo anterior, o governo americano patrocinou a malograda tentativa de invasão de Cuba. O fracasso da expedição à baía dos Porcos marcou o mundo a ferro até a queda do muro de Berlim, quase 30 anos mais tarde.
Em outubro de 1962, com a crise dos mísseis, Kennedy levou vantagem e firmou-se como liderança mundial. O menino mimado ganhava consistência de estadista.
Mas ficara a marca: o pesadelo dos anos seguintes começa a engatinhar. No Vietnã, o apoio americano à cegueira colonialista da França só estava servindo para aumentar o atoleiro.
O desastre futuro começa a ser engendrado por meio da “teoria do dominó”, segundo a qual a conquista do Vietnã pelos comunistas locais com apoio da China implicaria a derrocada de todo o Sudeste asiático e representaria uma insuportável ameaça ao Japão.
Aos 46 anos, no auge da glória – antes que seus desacertos aparecessem e tivessem conseqüências – John Kennedy começa a construir sua reeleição. Vai a Dallas, para pôr fim a uma briga provinciana no Partido Democrata, e um tresloucado o mata a tiros diante da multidão.
Boa parte do mundo, a melhor, fica órfã em minutos.
A imagem do filho pequeno, perfilado em continência diante do cortejo fúnebre que levava o corpo do pai, correspondia ao sentimento de parte do mundo, que via morrer também suas esperanças.
Quem viveu aqueles momentos, revisitados hoje, sentiu uma nuvem se formando, irracional, estúpida e horrenda, e baixando sobre a Terra, em terror, sangue, fome e sofrimento.
Boa parte da geração que surgiu para a vida adulta com a posse de Kennedy foi chacinada no Vietnã, nas prisões da América Latina, no exílio interno e silencioso da ditadura brasileira, no Oriente Médio, nas aldeias africanas, nas ruas da Irlanda, nas overdoses de droga. Sem contar os dropouts e desbundados de todos os tipos.
Mas fica, dos meados deste século de guerras, violência, genocídio, depredação em escala planetária sem precedentes, desgraças e doenças, a memória de brevíssimo instante em que pareceu que as coisas podiam dar certo, afinal, pois esse novo Camelot representou, mais uma vez, tudo o que havia de esperança, de nobre e bonito.
Um sonho que se esvaiu, nos anos seguintes, em desolação e desesperança.
Blog da Lúcia Hipóllito

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Menos!

O presidente Lula com toda modéstia tem se comparado a Obama menos homem, menos!

O cordão dos satisfeitos.

O governo Lula teve o mérito de criar no Brasil um conjunto enorme de pessoas absolutamente satisfeitas com tudo o que que o governo faça, por mais inexpressivo que isso seja.

Belo



Sócrates 4 - O filósofo em quatro atos

Sócrates 3 - O filósofo em quatro atos

Sócrates 2 - o filósofo em quatro atos

Sócrates 1 - o filósofo em quatro atos

Sócrates e o "só sei que nada sei"

Apressados

O prefeito Saulo não fez ainda as nomeações para o segundo mandato mais muita gente anda assumindo informalmente os cargos.

A política externa de Obama

Existe uma falsa expectativa de que o senhor Obama vai instituir uma política externa bastante inovadora nos EUA. Quem conhece um pouco a história dos EUA deve saber que essa possibilidade é bastante remota.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Fábrica de aprovação

Uma Fábrica de aprovação é o que as nossas escolas viraram. O aluno deve ser aprovado aprendendo ou não, ele vai para a série seguinte. Não existe nenhuma reflexão mais desenvolvida nesse ato, simplesmente se aprova.
Estudando ou não mesmo assim são aprovados. Em casa vigora um cobrança mínima que não altera a vida de ninguém. Quando se fala em educação devemos pensar no chão, na base do sistema, na escola, a sala de aula, no aluno, no professor, e também nos métodos de avaliação.

Althusser - Ideologia y aparatos ideológicos de Estado - 3/3

Althusser - Ideologia y aparatos ideológicos de Estado - 2/3

Althusser - Ideologia y aparatos ideológicos de Estado -1/3

O PPS E A CANDIDATURA SERRA

O que esperam muitos filiados do PPS e, também, amigos e simpatizantes do partido, veteranos filiados do PCB, que ainda o têem como referência na hora de tomar uma decisão política? A pergunta ganha nova atualidade diante das eleições de 2010, cujo cenário já começa a se armar claramente diante dos nossos olhos. Pelo menos um ponto é certo: a posição do PPS, nesta conjuntura que está destinada a se acelerar e até a se tornar dramática com a sobreposição da crise econômica global, não pode ser meramente reativa às propostas do PT e do bloco ora no poder.
E, também, não deve carregar o selo de adesão passiva a qualquer uma das candidaturas que têm se apresentado no campo oposicionista, especialmente as dos governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais. Ao contrário, segundo a expectativa de muitos amigos e simpatizantes, o PPS deve se fazer portador de idéias e convicções próprias de uma esquerda moderna, democrática; um tipo de esquerda, aliás, que conhece penosa construção no nosso país, mas que ocasiões como a de 2010, além do significado eleitoral óbvio, podem contribuir para que vá adiante nas condições possíveis.
Por se pretender uma esquerda democrática, consciente dos seus deveres de obediência à Constituição republicana, o PPS acertadamente há muito se colocou, com autonomia, no campo das oposições. Sua ação, ainda que modesta, foi vista muitas vezes ao lado do PSDB, a quem não considera como um partido “neoliberal” pura e simplesmente; e ao lado do DEM, um partido que, com distantes raízes no regime militar, credenciou-se ao jogo democrático, representando legitimamente setores moderados e mesmo conservadores da nossa sociedade.
O pequeno PPS teve, assim, a valentia de se situar na oposição, num país em que, tradicionalmente, os recursos do poder, se não podem tudo, podem muito, inclusive interferir pesadamente na vida partidária, dessangrar os partidos de oposição, tornar irrelevante, ou quase isso, a função do Parlamento. E foi assim que, antes mesmo dos episódios conhecidos como “mensalão”, o PPS descolou-se do bloco no poder e depois denunciou, na medida das suas forças, essa tentativa de corrupção institucional – talvez a pior das corrupções.
Todo o episódio, de resto, ainda está sub judice, e cabe ao Supremo Tribunal Federal pronunciar-se sobre ações e personagens que o procurador-geral da República houve por bem arrolar como participantes de “sofisticada organização criminosa”. Não se trata de condenar e nem mesmo desprezar todo um partido com a importância e a complexidade do PT, cuja chegada ao poder federal consagrou uma democracia efetivamente plural e fundada na alternância, sem nenhum tipo de exclusão. Mas o fato é que há diferenças com este partido e sua cultura política, e estas diferenças se consubstanciaram, por exemplo, em 1988, quando o então PCB aderiu com convicção íntima à Carta da democracia e fez dela o seu programa, o seu projeto mais fundamental para a sociedade brasileira. Como sabemos, não é o caso do PT, que manteve e mantém relações atribuladas com a Carta de 1988.
O PPS, felizmente, não se deixou absorver pelo PSDB durante os dois mandatos de FHC. Também o PSDB, tal como o PT, a seu modo era portador de idéias de ruptura e negação do passado, com as quais não concordávamos inteiramente. Havia se esgotado o nacional-desenvolvimentismo da era Vargas, reinterpretado pelos militares durante o regime de 1964? Sem dúvida alguma. Na verdade, era preciso, e ainda é, equacionar os termos de um novo tipo de desenvolvimento, cuja insubstituível premissa básica é a plena vigência das instituições democráticas, que, aliás, parte não desprezível da esquerda no poder ainda considera meramente instrumentais. Mas consideramos que os governos de FHC não cumpriram plenamente aquela tarefa de redefinição do desenvolvimentismo e, muitas vezes, até levaram-na adiante de modo pelo menos equívoco. Eram tempos de irrefletida autocelebração dos mercados... Então, muitos simpatizantes do PPS viram favoravelmente a posição autônoma do partido em relação aos anos FHC. Sabem que o partido criticou duramente a manobra da reeleição, uma indefensável alteração constitucional feita sob medida para os detentores do poder. Sabem também, em retrospecto, que os dois governos FHC, se não representaram de modo algum um neoliberalismo extremado à Thatcher ou à Reagan, pecaram por “economicismo”, especialmente o núcleo duro malanista, que marcou de ponta a ponta os dois períodos presidenciais de FHC. Mas, ao lado deste núcleo econômico liberal e em conflito latente ou aberto com ele, havia uma autocrítica prática, um contraponto constante representado pelo então ministro da Saúde, José Serra.
E convém ao PPS, por sua trajetória, por seu apego à democracia e aos problemas históricos do desenvolvimento, associar-se a essa autocrítica prática, escorada numa sólida visão cepalina, que sobreviveu e se renovou durante os anos da reforma liberal: esta posição é possivelmente o que o país tem de mais consistente para enfrentar tempos particularmente difíceis, como os que vão se abater em cheio sobre o próximo mandato presidencial.
Por isso, o que esperamos do PPS é uma firme e imediata tomada de posição pró-Serra. Não se trata de hostilizar Aécio Neves, que de fato não pertence à “direita neoliberal”, ainda que tenha posições menos nítidas do que José Serra quanto às políticas pró-ativas de Estado. Ao contrário, Aécio deve ser incorporado por todos os títulos à coligação oposicionista, representativo, como é, de um estado tão importante na política e na tradição republicana. Além do mais, ninguém pode deixar de valorizar o recente movimento de Aécio em direção ao PT de Belo Horizonte, ocorrido por ocasião das últimas eleições municipais.
É uma ação que contribui para a necessária normalização da dialética democrática entre governo e oposição: governar não é ignorar ou tentar suprimir a oposição; e fazer oposição não é contar “bravatas”, o que só contamina os costumes políticos. Mais fundamental ainda é o papel que o PPS deve ter no sentido de contribuir para o constante aggiornamento do programa de Serra, que não pode se ver reduzido a uma “eficiente” gestão tecnocrática da economia. O novo desenvolvimentismo a que aspiramos não pode mais prescindir, sob pena de degradação do sistema produtivo e das condições de vida da população, nem de um forte compromisso de combate à exclusão social nem da assimilação crítica dos já incontornáveis temas ambientais.
Os níveis de pobreza são um desmentido acintoso às nossas pretensões de fundar uma original civilização brasileira, e sua redução a um patamar pelo menos razoável não pode mais ser adiada para uma “segunda etapa”, depois do saneamento econômico. E o ambiente não é mais um “custo” econômico, mas sim uma oportunidade ímpar para a pesquisa científica e para a criação de novos modos de viver, produzir e consumir, requeridos neste momento de crise civilizacional. Há todo um enorme contingente de jovens, um enorme leque de homens e mulheres da cultura e da técnica a serem atraídos por uma perspectiva concreta de desenvolvimento e democracia. Diga-se de passagem que a recente campanha de Fernando Gabeira, no Rio de Janeiro, demonstrou o potencial de participação que atualmente está quase todo à margem da ação política convencional e pode se perder nos descaminhos da apatia e da “antipolítica”. O PPS apoiou Gabeira, participando do que veio a ser, mais do que uma campanha convencional, uma feliz tentativa de reinvenção da política, que pode ter implicações nacionais já agora em 2010. Esperamos que o tenha. E esperamos que a imaginação progressista do país, que nunca foi pequena, encontre no modesto PPS um canal privilegiado para se manifestar, enriquecendo decisivamente a candidatura e o projeto nacional em torno de Serra, contra qualquer tentativa anacrônica de recuperar o nacional-desenvolvimentismo em chave autoritária.

Por Luiz Sérgio Henriques, editor do site Gramsci e o Brasil

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O que o mundo espera de Barack Obama

Obama soube captar algo que estava latente na sociedade e nos jovens em particular: a idéia de mudança. Com essa bandeira suscitou esperança e auto-estima e chamou a atenção para o futuro e para as novas oportunidades que surgirão.

Leonardo Boff


A vitória presidencial do afro-americano Barack Hussein Obama me lembra a frase que um dirigente comunitário de uma região pobre do Brasil disse ao presidente Lula durante sua campanha, que apoiava: “Nesta comunidade estamos fazendo todo o possível e um pouco do impossível”.

É isso que ocorreu nos Estados Unidos: algo praticamente impossível irrompeu na história. Um cidadão negro, de família pobre, nascido no Havaí, à margem do sistema imperial e que viveu longo tempo fora dos EUA, conseguiu superar a barreira racial, chegar a ser candidato presidencial do país mais poderoso da Terra e ganhar por ampla maioria. Podemos tirar esta conclusão: recém agora, 145 anos depois, chega ao fim a Guerra Civil norte-americana. Não é que tenha terminado a discriminação social, mas terminou a discriminação em nível político.

Essa vitória eleitoral encerra muitos significados, mas, antes de tudo, expressa o fim da era dos fundamentalismos: o do mercado, iniciado por Margaret Thatcher e Ronald Reagan que é a causa da atual crise econômico-financeira, e o político-religioso que alimentou a concepção imperial e belicosa da política externa de Washington.

Reagan e Bush acreditavam na iminência do Armagedón (segundo a Bíblia, o combate final entre o bem e o mal, entre Deus e Satanás) e no destino revelado, ou seja, a missão conferida por Deus aos Estados Unidos de levar a todo o mundo os valores da sociedade norte-americana: liberdade, democracia e direitos, no marco de sua visão capitalista e individualista.

Esta idéia de missão explica uma arrogância bem expressa pelo candidato McCain: “Os Estados Unidos são o farol e o líder do mundo. Podemos agir segundo nosso parecer, já que somos o único poder da terra. Os inimigos de ontem e de hoje tem que temer nosso poder”.

Em seu afã de combater o terrorismo muçulmano, Bush fomentou o terrorismo de Estado que se converteu no maior perigo para a humanidade. Não é estranho que tenha provocado uma difundida desmoralização no próprio país e um anti-americanismo generalizado no mundo.

Essa não parece ser a atitude de Obama, que à estratégia da guerra preventiva e do intervencionismo opõe um diálogo aberto a todos, incluindo os talibãs. Ele está convencido de que os Estados Unidos não merece ganhar a guerra contra o Iraque porque ela teve origem em uma mentira e, por isso, é injustificável.

Os latino-americanos esperam que cesse a vontade dos EUA de desestabilizar a Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua e Paraguai, países que estão buscando caminhos próprios de descolonização.

Obama soube captar algo que estava latente na sociedade e nos jovens em particular: a idéia de mudança. Com essa bandeira suscitou esperança e auto-estima e chamou a atenção para o futuro e para as novas oportunidades que surgirão. A mudança chegou aos Estados Unidos e poderá chegar também ao mundo.

Vivemos tempos dramáticos, enfrentando três crises: a ecológica, a climática e a econômica. A ecológica é conseqüência de que o consumo humano ultrapassou a capacidade de recuperação da Terra. Para saciar a demanda atual seria preciso um outro terço mais de planeta disponível. E se a humanidade crescesse a uma média de 3,5%/ano até 2050, o produto mundial que hoje é de mais de 50 trilhões de dólares chegaria a 60 trilhões de dólares, o que é impossível. Como, então, assegurar um desenvolvimento sustentável? Quanto à crise climática, François Houtart sustenta que se não substituirmos o atual modelo econômico em quinze anos desaparecerão de 20 a 30% das espécies que vivem hoje no planeta.

É responsabilidade de Obama, como presidente do maior contaminador mundial, contribuir para identificar alternativas em nível nacional e internacional para garantir a sustentabilidade do planeta e da humanidade.

A crise econômico-financeira é fruto do neoliberalismo, do livre-mercado e da especulação desenfreada. Bilhões de dólares já foram queimados, avança a recessão mundial e aumenta a desocupação. Existe a convicção de que não bastará impor regras e controles ao mercado, mas sim que será necessário introduzir alternativas urgentemente, já que a crise econômico-financeira está associada à ecológico-climática. Segundo o Greenpeace, o capital natural enfrenta perdas anuais de 2 a 4 trilhões de dólares provocadas pela degradação dos ecossistemas, o desmatamento, a desertificação e a escassez de água.

O arsenal conceitual e prático disponível não oferece condições para forjar uma saída libertadora. É preciso uma grande mudança – que é o que Obama proclama – um novo horizonte utópico e coragem para inventar novos caminhos. O pré-requisito é uma figura carismática que inspire confiança para encarar esses cataclismas e conceber uma arquitetura econômica e um tipo de globalização multipolar que respeite as diferenças e possa incluir a todos em um mesmo destino junto à nossa Casa Comum, a Terra.

Barack Obama tem as características dessa figura carismática. Se souber responder à profunda esperança que suscitou criará seu caminho entre as ruínas da velha ordem. Se for assim, poderemos sonhar com um mundo onde haja mais colaboração entre os povos e mais possibilidades de paz.

Artigo publicado originalmente em espanhol na IPS.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

OS EUA E O MUNDO

Mudanças que acontecem nos EUA se acredita possam chegar em muitos lugares do mundo. Não creio que essa verdade seja absoluta e existem muitos exemplos para contradizer esse pensamento.

Aquele messias

Passados alguns dias da eleição o senhor Obama parece não ser exatamente aquele messias cantado por tantos.

Polícia Federal nele!

O senador José Sarney anda zangado com o ministro da justiça porque seu filho andou sendo investigado pela Polícia Federal. Polícia Federal nele!

Por que a América não dará um giro à esquerda

A eleição de Barack Obama como o 44º Presidente dos EUA – e seu primeiro líder negro – tem sido celebrada como uma revolução e uma transformação. A ala direita dos Republicanos teme que seu país esteja aderindo ao presidente mais radical desde Roosevelt. Mas a análise dos votos e da própria personalidade de Obama revela muito menos mudança do que se está pensando.

Paul Harris - The Guardian


Teve certamente a aparência de uma revolução. Em todos os recantos do país, partidários republicanos foram expulsos de seus postos. Estados que ao longo de uma geração não tinham votado pelos democratas tornaram-se azuis. De cidade em cidade, dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas. Nos portões da Casa Branca, uma multidão se reunia e gritava: “Obama! Obama!”.

Agora, enquanto a América encara o fato de que Barack Obama será seu próximo presidente, muitos estão se perguntando se as mudanças políticas terão a mesma dimensão que a dessa campanha política. Alguns estão falando num novo New Deal. Eles vêem uma oportunidade de os democratas transformarem a América. Eles calculam uma hegemonia democrata por no mínimo uma década. Isso, sinceramente, tem mais com o novo do que com o velho.

Os números frios parecem reforçar esse argumento. Obama foi o primeiro democrata, desde 1976, a vencer com mais de 50% dos votos. Ele trouxe os democratas de volta ao poder no Sul Profundo, no Meio-Oeste e nas Montanhas Rochosas. Os Democratas são, de novo, uma parte do todo do país. Os republicanos parecem uns bundões.

Durante a campanha, a máquina republicana de ataque chamou Obama de marxista e socialista. Ele era um democrata tax-and-spend (1); o mais liberal dos políticos do Senado; um radical perigoso. E ainda assim a América votou nele. E não apenas isso, eles dobraram as esquinas aos montes e esperaram horas nas filas para eleger o primeiro Presidente negro. “Essa é uma mudança fundamental. Era totalmente imprevisível até há um ano atrás”, disse David Peritz, um cientista político do Sarah Lawrence College, de Nova York.

Fez a América liberal lamber os beiços. Obama usou o slogan de uma só palavra – mudança – e essa mudança é o que seus apoiadores querem. Alguns ativistas vêem uma chance de transformarem a América do mesmo modo que o fez Franklin Roosevelt. Controlando todos os níveis do governo, Obama pode redesenhar uma nação e os republicanos podem fazer pouco para interditar isso. Essa parece uma visão sedutora. Mas é real?

A história da esquerda norte-americana não tem sido uma história feliz. Parece que o país tem um conservadorismo inato que faz com que os políticos de esquerda sofram. Ainda assim Obama já começou a tarefa de preparação para governar. Ele está reunindo seu time e estabelecendo metas. A propaganda e os sonhos da campanha acabaram. Agora a América quer saber se a revolução de Obama é um artigo genuíno. Em breve saberá.

Às vezes, os momentos mais eloquentes de uma campanha aparecem nos detalhes esquecidos. Lá em janeiro, Obama encontrou editores de um jornal de Nevada, o Reno Gazette-Journal. Ele os surpreendeu elogiando o presidente Ronald Reagan, não apenas por suas políticas, como por sua habilidade para mudar a América. “Ele estabeleceu uma marca fundamentalmente diferente, porque o país estava preparado para isso.”, disse Obama. Os comentários causaram um breve tumulto. Hillary Clinton atacou Obama como se este tivesse reivindicado o legado de direita de Reagan. Então, isso desapareceu de vista.

Até agora. No rastro da sua vitória eleitoral na semana passada, esses detalhes puderam ser vistos sob nova luz. Muitos democratas estão esperando que Obama possa ser uma versão de esquerda de Reagan. Ele pode mudar a América por uma geração. O reaganismo, afinal de contas, dominou a vida política americana de 1980 até a semana passada. Todos os políticos depois dele, inclusive Bill Clinton, tiveram de ser pró-mercado, pelo corte de impostos, pró-guerra e do campo anti-governamental que Reagan criou. Agora, muitos liberais dizem que Obama tem o mandato para fazer a mesma coisa. Mas ao contrário. “Há muita gente falando em Washington sobre o fim da era Reagan”, disse John Fortier, um pesquisador visitante no conservador American Enterprise Institute.

Obama construiu uma grande e viável coalizão de apoio, composta de universitários brancos, negros e hispânicos e de jovens eleitores. Essa coalizão impulsionou o partido para fazer estados como Ohio, Iowa e Florida mudarem. Ela tornou estados vermelhos como Indiana, Colorado, Novo Mexico, Nevada, Virginia e Carolina do Norte em azuis. Obteve grandes avanços no Congresso, dando a Obama o controle sobre o governo. “Ele claramente tem um mandato. O poder está lá. A questão agora é quando ele fala que traz mudanças. O que ele quer dizer?”, disse David Frum, um quadro republicano e ex-assessor do Presidente George W. Bush.

Essa é a questão que está na cabeça de todo mundo. Durante a campanha a agenda era ambiciosa, potencialmente transformadora. No Iraque, Obama prometeu trazer as tropas americanas de volta para casa, talvez em 16 meses. Ele vai conversar com líderes de países como Irã, Cuba e Coréia do Norte. Ele prometeu uma maciça ampliação do serviço de saúde. Ele quer cortar impostos da classe média e aumentar os da classe alta, revertendo a tendência dos anos Bush.

Ele quer uma expansão maciça da indústria verde e de energia alternativa. Quer fazer com que serviços nas Forças Armadas, escolas e no exterior sejam trocados em créditos para pagar a universidade. A tudo isso seria acrescida a mudança mais fundamental de todas: trazer o governo de volta para a vida das pessoas.

Mas Obama tem mais do que influência política e idéias de esquerda. Sua campanha não foi comum. Foi um movimento de massa na idade da tecnologia. A campanha de Obama atraiu mais de 3,1 milhões de doadores e voluntários via internet. Eles existem como ativistas potenciais em todos os distritos congressuais no país, prontos para agitar e fazer lobby e campanha para a agenda de Obama. Essa é uma força que nenhum outro político americano jamais teve, antes; uma militância massiva online. Num e-mail enviado momentos antes ele fazer seu discurso da vitória, na última terça-feira, Obama disse-lhes para se prepararem: “Temos muito o que fazer para trazer nosso país de volta aos trilhos e em breve entrarei em contato para tratar do que vem depois”, ele escreveu.

Essa perspectiva amedronta alguns americanos. Literalmente. No Bar Madison, no subúrbio de Beaumont, Texas, o partido republicano local na semana passada assistiu ao desenrolar da vitória de Obama. Os apoiadores se aglomeravam em cima das televisões que faziam a cobertura ao vivo. Havia uma consternação geral. Mesmo que o Texas tenha permanecido solidamente vermelho, estava claro que muitos do resto do país estavam, de repente, num curso diferente. “Eu acho que ele é um socialista. Eu não penso que o povo que votou nele agora sabe o que é o seu verdadeiro plano”, disse Marilyn Martindale.

Essa era uma visão comum. Como o humor no Bar Madison foi ficando mais deprimido, a conversa giravam em torno do pior sob Obama. “Como ele pôde ter ganho a confiança do país? Eu tenho medo que nossa vida esteja para mudar drasticamente”, disse Sue Harris enquanto a Fox News alardeava os detalhes da mais recente perda dos republicanos.

Mas há fortes sinais de que o maior dos medos dos Republicanos – e os mais ambiciosos sonhos dos Democratas – não têm bases sólidas. Obama não apenas enfrenta um ambiente de potencial intoxicação econômica, ele mesmo se parece muitíssimo mais com um moderado do que com um radical. Contrariamente às preocupações dos Republicanos no Texas, muita gente pensa que Obama não é revolucionário. Tampouco que a eleição lhe deu uma licença para fazer uma revolução.

Muito da campanha de Obama estava baseado em sólidos fundamentos de centro. Seu apelo, do seu discurso na convenção de 2004 a esta campanha de 2008, sempre foi pela unidade. Ele disputou a eleição defendendo o direito constitucional de defesa dos proprietários de armas de fogo. Ele apoiou a pena de morte. Ele apostou nas promessas de cortes de impostos. Seus planos para a assistência em saúde era menos radical do que aquele da sua maior rival Democrata, Hillay Clinton ou John Edwards. Ele falou aos homens negros sobre a importância de assumir responsabilidade pela vida familiar. Seu discurso de campanha estava frequentemente inflado de valores religiosos.

Na verdade, Obama vestiu sua fé cristã mais abertamente, na disputa eleitoral, do que John McCain. “Eu acho que ele vai proceder agressivamente, mas não radicalmente”, disse Larry Haas, um comentarista político e ex-assessor de Clinton na Casa Branca.

Um olhar sobre as figuras determinantes da eleição também revela que a América não se tornou uma nação liberal da noite para o dia. McCain enfrentou um ambiente quase impossível para um Republicano concorrer. Ainda assim ele obteve 46% dos votos. A vitória de Obama na Carolina do Norte, Indiana, Ohio e Florida foi por poucos pontos percentuais.

Uma enquete recente mostrou que apenas 22% dos americanos se identifica com os liberais. Não deveria ser esquecido que McCain terminou as convenções à frente nas pesquisas. Foi somente depois da pior crise financeira desde a Grande Depressão que Obama conseguiu se tornar uma liderança sólida. Sua vitória não foi esmagadora como a de Roosevelt quando ele levou 48 estados em 1936, ou a de Reagan em 1984, que venceu em 49. Na realidade, Obama ainda perde dentre os votos dos brancos por 12 pontos percentuais e os brancos ainda são 74% dos votantes.

“Isso não é de fato uma onda. É um tipo de pequeno terremoto; ainda que, claro, quando você está no topo de um, o pequeno possa parecer bastante grande”, disse Darrell West, um diretor de um think tank de centro-esquerda da Brookings Institution.

Talvez não seja surpresa que dirigentes Democratas – ao contrário dos ativistas da esquerda do partido – não estejam clamando por revolução. “Este governo deve ser de centro”, disse a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi na semana passada. “Eu não acho que este seja um mandato para New Deal”, ecoou Howard Dean, dirigente do Comitê Nacional Democrata. De fato, as ambições de Obama parecem limitadas e serão profundamente tolhidas pelas brutais condições econômicas que irá enfrentar. O há tanto tempo querido sonho de uma política de assistência em saúde será realizado em estágios, não de uma só vez.

“Eu não vejo a assistência em saúde acontecendo logo. É mais provável que se faça mudanças de incremento”, disse West. Muitos programas governamentais vão enfrentar arrocho orçamentário ou cortes de gastos. A opinião popular americana também permanece a mesma. Não houve um abraço massivo aos valores liberais. Muito do país permanece essencialmente de centro-direita. É só olhar a rejeição do casamento gay na Califórnia, semana passada.

Em nenhum outro lugar isso será mais claro do que na política externa, a despeito da euforia mundial da última semana. “Houve quase sempre continuidade na política externa Americana”, disse Haas. Na semana passada Obama começou a ter acesso aos mesmos informes da inteligência de Bush. Ele receberá um por dia pelo resto de sua presidência. São eles que provavelmente desenharão sua política externa, muito mais do que os ideais liberais.

Obama pode ser mais aberto para falar com nações como Irã, Cuba, Venezuela ou Coréia do Norte. Mas as forças armadas americanas permanecerão com seus postos militares avançados em todo o mundo. Na verdade, quando se chega a questões como Paquistão e Israel, Obama tem sido às vezes mais hawkish (2) do que McCain ou Bush. Ele tem falado sobre sua vontade de usar a força. Os países que receberam bem a vitória de Obama irão provavelmente entender rápido que as relações de poder no mundo permanecem as mesmas. A Realpolitik é um jogo que todos os presidentes norte-americanos jogam.

Mas, se a eleição de Obama não representa suficientemente um abraço americano à esquerda, ela mostra uma coisa: uma clara rejeição ao estilo Bush de republicanismo. A esse respeito uma nova era está nascendo. A eleição lançou o partido Republicano na selvageria política. Muita gente pensa que o movimento conservador popularizado por Reagan tem de mudar ou acabar. “Claramente houve uma rejeição massiva ao conservadorismo de Bush. Foi o fracasso daquela filosofia”, disse John Halpin, pesquisador convidado sênior no Centre for American Progress, uma think tank liberal dedicada a fortalecer a vida dos americanos através de idéias e ações.

Na semana passada o partido Republicano começou a superar essa rejeição. Num retiro de fim-de-semana na zona rural da Virgínia do ícone conservador Brent Bozell, fundador do grupo cão de guarda Media Research Centre, em torno de 20 grandes lideranças se encontraram para discutir o futuro do partido. Entre os convidados estavam o cruzado anti-impostos Grover Norquist e Al Regnery, publisher da American Spectator. Depois de conversas Bozell deu uma tele-conferência onde explicitou as conclusões do encontro. “A ala moderada do partido Republicano está morta”, disse ele. Isso ecoou os ataques conservadores aos moderados do partido, tais como os colunistas David Brooks e Peggy Noonan, que tinham criticado a direita durante a campanha. Alguns lhes pediram para deixar o partido.

Isso soa quase como música nos ouvidos democratas. Os democratas, longe de estarem lançando uma revolução de esquerda, ganharam muito apoio ao centro. Os Republicanos têm sido reduzidos aos seus recônditos. Como consequência, o partido Republicano está mais de direita e mais conservador do que o próprio país e pode se mover ainda mais para a direita. Isso também anuncia uma batalha amarga que durará, provavelmente, para além de 2012. “Eles vão fracionar severamente”, disse Haplin.

A guerra civil vai dar o tom da base conservadora do partido, provavelmente numa linha Sarah Palin, contra os reformadores que querem conversar com os moderados. É o mesmo processo por que os conservadores na Grã Bretanha passaram depois da vitória de Tony Blair em 1997. Ou os trabalhistas depois do triunfo de Margaret Thatcher em 1983. Os Republicanos estão fora, neste momento, das preocupações dos americanos. As pedras-de-toque das questões sobre aborto e o combate ao casamento gay despertam paixões mas não vencem mais eleições.

O ganho de Obama dos votos dos hispânicos também é crucial. Bush e seu guru político, Karl Rove, lutaram muito pelo rápido crescimento demográfico. Mas o colapso da reforma da imigração nas mãos dos conservadores republicanos acabaram com isso. Isso deixou o partido distintamente branco, ao tempo em que os votos das minorias se tornaram mais numerosos e mais poderosos.

Está difícil estimar um rápido caminho de volta para os Republicanos, seria necessária uma espetacular má-administração da presidência de Obama. Frum previu uma amarga avaliação das chances do seu partido nos próximos anos. Se a história serve de algum exemplo, a base dos conservadores vai agora tomar o partido, forçando uma plataforma de direita para seus candidatos de 2012. Só uma nova derrota presidencial convencerá o partido de que seu futuro está rumo ao centro. “É possível que possamos estar de volta na próxima eleição presidencial. Mas, para ser honesto, isso parece sempre mais distante que em um ano”, Frum, ex-assessor de Bush, disse.

Mas, apesar de a política dessas coisas ser complexa, houve poucas dúvidas que uma mudança genuína estava no ar na última semana. Isso pôde ser sentido até no coração da terra vermelha do Texas. Do lado de fora de um barraco na union hall (3) em Beaumont, Claudia Deshotel tinha clareza por que tinha votado em Obama. “Eu quero simplesmente algo diferente. Nós precisamos de mudança. Alguma coisa deve ser melhor do que o que temos agora”, ela disse.

Ela teve sorte. A direita foi rejeitada, mesmo que a esquerda não tenha sido plenamente abraçada. Obama escolherá um cuidadoso percurso entre o desejável e o possível para conduzir o país a um caminho diferente. Mas há uma área da política americana que foi plenamente transformada. A campanha de 2008 pôs um homem negro na Casa Branca. O poder simbólico disso não pode ser revertido. Quebrou-se uma barreira que parecia insuperável há uma geração.

Ao mesmo tempo, Hilary Clinton e então Palin superaram obstáculos para a as mulheres concorrerem aos mais altos postos. Isso também pôs a América num caminho sem volta. Um futuro de crescimento das minorias e das mulheres em ambos os partidos é inevitável. Nesse sentido, a campanha de 2008 criou um bravo mundo novo.

Publicado no The Guardian, onde Paul Harris é colunista, em 9 de novembro de 2008

Tradução: Katarina Peixoto

(1) Que cobra mais imposto para financiar programas distributivos. Político que taxa e gasta. N.de T.

(2) Denominação informal – significa falcão - para políticos pró-armas, ou pró-guerras, dos EUA. N.d.T.

(3) Região censo-designada do estado norte-americano da Virgínia, no Condado de Franklin. Da Wikipedia. N.deT.