segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Desmoralizadores da política

Volto de duas semanas de descanso impressionado com o buraco negro no qual desaparece o segundo mandato, sem Ministério, sem proposta e sem agenda legislativa.
E com um novo complicador: a volta dos ataques do crime organizado a um grande centro urbano como o Rio, às vésperas do Pan. A resposta da turma de assessores do presidente (que na verdade é quem nos governa) é a de sempre: marketing. Muito marketing.
Por exemplo: a retomada do crescimento foi transformada por esse pessoal numa desculpa para não fazer nada. E tome marketing na forma de um tal programa de destravamento da economia, velho truque da solução semântica para o qual apelam os governos quando não sabem o que fazer.
Outro: a receita para o enfrentamento da crise de segurança no Rio é mais do mesmo marketing por meio da Força Nacional de Segurança Pública, a “polícia cenográfica”, motivo de deboche entre militares das Forças Armadas.
A verdade é que, para ficar apenas nesses dois casos, os caras do Lula não têm sequer uma idéia, ruim que seja, para começar. O que dizem aos jornalistas não passa de relações públicas feita por amadores.
É muito difícil enfrentar os dois problemas, principalmente com as armas de que dispõem o PT e o lulismo: populismo e... marketing, e na situação de indigência em que se encontra a política.
O economista André Lara Resende, que estudou o assunto para um artigo publicado no “Estado de São Paulo” do final de semana, chegou a essa conclusão ao demonstrar que o capitalismo é o melhor meio de se multiplicar a riqueza, mas não de dividi-la.
“Ora, se não existe alternativa à altura da moderna democracia capitalista de massas para garantir a criação de riquezas, se a modernidade desvaloriza a vida pública e a política, sem o que não há como reduzir as desigualdades, estamos diante de um desafio extraordinário”, afirma ele.
Discordo. Acho que estamos diante de profissionais da desmoralização da política. E sem política não há como mudar o que é preciso para construir outro Brasil. Só dá para fazer isso que está aí: Bolsa-Família e reeleição de Lula.
.
José Negreiros

Nenhum comentário: