domingo, 31 de março de 2013

corea del norte - acceso al terror 1

Pérola

 “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil” (Juracy Magalhães, Ministro das Relações Exteriores, nos primeiros momentos da ditadura militar); 

¿Se convertirá el chavismo en el peronismo venezolano?

Chile se Moviliza: Estudiantes

¿Qué tan peligrosa es la crisis con Corea del Norte?

sábado, 30 de março de 2013

A atualidade de Rosa Luxemburg


A atualidade de Rosa Luxemburg

Autor:  Isabel Loureiro

Quem conhece a história sabe que a desobediência é a virtude original do homem.
Oscar Wilde
Por que Rosa Luxemburg hoje? Qual a atualidade de seu pensamento político para os movimentos sociais? Esta é a questão que me proponho a esclarecer aqui.

Quando escrevi meu doutorado no final dos anos 80/começo dos 90 minha preocupação era (assim como hoje) encontrar no pensamento político de Rosa Luxemburg elementos para uma política de esquerda que fosse ao mesmo tempo revolucionária e enraizada nos problemas do presente. Eu buscava recuperar em Rosa a idéia de uma Realpolitik revolucionária, ou seja, a idéia de que para ela não é possível separar reforma e revolução.

No final dos anos 80 a esquerda tinha no horizonte o fim do socialismo na URSS e nos países do Leste europeu, e no Brasil as primeiras eleições diretas para presidente da República (Lula/Collor). Embora isso não seja dito no livro, o PT das origens era meu interlocutor oculto. Os dilemas que apresento na teoria e na prática política de RL pareciam-me ser naquela época os dilemas de uma esquerda socialista democrática que queria chegar ao poder de Estado sem abrir mão do programa socialista, sem deixar de lado a “coerência radical dos princípios” (Franz Mehring). Eu via a luta da esquerda no Brasil em 1989 (e mesmo depois) como uma luta para alargar os limites do possível no quadro do capitalismo, ou seja, como Realpolitik revolucionária (Gesammelte Werke 1/2, p.373) e foi nessa perspectiva que interpretei a teoria e a prática de Rosa Luxemburg.

Para mim essa teoria e essa prática eram atravessadas por uma tensão não-resolvida entre o determinismo economicista (típico da 2a Internacional) e uma concepção de política em que a ação autônoma das massas populares cria um espaço público inteiramente diferente do espaço público burguês – e nesse sentido cria já em sociedades predominantemente capitalistas, a partir de baixo, da ação coletiva dos deserdados da terra, os germes de uma sociedade mais justa e mais igualitária. A oscilação de Rosa entre o pólo determinista e o pólo “autonomista” foi o que chamei de “dilemas da ação revolucionária” que há 12 anos atrás me parecia serem também os dilemas do PT.

Hoje, ao que tudo indica, para a esquerda governamental esses dilemas desapareceram (se é que existiram de fato e não apenas na minha cabeça). A “esquerda” no governo optou pela Realpolitik sem revolução: limita-se a aplicar automaticamente o programa do capital da maneira mais pragmática possível, alegando que não há outro caminho, que não há brechas no edifício monolítico do capital. There is no alternative, tal como apregoado pela primeira vez por M. Thatcher é o lema do atual governo. Não é descabido fazer um paralelo com a social-democracia alemã do começo do séc. XX que depois da queda da monarquia na Alemanha em novembro de 1918 aderiu de tal forma às forças do antigo regime (ficando prisioneira de uma lógica perversamente conservadora) que nem sequer conseguiu aproveitar o espaço político então existente para realizar as reformas democratizantes almejadas pelas forças populares, e que eram propostas do seu próprio programa. Como sabemos, a história se vingou posteriormente dessa falta de ousadia.

Em resumo, o que quero dizer com isto, é que hoje não existe mais diálogo entre as idéias de Rosa e a esquerda atualmente no poder no Brasil, diálogo que existia (como mostram p. ex. as resoluções do 7o Encontro Nacional, em 1990) no fim da década de 80. Mas isso não significa que as idéias de Rosa tenham deixado de ser atuais, e sim que ganharam uma nova atualidade. Vou procurar expor esta tese em três pontos com o objetivo de contribuir para a discussão que nos mobiliza hoje – a necessidade de refundar a esquerda.

***

Para introduzir essas questões vou me inspirar no ensaio de I. Wallerstein (Uma política para a esquerda no século XXI? Ou teoria e práxis novamente) em O espírito de Porto Alegre, que é uma contribuição para pensarmos o que seria hoje uma nova esquerda e de que modo as idéias de Rosa podem ajudar nesse projeto que hoje se encarna em parte nos movimentos antiglobalização.

Segundo Wallerstein, a esquerda do séc. 21, diferentemente da velha esquerda dos partidos políticos (social-democratas e comunistas) perdeu a crença numa teoria otimista da história, na idéia de uma história linear e progressista. Nisso ela é herdeira da Nova Esquerda que surgiu no que ele chama de “revolução mundial de 1968”, que não só rejeitou o centralismo dos partidos de esquerda tradicionais, mas mais importante, rejeitou, como disse, a teoria de uma história em progresso constante, que desembocaria na vitória do socialismo.

Considerando que essa é uma aquisição duradoura, uma estratégia para a esquerda mundial hoje precisa ser totalmente diferente da estratégia da esquerda no séc. 19 e parte do séc. 20. A estratégia da “velha esquerda” dividia-se em duas etapas: primeiro chega-se ao poder de Estado, depois transforma-se o mundo. Essa estratégia não foi bem sucedida, e o que aconteceu em grande parte dos países em que partidos de esquerda chegaram ao poder é que não se passou à segunda etapa. Para Wallerstein é aí que reside a desilusão com a “velha esquerda”. Basta lembrarmos, como sintoma mais recente dessa desilusão, o livro do cientista político John Holloway, Mudar o mundo sem tomar o poder, que visa precisamente elaborar uma teoria política a partir dos novos movimentos sociais deixando de lado a idéia de conquista do Estado, por considerá-la equivocada.

1. É aqui que podemos detectar um primeiro ponto da atualidade do pensamento político de RL: a defesa do socialismo democrático como resultado da ação autônoma das massas o que implica uma crítica indireta à estratégia das duas etapas.

Na sua polêmica com os bolcheviques quando da dissolução da Assembléia Constituinte, Rosa Luxemburg defende incisivamente a idéia de que a tomada do poder não é uma etapa prévia à realização da democracia, e sim que tomar o poder e realizar a democracia são duas faces da mesma moeda. “A democracia socialista não começa somente na Terra prometida, quando tiver sido criada a infra-estrutura da economia socialista, como um presente de Natal, já pronto, para o bom povo que, entretanto, apoiou fielmente o punhado de ditadores socialistas” (A Revolução Russa, p.96). Liberdades democráticas, direito de associação e de reunião, imprensa livre são pré-requisitos indispensáveis para uma ampla circulação de idéias entre as massas populares, permitindo que saiam da menoridade em que foram postas por elas mesmas, mas sobretudo pela dominação absolutista (no caso da Rússia anterior à revolução) e capitalista.

Em outras palavras, Rosa não acredita que a conquista do poder de Estado baste para transformar a sociedade, e por isso defende a idéia de que tomar o poder e mudar o mundo (que no texto em pauta se traduz pela defesa da democracia já) são dois momentos inseparáveis de um só processo.1 Aliás, esta idéia aparece claramente no discurso de fundação do Partido Comunista Alemão quando diz que na revolução socialista não basta “derrubar o poder oficial no centro e substituí-lo por (...) algumas dúzias de homens novos. Precisamos trabalhar de baixo para cima (...) conquistar o poder político não por cima, mas por baixo.” (Rosa Luxemburg – Os dilemas da ação revolucionária, p.344) E nesse momento tinha surgido espontaneamente no bojo da revolução alemã uma grande novidade que permitia pensar numa democratização radical daquela sociedade: conselhos de operários e soldados.2

Rosa ficou conhecida como a teórica da greve de massas, e essa foi sem dúvida sua contribuição original à teoria marxista. A idéia básica é que as massas desorganizadas, incultas, ao passarem à ação se politizam, adquirem na luta consciência de sua condição e de seus objetivos revolucionários, e não precisam ficar à espera de que uma vanguarda lhes leve de fora a consciência. A vanguarda, o partido é porta-voz dos anseios das massas os quais ela sintetiza num programa, mas a vanguarda não substitui as massas em hipótese alguma. Sem essa dialética entre núcleo organizado e espontaneidade das massas não há esperança de mudança radical da sociedade capitalista.

Para Rosa, o que importa é a transformação econômica, política e cultural da sociedade levada a cabo pela ação (organizada e consciente, mas também espontânea, inconsciente) das massas populares. Esta idéia, ainda que com modificações, está na base dos movimentos sociais contemporâneos que vêem por exemplo nos Fóruns Sociais (mas também em todas as mobilizações como na Argentina com os piqueteros, a rebelião indígena na Bolívia durante a guerra do gás, a ocupação de terras pelo MST, etc.) a oportunidade de construir o que poderíamos chamar de espaço público popular, uma forma nova de articular o indivíduo e a coletividade, muito diferente do funcionamento regular das instituições nas democracias burguesas em que os indivíduos nada mais são que um aglomerado de mônadas isoladas se relacionando umas com as outras exclusivamente por meio do mercado. A construção desse EPP nos quadros da sociedade existente é demorada, problemática, contraditória. Mas sem ele, pensa Rosa (e os fracassos do socialismo real lhe deram razão), não é possível criar uma sociedade democrática que transcenda a dominação do capital.

Em resumo, e essa é uma idéia bem atual, o socialismo só constituirá uma forma de vida qualitativamente diferente se for instituído a partir de baixo, com a participação ampla e ativa das massas populares. Assim sendo, para Rosa a revolução é um processo social e não apenas a tomada do poder por um partido de esquerda (embora ela não descarte a tomada do poder). É muito atual em Rosa sua recusa do vanguardismo – a idéia de que o socialismo só pode ser construído se houver indivíduos conscientes, esclarecidos, dotados de autonomia intelectual e moral, que tenham todos e cada um consciência da dominação. Nessa perspectiva a revolução é um processo longo, cuja construção começa já no interior da própria ordem capitalista e que continua de maneira acelerada quando ocorre a derrubada da antiga ordem por meio de uma rebelião popular.

2. A crítica de Rosa Luxemburg à concepção de partido hierarquizado, centralizado também continua atual. Essa crítica tem dois aspectos:

a. no que se refere estritamente ao partido, Rosa critica, como sabemos, a concepção leninista do partido-vanguarda, uma organização centralizada e hierarquizada de revolucionários profissionais. Enquanto Lenin dizia (Um passo à frente, dois passos atrás) que os revolucionários social-democratas (na terminologia do começo do séc. 20) eram como “jacobinos ligados à organização dos operários com consciência de classe”, o que implicava exterioridade entre a vanguarda e a classe trabalhadora, entre organização e espontaneidade, Rosa dizia que a “social-democracia não está ligada à organização da classe operária, ela é o próprio movimento da classe operária.” (QO,43) Nessa medida, o partido é expressão das diversas correntes que atravessam a classe operária, mas não só a classe operária. Rosa entende o partido social-democrata como partido-classe/partido de massas que engloba a oposição do proletariado à burguesia e também a oposição não-proletária à burguesia (ou seja, a pequena burguesia que está se proletarizando) (Questões de organização da social-democracia russa, p.57). Assim sendo, se o partido não é uma organização rigidamente hierarquizada e centralizada de revolucionários profissionais, mas a expressão das experiências históricas dos de baixo, não é possível eliminar o oportunismo por meio de um estatuto previamente estabelecido, nem por uma disciplina severa.

Assim sendo, Rosa critica em Lenin a tentativa de fazer da disciplina um elemento central da organização. Para ela é preciso extirpar o “espírito de disciplina servil” inculcado no proletariado pela família, pelo exército, pela fábrica, e pela burocracia do Estado moderno, extirpar a obediência em que ele é educado, disciplina e obediência que são interiorizadas, o que só pode ocorrer com iniciativas práticas anti-autoritárias. Só assim a “disciplina servil” pode ser substituída por uma “nova disciplina”, a “auto-disciplina voluntária da social-democracia” (p.45).

Em resumo, o partido de esquerda, segundo Rosa, é uma organização flexível em que coabitam diversas correntes (formadas por indivíduos autônomos), que apoiam um programa mínimo: não participar do governo, não votar créditos de guerra nem o orçamento do Estado – tudo isso explode em agosto de 1914. E como a experiência que ela teve no partido social-democrata alemão sempre foi problemática, Rosa aposta sempre, contra o partido (embora não tivesse idéias anarquistas), na espontaneidade criadora das massas.

b. contra a idéia de uma forma privilegiada de organização, o partido, Rosa é defensora de múltiplas formas de organização. Ela concordaria com Wallerstein (p.31), para quem “Os componentes sociais que potencialmente constituem a esquerda são muito diversos, enfrentam muitos problemas diferentes imediatos, originam-se em lugares culturais muito diversos para que funcione um sistema de centralismo democrático, mesmo que seja genuinamente democrático.” É porque as forças anti-sistêmicas são multifacetadas que faz sentido a defesa de um EPP formado por múltiplas formas de associação, organização, movimentos, marchas populares, lutas, em que os de baixo põem em prática as mais variadas experiências. Para Rosa essas experiências podem encarnar-se no partido, nos sindicatos, nos conselhos, hoje nos chamados movimentos sociais, ontem e sempre na rebeldia espontânea: não há uma única forma de organização das massas populares, pois o processo de transformação recíproca da luta de classes e do capitalismo leva a contínuas modificações das formas organizativas.

Para Rosa, assim como para os movimentos sociais de nossa época, é da participação dos de baixo – da experiência das massas populares – que vem a esperança de mudar o mundo. Não apenas aos políticos profissionais – mesmo os de partidos de esquerda – está reservada a grande missão transformadora. Muito pelo contrário, deles pouco ou nada se pode esperar. Por isso os movimentos sociais são partidários da ação direta, não ficam à espera de soluções parlamentares; eles sabem que os representantes eleitos para o parlamento fazem parte de uma estrutura de poder cooptada pelo capital. A política parlamentar só preserva os interesses populares quando forçada a isso em épocas de intensa mobilização coletiva. Quando contra o vírus do parlamentarismo que se propagava na social-democracia alemã, Rosa Luxemburg adotava o verso do Fausto, “no princípio era a ação”, ela revelava um profundo e acertado ceticismo em relação à possibilidade de os mecanismos parlamentares por si sós conquistarem e preservarem direitos de quem não possui capital.

Subverter a base do edifício requer superar a separação entre política e vida social, ir além da política vista como atividade especializada de profissionais. Nessa perspectiva não há separação (ou não deve haver) entre os que sabem e os que não sabem, os organizados e os sem-organização. Sem a espontaneidade dos homens e das mulheres comuns que resistem individual e coletivamente das mais diferentes maneiras, ainda que contraditórias, à sujeição ao capital, é impensável uma política emancipadora.

Pelas razões apontadas (tomar o poder e mudar o mundo não são etapas separadas; partido como organização flexível de várias correntes de opinião de esquerda; defesa de múltiplas formas de organização dos de baixo; socialismo como criação autônoma das massas e não como instituição por meio dos decretos de uma vanguarda) Rosa foi vista durante o séc. 20 como uma alternativa socialista democrática ao socialismo realmente existente, como crítica da burocracia nos países comunistas.

3. E por fim há um último ponto que gostaria de assinalar e que considero de grande atualidade, sobretudo no Brasil, que é a palavra de ordem socialismo ou barbárie, o que certamente pode parecer ridículo. Como falar de uma alternativa socialista num país que corre desembestado pelos trilhos das políticas neoliberais? Mas vamos lá.

A primeira observação a fazer é que a alternativa socialismo ou barbárie significa que o mundo tanto pode ir numa direção quanto na outra, que não há garantias, que o desfecho depende da luta de classes, que é imprevisível.

A segunda observação é que se não tivermos como objetivo de nossa luta o socialismo não sairemos da mesmice atual, que é a barbárie capitalista com toda a sua ferocidade. A idéia de uma alternativa socialista para o Brasil me foi sugerida por um artigo de Plínio de Arruda Sampaio Jr. publicado no n. 48 da revista Reportagem (set. 2003), Desenvolvimento não é crescimento. Nesse artigo, ao desenvolver a idéia do título, o Autor mostra que apesar do crescimento econômico que tem existido no país, ele não se traduziu em maior igualdade social. O problema da fratura social não estaria portanto num déficit de crescimento, e sim na busca equivocada de imitar o modelo de civilização surgido da revolução industrial, que leva necessariamente à dicotomia entre ricos e pobres (e eu acrescentaria, à destruição irremediável do meio-ambiente).

A conclusão de Plínio é que “a retomada do desenvolvimento [que não se reduz a crescimento] passa necessariamente por uma mudança radical do estilo de desenvolvimento da economia brasileira, o que requer coragem para enfrentar o status quo e criatividade para vislumbrar novos horizontes.” (p.51) O Autor dá indicações em termos de um programa mínimo: trata-se de superar uma modernização que se restringe a ter por modelo o consumo dos países avançados, vencer a subordinação ao capital financeiro, e recuperar a capacidade de intervenção do Estado na economia.

Nós podemos acrescentar que esse programa mínimo (as reformas, no sentido de Rosa Luxemburg) só tem sentido pleno ligado a um programa máximo, que vê a alternativa socialista como desmercantilização da vida. Aqui mais uma vez podemos pensar no atual movimento antiglobalização e num dos lemas do primeiro FSM – “o mundo não é uma mercadoria” – que sintetiza as lutas dos movimentos antiglobalização pela retomada dos bens públicos. Nossa experiência nos últimos 20 anos tem sido a da devastadora mercantilização e privatização de todas as dimensões da vida (educação, saúde, cultura, natureza, terra, água, formas de vida com as patentes de seres vivos e sementes). Hoje a luta é contra a transformação do mundo e da vida em mercadoria. “O socialismo deve ser um programa para a desmercantilização de tudo”, para a “eliminação do lucro como categoria” (Wallerstein, p.36). Esse objetivo a longo prazo, utópico, é que deve dar sentido às lutas por objetivos a curto e médio prazo, locais, nacionais e globais. Com isso recupera-se a dialética entre reforma e revolução – a Realpolitik revolucionária, nos termos de RL – e pode-se pensar para além do pragmatismo em que estamos afogados.

Um projeto de mudança no interior da sociedade capitalista é sempre algo complicado e polêmico. E RL tinha consciência disso, da tensão entre “prudência” e “audácia” (Merleau-Ponty), entre presente e futuro, que percorre todo projeto de transformação radical que procure se construir no interior desta sociedade.

Esse é o drama (ou a tragédia, dependendo da conjuntura) de toda política de esquerda na sociedade capitalista. Como reconhece a própria Rosa em Questões de organização, a esquerda (a social-democracia, na linguagem da época) “precisa avançar entre dois obstáculos: entre a perda de seu caráter de massa e o abandono do objetivo final, entre a recaída no estado de seita e a queda no movimento de reformas burguês.” Lutar dentro da ordem estabelecida significa não ser possível preservar a esquerda contra desvios “oportunistas”, dirigindo-a sempre para objetivos revolucionários. Mas embora Rosa defenda a unidade entre reforma e revolução (a luta por reformas só faz sentido desde que incluída num movimento mais amplo a longo prazo visando o socialismo) ela jamais contemporizou com a Realpolitik, com a política pragmática por reformas sem mais. Resumindo: o que a sua teoria e a sua prática nos ensinam é que uma política de esquerda só faz sentido se mantiver unidos o que é e o que pode ser. Ou em outras palavras, a utopia nunca deve ser tirada do horizonte, sob pena de cairmos no mais vulgar pragmatismo.

Breve nota final

Hoje no Brasil, quando se acabaram totalmente as ilusões a respeito do PT como alternativa de mudança, precisamos, como a Nova Esquerda das décadas de 1960/1970, criar uma cultura socialista, mas não sabemos ainda como. Sabemos o que não queremos: não queremos (nem podemos) repetir a trajetória dos PCs, nem da social-democracia, nem do PT. Temos apenas um patamar mínimo que herdamos da Nova Esquerda do passado (em parte também inspirada em Rosa Luxemburg):

1. crítica ao marxismo economicista, determinista, dogmático;

2. crítica aos partidos de massas centralizados, hierárquicos e autoritários (mesmo quando se pretendem democráticos no plano retórico, caso do PT);

3. crítica a todo tipo de autoritarismo, da esfera pública à privada;

4. fim da crença numa teoria otimista da história, linear, progressista, o que leva à idéia de que um desfecho humano para a barbárie do séc. 20 só pode resultar da luta das massas;

5. mas hoje que o capitalismo realizou todas as suas ferozes possibilidades, é preciso algo mais (que não era tão vital para os movimentos sociais dos anos 60/70 basicamente anti-autoritários) que era inquestionável para a esquerda do começo do séc. 20 – é preciso ser resolutamente anti-capitalista. Daí a necessidade de retomar a palavra de ordem socialismo ou barbárie.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Lógica da senzala continua no Brasil


Maristela Farias, secretaria nacional de negros e negras do PSTU

More Sharing Services
Brasil - PSTU - [Maristela Farias] Apesar da aprovação de direitos do serviço doméstico, trabahadores do setor ainda são extremamente precarizados

Saber que os negros são a maioria no Brasil não é nenhuma novidade. Basta olharmos a nossa volta para constatarmos qual é a composição étnico-racial dos brasileiros. Entretanto, somente em 2011, se combinaram as estatísticas e a realidade. A mídia anunciou, pela primeira vez na história, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que indicavam que a população de negros, composta de pretos e pardos, havia superado a de brancos, chegando a representar 63,7% dos brasileiros, ou seja, cerca de 97 milhões de pessoas. Deste percentual, a maioria é constituída por mulheres negras, que somam 50 milhões.

Proporcionalmente, as mulheres negras equivalem a populações inteiras de países como África do Sul e Coreia do Sul. Porém um grupo tão numeroso como este tem, historicamente, sofrido múltiplas formas de discriminação, fato que coloca a mulher negra na base da pirâmide social. As mulheres negras fazem parte de um contingente que, durante séculos, exerceram atividades nas lavouras, nas ruas como vendedoras e prostitutas, empregadas domésticas e outras atividades de baixa remuneração, condição que nem todas as mulheres passaram, já que as burguesas não sobreviviam de seu trabalho, mas da exploração de trabalho alheio.

Infelizmente, hoje, as mulheres trabalhadoras, e entre elas as mulheres negras, continuam ocupando atividades de subemprego, com baixa remuneração, insalubridade e sem proteção trabalhista, a exemplo do trabalho informal e das funções de empregadas domésticas. É uma questão que tem de ser mudada!

Sob a égide da exploração e da opressão

Ainda hoje, no Brasil, vemos meninas de 12 anos trabalhando por um prato de comida, situação parecida com a de muitos ex-escravos que seguiram trabalhando de graça em troca de abrigo ou, mesmo após a "abolição da escravatura", quando o Estado brasileiro os deixou a mercê da própria sorte. Resquícios dessa realidade escravocrata ainda permanecem muito vigentes em nosso país. A lógica dos empregos domésticos se inserem nesse processo.

Muitas das domésticas dormem na casa do patrão, não tendo uma jornada de trabalho definida. Aliás, ainda que a legislação trabalhista não permita jornadas de trabalho superiores a oito horas diárias para todos os trabalhadores, há definição legal da limitação da jornada para as empregadas domésticas, que acabam sendo submetidas à superexploração, trabalhando de domingo a domingo com raras folgas quinzenais. Isso sem falar naquelas que muitas vezes são vítimas da violência física, psicológica e até sexual nas casas dos patrões.

Segundo Cleusa Maria de Jesus, presidente do Sindicato das Domésticas da Bahia, em relato à revista Carta Capital de janeiro de 2013, "Tapas, empurrões, braços e pernas quebradas são denúncias comuns" das trabalhadoras domésticas. As mulheres negras, que compõem a base da pirâmide social brasileira e são maioria dos empregados no setor são as que mais sofrem com toda essa realidade histórica, que se reproduz cotidianamente. Elas também aparecem nos mais altos índices de violência doméstica, estupros, exploração sexual, resultante da opressão machista e da exploração capitalista impregnada na sociedade.

Queda de mão de obra doméstica ou necessidade de romper o ciclo da exploração?
Em janeiro de 2013, o serviço doméstico apareceu como o setor da economia com maior aumento real de salário em comparação com o mesmo período de 2012, com alta de 6%. Esse índice supera os resultados da indústria (1,5%), e do comércio (4%). Segundo resultados da última Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgada pelo IBGE no dia 26 de fevereiro de 2013, os salários dos trabalhadores das seis maiores regiões metropolitanas do Brasil cobertas pela pesquisa tiveram uma alta real média de 2,4%.

O aumento do salário do trabalhador doméstico veio acompanhado de uma queda de 5,9% nos empregos do setor em comparação com dezembro de 2012. Só em janeiro, 88 mil domésticos desapareceram do mercado em Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, Porto Alegre e Belo Horizonte. A série do PME mostra que, desde 2003, a parcela de domésticos na população ocupada cai a cada ano e, na época, representava 7,6% dos trabalhadores. Hoje, são 6,1%. No mesmo período, os rendimentos da categoria acumularam alta de 53,2%, quase o dobro da média geral dos trabalhadores, que foi de 27,2%. Mesmo assim, o salário das domésticas chega a 40% da média de todos os trabalhadores. Elas ainda têm os salários mais baixos entre todas as ocupações femininas. Ainda existe a informalidade que atinge quase 70% da categoria doméstica.

Segundo Fernando Holanda Barbosa Filho, da Fundação Getúlio Vargas, em entrevista ao jornal O Globo de 27 de fevereiro de 2013, o fenômeno está relacionado ao aquecimento do mercado de trabalho e ao fortalecimento do setor de serviços, que não exige profissionais qualificados. Assim, quanto mais forte o mercado, menor o interesse das pessoas em permanecer no serviço doméstico devido aos baixos salários. Na conclusão do especialista, será preciso pagar mais para manter o empregado.

A realidade tem mostrado que, mesmo com o alto índice de empregados domésticos, é cada vez maior e mais recorrente a ambição de mudar de profissão. Ao mesmo tempo, há necessidade e vontade de romper com o ciclo de exploração e opressão impostos com muito mais profundidade a esta parcela da classe trabalhadora, que hoje tem optado e se sujeitado a empregos não menos precarizados e exploradores, ganhando até menos na maioria das vezes, mas que lhes dão minimamente direitos trabalhistas, como carga horária e função definidas, folgas aos domingos, direito a férias, 13° salário, FGTS etc. Não é a totalidade dos trabalhadores domésticos que optam por outra profissão que conseguem empregos com garantia. Há muitos que estão na informalidade em outras profissões, mas que se sentem menos explorados e oprimidos.

Perspectivas econômicas e direitos para as domésticas

Segundo dados da própria Organização Internacional do trabalho (OIT), em 2010, eram 7,2 milhões de trabalhadores domésticos. Já em 1995, havia 5,1 milhões, dos quais mais de 95% eram mulheres. Mesmo tendo havido um crescimento no mundo no número de empregadas domésticas, nada se compara ao crescimento de 41% apresentado nos dados brasileiros. Expansão seguida pela alta de 47% nos salários, impacto muito provavelmente ocasionado pelo aumento do salário mínimo nos últimos anos.

Contudo, estes números não justificam o ufanismo destacado pelas novelas globais em torno da ascensão econômica das empregadas domésticas, que as retrata com possibilidades prósperas, capazes de, da noite para o dia, se transformarem em empresárias bem sucedidas. Balela!

O que se dá, na verdade, é uma tentativa ilusória e surrealista de contribuir com o "Mito da Democracia Racial", embutido ainda mais na sociedade que no Brasil não há racismo, que somos todos iguais, e que "todos temos as mesmas oportunidades", encobrindo o debate de que há uma dívida histórica com a população negra, desde o tempo da "Abolição da Escravatura". Dívida esta especialmente com as mulheres negras, que desde sempre neste país são trabalhadoras, oprimidas, exploradas e violentadas das mais variadas formas, mesmo após a abolição. Em 1943 quando a Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT entrou em vigor, as empregadas domésticas ficaram excluídas de qualquer direito.

Há um aumento da mão de obra feminina. As mulheres estão cada vez mais estudando e trabalhando, o que por si só já demonstra a necessidade de se pensar políticas públicas que atendam estas mulheres trabalhadoras, os filhos delas, bem como a importância dos homens se conscientizarem que tem de haver divisão de tarefas domésticas enquanto o trabalho não for socializado.

Como o governo não avançará em políticas concretas para as mulheres trabalhadoras, a luta contra o machismo enraizado na sociedade capitalista ainda será longa e pautada numa perspectiva de que o Brasil diferentemente de países da América do Norte e Europa está muito distante de oferecer uma estrutura de apoio para que as famílias vivam sem os serviços da empregada doméstica.

Em dezembro de 2012, fruto de uma luta histórica das trabalhadoras domésticas, a Câmara dos Deputados aprovou a proposta de emenda à Constituição que assegura igualdade de direitos aos domésticos, com jornada de 44 horas semanais, pagamento de horas extras, adicional noturno, FGTS e seguro desemprego. O projeto tramita no Senado. Mas restam incertezas. Por exemplo, como controlar as horas trabalhadas de quem dorme na casa do patrão? Exigimos do governo a regulamentação da jornada de trabalho e políticas de socialização do trabalho doméstico, como restaurantes e lavanderias públicos, creches em tempo integral para todas as crianças, entre outros, que tirem a mulher da escravidão do lar. Agora, sabemos que por mais avanços que tenhamos, nesta sociedade capitalista ainda continuarão existindo as diferenças de raça, classe e gênero.

Por isso, lutamos e defendemos uma sociedade socialista, na busca por uma sociedade mais justa e igualitária, em que não haja opressores e nem oprimidos, nem exploradores, nem explorados.

Maristela Farias, secretaria nacional de negros e negras do PSTU

¿Cómo es Jorge Mario Bergoglio, el primer papa jesuita y latinoamericano?

Do internauta Ferreti


" Ferreti - 28/3/2013 - 23:08
Ora, bolas.

Na Sodoma e Mongorra em que se transformou o parlamento nacional, tudo pode.

Se Renan, com medo de ser cassado renunciou e agora volta triunfal, pode...Se Henrique Alves, que responde a "N" processos na justiça, pode...se Donadon, Genoíno, J.P.Cunha e Valdemar Costa Neto pode...por quê Feliciano não pode ser o presidente de uma comissão na Câmara?

Se madame pode dizer o que disse, e depois vem dizer que não disse, e, mais, bota a culpa pelo que disse - mas jura que não disse- nos outros pode...porquê Felicinao não pode?

Na terra de niguém tudo pode. "

Fonte Blog do Noblat

Yoani Sánchez: "Mi vida no está en otra parte, está en otra Cuba"

Tcnica de armazenamento em garrafas pets amplia validade dos alimentos (...

Floripa em Foco: SINTESC com Alvete Bedin

Yoani Sánchez: "Mi vida no está en otra parte, está en otra Cuba"

quinta-feira, 28 de março de 2013

Winston Churchill


Winston Churchill ergueu o triunfo da Inglaterra na II Guerra, mas, ao deixar o governo, só quem lhe dava atenção era o papagaio que lhe trepava pela cabeça. Hoje, está na galeria dos grandes estadistas do século.
Luiz Antonio Magalhães 

Os EUA foram os estimuladores

Os EUA foram os estimuladores do sangrento golpe de depôs o presidente socialista Salvador Allende.  

Chile paradigma de construção de um socialismo democrático

Até hoje os historiadores se debruçam sobre a experiência de governo da unidade popular no Chile, se considera que naquele país estava sendo experimentado, uma forma democrática de construção do socialismo, legitimado pelas urnas. O golpe de onze de setembro de 1973 teria interrompido   uma experiência que prometia transformar o Chile em um paradigma de construção de um socialismo democrático. 

Petistas ficaram famosos

Petistas ficaram famosos no senado por defender os interesses de José Sarney. 

A turma do PT

A turma do PT  simplesmente perdeu a vergonha na cara, é capaz das composições mais ordinárias para se manter no executivos federal.

Os Neonazistas com Dilma

E se os neonazistas apoiarem Dilma, serão saudados por Lula?

Autoelogio

Lula não cansa de autoelogio, eis o campeão em tal atividade.

Se já entendeu?

Se já entendeu porque tanta celeuma em relação ao tal Pastor Marcos Feliciano?

Cada um com seus pobrema

Cotidiano - Desbloqueando Cuba

Cotidiano - De volta à rotina

Tobby entrevista - Papa Bento XVI

Cotidiano - Um presidente no espaço

Esporte - Preocupado com o Papa

Cotidiano - Habemus Papam

Cotidiano - Receita do Enem

quarta-feira, 27 de março de 2013

Bernardo Figueiredo - Íntegra

Coreia do Norte coloca exército em "posição de combate" e volta a ameaça...

O Silêncio do Papa Pacelli


O Silêncio do Papa Pacelli



A adesão do clero católico ao nazi-fascismo não limitou-se ao Cardeal Pacelli (Berlim, 1934)
"Devemos nos indagar se a perseguição do nazismo contra os judeus não teria sido facilitada pelos preconceitos antijudaicos existentes em alguns corações e mentes cristãos". - Cardeal Edward Cassidy - Nós lembramos - uma reflexão sobre o Shoah, 1998

Chamavam-no de il Tedesco, "o alemão". E não sem razão. Ninguém nas altas esferas do Vaticano superava a germanofilia do Cardeal Eugênio Pacelli. A Alemanha era a sua segunda pátria, o alemão seu outro idioma, e os Hohenzoller, a dinastia lá reinante, os soberanos do seu coração. Ele estava em Munique em 1917 quando nomearam-no arcebispo e núncio, autorizando-o a negociar uma concordata com os bávaros. A seguir, de 1925 a 1929, fixou-se em Berlim, quando então o Papa Pio XI chamou-o à Roma nomeando-o secretário de estado. Anos perigosos e difíceis aqueles, quando a Igreja Católica, indisposta com o liberalismo e inimiga de morte do comunismo, decidiu-se associar-se ao fascismo.

Aproximando-se do fascismo

Pelo Tratado de Latrão, de 1929, a roupeta preta confraternizou-se com a camisa negra. Em troca de 750 milhões de liras - o "empréstimo da conciliação"-, o Papado reconheceu o regime de Mussolini. A mão que abençoava os cristãos apertou a mão de quem sufocava as liberdades. A própria Igreja Católica apressou-se em suprimir da política italiana o Partito Popolare, e todas as demais organizações laicas católicas que pudessem atrapalhar ou impedir a implantação do regime de partido único na Itália. Quando Hitler chegou ao poder em 1933, foi o próprio Pacelli quem supervisionou os termos da concordata, assinada em 20 de julho de 1933, redigidos pelo Monsenhor Gröber, o "bispo nazista"(der braune Bischof), de Fribourg, que, a pretexto de proteger os católicos, tirou o Führer dos nazistas do isolamento diplomático em que se encontrava nos primeiros momentos da sua ascensão.

Pontos em comum

Para Ludwig Kaas, um dos representantes do centrista Partido Católico (Zentrum), que tornou-se íntimo colaborador de Pacelli nos anos vinte, nada de ominoso havia nesta aproximação. Tempos antes ele considerara o Tratado de Latrão, assinado por Benito Mussolini e o cardeal Pietro Gasparri, como o acordo ideal entre o moderno estado totalitário com a igreja autoritária. Entre outras alegações, disse que ninguém melhor que a Igreja Católica para entender a lógica da concentração de poder. Afinal o chamado fúhrer prinzip, a primazia da liderança adotada pelos juristas nazistas, nada mais era do que a versão secular, germanizada, do primado papal, afirmado no Código da Lei Canônica. Os ditadores fascistas consideravam-se todos eles infalíveis, exatamente como no Syllabus do Papa Pio IX, de dezembro 1864, documento contendo 80 proposições que, além de rejeitar a modernidade, conferia ao papa a infabilidade.

O discreto arrependimento

Se Pio XI arrependeu-se do seu acordo com Hitler, publicando em 1937 a encíclica Mit Brennender Sorge ("É com viva inquietação"), onde, em termos moderados e cautelosos, denunciou o paganismo e a absurda idéia de um "Deus Nacional" alemão, cultivada pelos nacionais-socialistas, nenhum sinal de contrição partiu de seu sucessor Eugênio Pacelli, o Papa Pio XII. Nem a crescente espiral de violência generalizada que a política de extermínio hitlerista desencadeou, a partir de 1939, fez com que se ouvisse a voz denunciante do Santo Padre. Com exceção às anódinas preleções pela paz em seus comunicados natalinos, onde jamais nomeou os agressores, o silêncio de Pacelli foi um daqueles mutismos barulhentos, clamorosos. Nunca tantos inocentes haviam sido exterminados em tal escala, pelo menos quase em frente ao Sumo Pontífice. Justo neste momento, a Igreja Católica sempre tão mobilizada contra a infringência de mínimos pecado, deixou-se paralisar por uma embaraçosa catatonia.

A Solução Final e o Papa

O papa Pio XII, que dispunha da única rádio independente em toda a Europa ocupada, jamais alçou-se em fazer sequer uma denúncia pública das atrocidades que os nazistas estavam cometendo. Na reunião do Lago de Wansee, ocorrida na periferia de Berlim em janeiro de 1942, como se sabe, os altos hierarcas do partido e do governo comprometeram-se a conjugar esforços para executar a Endlösung, a Solução Final, gazeando toda a população judaica européia (calculada em 11 milhões). O máximo que obteve-se de Sua Santidade foi uma alocução, no Natal de 1942, na qual, sem especificar quem eram as vítimas, apontou "as centenas e os milhares que, sem falta ou culpa alguma, talvez apenas em razão da sua nacionalidade ou raça, foram marcados pela morte e pela progressiva extinção." 

O estranho argumento dos defensores do mutismo pacellista era de que se o Sumo Pontífice delatasse os crimes, os nazistas, em represália, poderiam aumentar o número dos imolados, tornado o sofrimento ainda maior! Alegam ainda, como fez o historiador Christopher Browning, que é uma ingenuidade pensar-se que o papa pudesse, em qualquer momento, deter o genocídio que, em sua maior parte, deu-se bem longe da Itália, vitimando ciganos, judeus poloneses e russos, e prisioneiros soviéticos. 

Raciocínio que nos leva a concluir que o sentimento de solidariedade cristã e indignação humana contra os assassinatos em massa está limitado pela geografia! Ninguém, é bom lembrar, considera a Cúria Papal um exército, nem vê o papa como um general a quem se recorre para complicadas operações de salvamento e resgate, mas sim acredita ser a Igreja Católica uma força ética e uma reserva moral do Ocidente, de quem espera-se que aja em favor das vítimas justo nesses momentos terríveis.
Os motivos do silêncio

Qual então a razão do seu silêncio? Segundo a historiadora Annie Lacroix-Riz (Le Vatican l 'Europe et le Reich, Paris, 1996), sabe-se que em privado, com representantes alemães, Pacelli externava os mesmos sentimentos antijudaicos deles. Mas presumo ser outra a causa do seu silêncio. Essa, de ordem subjetiva-objetiva. O papa, sendo um implacável anticomunista, um aristocrata de família toscana, nascido em Roma em 1876, tendo por um irmão um conde, encarnava os valores últimos de uma nobreza européia agonizante. Viu no nazismo, como tantos outros da sua casta, a oportunidade de liquidar com os bolcheviques ateus (versão contemporânea dos jacobinos, que tantos padecimentos fizeram sofrer a nobreza e a igreja nos tempos modernos), mesmo que o preço a pagar fosse moralmente monstruoso. Somente eles, os super-homens de Hitler e de Mussolini, com sua política de total impiedade, colocando-se bem "acima do bem e do mal", poderiam abatê-los. A pavorosa morte dos judeus era o tributo moral que exigiam dele. A política do Vaticano de sustentação incondicional do Reich, "excluía emocionar-se por suas vítimas".

O neutralismo de Pacelli

Coerente, refugiando-se num suspeitíssimo neutralismo, o Papa Pio XII negou-se a condenar as atrocidades praticadas pelos nazistas contra judeus proposta pelos Aliados, alegando que ela não incluía um repúdio às perseguições religiosas movidas por Stalin contra os cristãos na União Soviética. Uns tempos antes, à época do Massacre das Fossas Ardeatinas em Roma, onde 335 reféns civis italianos, 75 deles judeus, foram executados pelos SS do major Erich Priebke em Roma, como represália a um atentado dos partisans, ele sobre nada se pronunciou. O mesmo se repetiu quando o Gueto de Roma foi esvaziado por uma operação policial das Waffen SS em outubro de 1943, ordenada por Eichmann. Sacaram os judeus, por assim dizer, da frente da Igreja de São Pedro. A reação da Santa Sé não passou de inócuos telegramas e telefonemas para o embaixador alemão Weiszäcker. Disso resultou que 1060 judeus foram embarcados na estação Tiburtina diretamente para Auschwitz, justo num domingo, 18 de outubro de 1943.

Negligências que serviram bem mais tarde como tema da peça-denúncia "O Vigário"(Der Stellvertreter), escrita em 1963 pelo alemão Rolf Hochhuth, o primeiro clamor partindo do próprio rebanho católico, contra a sistemática omissão do papa. Não hesitou, porém, Pacelli, ao término da guerra, em mobilizar os quadros da Igreja Católica espalhados pela Europa. para facilitar a fuga de milhares de criminosos de guerra e colaboracionistas dos nazi-fascistas, dando-lhes passes, salvos-condutos, passaportes, e até pequenas somas de dinheiro, para que eles alcançassem as terras seguras da Espanha, do Paraguai, ou da Argentina de Perón.

A história e o Papa

Num esforço, ainda que indireto, em desvendar a política de omissão de Pio XII, o monge Georges Passelecq, e o dr.Bernard Suchecky, publicaram recentemente "A Encíclica escondida de Pio XI" (L 'encyclique cachée de Pie XI - une occasion manquée de l'Église face à l'antisémitisme, Ed. La Découverte. Paris, 1995), que expõe a existência da Humani Generis Unitas, uma encíclica mandada redigir por Pio XI a dois jesuítas (o alemão Gustav Gundlach e o americano John LaFarge), em 1938. O documento, que somente foi descoberta em 1972, era uma aberta denúncia do culto ao estado totalitário e do racismo anti-semita delirante dos nazistas, muito mais vigorosa que a encíclica do ano anterior, a de 1937. Eugênio Pacelli, porém, a engavetou. 

Mais recentemente, o mundo católico foi abalado por um outro livro, o do inglês John Cornwell (Hitler's Pope: the secret history of Pius XII, N.Iorque, 1999), que, preocupado em aliviar as crescentes suspeitas que eram lançadas de todos os lados sobre Pacelli, resolveu ir consultar diretamente nas fontes documentais dos arquivos do Vaticano. O resultado estarreceu-o. A ele e aos simpatizantes da causa Pacelli. Cornwell, um homem do Colégio de Jesus de Cambridge, revelou que o conúbio do papa com os nazi-fascistas foi muito mais além do que se imaginava. Para ele o que mais ligou o papa aos nazistas era o antijudaísmo de ambos.

Um arrependimento formal

A Comissão do Vaticano para Relações Religiosas com os Judeus, por sua vez, instituída pelo papa João Paulo II, finalmente chegou a uma conclusão e a um documento. Tocando no peito e com o olhar constrangido, o Cardeal australiano Edward Cassidy pediu perdão à comunidade judaica pela inexplicável omissão dos católicos. Observe-se porém que não há menção especifica de responsabilidade. O Vaticano resolveu assumir um arrependimento coletivo, da comunidade católica no seu todo, da Igreja e dos fiéis, sem mencionar o peso de Pacelli na adoção daquela política. Para sentir-se como esse tema é embaraçoso até hoje para a Igreja Católica, notou-se que o gesto oficial, público, deu-se por meio de um hierarca menor da Igreja, e não de uma declaração direta do Papa, como por exemplo, quando ele pessoalmente desculpou-se com pela condenação de Galileu, ocorrida no século 17. É que, de certa forma, todos em Roma ainda sentem e sofrem os embaraços do inexplicável silêncio do Papa Pacelli.

ESSA VIDA!

Quando os dias lhe parecem fadados a lhe condenar ao pessimismo mais ostensivo convém melhor examinar tudo que passou para melhor projetar tudo que virá pela frente.
Qual é o projeto que você tem para o seu dia? nem sempre dia ele lhe traz a sensação de realização ou de missão cumprida? O seu planejamento para o dia lhe traz angústia? você nem pensou em planejar absolutamente nada? você acredita que planejamento seja uma grande bobagem? Você acredita que o melhor da vida está na surpresa e na improvisação?
Quanta coisa você sonhou para sua vida, quanta coisa ficou pelo caminho e você não tem mais aquele ânimo de buscar algumas das pérolas que você tanto valorizava em sua juventude. Chegou a hora de redefinir as coisas, refazer os planos, voltar a pensar novamente no que fará e em como fará?
Quando achamos que tudo esta nos seus devidos lugares, parece que os lugares se confundem e a desordem volta a reinar em tudo. Justo aquela desordem que teima em queimar a nossa pele com aquele brutal descontentamento que rasga o peito, exigindo que façamos algo que volte a devolver um pouco de paz aquele espirito atormentado.
Quantos amigos foram ficando pelo caminho? Alguns dirão que a vida é assim mesmo não tem muito remédio. Mas será mesmo que o destino nosso na terra é ir se afastando de quem tanto gostamos e prezamos?
ESSA VIDA!

terça-feira, 26 de março de 2013

La Guerra Fría (cap.12) Destrucción Mutua Asegurada 1960 a 1972

Roda Viva - Yoani Sánchez - Bloco 3

Roda Viva - Yoani Sánchez - Bloco 1

Roda Viva - Yoani Sánchez - Bloco 2

Roda Viva - Yoani Sánchez - Bloco 4

Corría el año: La hija de Breznev

Joana Maria Pedro fala sobre o livro "Nova História das Mulheres no Brasil"

Jaime Pinsky fala sobre o livro "De Cuba, com carinho", de Yoani Sánchez...

Jaime Pinsky fala sobre o livro "De Cuba, com carinho", de Yoani Sánchez...

Eugênio Bucci fala sobre o livro "De Cuba, com carinho", de Yoani Sánchez

Colômbia e Venezuela: "Situação pode virar uma escalada militar"

TVR - La complicidad civil con la dictadura militar (1ra parte) 11-09-10

Caminhos da Reportagem (lista de reprodução)

Al Qaeda, 10 años después (documental)

Informe Especial "Dictadura, Cívico -Militar del 76 " ...Visión 7 - 21/...

Visión 7: La trama financiera de la dictadura

EEUU v/s Allende (Documental Completa)

sábado, 23 de março de 2013

"Dificilmente Campos vai viabilizar candidatura", diz dirigente do PT


"Dificilmente Campos vai viabilizar candidatura", diz dirigente do PT

Por Cristiane Agostine | Valor
"Dificilmente Campos vai viabilizar candidatura", diz dirigente do PT
SÃO PAULO - Dirigentes do PT apresentaram restrições nesta quinta-feira à possível candidatura à Presidência do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, e criticaram sua aproximação com o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB). A executiva nacional petista está reunida nesta quinta-feira em São Paulo.

Para o secretário-geral do PT, deputado federal Paulo Teixeira (SP),  ainda “há chances” de Campos não ser candidato em 2014 contra a candidatura de reeleição da presidente Dilma Rousseff. “Dificilmente ele vai conseguir viabilizar sua candidatura”, afirmou Teixeira.

O dirigente petista citou a aprovação de 85% da presidente Dilma no Nordeste, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada na terça-feira, ao falar sobre as dificuldades eleitorais de Campos. “O voto nordestino é petista, dilmista. A pesquisa foi muito boa, mostra isso. O eleitor nordestino não vai entender Campos em oposição a Dilma. Isso é muito difícil de entender”, disse o secretário-geral do PT.

Segundo a pesquisa, a aprovação pessoal de Dilma no Nordeste é maior do que a média nacional de 79%. A aprovação da gestão na região, de 72%, também é maior do que a média nacional, de 63%.

Teixeira rebateu declarações feitas por Campos na semana passada em São Paulo a um grupo de empresários de que o governo federal “pode fazer mais”. “O PSB está conosco. Eles são governo. Eles também podem fazer mais no governo federal” ,disse.

O coordenador da corrente petista Construindo um Novo Brasil, a majoritária no partido, Francisco Rocha da Silva, ironizou a aproximação de Campos ao tucano José Serra, derrotado duas vezes na disputa presidencial.

“Campos está fazendo o caminho inverso ao [da história] da política de Pernambuco, de inclinação de centro-esquerda. O fato de [Campos] sair da trajetória histórica dele, da família dele e da tradição do Estado para vir se agarrar a José Serra em São Paulo é demais para a minha cabeça”, brincou.

“Na política, Campos não tem limite para chegar a algum lugar”, disse Rochinha, lembrando da aproximação do governador de Pernambuco ao ex-rival senador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Rochinha disse ainda que em muitos Estados o PSB “está mais para a direita” no campo ideológico.



Valor Econômico

Jarbas busca apoio de Serra e do PMDB para Campos


Jarbas busca apoio de Serra e do PMDB para Campos
Exclusivo para assinantesPara ler a matéria completa faça seu login ou cadastre-se
Após 20 anos de rompimento, hoje o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) está empenhado e "inteiramente à vontade" na articulação da candidatura do governador Eduardo Campos (PE), presidente do PSB, à Presidência da República em 2014. O envolvimento é tanto que ele tentará atrair o ex-governador José Serra (PSDB) para o projeto, se a situação de "desconforto" do tucano no partido continuar.


 Valor Econômico 

Preferência pela ilusão


Preferência pela ilusão
Quando comunicou ao povo que a Inglaterra entraria em guerra com a Alemanha, Winston Churchill fez um discurso pedindo “sangue, suor e lágrimas” para conseguirem a vitória. Se estivesse no Brasil diria: “já estamos ganhando a guerra.”

Esta é a impressão que senti ao ouvir os comentários do governo federal sobre o Índice de Desenvolvimento Humano de 2012, que anualmente o PNUD/NNUU estima e apresenta como indicador do desenvolvimento humano de cada país e sua respectiva posição no conjunto das nações. Apesar de sermos a 6ª economia no mundo, somos a 88ª no desenvolvimento humano.

Mas em vez de reconhecer o atraso e fazer um desafio a todos os brasileiros para superarmos esta situação, o governo preferiu falar que havia um erro de cálculo no índice. Isto porque o PNUD tomou por base para todos os países dados do ano de 2005, e em 2011 o Brasil tinha 7,4 anos de escolaridade, não mais os 7,2 anos de 2005. É uma pena que o governo não perceba que 7,4 é uma situação vergonhosa.

Além disso, se o IDH considerasse a qualidade da educação e como ela se distribui por classe social, nossa posição pioraria no cenário mundial, até porque nossa qualidade é baixa. Se os ricos têm 13 anos de escolaridade, para a média ser 7,4 anos, os pobres têm que ter escolaridade de apenas 3 ou 4 anos.

Não há justificativa para o governo esconder a realidade por dois motivos: a culpa é histórica e a situação é muito mais grave. Nosso Índice de Desenvolvimento Humano seria muito pior se em seu cálculo fossem considerados, por exemplo, morte por violência, tempo perdido e qualidade no transporte urbano, concentração da renda, degradação urbana e outros problemas sociais que são crônicos e comemorados por não serem ainda piores.

O sentimento provocado por “já estamos ganhando”, em substituição ao “sangue, suor e lágrimas”, decorre da preferência pelas aparências do presente, com desprezo à realidade e ao longo prazo.

O Brasil não terá futuro, enquanto não tiver um governo que seja capaz de perceber a dimensão da tragédia, olhar ambiciosamente para o futuro, e mobilizar a todos para enfrentarmos o problema.

O IDH é uma das maiores conquistas intelectuais do século XX, por trazer a ideia de que a riqueza medida pelo PIB não representa o nível de bem-estar. Seu grande mérito, porém, é fazer com que os dirigentes de todo o mundo esperem com ansiedade sua divulgação para saber como evoluiu o quadro social de seu país naquele ano.

Mas esta imensa conquista fica perdida se, em vez de perceber a realidade e lutar para superá-la, os dirigentes preferirem, como no Brasil, desqualificar os cálculos e ver êxitos onde temos fracassos.

Na Segunda Guerra Mundial, enquanto Churchill pedia “sangue, suor e lágrimas”, a Alemanha usava sua máquina publicitária para passar a ideia de que tudo ia bem no front e que os críticos eram derrotistas. E todos sabem quem perdeu a guerra.



Cristovam Buarque é senador (PDT-DF)

Panorama Ipea - mudanças no mercosul

Venezuela e o MERCOSUL. 1/5

Venezuela e o MERCOSUL. 4/5

Venezuela e o MERCOSUL. 3/5

Musica Zen: Musica Taichi,Musica para Reiki, Relax, Yoga, Meditacion, Ta...

sexta-feira, 22 de março de 2013

NatGeo - Segredos do Terceiro Reich - A raposa do deserto

"Governador não pode ser visto como inimigo"


"Governador não pode ser visto como inimigo"
Exclusivo para assinantesPara ler a matéria completa faça seu login ou cadastre-se
Um dos senadores mais próximos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Jorge Viana (PT-AC) diz que a pré-candidatura à Presidência do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, é para valer e pondera que o dirigente não pode ser tratado como inimigo. Para o senador, é "natural" surgir uma pré-candidatura dentro base aliada, já que a oposição está "enfraquecida" no país. "Campos pode até ser adversário, mas há afinidades que vão nos manter juntos no futuro. Essa movimentação está muito mais vinculada a 2018 do que a 2014", diz Viana ao Valor PRO, serviço em tempo real do Valor.
Valor Econômico 

El exilio cubano

¿Qué logrará el Presidente Obama con su visita a Israel?

V7Inter: Cuba en tiempos de cambio (2 de 2)

V7Inter: Cuba en tiempos de cambio (1 de 2)

quarta-feira, 20 de março de 2013

NatGeo - Segredos do Terceiro Reich - A familia de Hitler

Publicado por Humor Político


Publicado por Humor Político


A Navalhada do Dia


A Navalhada do Dia

O empresário Jorge Gerdau tem se distinguido por assessorar a presidente Dilma e fazer uma ponte entre o governo e o empresariado. Eu mesmo o encontrei várias vezes em solenidades em Brasília. A propósito da presidente criar o ministério número 39, ele deu uma entrevista na Folha e diz que a burrice de criar tanto ministério está no limite. De fato, o Brasil dever ser o campeão mundial de ministros. Ele disse que esse inchaço de ministérios se dá por que os políticos têm fome de cargos e verbas, mas tudo tem um limite. E o Brasil chegou no seu.

Gerdau disse que: abre aspas Esse inchaço se dá por contingências políticas, mas "tudo tem o seu limite. Quando a burrice, ou a loucura, ou a irresponsabilidade vai muito longe, de repente, sai um saneamento. Nós provavelmente estamos no limite desse período”. Gerdau é o presidente da Câmara de Políticas de Gestão da Presidência da República. No momento que se articula uma reforma no ministério, a diminuição de cargos não é esperada. Sobra para o contribuinte pagar carro com motoristas e secretária para todo mundo. 

Heródoto Barbeiro - escritor e jornalista da RecordNews e R7

Kibe Loco

IMIGRANTES ILEGAIS NO BRASIL 2 (3)

A rearticulação conservadora, por Bruno Lima Rocha


A rearticulação conservadora, por Bruno Lima Rocha

O Brasil vive um momento de avanço conservador e isso é inegável. O abismo ideológico é notado em uma aliança de direita de novo tipo, gestada no interior do governo de coalizão.


Logo que o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) foi indicado para assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, li certos comentários que me pareceram pertinentes. Para além da crítica aos neopentecostais, alguns colegas docentes elaboravam a ideia de uma rearticulação conservadora, mais ideológica do que política, mas muito aguerrida em pautas específicas.


A aliança teria dois alicerces. Um deles é o conservadorismo popular, explorado ao máximo pela legião de pregadores da teologia da prosperidade metidos em política profissional. Outro alicerce é o do latifúndio, setor econômico fundamental para a balança comercial brasileira e sempre vitorioso quando disputa uma pauta contra os defensores do meio ambiente e agricultura de pequena escala.


A evidência para a aliança conservadora em nível ideológico apareceu em artigo da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), publicado na Folha de São Paulo de sábado, 16 de março. A também presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA, equivalente ao sindicato nacional de produtores rurais) escreve um libelo relacionando o pensamento do italiano Antonio Gramsci com a proposta de redação do artigo 159 do Código Civil. Neste, segundo Abreu, estaria o intento de reviver o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, elaborado no final de 2009 e de pronto descartado por Lula.


No texto proposto para o código civil, seria criado um novo paradigma quanto à posse da terra, superando o senso comum ao menos nos temas dos conflitos agrários. Para Abreu, a redação proposta, ao não aplicar a retirada imediata dos ocupantes (chamados pela senadora de invasores), subtrai os poderes de pronta-resposta da polícia para “tornar nulo o estatuto da reintegração de posse. E, junto com a anulação, o direito de propriedade”.


Ultrapassa o espaço deste artigo responder palavra por palavra do texto, mas vale destacar que Kátia Abreu usa os termos “infiltração nos meios de comunicação” e “quebra gradual dos valores cristãos”. Trata-se de linguagem perigosa e terminologia alarmista, parecendo saudosa da Guerra Fria e da ditadura. Como o latifúndio não brinca e nem faz de si mesmo uma caricatura, é preciso tratar o embate com a gravidade necessária. O país passa por uma rearticulação conservadora e é isso tem de ser levado em consideração.


 


Bruno Lima Rocha é cientista político


(www.estrategiaeanalise.com.br / blimarocha@gmail.com)

Apocalipsis La Segunda Guerra Mundial - (Capitulo 1) Agresión (Audio Lat...

Quem comanda no mundo?

Com a autonomização da economia e o enfraquecimento dos estados-nação é ilusório pensar que os presidentes eleitos sejam os que têm o comando sobre o pais. Quem decide os destinos reais do povo não é o Presidente. Ele é refém do Ministro da Fazenda e do Presidente do Banco Central que por sua vez são reféns do sistema econômico-financeiro mundial a cuja lógica se submetem. Quando o Presidente Bush fala à nação muitos seguramente o escutam. Mas quando fala o presidente do Federal Reserve (Fed) a nação inteira pára. O que ele tem a dizer significa a vida ou a morte de muitos empregos e do destino de empresas.

Os donos do mundo estão sentados atrás dos bancos, são os que controlam os mercados financeiros, as taxas de juros, as infovias de comunicação, as tecnologias biogenéticas e as indústrias de informação.

Imensos conglomerados privados atuam a nivel planetário. Sem perguntar a ninguém e sem qualquer controle delapidam o patrimônio comum da humanidade em benefício próprio. Desflorestaram em poucos anos 800.000 hectares das ilhas de Bornéu, Java, Sumatra e Sulawesi. Os incêndios projetaram fumaça do tamanho de meio continente. Esses mesmos grupos mancomunados com os nossos atuam agora na floresta amazönica. As leis de proteção ambiental são inoperantes face à fúria de conseguir dólares via exportação para o pais fazer frente aos compromissos da dívida externa e interna. O agronegócio implica desflorestar, iquidar a biodiversidade, homogeneizar a produção em escala.

Esta lógica funciona no sistema globalizado mundial, criando desigualdades e devastações ecológicas lá onde se implanta. Para 2010 prevê-se que as florestas tenham dimuido em 40%. Em 2040 o aumento dos gases de efeito estufa podem provocar um aquecimento entre 1ºC a 2ºC elevando o nível das águas oceânicas a 0,5 a 1,5 metros afetando milhares de cidades costeiras. Seis milhões de hectares de terras férteis somem por ano sob o efeito da desertificação.

As doenças infecciosas de todo tipo viajam à velocidade dos mercados. A Aids é uma pandemia na Africa. A expectativa de vida da Africa subssariana diminuiu já sete anos e em outros paises como Uganda, Zimbáue, Zâmbia recuou dez anos. No ano passado a produção econômica de Quênia, por causa da Aids, caiu em 14,5%. A África é um continente abandonado à sua própria desgraca, sequer merece ser explorado. O Papa faz discursos irresponsáveis.

Se houvesse um pouco de humanidade e compaixão entre os humanos bastaria que se retirasse apenas 4% das 225 maiores fortunas do mundo para dar comida, água, saúde e educação a toda a humanidade. Estes são dados da ONU de 2004. Enquanto isso 30 milhões de pessoas ainda morrem de fome e dois bilhões são anêmicos.

Teremos tempo para que a desintegração se mostre criativa? Uma leve esperança se anuncia um pouco em todas as partes do mundo, em Seatte, em Gênova, em Porto Alegre e nos Forums Sociais Mundiais. Ai surge um anti-poder que pede uma nova justiça planetária, uma taxação significativa dos capitais especulativos, a introdução de uma renda de existência a todos os habitantes da Terra não para subsistirem mas porque simplesmente existem. A aplicação rigorosa da ética da precaução e do cuidado em questões ambientais. Esperanças. Que tenham a força da semente.


Leonardo Boff

La Verdadera Historia Soviética - YouTube

Visión 7: La entronización de Francisco

Ministra Ideli Salvatti fala sobre encontros com novos prefeitos e prefe...

Florianópolis - Projeto de lei reajuste salarial do magistério

Dilma comenta encontro e assuntos conversados com o papa Francisco

Relatório da CIA:a idiotização do poder

Há poucas semanas me ocupei com três livros apavorantes. O primeiro do astrônomo inglês Martin Rees, Hora final, o desastre ambiental ameaça o futuro da Humanidade, o segundo do astrofísico e médico James Lovelock, formulador da teoria da Terra como superorganismo vivo, Gaia, A vingança de Gaia e o terceiro O relatório da CIA: como será o mundo em 2020. Os dois primeiros assustam porque nos chamam atenção para a sistemática violência que nossa cultura hoje mundializada, com seu nivel e produção e consumo, perpreta contra a Terra, os ecossistemas, em fim, contra a vida. Podemos discordar de seu pessimismo de base, como se estivéssemos na "ultima hora"(Rees) ou "em estado de coma"(Lovelock). Mas os dados que aduzem são objetivos e merecem ser tomados a sério para não chegarmos tarde demais na busca de saidas. Em ambos se nota amor à vida, preocupação com a Terra e cuidado para com o ser humano.

Totalmente diferente é o terceiro livro "Relatório da CIA", fruto das análises dos considerados "25 maiores especialistas de uma variada gama de disciplinas" e dos três maiores "futuristas", além de outras fontes de informação. Neles se vê o que é a cegueira do pensamento único, o que implica a crença de que não há alternativa para o sistema imperante e o materialismo mais crasso da decadente cultura ocidentalóide-norte-americana. Aqui nos defrontamos com a completa idiotização do poder.Como diriam os alemães, estes tais especialistas são rotundos "Fachidioten", idiotas especializados. Só sabem de poder.Eles não sabem nada de Terra, de ecologia, de ecossistemas, de limites de sustentabilidade da natureza. Estas palavras nem ocorrem em todo o livro. Eles parecem verdadeiros ETs: nem dá para imaginar em que planeta vivem, pois não se fala de nada daquilo que é importante e indispensável para viver: ter um pouco de comida garantida para todos, um pouco de água potável, um ar sofrivelmente respirável e uma solidariedade mínima para salvar nosso senso de humanidade. Tudo isso não existe no livro. E se, por acaso, entra é apenas na sua relevância econômica. Especialmente inexistem as populações humanas, os bilhões de famintos e sedentos, os sindicatos, os movimentos sociais, os grupos de resistência mundial, os altermundialistas e os que lutam por um outra humanidade.

O que existe então? Vontade de poder, de mais poder e somente de poder, econômico, militar, político e tecnológico. Trata-se fundamentalmente de elencar os riscos e desafios que a potência imperial, os EUA, deverá enfrentar até os anos 2020 e que cenários possíveis são discerníveis. Os temas quase obssessivos que retornam a todo o momento é a emergência da China e da India como potências mundiais que conferirão um rosto asiático à globalização, o terrorismo islâmico, as armas nucleares, biológicas e químicas acessíveis a pequenos grupos, as pandemias como a AIDS e o envelhecimento crescente dos paises centrais e a queda de sua população. Finalmente, apesar de todas as ameaças, permanecerá a hegemonia norte-americana.

Estes futurólogos infundem medo e precisamos estar atentos às estratégias que traçam pois podem nos levar, irresistivelmente, ao pior dos cenários para o planeta Terra. Lembrei-me do salmo 2 das Escrituras:"os senhores da Terra conspiram, unidos. Mas ri-se Aquele que habita os céus" pois Ele sabe quão frágil é seu poder de plasmar e conduzir a história.
Leonardo Boff

domingo, 17 de março de 2013

Lula. Um grande retrocesso

Difícil, quase impossível, estabelecer uma discussão de caráter religioso diante de um público formado por beatos e beatas. Opor-se às crendices e fantasias próprias das religiões é visto como uma heresia digna do fogo eterno. Aliás, pelo simples fato do Sr. Galileu Galilei ter afirmado que a Terra se movia, quase foi atirado à fogueira da Santa Inquisição, uma vez que essa afirmação contrariava, frontalmente, o que estava posto no livro sagrado, onde é dito, textualmente, que Josué promoveu o “milagre” de parar o sol por três dias.
A tese de Galileu punha por terra esse milagre uma vez que o sol nunca se moveu como pretendia o “infalível” livro sagrado. Chegar-se ao extremo de dizer que Deus não existe, a esse público de beatos e beatas, seria provocar profundas reações e gestos de persignações para protegê-los contra tão “absurda heresia”.
Não são somente os crédulos de diversas religiões, os fanáticos e fundamentalistas, que são capazes de sacrificar a própria vida como fazem os islâmicos sectários e outrora fizeram os mártires cristãos. Na política também vamos encontrar legiões e legiões de beatos, de fanáticos, capazes de grandes sacrifícios em torno dos seus credos, porém, incapazes de cometer a “heresia” de pôr as suas “convicções” em dúvida.
Não foi à toa que Nietzsche disse: a convicção é mais grave do que a própria mentira. Enquanto isso, o pensador socialista Karl Marx nos legou a afirmação de que a dúvida é o principio da sabedoria. Dessa forma, os credos, que impossibilitam os necessários questionamentos, são responsáveis por todo tipo de estreitezas no pensar.
O stalinismo, por exemplo, criou uma vasta legião de beatos, seguidores de credos completamente insustentáveis. De forma romântica, chegou-se a acreditar na existência de uma classe operária imune à corrupção e uma classe burguesa de degradados. A realidade tem demonstrado que o processo de degradação e corrupção, levado a cabo pelo sistema capitalista, tem atingido não só a classe burguesa como também ao tão festejado proletariado que se deixa corromper em troca do um fogão, de uma geladeira, de um som, de uma modesta casa, de um aparelho de televisão, de um automóvel, que o sistema capitalista lhe proporciona, ao mesmo tempo em que promove bons negócios e não esquece de fazer um eficiente trabalho de cooptação política dizendo: veja, o capitalismo é bom, e nos seus marcos poderemos progredir, basta acreditar.
A questão, porém, não se reduz somente ao citado credo quanto ao incorruptível proletariado. Outros tantos foram difundidos e amplamente propagandeados, embora não dispusessem do menor fundamento. Lemas do tipo: “o campo cercando a cidade” ou a “guerra popular e prolongada” agregou legiões e legiões de seguidores que se negavam a colocar em discussão esses postulados. Quando alguém, na época, ousadamente dizia: Mao Tse-Tung é apenas um sub-marxista confuciano que praticou os métodos e as concepções do stalinismo, era objetado com o seguinte argumento: “não sei, mas Mao Tse-Tung liderou uma das maiores revoluções socialistas no mundo e hoje é o maior líder de massa”.
Não se atentava para o fato inequívoco de que a “vitória” não isenta uma posição política de seus erros ou mesmo de suas extravagâncias como foi o caso do “vitorioso” Hitler e do seu tresloucado nazismo, expressão insana da contra-revolução extremada. E observe-se que Hitler foi vitorioso através dos votos lhe foram conferidos pelas massas populares, incluindo-se aí, o proletariado alemão.
Não eram apenas os devotos e beatos do stalinismo ortodoxo que se negavam a enxergar a realidade política e, por essa razão, cometer “convictamente” grandes erros. Veja-se a grande, ou mesmo imensa legião de beatos, seguidores do credo patrocinado pelo stalinismo kruchevista que propunha o chamado “caminho pacífico para o socialismo”, proposta essa que por ser inviável nos conduziu a inúmeras e desastrosas aventuras, destacando como exemplos o golpe de 1964, no Brasil; o golpe em 1965, na Indonésia de Sukarno e, o Chile de Allende, em 1973; depois dessas tragédias, decorrentes desses equívocos, o silêncio. Ou seja, a velha prática de colocar-se os seguidos e desastrosos insucessos para debaixo do tapete.
Considerando a história nesses últimos noventa anos de hegemonia do stalinismo através dos seus mais diferentes vieses, não podemos, a bem da verdade, deixar de assinalar que, o trotskismo floresceu como uma das vertentes desse stalinismo quando assumiu todos os defeitos e desvios do velho bolchevismo expressos: no monolitismo, no partido único, no ultra-centralismo, no culto à personalidade e na prática da distorção da história como arma política.
Não podemos, assim, deixar de registrar que, de fato, existiram dois Trotskys. O primeiro, o não bolchevique, que se revelou um dos maiores quadros do marxismo quando produziu, além de outros textos, a genial tese da revolução permanente e de ter criticado com veemência e fundamentação a equivocada concepção de partido de Lênin. O segundo Trotsky, aparece quando ele adere ao bolchevismo, em 1917. Para compensar a desconfiança que pesava sobre ele por sua condição de recém-convertido, empenhou-se em mostrar-se mais realista do que o rei, encampando e patrocinando uma política que, em última instância, estabeleceu as bases organizacionais para a consolidação do stalinismo. O segundo Trotsky empenhou-se em se mostrar um eterno leninista e isso não era verdade.
Derrotado pelo stalinismo ortodoxo, Trotsky tornou-se patrono da tese incorreta de que o stalinismo, ao invés de produto da derrota da revolução mundial, deu-se após a morte de Lênin por vias das maquinações, intrigas e golpes baixos perpetrados pela sinistra figura de Joseph Stalin. Esse raciocínio é de natureza estritamente moralista e como sabemos, o processo histórico é totalmente amoral. Em muitos episódios, a história bafeja canalhas, facínoras ou charlatães e em outros momentos, pune com cruel rigor personagens dotados de boa fé e portadores de conduta ilibada.
O trotskismo também produziu uma legião de beatos, pessoas acríticas, prontas a reverenciar a sua imagem e dispostas a defender o argumento de que se fosse Trotsky o sucessor de Lênin a história teria tomado outro rumo, e isso é super-valorizar o papel do indivíduo na história, desconhecendo que “o homem faz a sua história mas não a faz de acordo com sua vontade” princípio basilar do socialismo científico.
Feitas essa observações que avaliamos oportunas, pois tentam desconstruir essa tão milenar herança do seguidismo acrítico responsável por tantos e quantos equívocos e tragédias no transcurso da historia da humanidade, firmemos a necessária compreensão de que o movimento socialista tornou-se uma sucessão de incontáveis derrotas.
Tivemos a derrota da Comuna de Paris em 1871, e sobre ela, foi sabiamente dito que “os trabalhadores pretenderam tomar os céus de assalto”, ou seja, não existiam as condições objetivas para o advento do socialismo, naquele momento histórico.
Com o advento do imperialismo deram-se as chamadas condições objetivas para que do seu seio brotasse a revolução socialista. O imperialismo apresentou-se como a antessala da transformação social. Entretanto, essa transformação só poderá se dar através do embate político.
Os países da Europa Ocidental somavam maiores condições objetivas e de organização das massas trabalhadoras como pre-requisitos fundamentais para o advento de uma nova ordem econômica e social. Por essa razão, foi justamente nesses países que se travou o grande embate entre o projeto de insurreição socialista e o projeto imperialista de levar a cabo a guerra como meio de enfrentar as suas contradições.
Para fazer a guerra a burguesia precisava derrotar o discurso socialista e transformar os partidos operários em partidos social-patriotas e ela obteve pleno êxito nesse embate, e os velhos partidos socialistas sofreram um profundo processo de transmutação, tornando-se linhas auxiliares de diversos grupos burgueses.
A vitória da Revolução Russa, em 1917, liderada pelos bolcheviques, trouxe, como temos dito, exaustivamente, esperança de que esse processo de derrotas seria revertido, mas tal esperança durou pouco e a URSS, junto com a Terceira Internacional vieram a se converter nas maiores forças anti-socialistas do mundo e, a partir daí, sucederam-se as derrotas e hoje nos encontramos no momento mais profundo desse processo quando o imperialismo goza uma quase absoluta hegemonia. Quem hoje ameaça o imperialismo? O fascismo teocrático iraniano? O facínora Bin Laden? O Coronel Hugo Chávez com suas bravatas? Ora, todos eles estão possuídos de um anti-americanismo tacanho, mantendo larga distância do necessário anticapitalismo que não tem fronteiras e conservando esse nacionalismo pernicioso legado perverso do velho stalinismo que contaminou os partidos ditos comunistas e socialistas mundo a fora, deixando de lado o princípio da luta de classes.
A esquerda, desfigurada, indigente, social-patriota descambou para os estreitos limites do nacional-reformismo. Enveredou pela velha tese do socialismo evolucionário, ou seja, do caminho gradualista. Colocou na cesta do lixo o conceito de Estado e passou a corroborar com o discurso burguês de que o Estado é do povo, decorrendo daí a infame distorção estatista da esquerda, que termina por bradar a inverdade de que existe uma dicotomia entre o “público” e o privado, esquecendo, ou fingindo esquecer, que o Estado é de classe.
Escondem que o estado burguês é um instrumento a serviço da sustentação do capitalismo e as provas disso são cabais e infindas ressaltando-se, por ser bastante elucidante, a atitude recente dos ricos Estados burgueses que vieram em socorro dos banqueiros norte americanos injetando mais de um trilhão de dólares para salvar o sistema. Aqui, no Brasil, tivemos um exemplo menor quando foi criado o PROER, para injetar dinheiro “público” nos bancos nacionais e, assim, evitar uma crise em cadeia.
O socialismo evolucionário, gradualista, além de passar ao largo quanto à natureza do Estado, impinge a falsa idéia de que logrando colocar um ou outro companheiro na máquina estatal burguesa representa alguns passos rumo à gradual vitória de um projeto socialista. Imbuídos desse pensamento, não tendo clareza da diferença essencial entre governo e poder, ou melhor, imaginando que as conquistas de governos representam passos para a conquista do poder, empenharam-se em levar o grande líder metalúrgico Luis Inácio Lula da Silva à Presidência da República.
Porém, para lograr essa “vitória”, o nosso metalúrgico teve que deixar bem claro, através de sua famosa “Carta ao Povo Brasileiro” cujo destinatário real era a grande burguesia nacional e internacional, que ele, se eleito, haveria de respeitar os fundamentos da política financeira impostos pelo Plano Real vindo pelas mãos de Itamar Franco e FHC. Em outras palavras, ele deixou claro que a burguesia não necessitava temer, pois o leão era mansinho.
Dessa forma, Lula e seu partido tiveram que renunciar aos interesses históricos das classes trabalhadoras para se colocarem como instrumentos confiáveis e competentes a serviço dos interesses do sistema capitalista e isso eles fizeram de forma genial. O governo Lula cooptou uma massa de miseráveis através do “Bolsa Família” a custos módicos. Cooptou as centrais sindicais e estudantis por uma bagatela, caso comparemos as cifras das propinas aos altos lucros auferidos pelo capitalismo nacional e internacional. Transformou uma legião imensa de militantes, presumidamente de esquerda, em agentes remunerados a serviço do Estado, o que significa dizer, a serviço da burguesia.
Por essas e algumas outras razões, é que o nosso Luis Inácio Lula da Silva foi proclamado o “estadista do ano” pela cúpula do capitalismo internacional, em Copenhague. Foi por essa mesma razão que Barack Obama, liderança maior do capitalismo, aclamou Lula como: “o cara”.
Façamos empenho para que o lulismo não venha se tornar a versão brasileira do velho peronismo argentino. O peronismo argentino liquidou com o sindicalismo combativo, liquidou com a vida política na perspectiva da transformação e reduziu a Argentina a uma situação de permanente crise, sem que haja organizações socialistas de peso que apontem para uma política de transformação social. O peronismo reduziu a vida política a pó e esse mesmo perigo está prestes a ocorrer no Brasil, caso se consolide o lulismo, e o ultimo processo eleitoral deixou bem claro o completo rebaixamento ou mesmo a ausência, quase absoluta, da discussão política.
Acrescentamos, por julgar oportuno, que sendo o Estado burguês um instrumento a serviço do capitalismo, não caberá a nós, socialistas, administrá-lo. Administrar o estado burguês é tarefa histórica da classe burguesa e de seus políticos. Para os socialistas a missão que se coloca é outra: é a missão de denunciar o capitalismo, desconstruir os discursos enganosos da burguesia e da esquerda direitosa e implementar as lutas em busca da superação do capitalismo pelo socialismo, evitando a tragédia.
Não se imagine que se pode servir a dois senhores e quando Lula se apresenta como uma figura que serviu e serve simultaneamente a burguesia e aos trabalhadores ocorre que um dos dois lados está sendo enganado e, com toda certeza, não é a burguesia a vítima desse engodo.
Sabemos que as nossa colocações tendem a parecer heresias diante da imensa legião de beatos que até se esforçam em se manter enganados, fiéis à musiquinha que diz: “me engana que eu gosto”. Contudo, estamos convencidos de que somente a proclamação da verdade, a desconstrução do embuste, da fantasia, das ilusões será possível encontrarmos o caminho capaz de permitir que se evite seja a humanidade arrastada para a destruição da vida que o capitalismo, caso permaneça, nos conduzirá.
Assim sendo, cabe concluir o quanto o lulismo foi e é um atraso para a causa socialista, e mais será caso venha se consolidar, como veio a acontecer com o peronismo na Argentina, conforme fizemos referência.
Não nos passa despercebido que o momento histórico é outro, mas alertamos para o fato de que não se trata de diferenças essenciais, de diferenças de substância, mas, tão somente, de diferenças formais, de graus e, portanto, subalternas à realidade essencial, que permanece, nos seus fundamentos, igual àquelas vistas na Argentina e alhures, enquanto permanecer o capitalismo.
Reafirmamos. A vitória eleitoral de Lula, representou um grande retrocesso na medida em que fez valer para amplos setores de esquerda e para as massas populares, o discurso burguês de que o capitalismo é viável, se bem administrado. Isso é totalmente falso. Lula impôs um grande retrocesso à causa socialista quando corrompeu as centrais sindicais e estudantis, enquanto imobilizou os movimento populares, através de políticas assistencialistas que se prestam a oferecer migalhas aos povo, para assegurar a paz social necessária aos negócios do sistema. Em nome da governabilidade, Lula, que nunca houvera se aliado ao PMDB ideológico de Ulysses, Montoro, Mario Covas, Tancredo, estabeleceu uma íntima aliança como o PMDB fisiológico de Sarney, Barbalho, Calheiros, Romero Jucá e outros bandidos da chamada vida pública. Não bastasse, Lula acobertou vários episódios de corrupção e outras indecências praticados por eminentes figuras do seu partido. No seu nascedouro, o PT se dizia um partido que levaria adiante uma forma diferente de fazer política, entretanto, esse propósito não se confirmou na prática e o PT caiu na vala comum do oportunismo, da demagogia e do fisiologismo.
Não é, porém, a primeira vez na história que o capitalismo se utiliza de lideranças operárias para seus propósitos. O grande líder metalúrgico polonês, Lech Walesa, foi manipulado pelo grande capital, com as bênçãos papais, para liderar o movimento de pleno restabelecimento do capitalismo na Polônia. Walesa, como Lula, liderou movimentos grevistas em momentos de ditadura, tanto na Polônia como no Brasil. A burguesia, com certeza, haverá de construir um ou outro monumento em homenagem a essas tão prestáveis figuras, ou talvez, os releguem ao esquecimento o que seria um ato de cruel ingratidão.
Gilvan Rocha