Economia x ecologia
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NEIFF SATTE ALAM/ Professor universitário aposentado
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"A economia, que é a ciência social matematicamente mais avançada, é também a ciência social e humanamente mais atrasada, já que se abstraiu das condições sociais, históricas, políticas, psicológicas, ecológicas inseparáveis das atividades econômicas." Edgar Morin
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"A economia, que é a ciência social matematicamente mais avançada, é também a ciência social e humanamente mais atrasada, já que se abstraiu das condições sociais, históricas, políticas, psicológicas, ecológicas inseparáveis das atividades econômicas." Edgar Morin
A crise ecológica que enfrenta a humanidade, com riscos claros de uma iminente ruptura do equilíbrio dinâmico e de incapacidade de reorganizar-se de forma a permitir uma sobrevivência da maioria das espécies animais e vegetais - inclusive a sobrevivência do homem -, tem entre suas causas, como a maior responsável, a má utilização da economia. A visão reducionista e a hiperespecialização desta ciência vêm provocando um descompasso em uma outra ciência: a ecologia. A primeira trata de uma administração do capital natural e a harmonização deste com o capital criado de modo a não interferir nas leis naturais de recuperação ambiental pelo simples motivo de que este é finito. A ecologia, por outro lado, trata do estudo e, conseqüentemente, da defesa do capital natural, cuja recuperação terá velocidade proporcional ao impacto proposto pela visão econômica, mais ou menos equivocada, e que poderá causar danos irreversíveis. Qualquer empreendimento hoje proposto para desenvolver alguma região do planeta tem como objetivo primeiro o lucro e secundariamente a capacidade de gerar emprego. Qualquer um dos dois objetivos ganha a simpatia popular, pois, em curto prazo, parece sempre ser uma solução ideal. Pessoas conseguirão sobreviver em melhores condições, poderão consumir mais, usufruir de parte do capital criado pelo sistema e que lhes dará padrão de vida melhor. Esta realidade termina por se sobrepor a qualquer idéia contrária, pois o curto prazo fala mais alto e, se o futuro distante parecer ruim, a médio e longo prazos alguma solução científica, o que é pouco provável, irá amenizar as conseqüências e tudo ficará ajustado e harmônico. Lamentavelmente, já nos dias de hoje, o futuro está negativamente comprometido. Não se trata mais de prevenção, mas de tentar reparar parcialmente os danos à natureza: a temperatura média do planeta está se elevando e proporcionando degelo e elevação do nível dos oceanos; o efeito estufa provocado pela emissão de gás carbônico está fazendo com que o excesso de calor não seja liberado para fora da atmosfera; outros gases (CFC, por exemplo) terminam por romper a camada de ozônio, permitindo a entrada em índices cada vez menos suportáveis de radiações ultravioleta; florestas destruídas e transformadas em lavouras de soja; campos destruídos e transformados em lavouras de árvores e nossa biodiversidade em fase de homogeneização em velocidade superior à necessária para uma substituição naturalmente racional. Se a economia não se render à ecologia, nada mais haverá a administrar: o PIB mundial será engolido pelos desastres ecológicos; a maior parte da superfície do planeta que não for coberta pela água dos oceanos se transformará em desertos daqui a 50 anos; e os países do Hemisfério Norte ainda terão uma sobrevida, exatamente os maiores poluidores do planeta. A única forma de curar essa doença planetária é, tomando consciência dela, tratar de eliminar as causas do desastre. Melhor do que isto só se estivermos errados, mas aí teremos que esperar. Torcer para estarmos errados e... orar.
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Diário Catarinense
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