terça-feira, 31 de março de 2009

A Nefasta Agiotagem Legalizada

A agiotagem legalizada do Brasil tem mais de trinta anos . Nos anos 70 os bancos e outras instituições financiavam o comércio e a indústria. Era muito comum o deconto de duplicatas e outros títulos para fazer caixa e os juros eram civilizados.

Quando a conta corrente entrava no vermelho o gerente imediatamente negociava com o cliente e juntos encontravam uma solução rápida.

Ainda nos anos 70, não me lembro bem a data, eis que alguem teve a brilhante ideia de criar o cheque especial. Os bancos passaram a incentivar seu uso aos clientes, mas os juros ainda eram civilizados. Estava criada a mais nefasta armadilha financeira do mundo.

O alvo principal era a classe média que hoje está profundamente endividada, tanto no cheque especial como nos cartões de crédito e emprestimos consignados.

Ultimanete as instituições estão direcionando sua metralhadora para as classes menos favorecidas. Descobriram que o pobre é bom pagador porque seu único patrimônio é o nome. O produto mais oferecido é o cartão de crédito. Como era de se prever, as pessoas estão utilizando cartão de crédito para financiar alimentos. Muita gente já está deixando de comer para pagar juros. Para onde isto nos levará só Deus sabe. É uma armadilha vergonhosa e desumana. Quando o cliente não consegue pagar, o banco simplesmente aumenta o limite e continua debitando taxas e juros extorsivos. Cria uma bola de neve. O governo brasileiro assiste tudo de camarote e ainda incentiva o uso de crédito.

A máfia italiana cobra "módicos" juros de 10% ao mes de suas vítimas. Este percentual no Brasil seria uma bênção. O nossos bancos cobram tanto que até podriam pegar dinheiro com aquela máfia e emprestá-lo às suas vítimas brasileiras com grande lucro.

Se no Brasil alguém emprestar dinheiro com juros de 10% vai preso por agiotagem. Este tipo de crime só é permitido a instituições legalizadas que pagam a parte do governo em forma de imposto. É por essa razão que muitos agiotas tradicionais fundaram seu próprio banquinho financiador.

Os juros são simplesmente estratosféricos e, somado com diversas taxas, chegam a mil por cento ao ano. Isto tem que acabar.

A máfia italiana utiliza os conhecidos "leões de chacra" para suas cobranças coercitivas. As instituições legalizadas do Brasil estão muito mais bem organizadas. Posuem entidades que se autodenominam protetoras de crédito e fazem uso da própria justiça brasileira para coagir e receber o produto dos seus suspeitos rendimentos. O Ministério Público e a própria OAB que poderiam ser a esperança de um basta, parece que também estão cegos a este respeito. Ninguém se atreve mexer nesta caixa preta e as desesperadas vítimas ficam sem saber a quem recorrer.

Onde está o governo brasileiro que foi eleito pelo povo e para o povo? Ninguém, absolutamente ninguém se manifesta a respeito. Os lobistas estão sempre de plantão nas dependências palacianas e no Congresso. Não vemos nenhum parlamentar subir à tribuna para falar a respeito, denunciar e defender seus eleitores. Todos fingem que não sabem de nada.

São milhões de famílias brasileiras que estão sofrendo com esta criminosa escravidão monetária que tem garantido altos lucros e absurda transferência de renda do povo para os ricos bancos. Muitas pequenas empresas familiares, que também utilizam este tipo de financiamento acabam falindo e levando famílias e funcionários à desgraça. São igualmente incontáveis as pessoas de boa fé que tiveram seu patrimônio destruido pelo perverso sistema bancário brasileiro.

Diante da crise mundial vemos que os unicos bancos que não estão sentindo são os brasileiros. Aqui está tudo uma maravilha. É o país da impunidade e do lucro fácil. O governo ainda fala em ajudar os bancos que tiverem dificuldade. Naturalmente são aqueles cujos diretores enviaram dinheiro para paraisos fiscais e agora precisam da ajuda do governo.

Até quando teremos de assistir pacientemente este absurdo? - Até que consigamos eleger um governo sério que tenha coragem de abrir esta caixa preta.

Tudo acontece na mais absoluta tranquilidade. E não é por falta de lei. A lei existe apenas para quem pode pagar. Ja se disse que a lei é para todos, mas a justiça é cega.

O decreto numero 22.626 que trata da USURA é de 07 de abril de 1933. Também a lei numero 1.521 dos crimes contra a economia popular, trata do assunto e é de 26/12/1951.

A nossa constituição Brasileira define como sendo ilegal a cobrança de juros acima de 12% ao ano ou a cobrança exorbitante que PONHA EM PERIGO o patrimônio pessoal, a estabilidade econômica e a sobrevivência pessoal do tomador de emprestimo. Neste caso o emprestador é denominado AGIOTA.

Desde 1933 está em vigor, na forma do decreto numero 22.626 de 07/12/1933, a lei que define punições e preceitos legais a respeito. A lei em questão se aplica a negócios civis e a instituições financeiras.

A lei federal numero 8.884/04 diz que o aumento arbitrário dos juros constitui infração de ordem econômica, independente de culpa.

Como podem ver, a lei, no Brasil, só se aplica aos pobres.

Estamos no início de uma gravíssima crise financeira mundial. Este é o momento para se repensar e reestruturar o sistema bancário brasileiro que é uma vergonha nacional. É preciso que os bancos também cumpram a lei que, apesar de tão antiga, sempre foi solenemente ignorada sob a omissão do governo, do Banco Central e da própria justiça.

O governo brasileiro fica dizendo que os bancos devem facilitar o crédito de financiamento. Isto não vai acontecer porque eles preferem emprestar no cheque especial e no cartão de crédito, onde podem praticar impunemente os seus juros extorsivos.

É urgente e impressindível que o famigerado "cheque especial" seja definitivamente banido do sistema financeiro nacional. Além de ilegal é imoral e desumano. As dividas existentes precisam ser negociadas e transferidas para empréstimos com juros civilizados.

Nicéas Romeo Zanchett - artista plástico

segunda-feira, 30 de março de 2009

Que partido é esse?

Gilvan Rocha
28-Mar-2009

Participamos da fundação do Partido dos Trabalhadores – PT. Percorremos os sertões, serras e litorais do Ceará, levando o nome do Partido. Acreditávamos que, em função de sua base social, esse partido acabaria por encarnar os interesses históricos dos trabalhadores, superando os limites do trabalhismo, ou seja, do reformismo próprio das massas populares, seja no Brasil ou em qualquer outro país.

Mas, na verdade, o PT, no que pese sua formação inicial, não tinha discurso plausível. É uma lenda muito mal contada pretender que esse partido, no seu início, tinha um propósito socialista, anticapitalista. Todo o seu discurso resumia-se em se colocar como um partido diferente, cujo propósito seria inaugurar uma nova forma de fazer política.
Daí, "avançou" para o discurso moralista, dizendo, como crê a maioria da população letrada e iletrada, que estaria bem se houvesse honestidade no trato da "coisa pública". Essa postura deu margem a que Leonel Brizola, numa felicidade monumental taxasse o PT como a "UDN de macacão".

Após o seu "avanço" para o moralismo, o partido descambou para a defesa da tese burguesa de que o capitalismo é bom desde que governado com competência, honestidade, abnegação, criatividade e, assim, cunhou o lema: "O modo PT de governar". Esse "modo" haveria de tornar o capitalismo humanizado.

Assim o PT, depois de conquistar algumas prefeituras, conseguiu chegar ao governo com a eleição do Lula para a presidência da República. E aí, estamos vendo a que está reduzido o famoso "modo PT de governar". Para os miseráveis, o Bolsa Família ao custo módico de 11 bilhões de reais. Para as centrais sindicais e estudantis, o engessamento completo e para a grande burguesia os vultosos lucros.

Ao lado disso, alianças íntimas com a bandidagem política destacando-se as figuras de Jader Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá, José Sarney e, por último (pasmem) o sinistro Fernando Collor, para alegria dos corruptos. Esse sim é o "modo PT de governar", lá e cá, para desgraça nossa.

Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos –

Educação redentora... ou quase isso

Gabriel Perissé


Algumas idéias, tantas vezes repetidas, reiteradas, reforçadas, acabam por se integrar às nossas crenças. Uma crença que se impõe cada vez mais — a educação como elemento fundamental para a construção de um projeto nacional, para o crescimento econômico do Brasil, para a redenção do país.

Não faltam frases definitivas, colhidas na mídia, de norte a sul.

“Os povos que querem crescer defendem a ‘Escola’ como único meio social capaz de abarcar ricos e pobres na escalada do desenvolvimento sustentável”, disse o professor João Carlos Costa na Rádio Universidade de Santa Maria (RS).

A educação “está fortemente associada ao dinamismo e ao sucesso no processo de geração e distribuição de riquezas”, leio no site do Ministério do Planjenamento.

Aloizio Mercadante, em 2002, num Seminário Internacional cujo tema era “Brasil: como crescer? Para onde crescer?”, declarou ao Jornal da USP: “O investimento na educação, na ciência e na tecnologia é fundamental. A educação é hoje o problema estrutural mais grave do país, o ensino está tomado por uma grande mediocridade”.

Educação como acesso para o desenvolvimento. Educação como prioridade, como a menina dos olhos de todos os governantes. Quem dirá o contrário?

Tarso Genro, em entrevista à Folha Online (24/06/2005): “Eu acho que a visão da educação como prioridade em um novo modelo de desenvolvimento, cujos elementos de transição estão sendo construídos, na minha opinião, pelo governo atual é que pode realmente alavancar o país para um patamar superior”.

As declarações com a mesma preocupação se acumulam. Educação já. Educação que redime. Educação como prioridade. Quem dirá o contrário?

José Medeiros, ex-secretário de Educação, escreveu na Gazeta de Alagoas, em setembro de 2006: “A educação é alavanca propulsora da melhoria social. Isso é dito nas campanhas eleitorais. Passada a eleição, tudo volta à rotina e nem sempre substanciais melhorias são colocadas em prática”.

Educação é alavanca, é instrumento de redenção social, é prioridade das prioridades, é salvação da lavoura, é o melhor investimento. Quem dirá o contrário?

Louvores à educação abstrata, esperança nessa educação idéia, abordagem da educação tema, elogios à educação sonho, educação que paira sobre nossas cabeças, espírito benfazejo distribuindo bênçãos para quem erguer as mãos.

Ninguém dirá o contrário. Acreditamos na educação. Acreditamos na escola. Acreditamos nos professores. Contudo, essa crença esbarra numa “coisa” complexa, que parece diluir todas as nossas palavras: a realidade.

Gabriel Perissé é doutor em educação pela USP e escritor.
Web Site: www.perisse.com.br
Web Site: http://www.perisse.com.br/

domingo, 29 de março de 2009

O racismo de Lula, de novo

A crise foi causada por gente "branca e de olhos azuis", disse hoje Lula, entre outros disparates. Estava ao lado do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown.
Disse mais: "Não conheço nenhum banqueiro negro ou índio. Só posso dizer que as pessoas desta parte da humanidade foram as maiores vítimas do mundo e elas não podem pagar por isso". "Desta parte" deve ser o mundo pobre, de países com muita gente de pele escura. Lula, dirá o lulismo, estava apenas traduzindo de modo popular, digamos, a sua "geopolítica da crise". Sim, deve ser verdade, dada a névoa tumultuada e rudimentar que é a compreensão luliana das coisas.
Mas, ainda assim, a gente fica a pensar o que diria Lula se confrontado, na bucha, com o caso dos eslavos do Leste Europeu, por exemplo, tantos de olhos azuis e sofrendo com a crise, para nem falar dos "blue eyes" do proletariado americano. Também são "white mischief"? E o caso dos CEOs negros de bancões americanos? Sim, a gente sabe que não se argumenta diante de tais maluquices. Era apenas uma tentativa imaginária de testar como Lula reagiria se contraposto, na lata, às próprias bobagens.
Numa série de posts ("O racismo de Lula 1", "2" e "3" e "O fanatismo lulista e os portais do inferno") que acabou por me levar a conhecer muita gente maluca e fanática, observei um dia que Lula era racista (ele dizia naquela vez que, dada a "mistura de negro, índio e europeu", o povo brasileiro era mais "esperto" que a média). Ouvindo as bobagens mais recentes de Lula, dizer que o presidente seja racista talvez seja mesmo uma imprecisão.
Lula vive num universo mental em que se confundem sentimentalismos, falta de discernimento intelectual, esperteza, preconceitos populares, intuição aguda, capacidade de liderança e ignorância. Dessa névoa, vez e outra saltam essas besteiras racistas, tão desarticuladas como tantas outras "teses", digamos, de Lula. Dizer que Lula é racista pode, pois, passar a impressão de que os preconceitos do presidente seriam elaborados demais.
O problema maior, enfim, está no fato de Lula ser a pessoa mais televisionada, radiodifundida etc etc do país. É muito popular, o que torna ainda mais grave a difusão que faz de tolices e preconceitos, que contribuem para a imbecilização do debate público.
Escrito por Vinicius Torres Freire

sexta-feira, 27 de março de 2009

Colômbia: Guerra Civil ou Banditismo?

Encontramos fiéis defensores da FARCs em território nacional, Dizem eles que a Colômbia vive hoje uma guerra civil. Pois bem, se a situação naquele país é de uma guerra civil, temos um caso inédito de uma guerra civil que já dura mais de 40 anos. Dificil conceituar o que lá existe como guerra civil. Mais certo seria definir o que lá se passa como banditismo puro, feito pelas FARCs e também pelos governo da Colômbia. Mas caberia perguntar se não seria mais conveniente a nós Brasileiros termos uma posição mais digna e de respeito ao povo Colombiano. Se os Colombianos quisessem realmente entregar o poder as FARCs, parece que 40 anos é um bom tempo para que esse mesmo povo já tivesse se definido neste sentido, ao menos é que eu penso.

AS PRÉVIAS TUCANAS

E não é que os tucanos ainda pensam e pensam e não se decidiram se é melhor realizar uma prévia ou entregar a escolha do candidato do partido aos mesmos de sempre.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Jogo do Poder com Dilma Rousseff (4 de 6)

Jogo do Poder com Dilma Rousseff (3 de 6)

Jogo do Poder com Dilma Rousseff (5 de 6)

O derretimento da geleiras final

O derretimento da geleiras 6ª pt

O derretimento da geleiras 5ª pt

O derretimento da geleiras 4ª pt

O Derretimento das Geleiras 3ª pt

O Derretimento das Geleiras 2ª pt

O Derretimento das Geleiras 1ª pt

Derretimento de geleira na Antártica

O 28 de fevereiro que fala a locutora é de 2008.

Colômbia

As FARCs continuam com um número ainda não completamente conhecido de reféns sob seu poder nas selvas colômbianas. Vejo aqui pelo Brasil manifestações de que o assunto é um tema da Colômbia e que o Brasil deveria simplemente assiste ao desenrolar do conflito.
Mas o Brasil não é signatário de vários tratados que tratam sobre direitos humanos? Os reféns por acaso não são seres humanos? Será que a melhor postura é essa que o Brasil vem adotando e reiterando em várias circunstância?
E o estado de exército beligerante das FARCs se sustentam a luz de qualquer teoria, princípio ou seja lá o que for? Cada um tenha a sua opinião, mas essas pessoas que vivem confinadas sobre o dominio deste grupo guerrilheira, que dificilmente pode ser classificado como idealista e propositivo em nossso dias.
Se as FARCs ainda possuem algum projeto utópico para o futuro resta saber se este projeto se constrói sobre o cárcere forçado de um número até agora não plenamente conhecido de Colombianos?

Queda de arrecadação, corte de orçamento federal e Presidencialismo

Rudá Ricci


A arrecadação de impostos e contribuições do governo federal caiu 27% em fevereiro na comparação com janeiro. De acordo com dados divulgados pela Receita Federal, foram arrecadados R$ 45,106 bilhões no mês passado. Esse é o pior resultado desde maio de 2006. Esse é o segundo mês consecutivo de queda na arrecadação em relação ao mês anterior e o quarto em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com fevereiro de 2008, a queda foi de 11,5% (descontando a inflação do período).
Esta foi a base de informações para o Ministro Paulo Bernardo anunciar, hoje à tarde, corte de R$ 21,6 bilhões no Orçamento de 2009. Também decidiu reduzir o superávit primário, que este blog anunciava desde o final do ano passado (mas que vários economistas duvidavam). De 3,8% do PIB para 3,3% do PIB.
O governo comenta, em off, que meterá a mão no Fundo Soberano e reduzirá drasticamente a taxa SELIC nos próximos meses.
Tudo é possível, mas tenho a impressão que Lula vai centralizar ainda mais o poder federal na execução orçamentária, diminuindo o peso dos outros entes federativos. Vai revirando a premissa municipalista da Constituição Federal e se fortalecendo, pouco a pouco, o lulismo (já com cheiro de neo-getulismo).

terça-feira, 24 de março de 2009

ANGELA AMIN LIDERA EM SC, DIZ DATA FOLHA

Em pesquisa publicada no jornal "A Folha de S.Paulo", a ex-prefeita de Florianópolis, Angela Amin (PP) aparece como líder na corrida pelo governo do Estado - a eleição é em outubro de 2010. Nos três cenários realizados pelo Datafolha, Angela lidera com folga. A Datafolha não incluiu o nome do senador Raimundo Colombo em nenhum dos cenários. Confira abaixo os cenários do Datafolha.

Cenário 1
Angela Amin (PP) 32%
Leonel Pavan (PSDB) 17%
Ideli Salvatti (PT) 16%
Afrânio Boppré (P-SOL) 4%
Em branco/nulo/nenhum 21%
Não sabe 15%

Cenário 2
Angela Amin (PP) 34%
Dário Berger (PMDB) 17%
Ideli Salvatti (PT) 15%
Afrãnio Boppré (P-SOL) 3%
Em branco/nulo/nenhum 17%
Não sabe 14%

Cenário 3
Angela Amin (PP) 37%
Ideli Salvatti (PT) 15%
Pinho Moreira (PMDB) 7%
Afrânio Boppré (P-SOL) 4%
Em branco/nulo/nenhum 21%
Não sabe 16%

segunda-feira, 23 de março de 2009

MP 458 é prêmio ao crime de apropriação ilegal da Amazônia

MP 458 é prêmio ao crime de apropriação ilegal da Amazônia

Gabriel Brito e Valéria Nader
27.02.2009
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REPÚBLICA FEDERATIVA DOS LADRÕES

Nove ministros e o vice-presidente estavam presentes ao aniversário do senhor José Dirceu em um restaurante na semana que passou. A notícia poderia ser mentirosa e uma brincadeira, mas não é foi fato. O que dizer? Poderíamos mudar a constituição em vez de REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, SERIA REPÚBLICA FEDERATIVA DOS LADRÕES.

Legalidade ambiental na Amazônia

Carlos Minc

Hoje é mais fácil e barato um agente desmatar a floresta nativa do que produzir mais em área degradada. Temos de inverter esse quadro.
Folha de S; Paulo - A degradação ambiental da Amazônia não pode ser enfrentada apenas com o Ibama e a Polícia Federal. Sem o ordenamento fundiário e o planejamento territorial, sem o incremento da pesquisa e das tecnologias florestal e regional, a falta de alternativas sustentáveis e a impunidade ameaçarão sempre o ecossistema e provocarão sucessivos aumentos de emissão de CO2.

O ZEE (Zoneamento Ecológico-Econômico) é vital para o combate ao desmatamento, à violência, à exclusão e para melhorarmos a qualidade de vida de 24 milhões de habitantes da Amazônia, preservando o bioma. O MMA (Ministério do Meio Ambiente) organizou com o IBGE, a Embrapa e a CPRM (recursos minerais) o consórcio ZEE Brasil para apoiar os Estados na elaboração dos seus zoneamentos. Dois Estados já os tinham concluído -Acre e Rondônia.

Outros três os enviaram às Assembleias Legislativas. Em fevereiro, o Estado do Amazonas concluiu o ZEE e o enviou ao Parlamento. O Pará apresentou a lei estadual que aprovou o ZEE para a área de influência da BR-163 (Cuiabá-Santarém). Essa lei não admite nenhum aumento de desmatamento ou expansão de agropecuária em áreas preservadas. Em duas das áreas demar- cadas ao longo da BR-163, com mais de 80% de desmatamento e atividades econômicas consolidadas, o ZEE possibilita a intensificação e a legalização das atividades, mediante a recomposição da reserva legal de no mínimo 50% da área, mais as APPs (áreas de preservação permanente).

Isso implicará o reflorestamento de 1,5 milhão de hectares de matas nativas. A base para defender a Amazônia, colocar as atividades na legalidade e intensificar as operações de combate ao crime ambiental passa por estabelecer uma regra clara, o que pode ser feito, como e onde. Nos últimos nove meses até janeiro de 2009, houve uma redução de 50% da área desmatada, em comparação com os mesmos meses do período anterior.

Isso devido à intensificação das operações, à entrada em vigor da resolução do Banco Central que veda o crédito para quem está na ilegalidade fundiária ou ambiental, aos leilões do boi pirata e da madeira pirata e ao controle de alguns entroncamentos rodoviários. A essa lista devem ser acrescentados os pactos públicos com setores produtivos, como foram a Moratória da Soja, o Pacto da Madeira Legal e Sustentável e o Pacto da Carne Legal -a ser assinado em março com os exportadores.

Mas esse resultado ainda é precário e insuficiente. A destruição da floresta continuará se não houver a regularização fundiária, o ordenamento territorial por meio do ZEE, o Fundo Amazônia, o financiamento de um modelo de desenvolvimento inclusivo e não predatório, a transformação e a valorização da cadeia de produtos do extrativismo, o manejo florestal e a implementação do PAS (Plano Amazônia Sustentável). Isso representaria um atentado à biodiversidade, às populações tradicionais e às comunidades indígenas. Representaria também o não-cumprimento do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, festejado em dezembro passado na Conferência do Clima na Polônia pelo secretário-geral da ONU e por Al Gore como um significativo avanço da posição do Brasil.

Estamos monitorando outros biomas -como a caatinga, o cerrado e a mata atlântica. Na atualização do Plano Clima, em março de 2010, avançaremos com metas de redução do desmatamento nesses biomas. Hoje é mais fácil e barato um agente desmatar a floresta nativa do que recuperar e intensificar a produção em uma área degradada. Ele não paga a terra, não assina a carteira, não paga multas e tem sempre um político para protegê-lo. Temos de inverter esse quadro, ao combater a impunidade, impedindo que criminosos ambientais enriqueçam com o produto de atos ilícitos (com leilões de boi e madeira pirata). Devemos criar apoios técnicos e econômicos e um marco legal que incentivem a recuperação de áreas degradadas, base para o desmatamento zero.

Isso fará avançar a regularização fundiária das terras da Amazônia, a qual o governo pretende concluir em três anos, até mesmo cassando o título de quem desmatar áreas protegidas, com a finalização do ZEE e a implementação do PAS. Outra linha relevante de inclusão da população no combate à degradação é o pagamento por serviços ambientais. Já fazemos isso com 200 agricultores das margens do rio Guandu, principal manancial de água do Rio de Janeiro. Essa é uma das modalidades previstas de uso do Fundo Amazônia e também será usada para adaptação, sobretudo no Nordeste, com a recuperação de solos erodidos e de mananciais. Em defesa da Amazônia, de sua população e do clima do planeta.

QUANTO VALE O SHOW?

Autor: José Murilo de Carvalho
Publicado: Folha de São Paulo
Data: 03/06/2007



Em janeiro de 2006, escrevi, referindo-me ao tsunami do mensalão e refletindo, sem dúvida, uma suspeita geral, que um forte cheiro de pizza impregnava os ares da República.

Os acontecimentos posteriores demonstraram que se tratava de uma pizza gigantesca em cuja fabricação se empenharam políticos, juízes e parte do eleitorado. Muitos deputados mensaleiros tiveram a absolvição de seus pares e do eleitorado, que os devolveu ao Congresso. E quase ninguém foi condenado pela Justiça. Não previ, no entanto, que o tsunami se tornaria rotina.

Onda após onda de escândalos, numa sucessão aparentemente infindável, têm invadido o palco da política nacional.

Hannah Arendt falou da banalização do mal pelo nazismo. Nós banalizamos o assalto ao dinheiro do contribuinte. Ao cinismo dos assaltantes, seguiu-se o fatalismo dos assaltados.

Uma das perguntas que têm sido insistentemente feitas é se haveria mais corrupção hoje do que em outros períodos de nossa história e, em caso de resposta positiva, por que razão.

Uma resposta comum tem sido que não há mais corrupção, haveria é mais investigação. Em vez de um mal, teríamos um bem.

As repetidas operações da Polícia Federal e ações do Ministério Público desvendando novas roubalheiras mostrariam que o sistema está sendo eficaz na punição dos culpados.

É uma resposta interessada em absolver o governo e as instituições. Pode ser consoladora para quem a oferece, mas não é satisfatória.

É verdade que mais investigação revela mais crime, mas o que está acontecendo não tem paralelo na história republicana em seus momentos de liberdade de imprensa e funcionamento regular das instituições, como nos anos 1950 e 1960, até 1964.

Lama no Catete

Getulio Vargas foi virulentamente acusado pela imprensa de acobertar um mar de lama no Catete [no RJ, sede do governo então]. Mas quem viveu o período haverá de reconhecer que as acusações tinham por alvo o presidente e as pessoas ao seu redor. As denúncias não atingiam todos os poderes da República, não eram tão generalizadas como as de hoje. Não havia metástase. E, por causa das acusações, um presidente saiu da vida, mas entrou para a história.

Os militares, em 1964, assumiram o poder em nome do combate ao comunismo e à corrupção.

Mas as investigações dos IPMs [inquéritos policiais militares], feitas "manu militari", descobriram poucas provas da segunda (a primeira era mais fácil de comprovar, dada a elasticidade conferida à palavra subversão).

Metástase

Hoje, pelo contrário, uma imprensa livre revela semanalmente evidências de comportamento inadequado, antiético ou criminoso de representantes dos três Poderes. Há aumento de quantidade e alteração de qualidade da corrupção. Há mais gente, mais exemplos e maiores valores envolvidos. O próprio governo calculou em R$ 40 bilhões o rombo anual nos cofres públicos.

Pelo lado qualitativo, há mais sistema na roubalheira, a corrupção hoje funciona em redes, é mais organizada, mais profissional. Deu metástase.

Quais as razões de tal mutação? Corrupção tem a ver com valores e práticas, com oportunidades e com facilidades. Em tudo isso houve mudança.

Desde a ditadura, nossos valores e práticas se afastaram muito de padrões republicanos. Não concordo com os que jogam a culpa de tudo sobre o regime militar. Mas a geração que está no poder se formou à sua sombra, mesmo que fosse na oposição.

Uma das maiores perversidades do regime foi manter em funcionamento as instituições próprias da democracia. Sem liberdade, elas se tornavam uma farsa, e os que as operavam ou com elas se relacionavam lhes perderam todo o respeito. Além disso, 60 milhões de brasileiros começaram a votar no período da ditadura. Para esses milhões também o voto não constituía um instrumento de construção da representação, mas mera obrigação ou moeda de barganha.

As oportunidades de corrupção, por seu lado, multiplicaram-se. Elas variam na razão direta do tamanho do Estado, isto é, do volume dos bens públicos, empregos, compras, obras, regulamentos, disponível para manipulação, que cresceu exponencialmente. Com isso cresceu também o predomínio do Executivo sobre o Legislativo, seu poder de pressão e de cooptação.

Quase todos os escândalos revelados têm a ver com esses fatores: nepotismo, fraude em licitações e concorrências, compra de apoio parlamentar.

As facilidades, se não aumentaram, também não diminuíram. Elas têm a ver, sobretudo, com a impunidade. A afirmação parece contradizer o que se disse a propósito da ação da Polícia Federal e do Ministério Público.

Da história para a vida

Mas tais ações têm muito de espetáculo, não redundam em condenações. Um ou outro condenado o foi apenas em primeira instância. Ainda tem pela frente a rósea perspectiva de recursos, apelos, protelações, anulações, que fazem com que no Brasil ninguém com recursos para pagar bons advogados vá para a cadeia. Que temor têm da Justiça pessoas que cometem seus crimes dentro dos próprios palácios dos três Poderes?

Hoje, como disse muito bem Chico Alencar [deputado federal pelo RJ e líder da bancada do PSOL na Câmara], graças à corrupção, os políticos saem da história para entrar na vida.

José Bonifácio definiu a escravidão como um câncer que corroía as entranhas do país. A corrupção é o câncer que corrói hoje as entranhas da República.

JOSÉ MURILO DE CARVALHO - historiador, autor de "D. Pedro 2o - Ser ou Não Ser" (Cia. das Letras) e "A Construção da Ordem e Teatro de Sombras" (ed. Civilização Brasileira).

domingo, 22 de março de 2009

Rápido com os libaneses e lento com os catarinenses

O governo federal foi rápido para mandar dinheiro para a reconstrução do Líbano, mas é lerdo para encaminhar a verba para a reconstrução das regiões atingidas pela enchentes em SC. A turma no Vale do Itajaí promete a resposta nas urnas em 2010.

TSE nega último recurso a governador de Santa Catarina

Luiz Henrique da Silveira (PMDB) enfrenta processo por abuso de poder econômico e político. Julgamento deve acontecer até a primeira quinzena de abril. Leia

sexta-feira, 20 de março de 2009

Flores

Os nostálgicos da ditadura

Léo Lince


Ao ser substituído no posto, o até então chefe do Comando Militar do Leste, general Luiz Cesário da Silveira Filho, despediu-se com um discurso de exaltação ao golpe de 64. O ato de força que derrubou o presidente Jango foi saudado como um “memorável acontecimento”. Na presença do comandante geral do Exército e do seu substituto no posto, o general se valeu de Garrastazu Médici para recolocar o que chamou de “página consagradora” nos “umbrais da glória”.

A efeméride foi noticiada, no último dia 12, pela “Folha de S.Paulo”, que lhe dedicou um quarto de página. Por suposto, não se trata de fato isolado ou raio em céu azul. O cidadão que acompanha com regularidade o noticiário tem observado, com preocupação, o aparecimento cada vez mais frequente de manifestações que expressam, para dizer o menos, certa nostalgia da ditadura militar. Aquela “página infeliz da nossa história”, da qual depois de tanta luta conseguimos nos livrar, alguns agora querem desvirar.

Não faz muito, o jornal “O Globo” publicou uma série de matérias para mostrar que a OAB, a ABI e a igreja católica apoiaram a ditadura nos seus momentos iniciais. Claro que, em certo período, tal fato ocorreu e, mais, os setores conservadores de tais instituições apoiaram a ditadura até o fim. Uma mancha que não invalida a verdade maior e fato histórico indiscutível: a CNBB, a ABI e a OAB foram pontos luminosos na luta da resistência democrática. A escolha de um período e não de outro, por certo, não foi casual. Assim como não foi casual a introdução do neologismo “ditabranda” no repudiado editorial da “Folha de S.Paulo”. Os dois maiores jornais brasileiros, que cresceram como conglomerados de negócios sob o manto protetor do autoritarismo, não por acaso definem como adequado para o atual momento político o mesmo objetivo: lavar a imagem da ditadura.

A linha editorial dos jornalões trabalha, todo santo dia e com a competência de sempre, a rearticulação do pensamento autoritário e a defesa dos interesses conservadores. Se o governo despeja bilhões para o capitalista encalacrado na roleta do cassino financeiro, não dá outra: será elogiado pelo bom uso da racionalidade econômica. Se a Justiça do Trabalho, pressionada pela mobilização sindical, susta demissões imotivadas, como foi o caso da Embraer, isso não pode, é “delírio ideológico”. Vejam, para exemplo, este trecho de editorial (Globo, 10/03): “o termo “criminalização dos movimentos sociais” passa a ter um outro significado. Não mais de defesa destes movimentos, supostamente criminalizados por agentes públicos, mas para designar a utilização dessas organizações com finalidades criminosas”. Logo, porrada neles.

A questão social, como na República Velha, volta a ser tratada como caso de polícia. Entre as causas de tal procedimento, sem dúvida, está o agravamento da crise econômica. A chamada “direita social”, os setores que dominam a economia e mandam nos governos, sabe onde lhe aperta o calo. Sabe que a crise, além de profunda e duradora, se destina a mexer fundo na dinâmica dos conflitos sociais. Os beneficiários da ordem injusta não brincam em serviço quando se trata de conservar os seus privilégios. Quem fala em “ditabranda” quer, de imediato, “democradura”. Quem fala em “choque de ordem”, com o teor da criminalização dos pobres e dos movimentos sociais, prepara a “ordem de choque”. Barbas de molho, todo cuidado é pouco com os nostálgicos da ditadura.

As leis e os espertalhões

E a tal da Lei de Responsabilidade Fiscal, bom foi uma Lei Federal, e na época de sua criação ninguém alegou que sendo uma Lei Federal estaria ferindo os poderes estaduais. Mas a Lei do Piso do magistério, também uma Lei Federal, bom essa, para os governadores espertalhões que não querem cumprirem o piso, é incostitucional, como inconstitucional para os mesmos espertalhões é a eleição dos diretores de escola. Ora onde se viu em vez de colocar apadrinhados políticos, quererem elegerem diretores. Um absurdo desses só pode ser inconstitucional, então ficamos assim.

REPÚBLICA FEDERATIVA DOS LADRÕES!

Delúbio Soares trabalha para voltar ao PT. Aceitem o homem, vamos realmente declarar que somos a REPÚBLICA FEDERATIVA DOS LADRÕES!

Bela

terça-feira, 17 de março de 2009

FALA JARBAS!

Fala Jarbas, abre o coração homem. dá os nomes da turma toda, surpreenda todo mundo, cite casos concretos, dá uma força pra Justiça, ou fala tudo ou vai passar por labão. FALA JARBAS!

FUSTIGADOS PELO DESENCANTO

Chico Alencar

Como desafio aos cerca de 60 mil senadores, deputados e vereadores deste país, fustigados pelo crescente desencanto, elenco uma espécie decálogo para o bom exercício parlamentar, inspirado no contrato republicano e no auto-questionamento que nossa democracia representativa de baixa intensidade provoca. Quiçá ele ajude a discernir os mandatários que cumprem a delegação que lhes foi dada dos desprovidos de espírito público.

1) SERVIÇO: é quando o parlamentar sabe que o mandato que recebeu do povo é um poder de serviço e não meio para usufruir de imunidades, regalias e influência nas altas rodas da sociedade. Realizar um mandato de serviço é praticar nele a opção preferencial pelas maiorias, para que estas - as que mais precisam dos serviços públicos - conquistem seus direitos sociais.

2) COLETIVISMO: é quando o parlamentar sabe que o mandato não é do indivíduo mas expressão de uma vontade coletiva, representando o querer justo e consciente de grupos e classes sociais. E sabe exercê-lo dessa forma, compreendendo que tem missão temporária de alta relevância, e não mero emprego.

3) CAPACIDADE DE OUVIR: é quando o parlamentar e sua equipe escutam tanto “a voz rouca das ruas” quanto cada um que chega, aflito, buscando a solução de seu problema individual - e sendo pedagogicamente orientado para a luta coletiva. Parlamentar não é quem parla muito, mas o que encontra tempo para ouvir, e também aprende com a audiência.

4) SENSO DE JUSTIÇA: é quando o parlamentar descobre que “certas leis são como salsichas: é melhor não saber como foram feitas”. Algumas são elaboradas apenas para assegurar privilégios: o legislador que busca a justiça procura, em todo projeto, separar o interesse público do interesse particular.

5) COERÊNCIA: é quando o parlamentar faz o que fala, pratica o que prega, realiza o que promete, concretiza no mandato o que proclamou na campanha. É quando ele não aceita que os fins justifiquem os meios, pois sabe que os meios já são os fins, em processo de realização. E tenta seguir a orientação de Mahatma Gandhi: "seja a mudança que você quer no mundo”.

6) HONESTIDADE: é quando o parlamentar age com transparência e não aceita acordos obscuros. É quando ele reage até com ira santa, denunciando todo tráfico de influência, toda oferta de vantagens, toda negociata.

7) FRANQUEZA: é quando o parlamentar reage à voz corrente que diz, com boa razão, que a política é o reino da mentira, da falsidade, da hipocrisia. É quando ele diz o que pensa, afirma suas convicções, não tem medo de ser sincero, não oculta a realidade por conveniência.

8) GENEROSIDADE: é quando o parlamentar não perde a sensibilidade para com a dor dos outros (com-paixão), sobretudo dos anônimos, cujo sofrimento "não sai nos jornais". É quando ele continua vendo cada ser humano como pessoa. Como portador de direitos e não de um título eleitoral.

9) SIMPLICIDADE: é quando o parlamentar entende que um mandato popular, por mais honroso que seja, não deve mudar sua maneira de ser nem seus hábitos de vida. É quando ele sabe diferenciar o ser simples do ser simplório, superficial, simplificador do que é complexo.

10) PROFUNDIDADE: é quando o parlamentar sabe ir fundo sem tornar-se prolixo. É quando ele reconhece que precisa buscar novas informações, sempre, pois não há soluções fáceis para problemas difíceis. E faz a ponte entre o saber erudito, das universidades, e o saber popular, aquele rico aprendizado do povo adquirido na escola da vida.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Uma atrás da outra

da Folha Online

A Folha deu três importantes "furos de reportagem" seguidos, desses de deixar o eleitor definitivamente desanimado com o Congresso Nacional, pensando em mudar de país, ou de planeta.

Primeiro, foi a história do castelo não declarado e nem sequer justificado do deputado Edmar Moreira, que seria não apenas vice-presidente como corregedor da Câmara, veja só!

Depois, foi a do casarão também não declarado e não muito bem justificado do então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, que entrou no Congresso como datilógrafo e sem concurso, mas fez toda essa fortuna, veja só!

Agora, os repórteres Adriano Ceolin e Andreza Matais informam que o Senado pagou pelo menos R$ 6,2 milhões em horas extras para seus funcionários em... janeiro, quando o Congresso está em recesso, veja só!

Pelo Siafi, que é o sistema de acompanhamento de gastos do governo, seria ainda mais: R$ 8 milhões.

Não bastasse a decisão de dar hora extra durante janeiro, quando não há sessões, votações, decisões, a hora extra do recesso parece ainda mais especial, porque teve um reajustezinho de 111%. O limite, segundo documentos que os repórteres conseguiram, foi de R$ 1.250,00 para R$ 2.641,93.

Isso tudo, castelo, casarão e "hora extra sem hora normal", está dando no quê? Em nada, ou melhor, em espuma. Meias soluções, meia poeira empurrada para debaixo do tapete. E a vida continua.

Edmar Moreira caiu do cavalo, da Vice-Presidência e da Corregedoria, mas continuou no castelo e no mandato. Agaciel renunciou à direção-geral, mas fica no Senado, aguardando uma gorda aposentaria em dois anos. E o presidente do Senado, José Sarney, diz que vai moralizar e manda os funcionários do seu próprio gabinete devolverem a grana, mas ninguém explica, nem justifica como foi tomada a decisão. Aliás, quem, como, onde e por quê?

É assim, com uma atrás da outra, que o descrédito do Congresso está chegando a um ponto insuportável.

Eliane Cantanhêde é colunista da Folha,

Como se vê o Rumo é Novissimo!

Os chefões do PT vão tratando de se apropriar da candidatura de Dilma Roussef. Os estrelões ser reúnem em um grupo chamado "NOVO RUMO" e fazem de tudo para se tornarem nos comandantes da campanha da candidata. Já ia esquecendo um dos líderes do "NOVO RUMO" é José Dirceu, como se vê o Rumo é Novissimo!

FALA MAIS JARBAS!

Senador Jarbas Vasconcelos denunciou o PMDB como um partido corrupto, mas não se atreveu a citar casos concretos, e nem fornecer mais nenhum dado objetivo sobre suas denuncias. FALA MAIS JARBAS, FALA HOMEM!

domingo, 15 de março de 2009

O legado de Lula

Escrito por Paulo Passarinho
12-Mar-2009


Desde o início dos sintomas mais agudos da crise econômica global – em setembro do ano passado, agravando um quadro que já se notava, desde o segundo semestre de 2007, como de extrema gravidade – temos defendido que a história abre uma oportunidade para Lula rever as opções de política econômica, adotadas desde o início de seu governo, em 2003.

Afinal, se por uma tosca noção de governabilidade o presidente eleito em 2002 optou por manter os pilares da política macroeconômica de FHC do seu segundo mandato, e entregou a direção do Banco Central a um executivo de um banco estrangeiro credor do Brasil, além de deputado federal eleito pelo PSDB, a partir da falência espetacular do sistema financeiro internacional tudo poderia favorecer as alternativas de mudanças.

Ao contrário, o que assistimos foram sucessivas declarações de Lula e de seus ministros afirmando que a crise era externa, a economia brasileira encontrava-se blindada a quaisquer abalos vindos de fora, e que o grande cacife que dispúnhamos para a manutenção das taxas de crescimento era a nossa economia interna, o crescente consumo das famílias e o "novo" papel do Estado, embalado pela virtude indutora ao desenvolvimento propiciado pelo PAC.

De fato, a partir de 2004, o Brasil havia voltado a crescer em termos médios a taxas um pouco mais elevadas que aquelas obtidas no período de governo de FHC. Além disso, de 2004 a 2008 experimentamos cinco anos de taxas de crescimento econômico positivas e maiores que o crescimento populacional, fato que não ocorria desde os anos 70.

Contudo, esses resultados estão inteiramente relacionados a uma conjuntura externa extremamente favorável, caracterizada pela expansão do comércio internacional – que nos favoreceu, como exportadores de commodities agrícolas e minerais – e pela extrema liquidez do sistema financeiro internacional – que ajudava ao menos as grandes empresas a obterem financiamento externo, compensando a indecente taxa de juros interna.

Tivemos, desse modo, mesmo com a manutenção da política econômica de FHC, efeitos diferentes no ambiente econômico. A partir de 2003, passamos a ter superávits em nossas transações correntes com o exterior, resultado que justamente só voltou a se reverter agora, em 2008. Saindo de um déficit em conta corrente de US$ 7,6 bilhões em 2002, chegamos a um saldo positivo de US$ 14 bilhões em 2005.

Entretanto, e sofrendo as conseqüências da abertura comercial do país e da acentuada valorização do real, o crescimento das importações fez com que, a partir de 2006, este saldo iniciasse uma redução que acabou por diminuí-lo para apenas US$ 1,7 bilhão em 2007 e nos levasse a um déficit de US$ 28,3 bilhões agora em 2008, já em uma nova conjuntura externa, com os preços dos produtos exportados pelo país, e suas quantidades, em franco declínio.

Foram essas condições externas, portanto, que determinaram a melhoria do quadro que nos levou a um maior crescimento interno, e são justamente essas condições que agora abortam tais resultados.

Cumpre destacar, também, que mesmo melhorando as taxas de crescimento da economia, o que obtivemos foi muito pouco. Crescemos menos do que o conjunto da economia mundial, e, de forma expressiva, muito menos do que os países em desenvolvimento. De acordo com dados elaborados pelo professor Reinaldo Gonçalves, com base em informações do FMI, de 2003 a 2008 o Brasil cresceu a uma média anual de 4,1%, enquanto o mundo cresceu a uma taxa média de 4,4%.

Por outro lado, países considerados em desenvolvimento experimentaram nesse mesmo período taxas médias de crescimento acima de 8%. Ao mesmo tempo, por força dessa discrepância entre o ritmo da economia mundial e o crescimento da economia brasileira, a participação do Brasil no PIB mundial, entre 2003 e 2008, de 2,84%, diminuiu em relação ao resultado calculado para os anos do governo FHC – o pior de nossa história –, que foi de 3,04%.

E, aqui, ficamos somente nos estreitos limites da análise voltada apenas para o exame das taxas de crescimento econômico, sem atentar para questões mais relevantes, que nos apontam para o tipo e a qualidade do desenvolvimento que estamos obtendo, se é que assim podemos chamá-lo.

A rigor, nesse período, sacrificamos, ou melhor, deformamos ainda mais o que vem sendo chamado de desenvolvimento. O agronegócio, forçando a liberalização dos transgênicos e a devastação ambiental; os bancos e o sistema financeiro em geral dando as cartas no Banco Central; os aparatos públicos dos sistemas de saúde e educação em péssimas condições de infra-estrutura e de trabalho para os seus profissionais; o fortalecimento político dos setores mais atrasados e retrógrados do país, como Sarney e seus aliados, por se colocarem como parceiros do atual governo; a paralisia do programa de reforma agrária e a crescente tentativa de isolamento e criminalização dos movimentos sociais que a denunciam; ou a proposta de ampliação e perpetuação das gritantes injustiças da estrutura tributária. São apenas alguns exemplos do preço que temos pagado pela opção de Lula.

Com os resultados recém divulgados sobre o comportamento do PIB no último trimestre de 2008, com a queda de 3,6% em relação ao trimestre anterior, combinado com o dado do IBGE sobre o recuo de 17,2% na produção industrial em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, fica mais do que claro que o rumo do país vai muito mal.

O emprego e as políticas públicas voltadas para a população vão se comprometer, ainda mais, e fortes turbulências irão crescentemente apimentar a disputa política, especialmente em torno da disputa eleitoral de 2010. Os tucanos, com as candidaturas de Serra e Aécio, e a voracidade do PMDB em sua "aliança" com Lula irão complicar ainda mais as nossas perspectivas de futuro.

E todo esse quadro se agrava sobremaneira com o saldo que esses anos de Lula nos deixa, especialmente em relação à esquerda brasileira. Na sua maior parte inteiramente vinculada, comprometida e desmoralizada pela adesão ao lulismo, e, na oposição, uma pequena e combativa esquerda que resiste, mas que sofre dos descaminhos trilhados pelo país sob a batuta do ex-operário.

Paulo Passarinho, economista, é presidente do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro.

Animais morais

Um dos livros mais instigantes que li este ano é "Moral Minds" (mentes morais), de Marc Hauser, no qual este biólogo evolucionário de Harvard apresenta um modelo bastante convincente de como desenvolvemos um senso universal do certo e do errado.
Trata-se de um tema seminal, que despertou a atenção de alguns dos maiores filósofos de todos os tempos, e está no centro dos mais acalorados debates da atualidade, constituindo o substrato de questões como religião, violência, aborto, eutanásia, liberação das drogas etc.
A tese central da obra de Hauser é a de que a faculdade moral é um instinto. A analogia é com a teoria da gramática universal de Noam Chomsky, que já comentei numa coluna mais antiga. Da mesma forma que nossos cérebros são equipados com um "software" lingüístico, que nos habilita a aprender praticamente "por osmose" o(s) idioma(s) ao(s) qual(is) somos expostos na primeira infância, nossa cachola também já vem com uma moral de fábrica. Não se trata, por certo, de um código penal, uma lista pronta e acabada de todas as ofensas possíveis e as respectivas punições, mas de um conjunto de princípios elementares, comuns a toda a humanidade, e maleáveis o bastante para comportar uma boa gama de variações culturais.
Com efeito, por maior que seja a exuberância dos comportamentos humanos narrados pelos antropólogos, não se conhece cultura que considere positivo matar o próximo, por exemplo. Assim, como regra geral, toda sociedade proíbe o homicídio. Mas uma característica das regras gerais é que elas comportam exceções. E é justamente a lista de exceções à regra geral da proibição do homicídio que dará o caráter de cada sociedade.
A maioria das culturas excusa o homicídio no contexto da legítima defesa (da própria vida ou da de terceiros). Algumas, estendem essa licença à proteção da propriedade. No velho Oeste americano, era legal e legítimo enforcar ladrões de cavalos. Um número não desprezível autoriza assassinatos em defesa da honra. Em alguns grupos, notadamente islâmicos (embora o preceito não esteja no Alcorão nem nos "hadith") espera-se que pais assassinem filhas que se mostrem infiéis a seus maridos. Variações semelhantes ocorrem em relação ao tratamento que diferentes culturas dão ao aborto, ao infanticídio, às presas de guerra etc.
Para ficarmos na analogia lingüística, da mesma maneira que idiomas apresentam características universais --como operar com sujeitos, verbos e predicados--, diferentes sistemas morais também possuem traços básicos comuns, a exemplo da proibição do homicídio, do horror ao incesto, da promoção da família etc. Mas, assim como cada língua, apesar das estruturas profundas comuns, permanece singular, também uma cultura, mesmo mantendo certos padrões universais, difere da outra.
É claro que tanto a razão como as emoções estão presentes em todas as decisões morais que tomamos. Não matamos aquele motoboy imbecil que arrancou o espelhinho de nosso carro tanto porque a maioria de nós tem uma repulsa natural ao assassinato --a emoção produzindo a moral, como defendia David Hume-- e também porque tememos as conseqüências legais de tal gesto --a razão, segundo a concepção de Immanuel Kant. O ponto que Hauser procura enfatizar, entretanto, é que a moral é um instinto, operando independentemente de razão e emoção. Aqui, ele se aproxima das idéias de John Rawls.
Esse é um campo que vem recebendo grande atenção de psicólogos evolucionistas e tem como matéria-prima os dilemas morais. É nesse ponto que os experimentos de Hauser trazem novos e fascinantes "insights". O autor propõe uma série de situações difíceis e nos convida a dar soluções. Também apresenta os resultados de suas entrevistas. São mais de 60 mil pessoas, gente de diversas etnias e com diferentes "backgrounds" que responderam ao questionário "on line" (não chega a ser uma amostra representativa do globo, mas não é um "n" desprezível). Você, leitor, também pode participar, clicando no site do teste.
Vamos ver alguns exemplos: Denise é passageira de um trem cujo maquinista desmaiou. A locomotiva desembestada vai atropelar cinco pessoas que caminham sobre a linha. Ela tem a opção de acionar um dispositivo que faz com que o comboio mude de trilhos, e, neste caso, atinja um único passante. Denise deve acionar a alavanca? Cerca de 90% dos entrevistados cederam à razão utilitária e responderam que sim. É melhor perder uma vida do que cinco.
Hauser então coloca uma variante do problema. Frank está sobre uma ponte e avista um trem desenfreado prestes a abalroar cinco alegres caminhantes. Ao lado dele está um sujeito imenso, que, se lançado sobre os trilhos, teria corpo para parar a locomotiva, salvando os cinco passantes. Frank deve atirar o gordão ponte abaixo? Aqui, a maioria (90%) responde que não, embora, em termos puramente racionais, a situação seja a mesma: sacrificar uma vida inocente em troca de cinco.
A constatação de que as respostas estão além da razão (pelo menos em sua expressão utilitarista) e da emoção é um argumento poderoso em favor do instinto, que é ainda reforçado pelo fato de representantes de grupos bastante diversos terem dado respostas muito semelhantes nestes casos.
Hauser sustenta que nosso "software" moral opera em torno de parâmetros como tipo de ação (se pessoal ou impessoal, direta ou indireta), conseqüências negativas e positivas e, principalmente, a intencionalidade. No fundo o que difere a ação de Denise da de Frank é que o sacrifício do passante solitário é uma espécie de efeito colateral (ainda que antevisto) de uma ação que visava a salvar cinco pessoas. Já atirar o gordão seria um ato intencional, um homicídio ainda que com o objetivo de obter um bem maior. Estamos aqui, se quisermos, diante da materialização empírica do imperativo categórico kantiano, que nos proíbe de usar seres humanos como meio para obter um fim (mesmo que nobre). Se assim não fosse, um médico estaria livre para capturar um sujeito saudável que passasse diante do pronto-socorro e, arrancando-lhe rins, fígado e coração para transplante, salvar a vida de quatro doentes.
Os experimentos mentais podem multiplicar-se e ficar bem mais sofisticados. E se, em vez da vida de cinco pessoas, o que estivesse em jogo fosse uma cidade inteira de 5 milhões de habitantes? Com números assim superlativos não seria lícito matar o gordão mesmo que intencionalmente?
Para além da riqueza de dados e novas perspectivas, "Moral Minds" oferece farta munição para destruirmos algumas "idées reçues" (idéias recebidas) renitentes. Uma falsa crença com a qual sempre me vejo às voltas quando incorro em textos ateus é a de que a religião é a fonte do comportamento moral das pessoas. Besteira. Como Hauser mostra de forma muito competente, a moralidade é tributária de um instinto que se consolidou no homem muitos milênios antes do primeiro padre celebrar a primeira missa. O que a religião fez, além da tentativa de usurpar para si a ética, foi despi-la de seus parâmetros variáveis e congelá-la no tempo, proclamando-a una e eterna. A menos que imaginemos um Deus racista, que faça questão de condenar todos os fores, de Papua-Nova Guiné, (canibais) e todos os faraós ptolomaicos (incestuosos), entre muitos outros povos e grupos que violam comandos bíblicos, temos de concluir que a moral é assunto complicado demais para ficar apenas nas mãos de religiosos.

Hélio Schwartsman, 42, é editorialista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha Online às quintas.

Até parece que é Dilma ...

Até parece que é Dilma mesmo a candidata do planalto, a mãe do PAC vai para a disputa com as pesquisas indicando que pode não chegar ao segundo turno. Mas quem se importa o próprio presidente não parece muito preocupado com a possibilidade de uma derrota. O presidente até parece se comportar como em débito com os tucanos, e a sentir-se na obrigação de entregar o comando do estado para o senhor Serra, para quem sabe, em um futuro, não tão distante, vir a receber de novo o comando estatal, bem ao estilo de uma república de bananas, que em verdade não deixamos de ser em termos políticos.

sábado, 14 de março de 2009

OS CORDEIRINHOS CHORÕES

O PMDB reduziu o PT a pó no senado, mesmo assim os senadores cordeirinhos seguem quietos de medo de desagradar o grande guia. José Sarney reina hoje absoluto no senado, auxiliado pelo calhorda do Renan Calheiros, inocentado no passado pelos mesmos cordeirinhos que agora choram pela própria babaquice que fizeram.

Faltou a Pastoral da Terra dizer...

A Pastoral da Terra em nota lançada a alguns dias disse que o atual presdiente do Supremo, Gilmar Mendes, trabalha exclusivamente em beneficio dos grandes proprietários de terra. Faltou a Pastoral da Terra dizer quem no executivo federal não faz o mesmo?

"Em tempo de guerra, mentira como terra"

"(...) o governo do PT não revisou nenhuma das privatizações de FHC, nem avançou na investigação das supostas irregularidades da administração tucana. Então, ou bem o PT é conivente com ações lesa-pátria, ou o alarido deve ser debitado na conta do velho ditado: "Em tempo de guerra, mentira como terra".
Alon Feuerwerker

Conheça a voz das esperas telefônicas e dos estacionamentos

CRISE DE ENGANOS

CRISE DE ENGANOS
Dep. Fernando Gabeira PV-RJ

Nesta crise econômica, fala-se de dinheiro mais do que tudo. Bilhões, trilhões de dólares são anunciados, anunciando investimentos (Europa, EUA), ou por governos que pedem ajuda (Hungria, Polônia, Ucrânia).Mesmo não sendo economista, arrisco algumas perguntas. Por exemplo: de onde virá tanto dinheiro? Se ele existia até agora, por que não foi, pelo menos em parte, usado para mitigar os grandes problemas da humanidade?

Pergunto de onde vem porque minha memória de grande crise data do choque do petróleo, na década de 70. Lembro-me do secretário britânico James Calaghan dizendo isto: "Não podemos mais usar Keynes, simplesmente não há recursos para estas fórmulas".A própria Inglaterra começou a responder a minha pergunta. Há dez dias, anunciou que iria imprimir dinheiro novo.
Assim, entendo.Outra grande dúvida é sobre o Brasil. Nem vou mencionar a marolinha vista por Lula em outubro. Houve certa onda positiva, dizendo que o Brasil era o país que iria se sair melhor entre todos do mundo.É um pouco da nossa cultura: calça de veludo ou bunda de fora. Ou somos o que mais sofre, ou o que menos sofre, aquele capaz de ensinar aos países desenvolvidos como se toca uma economia.

A crise que, entre nós, era apenas um subenredo, passa a ser, a partir de agora, uma espécie de éter, que a tudo comunica um peso. Nos Estados Unidos, há uma propensão a rever o consumo. Aqui, um estímulo a comprar. Lá, lançam milhares de empregos verdes, aqui, um milhão de casas populares.O mais importante aqui é que o governo gasta com empregos e custeio e não economiza para investir.O que dizer de um programa de aceleração do crescimento quando o que se acelerou de fato foi o encolhimento?

sexta-feira, 13 de março de 2009

quinta-feira, 12 de março de 2009

SIMON DIZ QUE PMDB SÓ ' QUER CARGUINHOS'

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou ontem que "a cúpula do PMDB se vende por quaisquer 2.000 réis" e que o partido não tem projeto para chegar à Presidência, mas sim para "conseguir alguns carguinhos".
As declarações foram feitas em entrevista coletiva após aula magna realizada por ele na PUC-Campinas.
O senador também disse que no PMDB o caso é mais grave do que em outros partidos. "O problema do PMDB -grave, mais do que os outros-, é que o PT é um partido que quer chegar ao governo, o PSDB é um partido que quer chegar ao governo e, no PMDB, a cúpula se vende por quaisquer 2.000 réis e não quer chegar no governo, quer pegar uns carguinhos", disse.
No mês passado, o também senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), condenou a corrupção no partido.
Simon defendeu os nomes dos governadores do Paraná, Roberto Requião, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e dos ministros da Defesa, Nelson Jobim, e da Saúde, José Gomes Temporão, como possíveis candidatos do partido à Presidência em 2010. "Candidato é o que não falta."
Sobre as declarações de Vasconcelos, de que teria sua vida investigada por empresa especializada em espionagem, Simon disse que as denúncias são "muito graves".
Fonte: Folha de S. Paulo

Salto Rivadavia FOZ DO IGUAÇU

Ainda a Embraer, Lula, demagogia e Napoleão

Ainda a Embraer, Lula, demagogia e Napoleão

O caso das demissões da Embraer se arrasta em demagogia, inconsequência e começa a se tornar um péssimo precedente. A Justiça enrola o caso. Lula, depois de recuar na demagogia, voltou a dizer que o trabalhador não pode ser "punido" com demissões devidas à crise mundial (agora, aliás, também brasileira). "Não me peçam para fazer o trabalhador pagar por essa crise", disse Lula.

Mas o que Lula entende por "crise"? Em última análise (e a mais importante) crise significa desemprego, ponto. Se não houvesse desemprego, não haveria crise alguma. Não faz lé com cré o que diz Lula.

Como escrevi em outro post ("Populismo, Lula e Embraer na Justiça"), é muito difícil saber se uma empresa exagera ou não quando corta salários e empregos (ou deixa de aumentar salários e o número de empregos, em tempos melhores). Como as empresas têm mais poder, a balança pende para o lado dos proprietários. Mas daí a aceitar uma intervenção do Estado, caso a caso, na administração de cada empresa vai uma longa distância. Enfim:

1) Por que apenas a Embraer? Decerto suas demissões são uma massacre, uma razia que vai afetar e muito a avançada economia da região de São José dos Campos e do Estado de São Paulo, o centro industrial e financeiro do país. Nem é preciso lembrar o desastre humano que as milhares de demissões representam. Mas empresas de espécie e tamanho variados estão demitindo. Várias delas até lamentando-se por fazê-lo (não por "humanidade", embora esse possa ser até o caso). Mas empresas que demitem lançam fora também investimentos em treinamento e a cultura acumulada de trabalhadores. Estão deitando fora um ativo. Não são "coitadinhas". É apenas um fato. Em suma, por que não há encrenca com essas outras milhares de empresas? Por demagogia, política midiática etc;

2) A intervenção caso a caso do Estado, além de inviável, não vai resolver o problema da distribuição do produto do trabalho, dos lucros, enfim, dos ganhos de produtividade. Não se trata aqui da defesa de "sagrados" (por quem?) direitos de propriedade (que faz séculos são relativos: normas, "regulação", e impostos são exemplos óbvios da restrição ao direito de propriedade, e é bom que o sejam). Mas o que vai fazer o Estado (por meio do Executivo ou da Justiça)? Administrar as empresas? Todas as milhares de empresas do Brasil?

3) Já que estamos falando de política, por que os sindicatos estão tão desorganizados, divididos e tão pouco ativos nesta crise? Porque ficaram pelegos, com cargos e interesses imbricados aos do governo?

4) Suponha-se que, no limite, empresas como a Embraer sejam proibidas de demitir. Suponha-se também que a Embraer esteja fazendo o que é preciso para a sua sobrevivência saudável. Então, sem demitir, a empresa começa a ficar sem caixa, tal como as montadoras americanas. Como é que vai ser? "Deixa quebrar"? Ou "o governo não pode deixar uma empresa como a Embraer quebrar"? Subsidiar empresa quebrada é uma solução melhor?

5) É irrelevante que a Embraer receba auxílio indireto de fundos públicos, como os financiamentos do BNDES para seus clientes. Ou bem se acha que o BNDES é necessário, dadas as restrições do mercado financeiro brasileiro ou do financiamento para empresas brasileiras, ou deixa-se a empresa se virar sozinha. Ou estatiza-se a empresa (o que não me parece uma boa solução) ou deixa-se que ela se administre. Colocar restrições em regra à atividade de cada empresa vai criar apenas ineficiências e, dado os presentes costumes da maior parte do Estado brasileiro, mais favores e corrupção;

6) Ideias como vincular empréstimos do BNDES à criação ou à manutenção de empregos é outra tolice. Suponha-se que uma empresa pegue dinheiro do BNDES para melhorar sua tecnologia e produtividade. A empresa investe, melhora, torna-se mais produtiva, ganha mercado, mas não cria nenhum emprego. Ou seja, cumpriu a cláusula de "manutenção do emprego" _deixando de criar empregos. O que deveria ter feito? Ficar sem o empréstimo do BNDES, ficar menos eficiente, perder mercado e fechar? Não faz o menor sentido. Com essa mentalidade, ainda estaríamos no tempo em que o algodão e a lã eram fiados em rocas, a tecelagem era caseira e as roupas eram costuradas também em casa. Isto é, antes da Revolução Industrial.

7) O caso Embraer, embora grotesco, é mais um exemplo da falta de rumo, de ideias e princípios da esquerda. A esquerda não discute nada de sério:

a) A esquerda não discute tributação, a multidão de subsídios esquisitos e ineficientes distribuídos a este ou aquele setor;

b) Não discute a melhoria da tributação, que deveria incidir sobre a renda dos mais ricos, e não sobre empregos e sobre produtos consumidos pela maioria pobre;

c) Não discute uma reforma progressista da lei do trabalho, que, no entanto, vai sendo desmontada aos poucos com a anuência das próprias centrais sindicais (lei, aliás, que cobre apenas metade dos trabalhadores, pois o "resto" não tem direito algum, pois são "informais");

d) Não discute o caótico, fantasista e perdulário Orçamento federal, pulverizado em milhares de ações e "programas" perdidos e pulverizados, travado por vinculações ineficientes e outras aberrações;

e) Não discute o horroroso sistema de saúde pública, no qual as pessoas esperam meses por uma consulta urgente;

f) Não discute os milhares de homicídios e outras violências, que na larguíssima maioria dos casos inferniza ou acaba com a vida dos mais pobres.

Seria possível ocupar o alfabeto inteiro e mais um pouco.

Como adendo e de passagem, observe-se que Karl Marx, no "18 Brumário" detonava o cretino Luís Napoleão por criar o caos na gestão da economia capitalista, entre outros motivos. Napoleão, aliás, também tinha "azia" quando lia a imprensa e tinha um monte de amigos que fazia negociatas com o dinheiro público. Como Chávez, fez um plebiscito para ratificar o continuísmo (na verdade, o golpe de Estado que acabou por motivar o livro de Marx). Mas chega de sarcasmo histórico, embora o livro de Marx ainda hoje suscite alguma tentação de paralelismo quando pensamos no presidencialismo bonapartista brasileiro);

ENFIM: ONDE ESTÁ A ESQUERDA? Brincando de maluquices importadas dos Estados Unidos (cotas) e, no caso mais comum, procurando um empreguinho no Estado, ou uma verbazinha para sua ONG e coisas assim. Nem mais política com "p" maiúsculo faz, vide a apatia e peleguismo sindicais (para não dizer coisa pior), o atrelamento dos movimentos sociais restantes ao Estado, a ausência de projetos de reforma etc etc.


Escrito por Vinicius Torres Freire

Globo censurou Diretas-Já, diz Boni - A ordem foi de Roberto Marinho

Globo censurou Diretas-Já, diz Boni - A ordem foi de Roberto Marinho

O ex-vice-presidente das Organizações Globo e um dos responsáveis pelo "padrão Globo de qualidade", José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, disse em entrevista ao jornalista Roberto Dávila que Roberto Marinho, fundador da emissora, determinou a censura ao primeiro grande comício da campanha pelas Diretas-Já em janeiro de 1984, em São Paulo.

Segundo Boni, àquela altura "o doutor Roberto não queria que se falasse em Diretas-Já" e decidiu que o evento da praça da Sé fosse transmitido "sem nenhuma participação de nenhum dos discursantes" -"quer dizer, a palavra, o que se dizia, o conteúdo estava censurado". O programa "Conexão Roberto Dávila" foi transmitido na última quarta-feira à noite pela TV Cultura.

Boni falava a respeito da pressão dos diversos governos militares sobre o jornalismo da emissora, quando, questionado especificamente sobre a campanha das Diretas, disse que nela ocorreu "uma censura dupla". "Primeiro, uma censura da censura; depois, uma censura do doutor Roberto", declarou Boni.

O que motivou a decisão, segundo ele, foi o temor de que os militares cassassem a concessão da TV Globo caso os comícios fossem noticiados. "No momento das Diretas-Já, [os militares] ameaçaram claramente a Globo de perder a concessão", ele disse.

A versão é diferente da que aparece no livro "Jornal Nacional - A Notícia Faz História", publicado pela Jorge Zahar em 2004, e que representa a versão da própria Globo para a história de seu jornalismo. O texto ali publicado não faz nenhuma referência a uma intervenção direta de censura por parte de Roberto Marinho.

Segundo o texto, "a matéria [transmitida no dia do comício em São Paulo] provocou polêmicas". "Com o passar dos anos, fatos misturaram-se a mitos até que uma versão falsa ganhasse as páginas de muitos livros sobre o assunto: a Globo teria omitido que o comício era uma manifestação pelas Diretas."

A versão oficial, no entanto, afirma que a TV Globo vinha sendo "pressionada pelos militares a simplesmente não cobrir os eventos" e cita o próprio Boni, que declara não ter sido possível "fazer a cobertura de maneira adequada".

Tanto o livro quanto Boni disse na entrevista transmitida nesta semana afirmam que a cobertura mudou depois daquele comício de São Paulo.
O texto oficial diz que, quando "crescem os comícios, a cobertura se fortalece". Segundo Boni, a Globo entrou atrasada na "campanha pelas Diretas", mas a censura inicial de Roberto Marinho foi contornada.

A Folha não conseguiu falar ontem com Boni. A assessoria da TV Globo, procurada pela reportagem, disse que a versão contida no livro corresponde à opinião da emissora sobre o fato.

Da Folha de SP

Embrapa adapta novas frutas ao semi-árido

Embrapa adapta novas frutas ao semi-árido
Canal Executivo - O semi-árido do Nordeste está começando a produção comercial de pêra e maçã, frutas típicas de clima frio. As informações são da assessoria de comunicação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Semi-Árido, de Petrolina, interior do estado de Pernambuco. A instituição está pesquisando o desenvolvimento das culturas no semi-árido. Os estudos fazem parte do projeto “Introdução e avaliação de cultivos alternativos para as áreas irrigadas do semi-árido brasileiro”. Ele é levado adiante pela Embrapa em conjunto com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasp). Na Bahia e Pernambuco começarão a ser cultivados, neste ano, 30 mil hectares irrigados. Também haverá áreas menores no Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe. O engenheiro agrônomo Paulo Roberto Coelho Lopes, pesquisador da Embrapa, afirma que diversificar as opções de cultivo na região é uma estratégia inteligente para chegar ao mercado com oferta de várias frutas em épocas diferentes do ano. O semi-árido nordestino já cultiva outros vários tipos de frutas. As safras de uva, por exemplo, chegam a ocorrer de 2,5 vezes no ano. No submédio do Vale do São Francisco estão implantados cerca de 12 mil hectares com a fruta. A região também se destaca na vinicultura. O engenheiro agrônomo Lopes acredita que pereiras e macieiras podem ser tornar frutas importantes para o negócio agrícola do país. De acordo com ele, os testes em áreas experimentais têm apresentado bons resultados. Tanto a pêra quanto a maçã são frutas com grande potencial de mercado, afirma Lopes. Entre as frutas de clima temperado, a pêra é a terceira mais consumida e mais importada pelo Brasil. A produção nacional responde por menos de 10% do total consumido no país. As áreas cultivadas estão concentradas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. O cultivo da macieira é recente no Brasil. (Agência de Notícias Brasil-Árabe - www.anba.com.br)

quarta-feira, 11 de março de 2009

Deu em O Estado de S. Paulo

PIB do Brasil é o pior dos Brics
Para ONU, governo terá de relançar a economia
De Jamil Chade:
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que recuou 3,6% no último trimestre em relação ao anterior, é o pior até agora entre os países do Bric (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e China). A queda é ainda superior à redução do PIB da Europa. "O resultado é chocante", afirmou o alemão Heiner Flassbeck, economista-chefe da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Desenvolvimento e Comércio. "O Brasil está pagando o preço por não aceitar políticas expansionistas, nem em momentos de crise."

Deu em O Estado de S. Paulo

Consumo das famílias cai pela 1ª vez em 6 anos

Queda foi de 2% no último trimestre do ano passado em relação ao anterior, segundo o IBGE

De Márcia De Chiara e Paulo Justus:

O brasileiro sentiu o tranco da crise de crédito na hora de ir às compras. O consumo das famílias caiu 2% no último trimestre do ano passado em relação aos três meses anteriores, o primeiro recuo desde o segundo trimestre de 2003, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Memórias da marolinha

Fernando Gabeira

Os gastos de 6,2 milhões no Senado, as contratações quase ilimitadas de funcionários, o discurso otimista e o estímulo ao consumo são elementos da crise brasileira. Ou melhor, da percepção da crise orientada pelo governo brasileiro.

A frase de outubro, dizendo que a crise era apenas marolinha, marcou a posição de Lula sobre o tema. Ele nunca levou a crise a sério, ou melhor sempre a levou a sério para usá-la como instrumento do próprio prestígio. Tudo vai mal no mundo, apenas o Brasil resiste, parece ser a mensagem do governo.

Esse erro de percepção pode ter consequências para todos nós. E revela um pouco a própria máquina de propaganda do governo. Quando o mundo crescia e levava o Brasil consigo, os méritos eram atribuídos a Lula. Quando o mundo estagna e detém o crescimento brasileiro, a culpa é apenas do mundo.

A tática de um velho técnico de futebol é a escolhida de Lula. Sua frase era esta: eu ganho, nós empatamos e vocês perdem.

Era possível seguir um outro caminho. A retração nos investimentos pedia um papel mais decisivo do governo. Mas como investir se gastamos tanto em custeio e gastos inúteis com a máquina superinflacionada?

Sonho que se sonha só

Fernando Rodrigues
De Brasília


O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, está levando a sério seu projeto de entrar na política.
Não faz muito tempo, foi de jatinho com um famoso empresário para a Bahia. Desceu em Salvador, tomou outro avião e chegou até Barra Grande, no exclusivo recanto do marqueteiro Duda Mendonça, ex-Lula e ex-Maluf.

Paulo Maluf foi um facilitador no contato entre Skaf e Duda. Aliás, o PP de Maluf está louco atrás de algum candidato competitivo a governador de São Paulo para ter como ficar fora do bipartidarismo imposto por PSDB e PT.

Skaf enxerga em seu projeto o PP, o PDT de Paulinho da Força Sindical, o PSB de Luiza Erundina (e de Ciro Gomes) e o PC do B de Aldo Rebelo. O partido preferencial para se filiar é o PSB. Na atual geleia geral ideológica, não faz mais muita diferença um empresário entrando numa legenda socialista.

Com sua desenvoltura e vontade de empreender, Skaf parece ter sido picado pela mosca azul da política.

Muitos empresários pensam em disputar uma eleição "para mostrar a todos como fazer as coisas". Na vida real, "as coisas" são diferentes. O último grande empresário que tentou se aventurar ao governo paulista foi Antônio Ermírio de Moraes, pelo PTB, em 1986. Entrou com ares de favorito. Perdeu para Orestes Quércia.

O Estado de São Paulo tem 22,5% dos eleitores do país e está em aberto. Os partidos mais fortes têm candidatos frágeis. O predileto de Serra no PSDB é Aloysio Nunes Ferreira -bom de papo e uma incógnita nas urnas. No PT, Antonio Palocci só é uma promessa-problema, pela biografia encrencada.

Esse vácuo eleitoral paulista, raciocina Skaf, é favorável a um nome de fora, novo. A julgar pelas tentativas iguais de outros empresários no passado, o sonho do presidente da Fiesp pode ser, na realidade, só isso mesmo. Um sonho.

terça-feira, 10 de março de 2009

A Crise e a Arrogância do Ocidente

Em todos os paises se estão buscando saídas para a crise atual. Mais que crise, no meu modo de ver, estamos diante de um ponto de mutação de paradigma que está prestes a ocorrer. Mas está sendo protelado e impedido pela arrogância, típica do Ocidente. O Ocidente está perplexo: como pode ele estar no olho da crise, se possui o melhor saber, a melhor democracia, a melhor consciência dos direitos, a melhor economia, a melhor técnica, o melhor cinema, a maior força militar e a melhor religião?

Para a Bíblia e para os gregos essa maneira de pensar, constituía o supremo pecado, pois as pessoas se colocavam no mesmo pedestal da divindade. Eram logo castigadas ao desterrro ou condenadas à morte. Chamavam essa atitude de hybris, quer dizer, de arrogância e de excesso. Ouçamos Paul Krugman, Nobel de economia de 2008, no dia 3 de março no New York Times:”Se você quer saber de onde veio a crise global, então veja a coisa dessa forma: estamos vendo a vingança do excesso; foi assim que nos atolamos nesse caos; e ainda estamos procurando uma saída”. Não se dizia antes greed is good? A ganância que é excesso, é boa?

Arrolemos outra citação do insuspeito Samuel P. Huntington em O choque de civilizações: ”É importante reconhecer que a intervenção ocidental nos assuntos de outras civilizações provavelmente constitui a mais perigosa fonte de instabilidade e de um possível conflito global num mundo multicivilizacional”. Huntington explica que é a arrogância que o move a estas intervenções. Os ocidentais pretendem saber tudo melhor. Johan Galtung, norueguês, um dos mais proeminentes mediadores de conflitos do mundo, trabalhou três anos tentando mediar a guerra no Afeganistão. Afastou-se, decepcionado e irritado, denunciando: “a arrogância ocidental impede qualquer acordo; este só é possível à condição de os talibãs se submeterem totalmente aos critérios ocidentais”.

Talvez a forma mais refinada de arrogância foi e é vivida pelo Cristianismo, especialmente sob o atual Pontífice. Rebaixou as outras Igrejas negando-lhes o titulo de Igrejas. Impugnou as demais religiões como caminhos para Deus.

Mas tem antecessores mais severos: Alexandre VI (1492-1503) pela bula Inter Caetera dirigida aos reis de Espanha determinava: “pela autoridade do Deus Todo-Poderoso a nós concedida em São Pedro, assim como do Vicariato de Jesus Cristo, vos doamos, concedemos e entregamos com todos os seus domínios, cidades, fortalezas, lugares e vilas, as ilhas e as terras firmes achadas e por achar”. Nicolou V (1447-1455) pela bula Romanus Pontifex fazia o mesmo aos reis de Portugal. Concedia “a faculdade plena e livre para invadir, conquistar, combater, vencer e submeter a quaisquer sarracenos e pagãos em qualquer parte que estiverem e reduzir à servidão perpétua as pessoas dos mesmos”.

Dá para ir mais longe no excesso e na hybris? Apagou-se totalmente a memória do Nazareno que pregava o amor incondicional e que todos somos irmãos e irmãs.

A arrogância do Ocidente impede que os chefes de Estado, face à atual crise, se abram à sabedoria dos povos e busquem uma solução a partir de valores compartilhados e de uma visão integradora dos problemas da Casa Comum, ferida ecologicamente. Nos discursos de Barack Obama ressoa a arrogância tipicamente norteamericana de que os EUA ainda vão liderar o mundo. É uma liderança montada sobre 700 bases militares espalhadas por todo o mundo e munidas com armas de destruição em massa, capazes de dizimar a espécie humana e deixar atrás de si uma Terra devastada. Essa liderança arrogante não queremos.

Leonardo Boff

Brasil um país mais velho

Por Washington Castilhos, da Agência Fapesp


Agência FAPESP – A população brasileira está envelhecendo em ritmo acelerado e até 2050 quase 30% da população do país terá acima de 60 anos e a idade média deverá chegar aos 81 anos. Por sua vez, o número de pessoas entre 0 e 14 anos se encontra em declínio. Com taxa de fecundidade abaixo do nível de reposição, nascem cada vez menos crianças no país.

Com isso, o número de habitantes deverá parar de crescer e até diminuir, passando de cerca de 219 milhões em 2039 – quando atingiria seu máximo – para 215,2 milhões em 2050. Por outro lado, o aumento da população em idade adulta e economicamente ativa poderá representar uma grande vantagem para a economia brasileira nos próximos 30 anos.

Essas são projeções de um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e apresentado na semana passada. Intitulado “Projeções da população do Brasil por sexo e idade: 1980-2050”, o trabalho reconstituiu o crescimento populacional desde 1980 e, a partir de dados sobre fecundidade e mortalidade, faz projeções até o ano de 2050.

Em entrevista à Agência FAPESP, o demógrafo Luiz Antônio Oliveira, coordenador de população e indicadores sociais do IBGE e um dos responsáveis pela pesquisa, fala dos impactos de o país estar caminhando rumo a um perfil demográfico cada vez mais envelhecido e de como poderá se preparar para isso.

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Agência FAPESP –Quais poderão ser as principais mudanças na dinâmica demográfica da população brasileira nos próximos 30 anos?

Luiz Antônio Oliveira – As tendências demográficas mudam. Em nosso estudo, buscamos reconstituir o crescimento da população e das componentes demográficas desde 1980. Pudemos então, a partir daí, fazer as projeções para as próximas décadas, levando em conta as hipóteses recomendadas internacionalmente sobre os comportamentos dos níveis de fecundidade e de mortalidade. Daqui a 30 anos, a população brasileira deverá parar de crescer e começar a diminuir. Em 2039, ela alcançará seu maior tamanho, que estimamos em 219,1 milhões de habitantes. A partir daí, passará a declinar, caindo para 215,2 milhões. Também observamos que a população brasileira está envelhecendo cada vez mais e que nascem menos crianças. Em 2000, tínhamos 51 milhões de pessoas na faixa etária entre 0 e 14 anos, o que representava 29,8% da população brasileira. Em 2050, esse número cairá para 28,3 milhões, representando 13,1%. Por sua vez, o grupo acima de 60 anos, que era de 14 milhões em 2000, representando 8,1% da população total, aumentará enormemente, para 64 milhões, passando a representar 29,8%. Em resumo, o país está envelhecendo.

Agência FAPESP –Esse é um fenômeno que já vem sendo observado, não?

Oliveira – Sim. Em 2008, a esperança de vida de um brasileiro ao nascer é de 72,7 anos, bem maior que no passado – em 1940, era de 45,5 anos. Ou seja, estamos vivendo 27,2 anos a mais. Para 2050, a hipótese é que a vida média do brasileiro chegue ao patamar de 81 anos. Se separarmos por sexo, veremos que, em 2008, a média de vida para as mulheres está em 76,6 anos e, para os homens, em 69 anos, uma diferença de 7,6 anos.

Agência FAPESP – As mulheres têm sobrevida maior?

Oliveira – Sim, e isso se deve a uma série de fatores. Em nosso país, essa situação é ainda mais agravada pela mortalidade de jovens do sexo masculino entre os 18 e 30 anos por causas associadas à violência. Para se ter uma idéia, a incidência da mortalidade masculina no grupo etário entre os 20 e 24 anos é quase quatro vezes superior à feminina. Se isso não ocorresse, a esperança de vida dos homens seria de dois a três anos maior do que é hoje. Portanto, se não houver uma mudança nesse padrão, em 2050 o Brasil terá 7 milhões de mulheres a mais do que homens. Elas, na verdade, já são maioria. Para cada 100 meninos nascidos, nascem em média 105 meninas, é uma constatação biológica. Outro fator é que a mortalidade infantil dos meninos é maior que a das meninas.

Agência FAPESP –Os resultados do estudo feito pelo IBGE mostram que, por um lado, estão nascendo cada vez menos crianças no Brasil, que atualmente já tem uma taxa de fecundidade baixa. Por outro lado, o número de pessoas em idade potencialmente ativa se encontra em pleno processo de ascensão. Isso não será bom para a economia do país?

Oliveira – Sem dúvida, se soubermos aproveitar. Nos últimos 20 anos temos observado o crescimento da população em idade adulta, que vai dos 15 aos 59 anos, e da chamada população economicamente ativa, da faixa dos 20 aos 30 e dos 30 aos 40 anos. São pessoas que estão no mercado de trabalho, assegurando a sobrevivência da família. Esse movimento tende a continuar para daqui a 20 anos e isso, em teoria, é bom, pode ser visto como uma vantagem demográfica para a Economia. A Pnad [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios] de 2007 apresentava uma taxa média de 1,95 filho por mulher. A estimativa aponta para uma taxa de fecundidade em 2030 de 1,5 filho por mulher, que estaria abaixo do nível de reposição. Países como Espanha, Itália, Alemanha e França têm taxas de 1,2 ou 1,3 filho por mulher. Com a diminuição nas taxas de fertilidade, diminui também o peso das crianças de 0 a 14 anos sobre a população de 15 a 64 anos de idade, economicamente ativa. A população com idades em ingresso no mercado de trabalho (15 a 24 anos) passa pelo máximo de 34 milhões de pessoas, contingente que tende a diminuir nos próximos anos. O aproveitamento dessa oportunidade pode proporcionar um crescimento econômico ao país, se as pessoas forem bem preparadas e qualificadas profissionalmente.

Agência FAPESP – Por outro lado, com taxa de fecundidade baixa e após o envelhecimento do contingente de pessoas economicamente ativas, o aumento no número de idosos não poderá vir a ser um problema para o país?

Oliveira – Sim, se essa população não for produtiva acabará sendo um peso. A população tem que envelhecer com condições físicas e materiais. Terá de haver melhorias nas condições de vida, na área da saúde e nas ofertas de trabalho. Que essa seja uma população de idosos ativos e produtivos. Políticas de saúde e de inserção na economia terão que ser desenvolvidas. O país também terá que estar preparado para o impacto desse envelhecimento populacional na Previdência Social.

Agência FAPESP – Se o ritmo de crescimento populacional do Brasil ainda fosse o mesmo que o da década de 1950, a população brasileira atual seria muito maior do que 189 milhões. O país está acompanhando um fenômeno mundial de declínio populacional?

Oliveira – Sim, esse é um fenômeno resultante da globalização, da melhoria nos níveis de educação e inserção social, das mudanças nos padrões de família e do maior acesso aos métodos anticoncepcionais. Até 2050, o Brasil deverá passar da quinta para a oitava posição no ranking dos países mais populosos. Atualmente estamos atrás somente da China, Índia, Estados Unidos e Indonésia, mas, como deveremos parar de crescer em 2039, há a possibilidade de países como Paquistão e Bangladesh passarem o Brasil em números de habitantes, por terem taxas de fecundidade maiores do que a nossa.

(Envolverde/Agência Fapesp)

Medidas para frear o aquecimento global

Por Redação da Revista Idéia Socioambiental

Integrar o Brasil em um movimento internacional de lideranças dedicadas a promover o desenvolvimento sustentável. Este é o principal objetivo da visita de Jim Garrison, presidente do State of the World Forum (SWF), ao Brasil, entre os dias 4 e 5 de março. Sua agenda inclui reuniões com empresários, líderes sociais e políticos, entre eles o presidente Lula, a quem Garrison convidará a participar em novembro do Fórum Mundial do SWF, junto com Barack Obama e Al Gore.

Trabalhando com o ex-presidente da extinta União Soviética, Mikhail Gorbachev, o historiador Garrison fundou o SWF em 1995 com o objetivo de sensibilizar as lideranças quanto a urgência da transição para uma economia sustentável. Nesse esforço, passou a defender políticas industriais que combinem estratégias para estimular energias renováveis e tecnologias limpas como forma de gerar empregos e recuperar a economia. "Todo país poderia se comprometer com a transição de combustíveis fósseis para renováveis. Essa mudança deveria ser feita não por medo ou sob pressão, mas no mesmo espírito do chamado de John Kennedy para colocar o homem na lua em 10 anos", defende.

Crítico em relação a mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL), Garrison defende a precificação do carbono, combinada com incentivos fiscais para tecnologias mais limpas. Segundo ele, esse é o caminho mais rápido para motivar o comportamento corporativo.

Na análise de Garrison, da maneira como está configurado, o sistema de captura e comércio de carbono é para o aquecimento global o que o escândalo da hipoteca subprime foi para o colapso do estado real. "Esse sistema não irá solucionar o aquecimento global. Somente permitirá que as corporações continuem o seu jogo de interesses, adiando a ação decisiva", afirma.

Em entrevista exclusiva a Ideia Socioambiental, Garrison avalia, entre outros temas, as medidas tomadas para frear o aquecimento global e a urgência da mudança de valores para criação de uma sociedade sustentável.
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Ideia Sociaombiental: Como as ações para frear o aquecimento global podem resolver a crise econômica mundial?

Jim Garrison: O mercado capitalista livre e não regulado está entrando em colapso por não ser ecologicamente realista. Os negócios se fundaram na crença do crescimento e desenvolvimento ilimitados, o que não é mais sustentável. Quando olhamos para frente, podemos esperar uma aceleração na produção de crises que surgem, aparentemente, em um lugar isolado, e reverberam ao redor do mundo com efeitos imprevisíveis, desestabilizadores e em cascata. A crise será forte e difícil de superar enquanto a civilização humana não criar um nível mais elevado de visão de futuro e antecipar uma nova era de negócios, baseada no alinhamento dos sistemas humanos com os sistemas naturais.

I.S: Na sua opinião, qual deveria ser o acordo pós-Kyoto. Como as responsabilidades pelo planeta deveriam ser divididas entre países desenvolvidos e emergentes?

J.G: Os acordos de Kyoto estão obsoletos. Eles foram baseados na suposição de que a humanidade tem décadas para resolver a crise do aquecimento global. Nada é mais urgente do que uma mobilização massiva de pessoas e ideias que possam compelir nossos governos e instituições internacionais a enfrentar o aquecimento global e a reforma de políticas que esse desafio implica.

Essa mobilização internacional daria propósito e significado para os planos que estão sob consideração de governos nacionais, direcionaria toda a economia global e proveria esperança para a comunidade internacional. Também seria possível superar a disputa internacional em torno da captura e comércio de carbono, e das reduções de emissões. Cada país conduziria suas próprias análises e traçaria seu próprio trajeto, com a meta de mudar para energias renováveis, essencialmente, dentro de dez anos.

I.S: Qual deveria ser a posição dos EUA na Conferência do Clima de Copenhague?

J.G: Tanto Barack Obama quanto Lula devem ter clareza de que seu legado na história será determinado pela forma como lidarem com as mudanças climáticas. Os EUA, como o maior poluidor com emissões de CO2, deveriam assumir a liderança, angariando o suporte internacional em Copenhague. Essa posição é essencial para alcançar o comprometimento global que tornará a mudança climática a mais importante prioridade em todo o mundo.

I.S: Quais são as principais oportunidades na área de empregos verdes?

J.G: Uma política industrial baseada em energias renováveis e tecnologias verdes irá simultaneamente aliviar a mais grave ameaça para a espécie humana e gerar um boom econômico. Barack Obama comprometeu sua gestão a eliminar a dependência dos EUA em petróleo estrangeiro dentro de 10 anos. Al Gore disse tornar toda a fonte de eletricidade norte-americana em energia renovável no mesmo período. Isso não é somente verdade para os EUA, mas também para o Brasil. De fato, todo país do mundo poderia comprometer-se com a transição de combustíveis fósseis para renováveis em até 10 anos. Essa mudança deveria ser feita não por medo ou sob pressão, mas no mesmo espírito do chamado de John Kennedy para colocar o homem na lua. A transição para uma economia sustentável pode ser feita desde que haja uma liderança visionária e desejo político.

I.S: É possível desenvolver tecnologias limpas para exploração do carvão, que é uma das propostas do plano de Barack Obama na área de meio ambiente e energia?

J.G: Um futuro sustentável não incluirá carvão ou energia nuclear. O desafio mais importante é gerar o comprometimento para mudar as bases das nossas economias de combustíveis fósseis para energia renovável. Precisamos nos comprometer para reduzir as emissões de carbono em 80% até 2020. Todas as novas fontes deveriam ser consideradas, desde campos de energia solar maciça, o cultivo de algas nos oceanos, que consomem grandes quantidades CO2, até o estímulo à produção de carros elétricos para eficiência energética.

I.S: Na sua opinião, o sistema de captura e comércio de carbono apresenta limitações? Quais?

J.G: O sistema de captura e comércio de carbono é para o aquecimento global o que o escândalo da hipoteca subprime foi para o colapso do estado real. Esse sistema não irá solucionar o aquecimento global. Somente permitirá que as corporações continuem o seu jogo de interesses, adiando a ação decisiva. O que precisamos é de uma taxa de carbono. Qualquer indústria que produz CO2 deveria ser pesadamente taxada enquanto ao mesmo tempo deveríamos dar incentivos fiscais para qualquer um que estiver desenvolvendo energia alternativa. Esse é caminho mais rápido para motivar o comportamento corporativo.

I.S: Qual é o papel do governo na transição para uma economia sustentável?

J.G: É papel do governo estabelecer políticas. Se o governo faz um comprometimento claro para tornar a economia sustentável dentro de dez anos, reforma a estrutura de taxas e impõe regras, a sociedade e o setor privado irão participar. Sem uma política governamental clara, a atual situação prevalecerá e a catástrofe será o resultado.

I.S: Os EUA podem reintroduzir um novo estilo de vida, baseado na sustentabilidade em substituição ao "American way of life" que é insustentável em uma escala global? O senhor vê algumas indicações de mudança? Quais?

J.G: A mudança mais empolgante que toma lugar nos EUA é a emergência de novos valores. Isso é o que está por trás da eleição de Barack Obama. Sociólogos têm estudado o fenômeno do "Cultural Creatives". Esse grupo é essencialmente constituído de pessoas que tem participado de movimentos sociais de conscientização desde a Segunda Guerra Mundial. Entram nessa lista os movimentos ambiental, feminista, trabalhista, em defesa dos direitos civis, pela paz, justiça social, de comida orgânica e de cuidados alternativos com a saúde, de uma nova espiritualidade e de crescimento pessoal, entre outros. O Cultural Creatives já conta com mais de 70 milhões de adeptos nos EUA, excedendo substancialmente o número de conservadores sociais e financeiros.

Pela primeira vez em mais de 600 anos - desde a Renascença -um novo sistema de valor chega à civilização ocidental, em nível global e simultaneamente. Essa é uma ocorrência histórica rara e terá implicações tão profundas na cultura americana e mundial como a emergência da Renascença no século 16 teve sobre a Itália e toda a Europa.

I.S: Como as pessoas devem ser educadas para uma sociedade sustentável?

J.G: Tornar nossas economias sustentáveis requer uma mudança completa de pensamento, valores, ações e intenções. Primeiro, devemos entender que se trata de um problema de dimensão planetária e estamos todos no mesmo barco. Segundo, precisaremos envolver uma incrível variedade de populações mundo afora e um espectro amplo de organizações de cada setor da economia, governança e sociedade civil para qualquer ação ter êxito. Terceiro, não podemos tratar qualquer um ou qualquer grupo isoladamente, tentando resolver um problema de cada vez. Quarto, o sucesso prático em realizar ações será auxiliado por estratégias e o uso integrado de toda nossa tecnologia, liderança, planos, valores e ações individuais e coletivos.

I.S: O que o senhor está lendo agora? Quais pensamentos na área de sustentabilidade têm lhe inspirado?

J.G: Acredito que o livro mais importante que todos deveriam ler é o Plan B 3.0, de Lester Brown, fundador do Earth Policy Institute. Nele, o autor recomenda uma série de soluções, incluindo a redução de nossas emissões de carbono em 80% para 2020, que - se implementadas - mudariam as bases de nossas economias de combustíveis fósseis para energia alternativa. Brown está convencido, como muitos estão, de que a mudança climática está agora arriscando a civilização humana e que devemos agir decisivamente e imediatamente para resolver a crise. Seu Plano B 3.0 deveria ser uma leitura obrigatória para formular estratégias de mudanças coletivamente.

(Envolverde/Revista Idéia Socioambiental)