terça-feira, 31 de maio de 2011

sábado, 28 de maio de 2011

Mostre quem manda presidente

Leio que a presidente andou ameaçando demitir ministros do PMDB. Demita presidente, mostre quem manda!

Uma presidente pouco generosa

Não iria demorar muito e o PMDB iria externar a sua insatisfação, com o que consideram, o pouco espaço que ocupam no governo Dilma. Ao que parece a presidente não se mostrou disposta a repetir o comportamento generoso de seu antecessor com o PMDB.

Eduardo Galeano - Destino da América Latina

José Saramago - O pecado é um instrumento de controle

Da casa do lobby ao apartamento da empresa

Miguel Reale Júnior - O Estado de S.Paulo


O recente affaire Palocci apresenta um significativo paralelismo com o sucedido com Francenildo dos Santos Costa, caseiro da chamada "casa do lobby" em Brasília, alugada por ex-assessores da prefeitura de Ribeirão Preto para negócios e prazeres. O então ministro da Fazenda, em 2006, negou que frequentasse a casa. Convocado para depor na CPI dos Bingos, Francenildo desmascarou o ministro até ser calado por mandado de segurança, em decisão absurda do Supremo Tribunal Federal, na qual se considerou que, por suas "condições culturais", o caseiro não teria como contribuir para o esclarecimento dos fatos.


Não bastou o silêncio imposto pela Justiça que desqualificou o homem humilde, era necessário desmoralizá-lo. Dois dias depois, o caseiro teve o sigilo bancário violado pela Caixa Econômica Federal, subordinada ao Ministério da Fazenda, como tentativa de desacreditar a sua palavra.

Com precipitação, festejou-se o encontro de depósitos de R$ 25 mil e concluiu-se, apressadamente, ter sido o caseiro comprado. Para o governo, a violação praticada seria pecado venial, diante do pecado mortal da compra da declaração do caseiro por inimigos do ministro.

Os súcubos do ministro, após violarem o sigilo bancário, deram a órgão de imprensa a tarefa de espalhar a calúnia. Para dar ares de legitimidade à acusação leviana o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mandou ofício à Polícia Federal, no dia seguinte à quebra do sigilo, aventando a possibilidade de ocorrência de lavagem de dinheiro.

O tiro saiu pela culatra. O homem simples era honesto, recebera a importância de seu pai e fora submetido ao mais puro arbítrio do Estado, em grave uso abusivo do aparelho estatal. Francenildo, em lição de moral agora esquecida pelo atual ministro da Casa Civil, disse depois, ao depor na Corregedoria do Senado: "O lado mais fraco não é o do caseiro, é o da mentira. Duro é falar mentira que você tem de ficar pensando. A verdade é fácil".

O Supremo Tribunal Federal, por cinco votos a quatro, entendeu não haver provas da participação do ministro no crime de quebra do sigilo, pois "o suposto interesse de Palocci em ter desacreditado o depoimento do caseiro à CPI dos Bingos não basta para que ele seja responsabilizado, se não há provas concretas". Em suma, os cinco votos a seu favor reconheciam que não quebrara o sigilo, mas recebera os dados bancários e aceitara a prática do crime que pretensamente o beneficiava.

Agora, os fatos também se apresentam por detrás de um biombo que esconde a verdade. Após ter saído do governo Lula, Palocci fundou empresa com sua mulher. Depois, em dezembro de 2006, alterou-se o objeto social para consultoria financeira e econômica, tendo Palocci, do capital de R$ 2 mil, cotas no valor de R$ 1.980 como sócio e administrador. O outro sócio, um jovem economista, detinha apenas cota no valor de R$ 20. Em dezembro de 2009 o capital foi alterado para R$ 52 mil, dos quais Palocci tinha cotas correspondentes a R$ 51.980 e o jovem economista (presença necessária para a inscrição da empresa no Conselho Regional de Economia) continuava com os mesmos R$ 20. Em setembro de 2010, aumentou-se o capital para R$ 102 mil e Palocci passou a ter R$ 101.960 e o economista, R$ 40.

Em novembro de 2010, eleita Dilma Rousseff, de cuja campanha Palocci fora coordenador, bem como o responsável pelo processo de transição, a mesma firma de consultoria recebeu vultosos pagamentos. O lucro não foi distribuído, pois a empresa, que se confunde com seu sócio majoritário, comprou imóveis, um deles o apartamento para uso de seu administrador, avaliado em mais de R$ 6 milhões.

Em informação obrigatória prestada à Comissão de Ética Pública da administração federal, o já ministro da Casa Civil informou ser possuidor de cotas de empresa agora com objeto social modificado, não mais de consultoria financeira e econômica, mas de administração de imóveis. É apenas uma parte da verdade, pois o ministro informa ser titular de 99,99 cotas de uma empresa de administração de imóveis cujo capital é de R$ 102 mil. No entanto, usufrui valioso apartamento adquirido por sua empresa, investimento alheio totalmente ao objeto social da companhia, do qual passou a ser ocupante, sem notícia de que pague pela locação do imóvel. É um consabido subterfúgio de possuir um bem sem constar diretamente como proprietário.

Se não fosse a denúncia efetivada pela imprensa, nada do patrimônio real do ministro-chefe da Casa Civil seria sabido. E dele apenas se ouviram pedidos de respeito à confidencialidade, que tanto desprezara com relação ao humilde caseiro Francelino.

O Código de Conduta da Alta Administração Federal, de cuja elaboração participei como membro da Comissão de Ética, timbra ter por finalidade que a sociedade possa aferir a lisura do processo decisório governamental, motivo pelo qual busca evitar conflitos entre interesses públicos e privados. Por isso estabelece o Código de Conduta que, além da declaração de bens, cabe ao administrador público dar informações sobre sua situação patrimonial que, real ou potencialmente, possa suscitar conflito com o interesse público. Saber, portanto, quais foram os clientes dessa empresa de consultoria financeira administrada e pertencente, em 99,99% da cotas, a um médico sanitarista, em serviços pagos quando já previsto como forte ministro, é essencial para se poder ter a transparência visada pelo Código de Conduta.

Como dizia Francenildo, "duro é falar mentira que você tem de ficar pensando", e para não pensar os líderes do governo decretam infantilmente: "O episódio está encerrado". Chega de cinismo: o episódio apenas começa e deve-se é desvendar a verdade para verificar se houve ou não novamente abuso e tráfico de influência, que podem contaminar a confiança no atual governo.


ADVOGADO, PROFESSOR TITULAR DA FACULDADE DE DIREITO DA USP, MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS, FOI MINISTRO DA JUSTIÇA

Simon x Sarney

Senador Pedro Simon continua firme, bate em Sarney dia sim, no outro também. Mande bala senador!

Renascer tucano

Tucanos renascem na desgraça alheia. Bastou vir a público um pouco da privada do senhor Palloci para que os tucanos renascessem das cinzas.

Filosofia: Herbert Marcuse

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Paralização dos Professores em SC

Piso Salarial - Professores (07/04/11)

"Ler devia ser proibido"

Historia del Petroleo (1)

Família brasileira se endivida mais

Família brasileira se endivida mais
É de se perguntar a que preço a economia continua aquecida já que quase 65% das famílias brasileiras estão endividadas. Foi o que apontou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), responsável pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). O porcentual das famílias que declararam ter dívidas aumentou para 64,2% em maio, ante 62,6% em abril. E olha que os juros continuam subindo. O cartão de crédito foi apontado como um de seus principais tipos de dívida para 71,8% das famílias endividadas. Em seguida aparecem os carnês (20,7%) e crédito pessoal (12,4%). Pelo menos as pessoas parecem estar deixando de usar tanto o cheque especial, cujos juros também são estratosféricos. E você o que faz para controlar seu orçamento? Porque não adianta consumir além da capacidade financeira, pois uma hora a dívida estoura.



Escrito por Maria Inês Dolci

O calote das mulheres

O calote das mulheres
Já sabemos que as mulheres, em geral, são mais consumistas. Não resistem às seduções do mercado de consumo e, agora, passaram a liderar os calotes. Dados da Confederação Nacional de Dirigentes Logistas (CNDL) apontam que, em abril, as mulheres superaram os homens nas dívidas não pagas, com 55,85% dos registros de inadimplência no varejo, enquanto os homens responderam por 44,15%. Entre todos os consumidores, em comparação com o mesmo mês do ano passado, houve crescimento de 3,5% no volume de registros por falta de pagamento. Com as taxas de juros cada vez maiores, o aumento de juros e pressão inflacionária, precisamos conter o impulso de consumo para evitar o endividamento. Temos que fazer como os idosos. A menor incidência de calote está entre os maiores de 65 anos, com 7,56% do número total de dívidas.Será que sair sem o cartão de crédito não ajuda a evitar o descontrole das finanças pessoais?



Escrito por Maria Inês Dolci

Santa Catarina 100 Anos de História

1989: Color x Lula no 2º turno

Eleições 2002: Um marco na história recente do país

Eleições 2010: PT versus PSDB pela quinta vez

As eleições de 2006

terça-feira, 24 de maio de 2011

Depoimento da professora Amanda Gurgel

Matando Hitler 4/5

Matando Hitler 5/5

A ditadura caiu por causa da ação do PMDB?

Ouço um historiador dizer que a ditadura caiu por causa da ação do PMDB. Não use esse título de historiador para falar besteira.

São mesmo insuperáveis

Tucanos prometem trabalhar dia e noite para perder mais uma eleição presidencial em 2014. São mesmo insuperáveis.

Oposição de pelúcia

Na campanha os tucanos produziram uma peça de propaganda onde diziam que o Brasil não era do PT. Acontece que por covardia, nem tiveram coragem de colocar no ar, a dita peça pubilicitária, fiéis a um tipo de oposição de pelúcia os tucanos feizeram de tudo para perder a eleições e foram bem sucedidos

Os mineiros que o embalem

Os mineiros que deram palco para Aécio Neves que o embalem, não joguem para o restante dos brasileiros sustentar essa mala.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Mapas do anti-tesouro

Mapas do anti-tesouro

Uma das antinomias mais fundamentais de nosso tempo é que a maioria das pessoas leva a vida de maneira a não pensar sobre a própria vida. Não pensamos no porquê de sermos submetidos a tudo que estamos passando, a todas as mazelas diárias que nos recaem sobre os ombros, sobre como chegamos aqui, e o que deveríamos fazer para abandonar este lastimável estado. Ou, quando muito, somos motivados somente a pensamentos frugais, insípidos e inconsequentes sobre nossos problemas. Quiçá seja a pobreza, a violência, o trânsito, os governos, os amores e falsos amores, o trabalho, os impostos. Sempre somos condicionados a refletir de maneira obliterada, não dando o passo seguinte para chegarmos ao cerne do que nos estorva.
Àqueles que pensam, àqueles que ainda se dedicam a gastar seu tempo e humor com estes problemas, acabam, na maioria das vezes, divagando sobre o evanescente da questão. Pegue-se o exemplo dos impostos. Claro, todo mundo reclama que paga muito, eu também não estou feliz com tal situação. Porém, é uma reclamação em si mesma inócua: há de se dar o salto seguinte e ver para onde a grande soma de impostos arrecadados esta sendo direcionada – porque, obviamente, é este grande gasto que gera a necessidade de uma grande arrecadação. Podemos ficar com o discurso (condicionado e) burro de que nossos impostos vão para a corrupção. Ela evidentemente existe, mas não é responsável por tamanha arrecadação.
O problema dos impostos tem principalmente duas fontes. A primeira é o “carinhoso” atendimento aos rentistas, que consomem com os juros da dívida pública 1/3 da arrecadação do governo. Isto para sequer conseguir pagar os juros da dívida. Aí, não há impostos que bastem, se 1/3 deles não pagam sequer os juros de um único gasto.
A segunda fonte de escoamento de nosso suado dinheiro através dos impostos se dá através da malversação dos recursos, no desperdício, na indolência. Por exemplo, àqueles mil funcionários públicos existentes numa universidade onde necessitariam quinhentos. ¿Metade deles deveria ser despedida? Não, deveria atender outro campus de mesmas proporções, atendendo o dobro dos alunos atuais. Trabalho há, necessidades há, há muito que construir, que obrar – é só aplicar onde se necessita.
¿Por que, poderia se perguntar, estes dois assuntos não são resolvidos? ¿Por que a imprensa, os atores sociais, os governos não conseguem resolver estas insistentes pendências?
Por um lado, não resolvem porque dá muito trabalho verificar em qual local a dedicação no trabalho dos funcionários públicos é correta e exemplar – e várias vezes, a despeito de todo esforço, ainda não conseguem dar cabo do trabalho que lhes é atribuído devido às precárias condições a que são submetidas – daquele outro grupo infeliz que não cumpre com suas responsabilidades. Dá trabalho diferenciar o joio do trigo, então, jogam todos no mesmo balaio.
Por outro lado, os juros e os gastos com a dívida não são o que deveriam, porque quem de fato manda no país é uma plutocracia rentista que não deixa seus interesses serem obstados com a atual correlação de forças da sociedade brasileira – sendo grande parte da imprensa o braço mais extenso e nocivo desta elite maldita.

Pois bem, mas não era sobre os temas nefastos, nem sobre as causas falsas e as reais de nossos problemas que eu gostaria de debater neste escrito.

Como são muitos os interesses, muita lama para todo lado, muitas discussões, muitas acusações e pouco progresso, o que calha é que a maioria das pessoas simplesmente ignora tudo, e deixa de pensar nos principais temas que grassam na sociedade.
Vão pensar em pagar a conta do fim do mês, como conseguirão mudar de carro, se conseguirão mudar para um bairro melhor, se conseguirão aquele emprego ou a sonhada promoção, se conseguirão passar no vestibular, etc., sem pensar no que de fato importa, sem pensar em como chegamos todos neste estado deplorável que estamos. As pessoas vão tentando resolver sozinhas problemas que são coletivos. Todos querem “subir na vida”, mas conforme as coisas se dão hoje, esta conta não bate.
Afora o fato de o planeta não resistir que todos consumam muito – então a solução seria, pra começo de conversa, que os que mais consomem reduzissem seus desperdícios, de modo que os paupérrimos pudessem elevar seu nível de conforto, gerando uma média adequada, sem destruir de vez a natureza. Mas não, vamos todos à guerra (cada um do seu jeito), querendo mais e mais.
E, mesmo dentro deste conceito de querer mais, ¿como todo mundo vai subir, se a ponta da pirâmide é estrita? Nem todos conseguirão se “dar bem”, se quem esta no topo mutila – com uma katana mais do que afiada – as cabeças dos que desejam tirar dos abastados o quinhão que é de direito dos mais humildes e, se quem esta embaixo, ao invés de cumprir com sua responsabilidade, ao invés de tocar fogo, de implodir este Titanic apodrecido, ao contrário, só faz de tudo é para sentar na primeira classe dele... De fato, estamos perdidos.
E o navio continua afundando.


Mudando radicalmente a visão sobre o mesmo assunto, abandonando momentaneamente o materialismo, podemos também observar que esta busca, praticamente qualquer busca que as pessoas fazem, é fundamentada em valores equivocados.
¿Quais são estas buscas? Infelizmente, os valores de fato estão presentes no núcleo da vida das pessoas. Mas os valores monetários.
Eu tenho que estudar, eu tenho que trabalhar, me portar de certo modo, suprimir o que sinto, repreender quem expressa o que pensa, enfim, praticamente deixar de ser humano e passar a ser um autômato. ¿E pra que isto tudo? No fim das contas, tudo pra ganhar dinheiro.
Estudar para ter o melhor emprego – não para crescer como pessoa, aprender sobre o que nos rodeia, aprender a dizer não e dizer sim, a olhar para o lado, aprender a querer aprender.
Trabalhar para sustentar você e os seus da maneira mais luxuosa e suntuosa que consiga (a começar pelo carro) – e não ter um trabalho que te realize, não para deixar uma obra aqui na terra que faça sua vida ter valido a pena.
Portar-se de certo modo, porque é isso o que as pessoas esperam de você (a começar pelos próprios familiares e amigos) – qualquer coisa que puxe para o outro lado pode pegar mal para sua vida, pode ser mal avaliado, mal quisto, mal interpretado, etc., e isto pode trazer consequências danosas para seu futuro.
Suprimir o que sente, repreender quem diz o que pensa – se eu tenho é que ganhar dinheiro para poder ter coisas, consumir, comprar, gastar, é evidente que eu não poderei buscar prioritariamente a minha satisfação nos meus relacionamentos, terei de buscar o dinheiro para chegar a tal satisfação – e as relações, todas elas, até mesmo um casamento, acabam se tornando relações burguesas. Afinal de contas, ¿quem, dentre outros fatores, não considera a condição financeira do parceiro que vai escolher para toda a vida? Avaliemos com isenção: ¿Tem cabimento uma coisa dessas? Nós considerarmos de maneira significativa para nossa felicidade não só o amor, o carinho, a dedicação, o respeito, a entrega, o apoio, mas, como um dos itens mais significativos, a condição financeira que aquele parceiro pode nos proporcionar. ¿Não é uma especie de prostituição?

Sem analisar refletidamente, apenas seguindo de maneira burra, aleatória, feito um porco que caminha olhando para o chão, sem parar pra pensar, as pessoas vão construindo suas vidas com um foco bastante obtuso: não é a sua própria felicidade que buscam, mas a arrecadação de dinheiro – que lhe acarretaria a almejada felicidade.
Não escrevo para deplorar o desejo de se ter mais conforto. O que ocorre é que, não temos aquilo que merecemos ter porque há uma porra de uma elite daninha levando nosso pedaço do bolo, deixando-nos ingratas migalhas. E, por outro lado, não somos tão felizes quanto podemos porque buscamos somente o dinheiro, e não a felicidade em si. Não atingimos nem uma coisa, nem outra.
Não é à toa que as pessoas estão sempre correndo atrás de algo, nunca satisfeitas, nunca em paz, nunca as coisas que possuem são suficientes. E, pasmem, a felicidade, que deveria ser o objetivo de uma vida, nunca é alcançada, pois não há descanso.
Um exemplo que posso citar é aquela pessoa que se priva intensamente para juntar dinheiro e comprar um belo carro novo. Porém, assim que ela saiu da concessionária, esta pessoa na verdade já tem um carro usado. E então, menos de um ano depois já esta querendo outro, mais moderno, mais potente, mais bonito. E esta angústia do ter, esta necessidade de sua vaidade ser preenchida de alguma forma material não se sacia nunca, posto que sempre há algo melhor a ser adquirido. Como bem li certa vez, novidade é aquilo que não envelhece, como a beleza de uma montanha ou de um pôr-do-sol.
Outro exemplo é o daquela pessoa que trabalha o ano inteiro, engolindo todos os sapos possíveis, esporros, cobranças, falatório, concorrência desleal de seus pares – que atravessam, pasmem, os mesmos problemas, e ao invés de se unirem, atacam-se mutuamente –, se esforça de segunda à sexta feito uma mula, ainda demorando a chegar em casa por causa – afora a extensa carga horária do trabalho – de um trânsito desgraçado, e, ¿o que faz com todo seu suado recurso que conseguiu juntar? Compra um carro - pra ficar praguejando deste mesmo trânsito - ou faz uma viagem ao exterior que dura cinco dias.
Tudo que fez, tanto tempo desperdiçado, tanto esforço, tanta entrega, tanta raiva passada, para que se consiga – de fato – viver apenas durante cinco dias em um ano inteiro.
¿É triste, não?

Então posso perguntar: ¿este caos em que estamos é uma causa da falta do pensar, ou uma consequência? ¿Como poderíamos nos livrar destas âncoras que nos afundam? ¿A quem pedir socorro, se os céus respondem com seu inexorável mutismo? Não sei, não tenho estas e tantas outras respostas, o que apenas realmente consigo fazer é observar o que me rodeia, olhar sem fechar os olhos, sem me omitir, sem me perverter, sem deixar de tentar fazer aquilo que julgo – dentro de minhas severas limitações – correto. Sei que penso um tanto, e da minha parte digo que dói bastante.

Há muitos buracos no casco e apodrecimento das estruturas do barco em que vamos indo. Há muitas âncoras e poucas velas. Não vejo bóias ou colete salva-vidas. E a água que entra pelo Titanic já ultrapassou meu nariz faz tempo.



Doney