domingo, 27 de fevereiro de 2011

Novo Telecurso - E. Fundamental - Geografia - Aula 42 (1 de 2)

Novo Telecurso - E. Fundamental - Geografia - Aula 41 (2 de 2)

Isolada, ex-prefeita Luiza Erundina ameaça deixar o PSB

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

A possível chegada do prefeito Gilberto Kassab, que prepara a saída do DEM, ameaça provocar uma baixa histórica no PSB. Desiludida, a deputada Luiza Erundina (SP) promete deixar o partido se o flerte for consumado.

Ela anunciou a decisão à Folha na noite de anteontem. Em tom de desabafo, acusou a direção da sigla de desprezar os ideais socialistas ao negociar a filiação de Kassab, que planeja levar aliados como o vice-governador Guilherme Afif (DEM).

Alessandro Shinoda/Folhapress

Desiludida, a deputada Luiza Erundina (SP) promete deixar o PSB se for confirmado que Kassab irá para o partido
"Eles representam forças claramente conservadoras, de direita. Se forem aceitos, não terei mais espaço no partido. Não terei razão para estar nele", afirmou Erundina.

Aos 76 anos, a primeira mulher a governar a capital paulista (1989-92) não poupou adjetivos para atacar a aproximação: "absurda", "inconsequente", "incoerente". Prometeu lutar "até o fim", mas admitiu ter poucas chances de brecá-la.

"Já estou isolada no partido há muito tempo. Se isso acontecer mesmo, não vou mais respirar politicamente no PSB", sentenciou.

"Não digo que serei um incômodo para eles porque não estarei mais lá. Se for o preço a pagar, não tem importância. Não vou transigir com o que acredito."

Filiada ao PSB desde 1997, Erundina disse que a negociação ameaça rebaixar os socialistas ao papel de linha auxiliar do ex-presidenciável José Serra (PSDB) na disputa com outro tucano, o governador Geraldo Alckmin.

"O PSB não pode ser barriga de aluguel. Kassab é o plano de Serra para derrotar Alckmin. É um pedaço do PSDB tentando derrubar outro pedaço do PSDB."

Para ela, os personagens em jogo são "absolutamente incompatíveis" com a história do PSB e não podem militar num partido que "tem o S de socialista no nome".

"Se admitir isso, o partido vai passar da esquerda para a direita. O DEM sustentou a ditadura militar, que nos impôs tortura, exílio e desaparecimentos. É uma mistura que a química não admite."

A ex-prefeita também criticou a aposta em candidatos sem identificação com o partido, como o recém-eleito deputado Romário (PSB-RJ).

"Está havendo uma frouxidão além do razoável. Isso não é crescimento, é inchaço. Inchaço é doença, e essa doença vai matar a identidade do partido."

Reeleita para o quarto mandato com 214 mil votos, Erundina mantém a força nas urnas, mas sofre derrotas em série na legenda.

Em 2008, foi impedida de se candidatar a vice na chapa de Marta Suplicy (PT) a prefeita. No ano passado, não impediu o PSB de bancar a candidatura ao governo paulista do empresário Paulo Skaf, presidente da Fiesp.

No último revés, foi obrigada a engolir a adesão do presidente regional do partido, Márcio França, ao secretariado de Alckmin. "Ele decide tudo sozinho. Não faz consultas, não comunica nada a ninguém. Age como se fosse o dono do PSB."

Apesar do pessimismo, Erundina ainda sonha em convencer o presidente nacional do partido, o governador pernambucano Eduardo Campos, a interromper a negociação com Kassab.

Ela evitou antecipar os próximos passos em caso de nova derrota. "Se for para disputar pelo poder pelo poder, poderia estar no PT, que é um partido maior e que ajudei a fundar", disse.

"Essas coisas não me motivam a permanecer na política. Não preciso disso, não tenho nada a ver com isso."

Novo Telecurso - E. Fundamental - Geografia - Aula 39 (1 de 2)

Novo Telecurso - E. Fundamental - Geografia - Aula 35 (2 de 2)

Novo Telecurso - E. Fundamental - Geografia - Aula 35 (1 de 2)

"METRÓPOLIS" ENTREVISTA JOSÉ SARAMAGO

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Los Amos del Mundo Parte 4

Los Amos del Mundo Parte 3

Los Amos Del Mundo - part 2

Los Amos Del Mundo - part 1

Homenagem ao Dia da Sogra

MAIS UMA BELA



Ativista de si mesmo

Ativista de si mesmo

Dora Kramer, O Estado de S.Paulo

Luiz Inácio da Silva adora uma invenção de moda: inventou uma herança maldita hipoteticamente recebida do antecessor que acabara de lhe propiciar uma fase de transição civilizada como nunca antes neste país; inventou a Presidência espetáculo e agora dá sinais de que inventará a ex-Presidência esfuziante.

Avisa que participará de protestos, à exceção daqueles cujo alvo for o governo de Dilma Rousseff, e liderará uma campanha pela reforma política, com Constituinte exclusiva se preciso for.

Anuncia-se como arauto da liberdade de imprensa; proclama que lutará pelo povo pobre mundo afora e que fará política em tempo integral a partir de seu instituto com sede em São Paulo e sucursais a serem montadas em outros Estados.

São tantas as atividades a que se propõe como ex-presidente que já se desenha no horizonte a figura do ativista de si mesmo.

Na verdade, nada muito diferente do que fez nos oito anos como presidente da República. Período durante o qual não comprou uma só briga com setores cuja insatisfação poderia impedi-lo de construir a popularidade e a rede de sustentação política que construiu com pleno êxito.

Ao custo de avanço significativo nenhum em saúde, educação, infraestrutura, segurança pública, setores essenciais para que o Brasil consiga com sucesso prosseguir na trajetória ascendente dos últimos anos e chegar a uma condição satisfatória de desenvolvimento.

Evidentemente, a nova presidente terá de fazer frente a esses e a outros desafios.

Lula cuidou muito bem da própria biografia. Propagandeou o que fez e o que não fez. Falou dia e noite bem de si, contando para isso com o espaço natural de que dispunha como chefe da Nação nos meios de comunicação.

Pelo jeito, prepara-se para continuar em cena, criando fatos que o coloquem em constante destaque, instalando-se no centro de uma hipotética assembleia permanente a partir da qual possa continuar como protagonista.

Claro, dependerá da disposição da imprensa de criar uma espécie de "editoria Lula". Fará de tudo para isso.

Com qual objetivo? O pessoal tanto pode vir a ser uma futura candidatura à Presidência ou, como aventou outro dia um bom observador da cena, a governador de São Paulo a fim de tentar derrubar de vez a cidadela mais poderosa do PSDB.

O objetivo político mais geral está claro: consolidar um projeto de poder a partir da construção da hegemonia definitiva do PT.

Vida como ela é. Mal terminaram as eleições, o governador do Rio, Sérgio Cabral, abriu campanha contra a "hipocrisia e a demagogia" defendendo a descriminalização do aborto e a legalização do jogo.

Causas pertinentes se bem pesadas e medidas em face das demandas da sociedade e da precaução do Estado como guardião da legalidade e do bem-estar da coletividade.

Por isso mesmo, temas que governantes e candidatos a representantes populares deveriam debater em público preferencialmente antes de se submeterem a voto. Para não padecerem dos males da demagogia e da hipocrisia pré-eleitoral.

Os amigos de Khadafi

Rogério Simões

O líder líbio, Muamar Khadafi, sempre pareceu invencível e incontestável em seu país natal. Mesmo quando o espírito revolucionário tomou conta da Tunísia, a possibilidade de que o regime na vizinha Líbia também seria ameaçado era relativamente remota. Mas o impressionante levante no Egito, que derrubou o antes todo-poderoso Hosni Mubarak, mostrou que todas as alternativas estavam na mesa no mundo árabe. Inclusive a queda de Khadafi.

Entretanto, o coronel que se instalou no poder em 1969, por meio de um golpe de Estado, é um sobrevivente. Com mais de 40 anos na chefia de sua nação, Khadafi já foi considerado um pária na comunidade internacional, por causa de seu apoio a ações terroristas, mas também teve muitos e importantes amigos, dos mais diversos. Nos anos 70 e 80, o seu regime, que se considerava revolucionário, fez alianças com outros grupos que lutavam contra forças vistas como opressoras ou imperialistas. Um deles foi o IRA (Exército Republicano Irlandês), que foi armado pelas forças de Khadafi, melhorando com isso sua capacidade de atacar alvos britânicos dentro e fora da problemática província. Martin McGuiness, figura central na resistência republicana e atual ministro do governo local da Irlanda do Norte, condenou nesta semana as ações do regime líbio contra protestos no país. Mas disse não se envergonhar das ligações passadas entre seu movimento e Muamar Khadafi. A mesma postura sempre tomou o respeitado ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, que pouco depois de sair da prisão visitou a Líbia e falou publicamente da gratidão que o seu movimento contra o apartheid tinha com Khadafi. Sempre chamando o líder líbio de "irmão", Mandela o recebeu na África do Sul em 1999, quando reafirmou sua amizade com o famoso ditador.

Nos últimos anos, mais precisamente depois da invasão do Iraque em 2003, o líder líbio passou a atrair novos e surpreendentes amigos. Estados Unidos e Grã-Bretanha se aproximaram do coronel, que resolveu renunciar a qualquer programa de armas de destruição em massa. Os governos de George W. Bush e Tony Blair decidiram celebrar publicamente a nova amizade. Blair apertou a mão de Khadafi em solo líbio em 2004 e até muito recentemente apresentava a aproximação de Londres com a Líbia como uma consequência positiva da invasão do Iraque. O mesmo pensava o governo Bush: a visita da então secretária de Estado americana, Condoleeza Rice, a Trípoli, em 2008, foi descrita por Washington como "histórica". É verdade que Rice anunciou como nova política dos Estados Unidos para o mundo árabe a promoção da democracia, dizendo que o patrocínio de ditaduras locais não havia levado estabilidade à região. Mas o discurso não levou a boicotes ou pressões mais duras por abertura nos regimes mais autoritários, como o de Muamar Khadafi, pelo contrário.

No caso britânico, Londres aumentou significativamente sua relação comercial com Trípoli, e a decisão da Justiça escocesa de libertar o único condenado pelo atentado contra o avião da Pan Am em 1988 irritou até os americanos. O sinal enviado pelas potências ocidentais foi de que o regime autocrático de Khadafi não era um problema. Contanto que ele estivesse disposto a colaborar politicamente no cenário internacional, seu regime não seria combatido, até porque os líbios são exportadores de petróleo. O estabelecimento de um regime democrático nunca esteve na pauta dos amigos de Khadafi, fossem eles o IRA, Mandela, Blair ou outros ditadores árabes. O coronel era para alguns um companheiro revolucionário e para outros um aliado de conveniência. Para o povo líbio, no entanto, Khadafi tem sido, há 42 anos, a única versão de governo disponível, uma autoridade onipotente em uma nação de relações tribais, sem partidos políticos. As circunstâncias da rebelião contra o regime são diferentes das vistas na Tunísia e no Egito, mas o motivo central não muda: o cansaço de ser governado pela mesma pessoa por tanto tempo.

Charge


Ladislau Dowbor - O desemprego - 2005

A professora Arlene Elizabeth Clemesha da USP fala sobre o Egito no Jorn...

A professora Arlene Elizabeth Clemesha da USP fala sobre o Egito no Jorn...

A Verdade sobre a Crise no Egito que muitos omitem - Parte 2 de 2

A Verdade sobre a Crise no Egito que muitos omitem - Parte 1 de 2

Homenagem ao Dia da Sogra

José Murilo de Carvalho-Entrevista-2

José Murilo de Carvalho-Entrevista-1

A revolta contra Kadhafi continua

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

La CIA 5 de 18

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Alegria! Alegria!

Pode parecer incrivelmente absurdo. Mas a vida é assim mesmo cheia de absurdos que raiam a incredulidade. Depois de noventa anos, repetindo-se quase incansavelmente, que o mundo estaria dividido em dois e que o primeiro deles era o mundo socialista em ascensão, onde jorrava leite e mel, e o segundo era o mundo capitalista em decadência, onde se alastravam a fome e a miséria. Após noventa anos de tão absurda mentira, a queda do Muro de Berlim deixou clara a inconsistência desse discurso. Desprovidos de qualquer outro, grande parte da esquerda tradicional procurou se refugiar nas academias buscando, na linguagem hermética e erudita, mais uma vez ludibriar parecendo lamber suas feridas. Não se sabe se enganado ou se enganando. Sabe-se que esses discursos carecem, profundamente, de qualquer fundamentação. A verdade consiste no fato de que, nos embates políticos cruciais, as forças do socialismo foram tragicamente derrotadas pelas forças do capitalismo. Aí sim, está o ponto de partida da verdade e ela resume-se em dizer que fomos derrotados. Isso mesmo! Devemos assumir em toda nossa plenitude as nossas derrotas. Buscar as suas causas. E tentar daí, levantar-se para uma nova luta e escamotear, mentir, fraudar, fantasiar, ludibriar. Não é a saída correta, embora seja a saída frequente.


O escabroso de tudo é que um segmento da esquerda não assume discurso nenhum, ou melhor, assume o discurso de que a culpa é do inimigo que não nos deixou lograr a vitória. Enquanto isso essa gente mal formada ou informada pratica um esporte suicida. Postam-se diante de suas telinhas de televisão a torcer pela derrocada do “diabo”, “a queda do império do norte”. Ontem, exultantes de alegria, comemoravam de forma mal disfarçada a destruição das torres gêmeas. Depois de outros entreveros vem a alegria da crise financeira norte americana, irlandesa, grega, portuguesa e espanhola. É o mundo sucumbindo e nós pulamos de alegria, sem perceber que junto a ele estamos também indo precipício abaixo. Alegria! Alegria!
Gilvan Rocha

Como empregar-se sem emprego

Por Gabriel Perissé

O melhor momento para procurar emprego é quando se está empregado. Seja um executivo de prestígio ou um funcionário modesto, seja um profissional liberal ou um balconista, todos estamos pressionados pela dificuldade de encontrar uma resposta salarial para a nossa capacidade de criar, produzir e vender. Agora, aviso prévio começa no primeiro dia de trabalho. Quem espera o desemprego para procurar emprego não entendeu a nova (des)ordem social.

Independentemente das desejáveis (e sempre adiadas) soluções políticas e econômicas, todos nós, de algum modo, estamos aprendendo (ou devemos aprender) a suar o rosto de novas formas, às vezes não tão dignamente como antes, às vezes mais criativamente do que antes. Vantagens e desvantagens que não compõem uma equação matemática.

Independentemente das críticas à mentalidade individualista, egoísta, narcisista, norte-americanista, calvinista e desumana do self-made man, não é de todo mal lembrar que a meritocracia tem lá os seus méritos...

Independentemente da necessidade de os governantes e empresários aprenderem o valor da ética e (por que não?) o valor dos valores cristãos, vale a pena dar tratos à bola e procurar saídas caseiras, inteligentes e honestas antes de atingirmos uma radical justiça para todos, de preferência pelos caminhos democráticos, justiça pela qual devemos lutar sem desânimo.

Com todas essas ressalvas, ler o livro Empregue seu talento, do consultor de empresas Gutemberg B. de Macedo, é uma boa sugestão para gente lutadora em tempos bicudos.

A tese defendida? Simples: cada pessoa pode se tornar uma espécie de jogador de futebol com poder sobre o seu próprio passe. Todos temos algum talento que nos ajude a "fazer gols". Resta-nos saber traduzi-lo em remuneração.

O novo profissional que se desenha fora das empresas, cada vez menores e menos acolhedoras, sabe construir um negócio próprio, com as características da modernidade. Esse trabalho é mais intelectual do que braçal, e exige toda a parafernália que acumulamos neste século: linha telefônica, secretária eletrônica, pager, celular, fax, computador ligado à Internet, impressora, scanner e copiadora. De dentro de casa, com esposa/marido e filhos por perto, é possível trabalhar sem respirar tanta poluição, sem comer tantos sanduíches-almoços nas lanchonetes da vida.

Muito do que há no livro é questão de bom senso, claro. Mas é um bom vade-mecum para quem desistiu da via crucis inútil em busca de um calvário desaparecido.

Um manual de circunstância. Uma dica.

Empregue seu talento, Cultura, 1999, 195 páginas.

E-mail: perisse@uol.com.br




JORNAL DA GAZETA - Especial União Soviética 4/4

JORNAL DA GAZETA - Especial União Soviética 3/4

JORNAL DA GAZETA - Especial União Soviética 2/4

JORNAL DA GAZETA - Especial União Soviética 1/4

Coletiva do Ronaldo - ANIMATUNES

Jorge Forbes - Café Filosófico: O adolescente cinquentão

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Charges


Enya - Fairytale

Saramago a Milano, "Berlusconi è come un ratto"

Ditador da Líbia ainda é imprevisível

A guerra da informação na Líbia

Tensão cresce na Líbia

Manifestações estendem-se a Trípoli

Marrocos: Mohamed VI não está em causa

Líbia: testemunha refere dezenas de mortos em Benghazi

Manifestações estendem-se a Trípoli

Iemenitas pedem demissão do presidente

Polícia abafa manifestação em Argel

Egito celebra com aviso à autoridade militar

Estrangeiros deixam Líbia

Polícia abafa manifestação em Argel

Oposição mais moderada que os manifestantes no Bahrain

Vaga de contestação chega a Marrocos

11 S ( El Nuevo Siglo Americano 1 - 10 )

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O ex-presidente lula é saudado

O ex-presidente Lula é saudado com o um dos presidentes mais populares da historia do Brasil. Popularidade alcançada com ações de governo e com uma eficiente propaganda.

Verde, maduro e podre

Verde, maduro e podre

Hoje, dia 11 de fevereiro de 2011, o Partido dos Trabalhadores completou 31 anos de seu reconhecimento quanto partido institucional. Nasceu verdíssimo e como se diz que o verde é a cor da esperança ele exalava esperanças por todos os poros.


Três eram os esteios desse partido. O primeiro deles era o sindical. Era o mais forte e o que inspirava maiores esperanças, calcadas na intuição e no instinto de classe. Assim pensávamos.


O segundo grande esteio na composição do Partido dos Trabalhadores eram as chamadas CEB’s – Comunidades Eclesiais de Base, movimento apoiado na então propalada Teologia da Libertação. A tradição do cristianismo não é a de erradicar a pobreza. A isso ele nunca se propôs, todo o seu pensamento poderia ser resumido na afirmação do padre dominicano Regis Lebrê, quando dizia ser obrigação dos cristãos “empenharem-se para que os ricos fossem menos ricos e os pobres menos pobres”. Não podemos deixar de lembrar que a nossa Santa Madre Igreja teve um papel importantíssimo no processo do golpe de Estado em 1964. A CNBB chegou, em documento oficial, a agradecer os préstimos das “gloriosas Forças Armadas” que libertaram o Brasil das garras sinistras do comunismo ateu.


O terceiro esteio na formação do PT era o mais frágil, extremamente fracionado e politicamente atrasado, confuso e prostrado diante da capitulação geral que se avizinhava. Tratava-se de dezenas de grupelhos de origem marxistas-leninistas-trotskistas ou, simplesmente, marxistas-leninistas. Esses grupelhos traziam consigo todos os defeitos de nascedouro, eram grupos de matrizes stalinistas e, assim sendo, não se cansavam de levar à prática um exacerbado monolitismo, uma absoluta supressão do livre debate, a excludência do tipo “somos o povo escolhido de Deus”, o aparelhismo como objetivo precípuo, fosse ele de estado, sindical ou partidário, usando para os seus fins políticos a rasteira e a calúnia.


No começo, a burguesia egressa dos anos de ditadura amedrontou-se com a possibilidade da real implantação de um partido que representasse os interesses históricos dos trabalhadores. Buscou de todas as formas inviabilizar essa proposta, fosse pela via da confusão da legislação eleitoral ou pela via da intolerância e da perseguição. Frustradas essas tentativas anti-petistas levadas a cabo pela direita troglodita, o seguimento burguês mais lúcido onde estavam incluídas figuras como: Mario Covas, Ulisses Guimarães, Franco Montoro, Fernando Henrique, Teotônio Vilela e uns poucos outros, compreendeu, perfeitamente, que “o leão era mansinho”, ou seja, o assustador Partido dos Trabalhadores – PT, não era e não viria a ser uma organização de caráter anticapitalista como temiam os menos avisados.


Além da boa fé da imensa maioria dos que aderiram ao Partido dos Trabalhadores, acreditava-se no refrão de que o PT seria um partido diferente. Ou noutro momento, levou-se a sério a afirmação de Luis Inácio Lula da Silva de que o que faltava no Brasil era “vergonha na cara”. Noutro instante o “salvador” proclamou que existia no congresso nacional “mais de trezentos picaretas”. Deixou de dizer, entretanto, que esses picaretas haveriam de ser os seus mais sólidos aliados.


Lula no governo veio provar que o “leão era realmente mansinho”. O seu governo garantiu os maiores lucros para a burguesia, enquanto concedeu migalhas de vantagens ao sofrido povo e transformou a massa de miseráveis, através do programa Bolsa Família, num imenso colégio eleitoral, que bem lhe serviu para reelegê-lo e eleger sua sucessora Dilma Rousselff.


A cada concessão que fazia o governo Lula e seus apaniguados a burguesia exultava e proclamava aos quatro quantos: “O PT já não é mais aquele partido verde, hoje ele é maduro e totalmente confiável”.


Antes, Lula e sua laia distanciavam-se dos PMDBistas de perfil ideológico como eram Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro, Mario Covas, Teotônio Vilela, como já citamos. Hoje, ao deixar de ser “maduro” para se tornar PODRE, assumiu de público, sem nenhum recato, estreita aliança com o que existia e existe de mais pútrido, mais picareta, mais fisiológico no cenário nacional.


É nosso dever estabelecer a diferença entre os interesses imediatos do povo trabalhador e seus interesses históricos. Os interesses imediatos consistem em se defender da ganância desabrida de uma burguesia sempre famélica por vultosos lucros. O defender-se, o buscar uma ou outra melhoria nas condições de vida é uma tarefa de casa, de cada dia, das massas de trabalhadores. Outra coisa é lutar pelos interesses históricos dessas massas. Outra coisa é quebrar as algemas que prendem a humanidade à cruel dominação capitalista. O interesse imediato, o interesse reformista reduz-se à busca da migalha, os interesses históricos representam a busca da total liberdade.

Gilvan Rocha

BRASIL, O PRÓXIMO ALVO - DOCUMENTÁRIO DE GUERRA

Almir Sater - Ando Devagar

Canção em volta do fogo-Uns e Outros

Carta aos Missionários - (Recordações anos 80) NO WAR!!

Lia Pires

Los motivos del asesinato de kennedy por el complejo militar armamentíst...

Enya - Caribbean Blue

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Pink Floyd - Animals Compilation

Canti Gregoriani "The Sound of Silence"

Ela falou de educação

A nova presidente falou de educação a alguns dias. Pois, já foi motivo suficiente para muitos se empolgaram. E não é para menos o seu antecessor falou mais do Corinthias do que do assunto.

Charge


Dois deputados petistas serão incinerados

Dois deputados petistas tiveram a ombridade de votar a favor de um salário mínimo maior do que o proposto pelo governo. Em breve serão incinerados, não se adaptaram aos novos velhos tempos. Crime grave.

Jornal da Noite mensalão

Show gavioes londrinense formatura (HD)

Líbia já matou 84 e bloqueia Internet

Em uma violenta reação contra a onda de manifestações que exige a queda do ditador Muamar Kadafi, as forças de segurança da Líbia já mataram 84, denunciou hoje a organização não governamental Human Rights Watch (Vigília dos Direitos Humanos). O governo cortou o acesso à Internet.É a maior rebelião em 41 anos de ditadura do coronel Kadafi.
Nelson Franco Jobim

Karl Marx. El padre del Comunismo

Charges


PGR: cúpula do PT e Marcos Valério comandaram o mensalão

Piores Momentos CPI 2005

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A onda de protestos no mundo árabe




Discurso do filme A Nascente - Ayn Rand

Frente-a-Frente Saramago vs Carreira das Neves 4/4

Frente-a-Frente Saramago vs Carreira das Neves 3/4

Frente-a-Frente Saramago vs Carreira das Neves 2/4

Frente-a-Frente Saramago vs Carreira das Neves 1/4

Charges


Dilma recebeu herança maldita de Lula, mas não pode admitir

Votação do mínimo mostrou como nosso sistema político está falido

Suiça - Pontualidade

Bahrein: polícia "limpa" acampamento de manifestantes

Elementos do Grupo islâmico dos Combatentes Líbios...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O jubileu da esquerda

O jubileu da esquerda


Alguns eventos, a exemplo da transferência do poder em Cuba, funcionam como um papel de tornassol ideológico: têm o dom de revelar as simpatias políticas da pessoa que os interpreta. Os que vêem Fidel e seus asseclas apenas como um bando de assassinos e administradores incompetentes são inequivocamente de direita. Já os que justificam o regime cubano ou pelo menos reconhecem-lhe méritos podem ser classificados como de esquerda.

Refiro-me aqui a nosso primeiro impulso classificatório. Após uma análise mais detida, é preciso muita ideologia seja para deixar de identificar o castrismo como uma ditadura escancarada, seja para não surpreender-se com o fato de que um país de renda quase africana tenha conseguido obter indicadores de Primeiro Mundo em saúde e educação. (Parto aqui do pressuposto de que os números oficiais são verdadeiros; e há indícios de que sejam).

A questão que fica, como há pouco propôs meu amigo Nelson Ascher em sua coluna lunebdomadária na Ilustrada, é: ainda faz sentido falar em direita e esquerda? A dicotomia serve para algo além de mostrar como nos posicionamos em relação a Cuba ou, ainda mais remotamente, em relação à revolução francesa do século 18, que foi quando esses conceitos surgiram?

Receio que a pergunta esteja mal colocada. Não se trata de fazer ou não sentido, de ser útil ou inútil. O ponto central, desconfio, é que existem determinados assuntos diante dos quais é praticamente impossível não ter posição. Refiro-me a temas como aborto, pena de morte, transgênicos, direitos dos animais, mudança climática e até mesmo a natureza do regime cubano. E a maneira como nos situamos em relação a um elenco mais ou menos fixo deles faz com que sejamos classificados (e até autoclassificados) como "de direita" ou "de esquerda".

Tomemos alguns casos concretos. São bandeiras caras à esquerda a liberação do aborto e do consumo de drogas e a condenação à pena de morte e ao porte de armas. Já a direita sustenta exatamente o contrário. São "clusters" difíceis de conciliar com os ditames da razão. Se é o princípio da sacralidade da vida que prepondera, deveríamos ser contra os quatro pontos. Já uma defesa intransigente das liberdades recomendaria a aprovação de todos.

De modo análogo, é difícil sustentar que animais são titulares de direitos (outra tese esquerdista), mas que seres humanos podem ser privados deles em determinadas condições, como uma revolução proletária.

Igualmente ilógico é impor a Cuba um embargo econômico por conta de violações aos direitos humanos e seguir negociando normalmente com regimes tão ou mais sanguinários, como a Arábia Saudita.

Minha tese é que a dicotomia esquerda-direita tem menos a ver com racionalizações sobre a realidade do que com um sistema de juízos morais sobre as coisas.

Na semana passada citei muito "en passant" o trabalho do psicólogo Jonathan Haidt, que propõe a existência de cinco núcleos de sentimentos morais: agressão, justiça (ou equanimidade), comunidade (ou lealdade ao grupo), autoridade e pureza. Eles constituiriam uma espécie de tabela periódica do instinto moral. Baseado num amplo banco de entrevistas pela internet, Haidt concluiu que os liberais norte-americanos (o que chamaríamos de esquerda por aqui) tendem a valorizar mais conceitos como não agredir o próximo e promover a justiça, praticamente desprezando os ideais de lealdade ao grupo, autoridade e pureza. Já o que se convencionou chamar de conservadores daria um peso mais ou menos igual a cada um dos cinco elementos.

Já resvalando no terreno da caricatura, poderíamos dizer que o liberal é um sujeito tarado por criar cotas raciais e que se preocupa mais com o futuro do bandido que acabou de assaltar e estuprar sua filha do que com ela própria. Já o conservador seria um militarista empedernido que acha que pode pegar Aids (uma justa punição divina) apenas cumprimentando um homossexual.

Cuidado, não estou aqui propondo nenhum tipo de classificação pronta e acabada. Vamos não apenas encontrar esquerdistas contrários ao aborto e direitistas favoráveis à liberação das drogas como também combinações incomuns dessas categorias. Os conceitos de esquerda e direita, embora pareçam seguir um padrão pelo menos epidemiológico, são bastante maleáveis e mudam de tempos em tempos, muitas vezes ao sabor de modismos. Para dar uma idéia das reviravoltas possíveis, basta lembrar que, do final dos anos 40 ao início dos 50, a esquerda apoiava quase incondicionalmente o Estado de Israel.

De minha parte, como já fiz numa coluna antiga, gosto de levar a distinção esquerda-direita para o plano filosófico. Acho que ela se torna mais produtiva --e menos confusa-- se a fixarmos num tópico específico e relevante, como a natureza humana.

Para o direitista clássico, a natureza humana é acima de tudo incorrigível. O homem seria essencial e imutavelmente mau. Tudo o que se pode fazer para permitir a vida em sociedade é refrear, se necessário pela força, seus impulsos egoístas. Daí a necessidade de leis rígidas e o apelo a uma moral severa, de preferência inspirada por uma força superior, como Deus. A economia nada mais é do que a tradução, em termos monetários, dos apetites humanos. Tudo o que tenda a alterar as inclinações naturais das pessoas está fadado ao fracasso.

Já para a esquerda, a natureza humana, se existe, seria pelo menos bastante maleável. O homem, muito mais do que o produto de genes, é reflexo de seu ambiente, que pode ser alterado segundo projetos racionais. Obras de engenharia social e intervenções do Estado na economia são possíveis e desejáveis, de modo a tornar o mundo um lugar melhor, e as pessoas, mais felizes.

Pessoalmente, não "compro" nenhum dos dois pacotes fechados. Não há nenhuma dúvida de que o ser humano pode ser mau. Freqüentemente o é, como o demonstram as barbaridades singulares ou coletivas cometidas ao longo dos tempos. Também parece claro que os experimentos históricos que buscaram forjar um "novo homem" fracassaram redondamente. Pior, acabaram produzindo horrores bem conhecidos.

Acredito, como os antigos, que a virtude está no meio. A menos que acreditemos que determinados povos já vêm com o gene da violência engatilhado, é forçoso reconhecer que o ambiente a que somos submetidos é decisivo para nosso comportamento social. Ora, se até os suecos, povo que descende dos temíveis vikings, cuja proverbial violência bastava para pôr cidades inteiras a correr durante a Idade Média, conseguiram encontrar uma forma de organização social que os levou a cultivar a paz e a tolerância e a conquistar as primeiras posições em todos os rankings de qualidade de vida, nem tudo está perdido. É perfeitamente possível que populações hoje imersas na barbárie encontrem um caminho semelhante. A esquerda, definida como a crença na possibilidade de melhorar a natureza humana (ainda que só um bocadinho), não morreu.

O segredo, desconfio, é ser relativamente modesto nas metas e objetivos. Não conseguiremos reformar radicalmente o homem, mas poderemos desenvolver formas de organização que não estimulem o que temos de pior. Só isso já seria uma bela de uma vitória. Não chega a ser o paraíso na Terra prometido por alguns profetas da esquerda, mas pelo menos nos afasta um pouco do inferno que tem sido a existência para grandes parcelas da humanidade.

Hélio Schwartsman, 42, é editorialista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha Online às quintas.

Charges


Neopeleguismo e moderação

Neopeleguismo e moderação
A cena mais impactante da aprovação do novo salário mínimo na Câmara dos Deputados foi a vaia dos sindicalistas presentes a um ícone do movimento, o petista Vicentinho, relator do projeto aprovado e ex-presidente da CUT, a maior central sindical do país.

Pode-se falar em neopeleguismo, claro. Mas, sob pressão até do ex-presidente Lula, o enquadramento de Vicentinho e da CUT nessa questão revela como em alguma medida a difamada "República sindicalista" traz ao menos um ganho importante ao país: moderação.

A classe operária (ou as elites sindicais) foi ao paraíso no reino de Lula. Segundo cálculos da cientista política Maria Celina D'Araújo, da PUC-RJ, sindicalistas ocuparam quase a metade dos 22 mil postos de confiança mais cobiçados do governo passado, com salários altos e sem concurso público.

Sindicalistas ligados ao governo comandam ainda algumas das maiores empresas do país, sentam-se nos conselhos de administração de muitas outras e dirigem os maiores fundos de investimentos brasileiros (Previ, Funcef e Petros).

Empresários são mais eficazes na gestão de empresas do que sindicalistas, mas todo esse acesso, político e econômico, no mínimo serviu para moderá-los e incluí-los no consenso seminal consolidado no governo Lula em torno da economia de mercado.

Vicentinho e companheiros, que sempre lutaram pela valorização do salário mínimo (fundamental para expandir o mercado interno e distribuir renda, como vimos no governo Lula), aderiram ao anunciado aperto fiscal ortodoxo do Palácio do Planalto.

O argumento usado pelo neo-ortodoxo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para segurar o salário mínimo foi a incapacidade de o Estado arcar com o custo do aumento num momento de prometida austeridade fiscal.

Já a combalida oposição lembrou o antigo PT na oposição e apresentou projeto irracional que levava o mínimo a R$ 600 mesmo diante do perigoso repique inflacionário e das restrições orçamentárias.

A vitória dos estrategistas do Palácio do Planalto, que seguraram nomeações importantes no segundo escalão do governo até a votação da matéria no Congresso, pode animar os mercados hoje, pois sinaliza compromisso do governo com a austeridade.

É também prova de habilidade política de Dilma e seu time nesse começo de mandato.

A gestora, sem falar muito, pode dizer que entregou resultado.


Sérgio Malbergier é jornalista.

Protestos no mundo árabe

Protestos no mundo árabe

O Estado de S. Paulo

A violência voltou a tomar conta de países do Oriente Médio nesta quinta-feira, 17. Protestos por abertura política no Bahrein e no Iêmen foram duramente reprimidos pelas forças de segurança. No pequeno reino do Golfo Pérsico, onde a situação é mais crítica, três pessoas morreram e o Exército está nas ruas para desmobilizar os manifestantes.

13h23: A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, expressou ao ministro de Relações Exteriores do Bahrein seu desagravo com a repressão policial contra manifestantes contrários ao governo.

De acordo com uma fonte do departamento de Estado, Hillary pediu o fim do uso da violência e os diplomatas discutiram reformas econômicas e políticas para atender às demandas da população.

12h06: O Bahrein tem uma grande importância estratégica para os EUA. A sede da quinta frota da Marinha Americana, que cuida de operações no Golfo Pérsico, Mar Vermelho e Mar da Árabia, fica em Manama. Pela região, trafega grande parte da exportação de petróleo mundial.

12h04: De volta à Líbia: De acordo com o Guardian, há pouca mobilização contra Kadafi em Tripoli, mas há relatos de protestos em Benghazi, a segunda maior cidade do país, em Zentana e al-Bayda. Há relatos de ao menos 14 mortos até agora.

The Miracle of Love-Eurythmics

Raimundos (CLIPE)

Contemporáneos: Carlos Alberto Montaner - 13/03/08

Veias abertas da América Latina

Veias abertas da América Latina

As veias da América Latina continuam abertas, como pronunciou o escritor uruguaio Eduardo Galeano no seu bestseller de 1971 que orientou as esquerdas por décadas (e continua a orientar alguns fósseis).

Mas se, como alegava Galeano, a história da região era a exploração predatória de suas riquezas por impérios estrangeiros, a receita dessas riquezas agora ficam muito mais por aqui. O "boom" de commodities das últimas décadas é um dos pilares da emergência da América Latina, e ele, como ela, veio para ficar e nos enriquecer se bem conduzido.

A revista global "Economist" colocou na capa um mapa invertido das Américas com o título: "Nobody's Backyard: The Rise of Latin America". Entre outros "insights" do olhar externo liberal anglo-saxão, a reportagem especial dá ao Brasil um pertencimento à região que insistimos em ignorar.

Estamos, como sempre, na mesma página da história de nossos vizinhos, política e economicamente: crises dos anos 1980 enterram regimes militares, ciclo liberal do Consenso de Washington, crises do final dos anos 1980/início dos 2000, onda da esquerda ou centro-esquerda, programas de transferência de renda, melhora demográfica, consolidação da estabilidade, redução da desigualdade. Tudo que passa por aqui passa pela América Latina.

Com suas peculiaridades locais, claro, que o colombiano é muito diferente do uruguaio que é o oposto do equatoriano que não tem nada com o argentino além da língua. O brasileiro, então, é peça rara. Mas dividimos a história, interesses. E a incapacidade de formar na região uma visão comum que a transforme, como aconteceu na Europa.

O Brasil, por motivos óbvios, é cada vez mais o país mais talhado para comandar esse processo de união: pelo tamanho da economia, pela fronteira tão extensa com tantos países, pelas empresas cada vez mais latino-americanas, pela projeção internacional, pela estabilidade política.

Mas não conseguimos afirmar nossa liderança nos fóruns regionais desdentados. Não temos sequer uma estratégia estruturada para isso que deveria ser a grande meta de nossa ação externa (como o projeto europeu dominou as ações de França e Alemanha por décadas). Por absurdo que pareça, estamos mais empenhados em resolver eternos impasses no Oriente Médio, sobre os quais não temos nenhuma ascendência, do que liderar a união do continente onde temos liderança nata numa década que a "Economist" quase chama de década latino-americana.

Só pode ser essa a prioridade de nossa política externa, trazer visões novas para a integração regional. Como seria, por exemplo, aproximar os EUA da região, não afasta-lo, como lutou o Brasil.

Os EUA, em alguns aspectos, são o país mais parecido com o Brasil. Eles podem ser também bons aliados na integração regional desde que finalmente acordem para a importância da América Latina e a trate com o devido respeito.

O Brasil, os EUA e a América Latina precisam repensar e relançar suas relações. A emergência econômica da região pede isso. As veias estão abertas.


Sérgio Malbergier é jornalista.

Dos campos para a TV

Dos campos para a TV
O fim de semana do recém-aposentado Ronaldo Fenômeno vai ser de trabalho intenso – não pelo futebol, claro. Mas em outro campo: a TV. Será o convidado especial do Caldeirão do Huck (a gravação é hoje), aparecerá ao vivo no Domingão do Faustão. E ainda está negociando uma longa entrevista ao Fantástico.

Por Lauro Jardim

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Discurso de Dilma retoma o de FHC sobre importância da educação

Y-Jurerê Mirim - Grande Rio 2011


Pra ir cantando desde já o samba enredo da Grande Rio que vai agitar a Marquês de Sapucaí no dia 07 de março, homenageando Floripa.
O samba enredo “Y-Jurerê Mirim – A Encantadora Ilha das Bruxas (Um conto de Cascaes)” tem autoria de Edispuma, Licinho Jr. Marcelinho Santos e Foca. O presidente de horna e fundador da escola, Jayder Soares, é o meu entrevistado na coluna detes domingo no Diário Catarinense.

Entrevista a Pombo

A Corporação Legendado - Capítulo 07 de 16

A Corporação - Capítulo 6 de 16

A Corporação - Capítulo 5 de 16

A Corporação - Capítulo 4 de 16

A Corporação - Capítulo 3 de 16

A Corporação - Capítulo 2 de 16

A Corporação - Capítulo 1 de 16

Ministro do Trabalho fica mudo sobre salário mínimo

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A ira das italianas contra o "Bunga Bunga" de Berlusconi

Le Orge di Berlusconi

Escândalo de Berlusconi - Itália- mulheres e bunga bunga

Fantástico - Brasileira dá versão sobre escândalo envolvendo Berlusconi ...

Itália: Agora é que são elas

Berlusconi responde de imediato em tribunal

QUAIS AS "CONQUISTAS" DE LULA COMO MEDIADOR NO ORINTE MÉDIO? P 2/5

Pink Floyd - Another Brick in the Wall

Ciúme precoce

Ciúme precoce

Lula já se deu conta de que o governo Dilma agrada mais que o seu.

Leonardo Attuch, Isto É

Lula, enfim, reapareceu. Na festa de 31 anos do PT, fez o Brasil se lembrar do tempo em que o presidente da República fazia um discurso por dia, repleto de suor e de exaltação.

Sua frase mais importante? “O sucesso da Dilma é o meu sucesso. O fracasso da Dilma é o meu fracasso.” Em seguida, ele emendou dizendo que os formadores de opinião não entendem nada de psicologia.

Mas qual será o verdadeiro significado psicanalítico da frase de Lula? Terá ele percebido que o governo Dilma poderá ser melhor do que o seu? Ou que a opinião pública aprecia mais o estilo discreto da presidente do que a verborragia lulista? Será que, finalmente, caiu sua ficha?

Parece que sim. No mesmo dia, o Partido dos Trabalhadores divulgou uma resolução política condenando as articulações da direita – será que isso ainda existe? – para desvalorizar as magníficas conquistas de Lula, o presidente de honra do partido. Portanto, o discurso foi bem mais planejado do que improvisado.

Com menos de 45 dias de governo, Lula já tenta se apropriar do provável êxito de sua sucessora. E talvez só agora ele tenha percebido que não elegeu um poste, mas alguém com estilo e com ideias próprias.

O ciúme precoce é até compreensível. Depois de oito anos usufruindo o fausto poder, não é nada simples se acostumar com o anonimato e com a vida de cidadão comum. Mas o fato é que Dilma tem agradado por razões que vão muito além do fato de ter a caneta presidencial.

Sua política externa é bem mais equilibrada do que a de Lula, a gestão fiscal é responsável – note-se o corte de R$ 50 bilhões em despesas – e parece haver uma tolerância menor para indicações políticas nas estatais.

Além disso, a reabertura da discussão sobre a compra dos caças para a Aeronáutica, com foco na transferência de tecnologia para a aviação civil, sinaliza uma postura mais pragmática do que ideológica.

Lula já tem um lugar garantido na história e deveria se esforçar mais e mais para “desencarnar” do poder, sendo, como ele mesmo prometeu, o “melhor ex-presidente da história deste país”. O discurso desta semana revela um incômodo prematuro do ex-presidente.

Na história política, já houve casos de criaturas que se rebelaram contra o criador. Lula talvez seja o primeiro criador que se rebela contra a criatura.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Planalto se pronucnia sobre saída de Mubarak

Entrevista com José Antônio Lima, enviado especial ao Cairo

GASSET E AS MASSAS

GASSET E AS MASSAS


Publicado na Folha de S.Paulo, sábado, 3 de dezembro de 1977

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Nem este volume nem eu somos políticos. O assunto que aqui se trata é prévio à política e pertence a seu subsolo. A missão do chamado "intelectual" é, em certo modo, oposta à do político. A obra intelectual aspira a esclarecer as coisas, enquanto a do político, pelo contrário, consiste em confundi-las. Ser da esquerda é, como ser da direita, uma das infinitas maneiras que o homem pode escolher para ser imbecil, ambas com efeito são formas de hemiplegia moral. Há um fato que, para bem ou para mal, é o mais importante na vida pública européia. É o advento das massas ao pleno poderio social. Como as massas, por definição, não devem nem podem dirigir a sua própria existência e menos reger a sociedade, quer dizer-se que a Europa sofre agora a mais grave crise que a povos, nações, culturas cabe padecer. Chama-se esta crise "rebelião das massas".
Para compreender este formidável fato convém evitar um significado exclusivo ou primariamente político. A vida pública não é apenas política, mas, ao mesmo tempo, e ainda antes, intelectual, moral, religiosa. Compreende todos os usos coletivos e inclui o modo de vestir e o de gozar.
Visualmente denomino este fato da aglomeração, do "cheio". As cidades, casas, praias, hotéis, trens estão cheios. Começa a existir um problema —encontrar lugar. Mas o que nos surpreende tanto? As cidades não foram feitas para abrigar grandes populações, os trens não foram construídos para transportar grandes contigentes? Os componentes desta multidão não surgiram do nada. Os indivíduos que a integram preexistiam, mas de forma diferente, repartidos pelo mundo em pequenos grupos. Se antes a multidão existia, passava inadvertidamente, ocupava o fundo do cenário social, hoje adiantou-se, está no proscênio, é o personagem principal.
A sociedade é sempre uma unidade dinâmica de dois fatores: minorias e massas. As minorias são indivíduos especialmente qualificados. Massa são aqueles sem qualificação especial. Não se confunda massa com "massa operária". Massa é o homem médio —deste modo o que era quantidade vira qualidade. Esta divisão decorre de outra mais radical sobre a humanidade: temos a classe de criaturas que exigem muito de si e acumulam sobre si exigências crescentes e a classe das que não exigem de si nada especial. A rigor dentro de cada classe social há massa e minoria autêntica. Mesmo nos meios intelectuais. Repilo toda interpretação que não descubra a significação positiva oculta sob o atual império das massas. Todo destino é dramático e trágico em sua profunda dimensão. Para onde nos leva a massa? É um mal absoluto ou um bem possível?
A meu juízo quem não entende esta curiosa situação das massas não pode compreender nada do que hoje começa a acontecer no mundo. A soberania do indivíduo genérico —meta da democracia— passou de ideal jurídico a um estágio psicológico.
Quando algo que foi ideal se faz ingrediente do cotidiano, inexoravelmente, deixa de ser ideal. A generosa inspiração democrática pretendia tirar as almas humanas da servidão interna. Queria-se que o homem médio fosse senhor. Então, não se estranhe que ele agora atue por si, que reclame todos os direitos e prazeres, que imponha, decidido, sua vontade. O nível médio de hoje acha-se onde, antes, só tocavam as aristocracias. A vida humana, na totalidade, ascendeu —o soldado de hoje tem muito do capitão de ontem.
Não ressalto que a física de Einstein seja mais baixa do que a física de Newton, mas que o homem Einstein é capaz de maior exatidão e liberdade de espírito que o homem Newton.
As minorias idealistas e progressistas supõem que o desejado por elas inexoravelmente se realizará. Protegidos por esta certeza soltaram leme da História, deixaram de estar alerta, perderam a agilidade e a eficácia. A vida se lhes escapou das mãos, ficou insubmissa. Certas de que o mundo irá em linha reta retraem sua inquietude sobre o porvir e acomodam-se num presente definitivo. Não estranhe a ninguém que o mundo pareça hoje vazio de projetos, antecipações, ideais. A deserção das minorias dirigentes acha-se sempre no reverso da rebeldia das massas. A natureza está sempre aí, sustenta-se a si mesma. Mas a civilização não está aí, não se sustenta a si mesma. Se querem aproveitar-se das vantagens da civilização é preciso preocupar-se em sustentar a civilização.



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José Ortega y Gasset (1883-1955), ensaísta e filósofo espanhol, de origem aristocrática. Foi também ativo jornalista, editor e político. Chefiou a oposição intelectual republicana na ditadura de Primo de Rivera (1923-1930). Foi deputado na segunda República espanhola e governador civil de Madri. Com a eclosão da guerra civil exilou-se na Argentina e depois em Portugal. De lá, após a 2ª Guerra Mundial, reaproximou-se gradualmente da Espanha até que, em 1948, voltou definitivamente. A partir de então dedicou-se apenas à filosofia, fundando o Instituto de Humanidades. Ortega foi o líder da mais profícua escola filosófica espanhola dos últimos três séculos. Escritor prolífico, sua primeira obra foi "Meditaciones del Quijote" (1914), mas a que lhe deu fama internacional foi "A Rebelião das Massas" (1930). Nela trouxe para a ciência social, o senso trágico do pensamento espanhol: a vida é um naufrágio, não apenas para indivíduos mas para as sociedades e as medidas desesperadas empreendidas para não soçobrarem constituem a cultura humana. A noção da aristocracia do talento perpassa toda a obra de Gasset. O trecho abaixo foi extraído de "A Rebelião das Massas" (ed. Lial, Rio, 1971) em tradução de Herrera Filho.

EuroNews - PO - Europeans - Imigração e integração na Suíça

Qual é o assunto?

Qual é o assunto?

Renata Lo Prete, Folha de S. Paulo

Já são vários os casos de grandes empresários que tentaram e ainda não conseguiram ser recebidos por Dilma no Planalto. De tanto insistir, um deles, frequentador do palácio na era Lula, foi aconselhado por auxiliares da presidente a dar um tempo.

Resumo feito por um antigo observador dos modos de Dilma: "Ela não recebe pessoas. Ela recebe pautas".

Imigrantes tunisinos "invadem" Lampedusa

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Ofender-se para não debater (06/10)

Quando a Igreja defendia os perseguidos políticos na ditadura, o pessoal hoje no poder achava muito natural os religiosos terem militância

Se o partido que abraça determinada bandeira tem o direito de faturar politicamente a partir dela, por que não estender o mesmo direito a quem não concorda com a proposta?

O PT capitalizou alto em círculos socialmente progressistas quando tentou bancar a ferro e fogo o Programa Nacional de Direitos Humanos, na sua terceira versão (PNDH 3). O texto nasceu de uma conferência nacional. Depois de muita negociação interna no governo, foi mexido e virou decreto presidencial.

Com isso, o partido e Luiz Inácio Lula da Silva aproximaram-se ainda mais de quem defende a legalização do aborto, o controle social sobre os veículos de comunicação e mecanismos jurídicos mais favoráveis à rapidez na reforma agrária. Certamente ganharam votos nos grupos que concordam com o conteúdo do PNDH 3 e com o espírito deste.

Mas o PT ofende-se quando os contrários à visão de mundo embutida no PNDH 3 e às iniciativas decorrentes do programa se mobilizam e procuram convencer o eleitorado a votar contra o PT.

As iniciativas do PT são sempre “positivas” e “propositivas”, ainda que circunstancialmente precisem ser engavetadas por causa das condições desfavoráveis. Já os movimentos em oposição às propostas do PT são sempre “negativos”.

Menos. Assim como é legítimo o PT buscar votos nos movimentos feministas comprometidos com a defesa do aborto legal, é perfeitamente democrático grupos religiosos proporem que o eleitor deixe de votar no PT, por causa disso.

A maneira não agrada? Que os magoados -vale para ambos os lados- busquem reparação judicial. Não dá é o PT, ou qualquer outra legenda, achar que vai introduzir e retirar assuntos da pauta unicamente a partir das conveniências eleitorais.

O eleitor não dá muita importância para as opiniões e preferências pessoais dos candidatos sobre temas comportamentais. Ninguém ganha nem perde eleição por causa disso. Temas só adquirem densidade política quando o debate aponta para ações efetivas.

A questão não é o que os candidatos “pensam sobre”, é o que farão se eleitos. Por isso todo debate é bom, e não deve haver temas interditados.

O PT lá atrás foi vanguarda para desbloquear a discussão de pontos como a união civil homossexual, a legalização do uso das drogas e a ampliação irrestrita do direito ao aborto legal.

Agora, como a polêmica não parece adequada aos propósitos imediatos, trata de interditar a suposta “baixaria”, a pretexto de “elevar o nível” na eleição.

A vida é mais simples do que isso. O PT deseja fazer avançar, num eventual novo governo, as propostas do PNDH 3? Que defenda abertamente e peça votos com isso. O PT acha que não é o caso de implementá-las? Então assuma publicamente o compromisso de mandar o calhamaço ao arquivo pelos próximos quatro anos.

No grito é que não vai levar. Nem na base da cara feia ou de se fazer de ofendido. Vai precisar assumir compromissos e entender que o poder tem limites. Por forte que o PT possa ser hoje, a Igreja Católica carrega mais de 2 mil anos na estrada e já enfrentou gente bem mais poderosa do que Lula e os aliados dele.

Sem falar nas igrejas evangélicas. Aqui, um aspecto especialmente triste. Como a turma não tem coragem de bater de frente com o pessoal do Papa, preferem investir contra os evangélicos.

Afinal, esta nação foi inaugurada com uma missa católica.

Apesar disso, não lembro de outra ocasião em que padres e pastores alcançaram este grau de unidade, pelo menos desde que ambas as categorias ajudavam a combater a ditadura.

E, a propósito, quando as igrejas cristãs defendiam os perseguidos políticos na ditadura, o pessoal hoje no poder achava muito natural os religiosos terem militância política.

Coluna (Nas entrelinhas) publicada no Correio Braziliense.

Alon Feuerwerker

Paulinho Mixaria Vol 6 Pt 5

Sidney Rezende entrevista Fernando Gabeira - BLOCO II

Bela

Adriana Ferrari

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Revolução, anestesia e incertezas

Revolução, anestesia e incertezas

O governo egípcio, pela voz do vice-presidente Omar Suleiman, a nova cara da ditadura, está dando por iniciada a transição --e com Mubarak-- ao anunciar a criação de comissões para a reforma da Constituição e até um cronograma para a chegar à democracia.

Se vai funcionar ou não, está por se ver. Na sexta-feira, conforme reportagem desse excelente Samy Adghirni que a Folha despachou para o Cairo, o movimento já dava sinais de cansaço.
Natural: a fila anda (ou a vida continua, escolha a sua frase preferida) e as pessoas têm que continuar sua luta diária para pôr o pão pita na mesa da família.

Não há, pelo menos não no Egito, revolucionários profissionais. Há, sim, anti-revolucionários profissionais, pagos pelo regime, o que complica ainda mais as coisas.

Mesmo assim, nesta terça-feira, a praça Tahrir, uma espécie de QG revolucionário a céu aberto, permanecia lotada. A BBC diz que é a maior manifestação desde o início do movimento.

Ajuda a explicar a tentativa de anestesia, seja qual for a ótica pela qual se olhe. Pelo lado do regime, trata-se, como é óbvio, de ganhar tempo para fazer aumentar o cansaço dos manifestantes e, por extensão, tirar ou reduzir a pressão vinda da rua. Não está funcionando mas é o único movimento possível, fora um banho de sangue.

Pelo lado da parte politicamente estruturada da oposição, para dizer de alguma forma, o que já foi conquistado parece importante embora insuficiente. A desistência de Hosni Mubarak de disputar em setembro mais um mandato e a retirada de seu filho Gamal da lista de eventuais candidatos é o triunfo da revolução, mas em "slow motion".

Depois do ímpeto que alcançaram as manifestações, parece que a rua quer pressionar o "fast forward". A ver.

De parte dos Estados Unidos, as mensagens emitidas são contraditórias. O enviado especial de Obama, Frank Wisner, disse que a transição deveria dar-se com Mubarak. Houve desmentidos posteriores, mas o regime egípcio não os levou em consideração. Afinal, é pouco razoável que o enviado especial de um governo dê palpites pessoais, em vez de oficiais, mais ainda em uma conjuntura volátil como esta e em uma região permanentemente volátil como é o Oriente Médio.

O presidente Barack Obama voltou ao mantra de "transição agora", que é muito simpático, pelo menos para o meu gosto, mas também algo irrealista.

Para quem entregar as chaves do Palácio? A oposição não tem um líder que seja plenamente aceito pelos diferentes grupos e menos ainda pelos jovens que lançaram e continuam liderando os protestos.

A Europa, por sua vez, está completamente tonta, sem saber direito o que fazer, em um momento em que "seu futuro está em jogo", segundo um dos acadêmicos mais ouvidos no continente, Timothy Garton Ash, em artigo para "El País".

Esse catedrático de Estudos Europeus da Universidade de Oxford lembra: "O arco em que se está produzindo a crise árabe, desde o Marrocos até a Jordânia, é o vizinho do lado da Europa. E decênios de migrações fazem com que os jovens árabes que gritam irados nas ruas do Cairo, Túnis e Amã tenham primos em Madri, Paris e Londres".

Pode-se gostar ou não das posições europeia e norte-americana (ou da ausência delas), mas é forçoso reconhecer que o Ocidente está diante do que o jornalista francês Jean-Marie Colombani, ex-chefe de redação do "Monde", chama de "contradição fundamental" suscitada pelos acontecimentos: "De um lado, o tripé autoritarismo-estabilidade-garantia dos equilíbrios internacionais; do outro, liberdade, coerência de valores e incertezas".

Está diante também de algo que o mais famoso colunista norte-americano, Thomas Friedman, confessa na coluna do "New York Times" de terça-feira jamais ter visto em seus 40 anos escrevendo sobre Oriente Médio. Friedman foi correspondente primeiro em Beirute, depois em Jerusalém, périplo que resultou no livro "De Beirute a Jerusalém", indispensável para qualquer um que queira ser jornalista mas também para quem queira entender melhor uma região extremamente complexa.

Esse ineditismo abre, como é óbvio, o espaço para a incerteza apontada por Colombani. Mas, já que as certezas oferecidas pelos autoritarismos estão ruindo, viva a incerteza.

Afinal, como escreveu nesta terça-feira para "El País" o filósofo francês André Glucksmann: "Jamais deve-se lamentar a queda de um tirano".

Quanto ao ritmo da transição, cito de novo Glucksmann: "Levemos em conta que, no Egito, há cerca de 40% de mortos de fome e uns 30% de analfabetos. Isso faz com que a democracia seja difícil e frágil, mas não impossível, porque, caso contrário, os parisienses não teriam jamais tomado a Bastilha".

Bingo.


Clóvis Rossi

QUAIS AS "CONQUISTAS" DE LULA COMO MEDIADOR NO ORINTE MÉDIO? P 1/5

A cobertura do governo Chávez e dos desafios que a Venezulela enfrenta, com Daniel Rittner, do Valor Econômico, e Claudia Jardim, da BBC Brasil

Marighella - Retrato Falado do Guerrilheiro [Parte 4]

Marighella - Retrato Falado do Guerrilheiro [Parte 3]

Marighella - Retrato Falado do Guerrilheiro [Parte 2]

Marighella - Retrato Falado do Guerrilheiro [Parte 1]

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

G1, mas tendendo a zero

Lembra-se de toda a imensa quantidade de análises a respeito da nova ordem mundial, do declínio do império americano, da ascensão da China e, mais abrangentemente, do BRIC (Brasil, Rússia e Índia, além da sempre citada China)?

Pois é, a crise no Oriente Médio feriu gravemente todas essas análises.

O único país que de fato se movimentou, para o bem e para o mal, foi o velho império, os Estados Unidos da América.

Mesmo assim, foram colhidos desprevenidos pela revolta. Nesta terça-feira, Jackson Diehl, colunista do "Washington Post", pôs um link para entrevista de Hillary Clinton, a secretária de Estado norte-americana, dada ao canal Al Arabiya em março de 2009.

É assim: a entrevistadora pergunta se a nova administração norte-americana passaria por cima das críticas do governo George Walker Bush (sim, o velho GWBush) às práticas repressivas do Egito de Hosni Mubarak, a ponto de convidá-lo a visitar os Estados Unidos.

Hillary responde: "Estamos esperando que o presidente Mubarak venha tão pronto quanto permita a sua agenda. Tive uma ótimo encontro com ele esta manhã. Eu realmente considero o presidente e a sra. Mubarak como amigos de minha família. Assim, espero vê-lo frequentemente aqui no Egito ou nos Estados Unidos".

Pois é, a secretária vai ser obrigada a deletar o vídeo que continua pendurado lá nas páginas do Departamento de Estado.

É claro que todo o mundo sabe que os EUA, nos governos anteriores como no atual, foi instrumental no suporte à ditadura egípcia, para não mencionar outros ditadores mundo afora.

Mas uma declaração tão carinhosa como a acima reproduzida expõe sua autora ao ridículo agora que até os Estados Unidos dizem que não querem ver Mubarak nem no Egito nem nos Estados Unidos nem agora nem frequentemente.

Ainda assim, a retórica atual do governo Obama, hesitante e contraditória, é melhor do que o absoluto silêncio dos outros grandes do mundo - e também dos não tão grandes, como o Brasil.

A Europa está tonta, não sabe o que dizer ou fazer. A França, então, enroscou-se em revelações de que o primeiro-ministro, François Filllon, usou para viajar ao Egito um avião posto à disposição por Mubarak. A ministra do Exterior, Michèlle Alliot-Marie, teve regalias de gente do regime na vizinha Tunísia, em que o ditador (Ben Ali) já caiu.

E a China, então? O único movimento foi censurar a palavra "Egito" nos buscadores internos, o que só demonstra que as autoridades chinesas, em vez de tentar algo a respeito do Egito, temem que a praça da Paz Celestial algum dia volte a ser uma praça Tahrir.

No caso do Brasil, até se entende o relativo silêncio (as notas oficiais divulgadas são inócuas). O fato é que todo o esforço do governo anterior para ser partícipe do processo de paz no Oriente Médio deu em nada. Eu até concordo com esse esforço, a partir da constatação óbvia de que, se o Brasil está no mundo, tudo o que acontece no mundo lhe interessa.

Mais ainda em um país dono de um canal, o de Suez, pelo qual passam cerca de 15 mil navios por ano, o que representa 14% do transporte mundial de mercadorias.

De todo modo, fica claro que o Brasil não tem bala para se meter nesse formidável rolo.

Tudo somado, fica claro que a nova ordem mundial pode ser econômica, com o avanço especialmente de China e Índia, mas no conjunto da obra, vale mesmo o velho G1, mais conhecido como Estados Unidos da América.


Clóvis Rossi

Egito: manifestantes não desarmam

Egito: Suleiman "não vai tolerar continuação dos...

Eduardo Galeano: a linguagem, as coisas e seus nomes

Hoje em dia, não fica bem dizer certas coisas perante a opinião pública. O capitalismo exibe o nome artístico de economia de mercado. O imperialismo se chama globalização. As vítimas do imperialismo se chamam países em via de desenvolvimento, que é como chamar de meninos aos anões. O oportunismo se chama pragmatismo. A traição se chama realismo. Os pobres se chamam carentes, ou carenciados, ou pessoas de escassos recursos.

Eduardo Galeano

Na era vitoriana era proibido fazer menção às calças na presença de uma senhorita. Hoje em dia, não fica bem dizer certas coisas perante a opinião pública:

O capitalismo exibe o nome artístico de economia de mercado;

O imperialismo se chama globalização;

As vítimas do imperialismo se chamam países em via de desenvolvimento, que é como chamar de meninos aos anões;

O oportunismo se chama pragmatismo;

A traição se chama realismo;

Os pobres se chamam carentes, ou carenciados, ou pessoas de escassos recursos;

A expulsão dos meninos pobres do sistema educativo é conhecida pelo nome de deserção escolar;

O direito do patrão de despedir sem indenização nem explicação se chama flexibilização laboral;

A linguagem oficial reconhece os direitos das mulheres entre os direitos das minorias, como se a metade masculina da humanidade fosse a maioria;
em lugar de ditadura militar, se diz processo.

As torturas são chamadas de constrangimentos ilegais ou também pressões físicas e psicológicas;

Quando os ladrões são de boa família, não são ladrões, são cleoptomaníacos;

O saque dos fundos públicos pelos políticos corruptos atende ao nome de
enriquecimento ilícito;

Chamam-se acidentes os crimes cometidos pelos motoristas de automóveis;

Em vez de cego, se diz deficiente visual;

Um negro é um homem de cor;

Onde se diz longa e penosa enfermidade, deve-se ler câncer ou AIDS;

Mal súbito significa infarto;

Nunca se diz morte, mas desaparecimento físico;

Tampouco são mortos os seres humanos aniquilados nas operações militares: os mortos em batalha são baixas e os civis, que nada têm a ver com o peixe e sempre pagam o pato, danos colaterais;

Em 1995, quando das explosões nucleares da França no Pacífico Sul, o embaixador francês na Nova Zelândia declarou: “Não gosto da palavra bomba. Não são bombas. São artefatos que explodem”;

Chama-se Conviver alguns dos bandos assassinos da Colômbia, que agem sob proteção militar;

Dignidade era o nome de um dos campos de concentração da ditadura chilena e Liberdade o maior presídio da ditadura uruguaia;

Chama-se Paz e Justiça o grupo militar que, em 1997, matou pelas costas quarenta e cinco camponeses, quase todos mulheres e crianças, que rezavam numa igreja do povoado de Acteal, em Chiapas.

(Do livro De pernas pro ar, editora L&PM)

Egito: trabalhadores do Canal do Suez em greve

Repatriados respiram de alívio

Egito: Suleiman "não vai tolerar continuação dos...

Como estava o Brasil antes do golpe de 1964

Democracia, "nossas" ditaduras e as "deles"

Nenhuma bandeira dos Estados Unidos ou de Israel foi queimada nas revoltas primeiro da Tunísia e agora do Egito.

É a primeira vez que acontece no mundo árabe, o que torna o fato o segundo mais importante da revolução em curso, depois do levante propriamente dito.

Com a ressalva de que ainda vai passar algum tempo até que se possa fazer uma análise mais aprofundada de uma situação que surpreendeu o mundo inteiro, dá a sensação de que a rua árabe decretou que a situação que a frustra e irrita é feita em casa.

Não é, portanto, uma conspiração do Ocidente contra o mundo árabe, um vitimismo muito presente em todo o Oriente Médio, desde a queda do Império Otomano, faz praticamente 90 anos.

É evidente que o vitimismo não deixa de ter alguma razão de ser, mas é mais razoável aceitar que os Mubaraks que infelicitam ou infelicitaram o mundo árabe/muçulmano são mais responsáveis que os estrangeiros.

É sintomático que, nas manifestações do Egito ou da Tunísia, as palavras de ordem mais usadas, fora o óbvio "fora Mubarak" ou "fora Ben Ali", tenham sido, digamos, ocidentais: democracia, liberdade e por aí vai.

Nem se ouviu "Alá é grande", o que desmonta a dicotomia que o Ocidente construiu para sua própria comodidade: a escolha seria entre as "nossas" ditaduras ou as ditaduras "deles" (dos movimentos islamistas).

Insinua-se uma terceira via seria precisamente a democracia, por mais que fuja à tradição do mundo árabe/muçulmano.

É razoável imaginar que, mais do que as redes sociais, a revolta da rua tenha tido como fermento a rede Al Jazeera. Explico: as redes sociais servem de ligação para o sentimento íntimo das pessoas; já a rede de TV expõe às massas, com seu jornalismo do tipo ocidental, que há um outro mundo, mais rico em horizontes, do que o cotidiano cinzento da rua árabe, em especial de sua juventude.

Há um certo paralelo com o que aconteceu na antiga Alemanha Oriental, no fim dos anos 80: ninguém passava fome na então Alemanha Oriental, mas ver pela TV que, do outro lado, havia não só vitrinas mais esfuziantes mas também liberdade, levou a uma revolta que derrubou não só uma, duas ou uma dúzia de ditaduras, mas também a única alternativa que se havia levantado contra o capitalismo.

E não havia, à época, Twitter ou Facebook para explicar a mobilização.

Não quer dizer que, no futuro, os partidos islamistas não se imponham. Escreve, por exemplo, Akram Belkaid para "Le Quotidien d'Oran" (Argélia): "Os movimentos religiosos, mesmo enfraquecidos por longos anos de repressão, podem se organizar muito rapidamente e retomar a iniciativa. Já o campo democrático, ao contrário, é fragmentado, quando não é pura e simplesmente cliente do poder".

Basta comparar as poucas centenas de pessoas que receberam os líderes laicos tunisianos, no retorno, e as cinco mil que foram domingo ao aeroporto para saudar Rachid Ghanuchi, do partido islâmico En Nahda.

Cabe esperar que o Ocidente não force o banimento dos partidos islamistas, como aconteceu há 20 anos na Argélia. Resultou numa guerra civil e numa ditadura disfarçada que, agora, está sob cerco como todas as da região. Fechou-se o círculo que esgotou esse caminho cego.


Clóvis Rossi

Democracia à brasileira

O parlamentar está diante do armário. Lá dentro, flutuam, suspensos nas ombreiras dos cabides, ternos de impecável corte. Cada um com um distintivo diferente. Ora é do volátil PTB, ora do sobrevivente PP, ora do PQC, o “Partido Qualquer-Coisa”. Às vezes é de algum partido novinho em folha, recém-formado na esquina.

Há partidos que já mudaram de nome várias vezes. O PL agora é PR — Partido da República — e já perdeu a identidade, pois nem sabe direito como se chama. O PFL inaugurou um nome novo há pouco tempo, atendendo à sugestão do marqueteiro para se chamar Demo, ou Democratas... Quanta imaginação! Seria uma “sociedade” com o seu congênere americano, muito mais antigo?

E há ainda os inconspícuos e os inomináveis, como o Partido dos Peixinhos, os socialistas de todos os matizes, o Prona — sem o Enéas — o Partido dos Aposentados do Brasil e mais um sem-número de partidinhos e partidecos, como o PTB do B, o PUM e o PAC — que até parece um partido, mas não é.

Multiplicam-se nessa sopa de aletria miríades de legendas constituídas à sombra dessa kafkiana legislação eleitoral, que a tudo permite, especialmente a fraude.

Qual desses “paletós” nos representará?

Representação. Este é o instituto basilar da democracia moderna, pós-Oliver Cromwell, e pós- limitação do absolutismo dos reis, que virou monarquia parlamentarista, no século 17.

Um parlamentar representa o universo dos seus eleitores, circunscritos em “distritos”. Recebe uma procuração do eleitor para representá-lo segundo os programas e as idéias do partido ao qual pertence — e pelo qual foi eleito.

No Brasil, este “instituto” não existe mais. Os próprios partidos não sabem o tamanho de suas bancadas. Elas “mudam” ao raiar de cada nova aurora, sob a “luz negra” do fisiologismo.

Uma vez eleitos, os parlamentares — com as honrosas exceções que confirmam a regra — rompem os seus vínculos com os eleitores, vestem um paletó novo e vão tratar do seu bolso e do seu “negócio”. Trocam de partido como quem troca uma cueca suja.

Não há mácula maior para o Poder Legislativo do que essa sórdida volatilidade da “Bolsa Parlamentar”. Pior: a extinção desse comércio não acontecerá tão cedo, pois caberá aos próprios “vendilhões” operar a reforma do templo.

Depois de penosas tentativas, o Congresso aprovou uma lei que moralizaria a vida partidária. A dita “cláusula-de-barreira” mediria o tamanho e a seriedade dos partidos, contabilizando os seus votos em pelo menos nove Estados, nos quais a agremiações viáveis deveriam somar ao menos 5% dos votos.

O STF derrubou a cláusula moralizadora, considerando-a “inconstitucional”.

Constitucional, mesmo, é o partido de aluguel que providencia suas “atas” no Café da esquina e depois “negocia” os segundos de televisão a que tem direito, na lamentável arenga do “Horário Gratuito”.

Se os nanicos não se dão o respeito, os partidões mais parecem grandes “cachopas”, onde se digladiam marimbondos de várias famílias e facções.

Partidos-ônibus, como o PMDB, estão sempre na vitrine para compor com o partido do governo, seja ele qual for. O que interessa, no momento, é ser “reboque” da tia Dilma e dividir o presunto para os próximos quatro anos.

Os parlamentos quase não se reúnem para deliberar. Nunca tantos parlamentares faltaram tanto a sessões deliberativas, publicam os jornais. A não ser quando devem votar sobre temas constrangedores, como os que se vinculam à corrupção endêmica.

A “pauta” dos parlamentos é bem variada: quem vai pagar a pensão da amante do Renan Calheiros, quem vai empregar o namorado da netinha do Sarney, quem vai processar o deputado da meia ou o vice que avisou os malfeitores: “olha, vocês estão sendo investigados!”

É a democracia a la bralisiana — fazer o quê?

Sérgio da Costa Ramos

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Fantástico 30/01/2011 - Flagra o descaso nas delegacias brasileiras

O espectro de Lula

Já acreditei que o presidente Lula e o PT trariam mudanças positivas para o Brasil; depois, no auge do "mensalão" tive raiva; hoje sinto pena de nosso solerte líder. É patético vê-lo advogar por figuras do quilate de José Sarney e Mahmoud Ahmadinejad, para ficar em dois casos recentes de defesa do indefensável.

Olhando apenas para os resultados, a gestão de Lula pode ser considerada bastante boa. Enquanto o mundo amarga uma recessão sem precedentes, a crise por estas bandas veio suave. As projeções sugerem uma ligeira retração este ano seguida de recuperação já em 2010. Mais importante, foi sob Lula que o Brasil experimentou um surto de crescimento como não víamos desde os anos 70. E não foi um crescimento qualquer, mas acompanhado de significativa distribuição de renda. Ao final de 2007, o presidente comemorava o fato de mais de 14 milhões de brasileiros terem saltado das classes D e E para a C (renda mensal familiar entre R$ 1.115 e R$ 4.807). Tais mudanças não passaram despercebidas aos brasileiros, que dão a Lula índices generosos de aprovação popular (69% segundo o último Datafolha).

É claro que as políticas do governo petista têm algo a ver com esses êxitos, mas não são as únicas responsáveis. O aumento da classe média, por exemplo, não é um fato isolado do Brasil, mas faz parte de um movimento mais geral também observado na China e na Índia e que pode ser explicado pelo forte crescimento da demanda global (em especial pelas commodities) até o ano passado.

Outro fator frequentemente esquecido é o chamado bônus demográfico. A redução das taxas de natalidade e de mortalidade combinada com a forte entrada das mulheres no mercado de trabalho tende a concentrar o número de pessoas economicamente ativas nas famílias. O resultado é mais renda que precisa ser distribuída por menos pessoas --nos últimos 40 anos, a fecundidade caiu de seis filhos por mulher para menos de dois. Fica o lembrete de que, dentro de mais algumas décadas, os efeitos positivos da mudança no perfil populacional se atenuarão e enfrentaremos o problema do excesso de aposentados para uma PEA (população economicamente ativa) declinante.

Longe de mim, entretanto, roubar os méritos da administração. Além de programas como o bolsa família e o forte aumento do salário mínimo (que, desde 2003, foi reajustado em 46% acima da inflação), o governo teve a sabedoria de não pôr tudo a perder. Sei que não é o tipo de elogio com o qual os petistas se regozijam, mas isso não o torna menos real ou importante. É só ver o que acontece na vizinha Argentina, onde o desenfreado populismo econômico do casal Kirchner está levando o país, senão à ruína, pelo menos a uma série de dificuldades que teriam sido desnecessárias com uma administração mais sóbria.

Diante desse esboço de avaliação do governo Lula (que está mais para positiva do que para negativa), o leitor deve estar se perguntando por que raios sinto pena do presidente. Ele, afinal, é aplaudido por sete de cada dez brasileiros, goza de forte prestígio internacional e tem reais chances de eleger Dilma Rousseff como sucessora. Se isso não é sucesso, fica até difícil imaginar o que possa sê-lo.

Bem, receio que haja, sim, outros aspectos a considerar. Vale lembrar o Fausto, personagem da literatura alemã que logrou acumular riquezas e até conquistar a imortalidade. Mas o fez ao preço de vender a alma para o Diabo. Lula também sacrificou uma parte importante de sua "anima politica" para chegar aonde está: não há mais traço de coerência em sua trajetória.

Aqui é preciso muito cuidado. O conceito de coerência, que já é insidioso para o homem comum, torna-se especialmente traiçoeiro quando aplicado a políticos, gente que converteu em ganha pão a arte de compor com o adversário. A pior definição possível de "coerência política" é aquela reduz o termo à repetição, ao longo de toda a vida, dos mesmos slogans e palavras de ordem. Felizmente, é apenas uma minoria dos seres humanos que recai nesse comportamento mal adaptado. Pobre do Brasil se o Lula eleito em 2002 tivesse colocado em prática as ideias que defendia em 1989.

É bom que as pessoas estejam aptas a aprender e modificar suas ideias, seja porque o mundo mudou seja porque o próprio sujeito já não é mais o mesmo. Evidentemente, não há nenhuma garantia de que as teses defendidas na maturidade são melhores do que as da juventude. Elas apenas tendem a ser mais moderadas. E, na maioria das vezes, a moderação é boa conselheira, mas este não é em absoluto um teste de veracidade.

Voltando à coerência, parece-me mais útil compreendê-la como uma linearidade nas atitudes morais. Se a pessoa julga que a igualdade de direitos, por exemplo, é um valor elevado a preservar, não pode esquecê-la em troca de uma vantagem pessoal ou política. Poderia, evidentemente, mudar de opinião acerca do próprio conceito, mas apenas como resultado de novas reflexões e ponderações, para cuja reelaboração tenha havido a intervenção de outros valores morais. Redefinir princípios ao sabor de circunstâncias mais terrenas leva o nome de "oportunismo".

E eu receio que Lula em particular e o PT em geral tenham sucumbido aos encantos do poder e sacrificado os valores morais por monetários (caso do "mensalão") e por jogadas de cálculo político.

Infelizmente, é o que Lula está fazendo quando defende José Sarney e minimiza as barbaridades cometidas no Senado Federal. Neste caso, um pouco para facilitar a vida congressual do governo, um pouco para justificar retrospectivamente os descalabros de sua própria administração, Lula deixa de prestar reverência aos princípios mais elementares da democracia, que afastam como absurda a possibilidade de reger a vida pública por atos secretos institucionalizados.

Alguns políticos, é verdade, já nascem sem espinha dorsal e sem intuições morais. Este, entretanto, não parecia ser o caso de Luiz Inácio Lula da Silva. Na campanha de 1989, Lula oferecia um diagnóstico bastante diverso de José Sarney, o então presidente da República: "Nós sabemos que antigamente --os mais jovens não conhecem--, mas antigamente se dizia que o Adhemar de Barros era ladrão, que o Maluf era ladrão. Pois bem, Adhemar de Barros e Maluf poderiam ser ladrão (sic), mas eles são trombadinhas perto do grande ladrão que é o governante da Nova República, perto dos assaltos que se faz''. Bem, Lula se aliou a Sarney e Maluf. Aparentemente, só não juntou forças com Adhemar porque ele está morto.

Há quem afirme que a política que se erige em absolutos converte-se em fanatismo --como o governo conduzido pelo incorrigível Mahmoud Ahmadinejad, outro dos "protegés" de Lula. Pode ser, mas eu pelo menos não falei em absoluto nenhum. O que afirmei é que a mudanças em atitudes morais podem ocorrer, mas precisam ser racionalmente justificáveis no plano dos conceitos. Lula precisaria explicar por que deixou de considerar importante a transparência no trato da coisa pública, por exemplo.

Quando o presidente e o PT se comportam exatamente como os Sarneys, Renans e Malufs, dão um tiro de misericórdia no respeito a princípios que um dia, já longe no passado, parecia ser o diferencial e talvez até a essência do Partido dos Trabalhadores. Lula tornou-se um espectro do que já foi. E é isso que me entristece.


Hélio Schwartsman