quinta-feira, 8 de março de 2007

Plantando combustível
.
Direto de Brasília
Não há nenhuma paixão súbita por trás do encontro entre George W. Bush e o presidente Lula. Bush filho se deu conta do gargalo que a dependência norte-americana do petróleo representa para a economia dos EUA. Trata-se de um problema ambiental, econômico e diplomático. As maiores reservas estão no Oriente Médio, onde os EUA são persona non grata. Para resolver a questão, nada melhor do que um combustível que, a grosso modo, dá em árvore. E o Brasil é ponta-de-lança no desenvolvimento dessa tecnologia. O mais curioso é que, enquanto Lula faz uma deferência especial a Bush num período de turbulência interna do ilustre visitante, aliados do governo prometem hostilidades. Um grupo de deputadas, entre elas Maria do Rosário (PT) e Manuela D'Ávila (PC do B), chegou a desfraldar uma faixa ontem no Congresso dizendo que Bush não é bem-vindo. - Não ao senhor da guerra - gritavam as luluzinhas da Câmara.Noves fora a miúda descortesia, o que está em jogo, mais do que acordos bilaterais com os EUA, é uma queda-de-braço entre Lula e Hugo Chávez pela liderança política na América Latina. Bush percebeu isso e, para tentar neutralizar o avanço de Chávez no continente, busca se aproximar de Lula. Tratando-se de política externa, Lula acende uma vela para cada santo. Tenta se mostrar mais conciliador como forma de se contrapor à generosidade financeira de Chávez, que já distribuiu R$ 6 bilhões a aliados na América Latina. O problema é que só carisma não basta.

Klécio Santos - 08/03/2007

Nenhum comentário: