A NOVELA CONTINUA
.
Deu no Blog do Noblat
O dono do verbo
"Em meados do ano passado, André, meu filho mais velho, admitiu com naturalidade: “Fui centralizado”. Filiado ao PT, queria votar em determinado candidato a deputado federal por Brasília – mas a maioria do seu grupo preferiu outro nome. Prevaleceu então o princípio do “centralismo democrático”, herança dos partidos comunistas.
Pois bem: Lula está centralizando o PT e quem mais se dispõe a apoiar seu governo.
O gatilho mais rápido do cerrado não perdoa – mata, se for o caso. Foi assim com José Genoino, José Dirceu, Antonio Palocci, Luiz Gushiken e Ricardo Berzoini, tidos por Lula como uma ameaça ao seu segundo mandato.
Diante da derrota iminente, Aldo Rebelo, candidato a presidente da Câmara dos Deputados, e Nelson Jobim, candidato a presidente do PMDB, acabaram abandonados por Lula.
Por tabela, sobrou para os senadores José Sarney e Renan Calheiros padrinhos da candidatura de Jobim e adversários do deputado Michel Temer reeleito, ontem, presidente do PMDB.
Ao ganhar a presidência da República em 2002, Lula era um líder popular. Desde que venceu novamente, comporta-se como um líder político. Há quatro anos, montou um ministério ao gosto do PT. O novo ministério sairá mais ao gosto dele.
A situação da economia, estúpido, explica a conversão de Lula. Do alto de 60 milhões de votos e de US$ 100 bilhões de reservas de divisas, ele enxerga de binóculo a inflação mais baixa da história do país. Então por que não impor sua vontade aos que suplicam para estar ao seu lado?
É fato que poderia ter agido com mais rapidez, produzindo menos vítimas.
O PT quer o ministério de Cidades? Ele será do PP – mas foi Lula pelo PP que escolheu o ministro. O PT quer o ministério da Educação? Esqueça. Se quiser o ministério do Turismo, tudo bem. Mas se indicar para Turismo a ex-prefeita Marta Suplicy, ela que não chegue por lá se achando. Somente Lula tem o direito de se achar.
O PMDB da Câmara reivindica dois lugares? Por ora levou um – na verdade destinado a um aliado do governador Jacques Wagner (PT), da Bahia. Lula dirá que levou dois porque o ministro da Saúde se filiou ao PMDB em dezembro último.
O PSB do governador de Pernambuco Eduardo Campos tem dois ministérios? Perderá um. Lula inventou uma secretaria especial de Portos e Aeroportos para compensar a perda.
O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) continua sendo o queridinho de Lula – nem assim garantiu o emprego do seu sucessor no ministério da Integração Nacional.
Miro Teixeira queria a vaga do ministério reservada para o PDT. Por pragmatismo, Lula cederá a vaga a Carlos Luppi, presidente do partido. Não quer atropelá-lo como atropelou antes Leonel Brizola ao nomear Miro ministro das Comunicações.
Somente Lula conjuga o verbo centralizar."
O dono do verbo
"Em meados do ano passado, André, meu filho mais velho, admitiu com naturalidade: “Fui centralizado”. Filiado ao PT, queria votar em determinado candidato a deputado federal por Brasília – mas a maioria do seu grupo preferiu outro nome. Prevaleceu então o princípio do “centralismo democrático”, herança dos partidos comunistas.
Pois bem: Lula está centralizando o PT e quem mais se dispõe a apoiar seu governo.
O gatilho mais rápido do cerrado não perdoa – mata, se for o caso. Foi assim com José Genoino, José Dirceu, Antonio Palocci, Luiz Gushiken e Ricardo Berzoini, tidos por Lula como uma ameaça ao seu segundo mandato.
Diante da derrota iminente, Aldo Rebelo, candidato a presidente da Câmara dos Deputados, e Nelson Jobim, candidato a presidente do PMDB, acabaram abandonados por Lula.
Por tabela, sobrou para os senadores José Sarney e Renan Calheiros padrinhos da candidatura de Jobim e adversários do deputado Michel Temer reeleito, ontem, presidente do PMDB.
Ao ganhar a presidência da República em 2002, Lula era um líder popular. Desde que venceu novamente, comporta-se como um líder político. Há quatro anos, montou um ministério ao gosto do PT. O novo ministério sairá mais ao gosto dele.
A situação da economia, estúpido, explica a conversão de Lula. Do alto de 60 milhões de votos e de US$ 100 bilhões de reservas de divisas, ele enxerga de binóculo a inflação mais baixa da história do país. Então por que não impor sua vontade aos que suplicam para estar ao seu lado?
É fato que poderia ter agido com mais rapidez, produzindo menos vítimas.
O PT quer o ministério de Cidades? Ele será do PP – mas foi Lula pelo PP que escolheu o ministro. O PT quer o ministério da Educação? Esqueça. Se quiser o ministério do Turismo, tudo bem. Mas se indicar para Turismo a ex-prefeita Marta Suplicy, ela que não chegue por lá se achando. Somente Lula tem o direito de se achar.
O PMDB da Câmara reivindica dois lugares? Por ora levou um – na verdade destinado a um aliado do governador Jacques Wagner (PT), da Bahia. Lula dirá que levou dois porque o ministro da Saúde se filiou ao PMDB em dezembro último.
O PSB do governador de Pernambuco Eduardo Campos tem dois ministérios? Perderá um. Lula inventou uma secretaria especial de Portos e Aeroportos para compensar a perda.
O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) continua sendo o queridinho de Lula – nem assim garantiu o emprego do seu sucessor no ministério da Integração Nacional.
Miro Teixeira queria a vaga do ministério reservada para o PDT. Por pragmatismo, Lula cederá a vaga a Carlos Luppi, presidente do partido. Não quer atropelá-lo como atropelou antes Leonel Brizola ao nomear Miro ministro das Comunicações.
Somente Lula conjuga o verbo centralizar."
Nenhum comentário:
Postar um comentário