Como os nossos pais
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Qual é a trilha sonora que embala o momento em que chega ao poder a geração que dizia que ia mudar o mundo?
O rabino Henry Sobel foi preso nos Estados Unidos quando furtava gravatas numa loja de griffe.
O rabino Henry Sobel foi um dos mais atuantes líderes religiosos na resistência à ditadura militar e na luta pelos direitos humanos. Chegou mesmo a enfrentar atritos com os membros mais conservadores da comunidade judaica por suas posições em muitos momentos. Emocionou o país ao defender o enterro em solo sagrado do jornalista Vladimir Herzog e de Iara Iavelberg, companheira de Carlos Lamarca, judeus que a ditadura “suicidou”.“Já faz tempo, eu vi você na rua, cabelo ao vento, gente jovem reunida/ Na parede da memória, essa lembrança é o quadro que dói mais”
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi cassado na Câmara dos Deputados pelo envolvimento com o esquema do mensalão. O procurador-geral da República classificou-o, em seu relatório sobre o escândalo, como chefe da quadrilha. Dirceu hoje vive de representar empresas que têm negócios e interesses com o governo.Durante a ditadura militar, Dirceu destacava-se no movimento estudantil com seus discursos inflamados, que podiam surgir a qualquer momento, encarapitado num poste ou em cima de uma caixa de madeira. Dirceu organizou o último Congresso da UNE. Foi para o exílio trocado pelo embaixador americano Charles Elbrick, que foi seqüestrado pelo MR-8. Virou, então, personagem de uma história rocambolesca: em Cuba, submeteu-se a uma cirurgia plástica que modificou o seu rosto e retornou ao Brasil com uma identidade falsa."Hoje eu sei que quem me deu a idéia de uma nova consciência e juventude/ Tá em casa, guardado por Deus, contando o vil metal”
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu no Palácio do Planalto o senador Fernando Collor. Foi a primeira vez que Collor voltou ao Palácio depois do seu impeachment. Estava lá com a bancada do PTB. Collor tem sido um entusiasta defensor do governo Lula no Congresso.Em 1989, Fernando Collor derrotou Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições. Mais tarde, após uma intensa investigação numa CPI mista no Congresso, descobriu-se que havia um esquema de corrupção capitaneado por Paulo César Farias, que fora tesoureiro de Collor na campanha. O dinheiro administrado por PC chegou a pagar despesas de Collor, como a compra de um automóvel, um Fiat Elba. Nas ruas, as pessoas, num movimento capitaneado pelo PT e pela UNE, pintaram as suas caras para pedir a imediata deposição de Collor num processo de impeachment.“Nunca mais você saiu à rua em grupo reunido/ O dedo em V, cabelo ao vento, amor e flor, que é do cartaz?
Era a geração que dizia que ia mudar o mundo. Quando ela chegasse ao poder, muita gente acreditava que a canção que embalaria esse momento seria algo assim como o Imagine, de John Lennon. Que, então, já não houvesse mais “nada pelo qual se mate ou se morra” e que iríamos ver “todas as pessoas vivendo em paz”, sem mais sentir “ganância ou fome”. Afinal, eram palavras de um “sonhador”, mas como ele dizia, ele “não era o único”. No entanto, a realidade hoje parece ser embalada muito mais pelos versos de um compositor menos conhecido e mais modesto. Um certo cearense fã dos Beatles e de Lennon. As canções que embalam o tempo dessa tal geração no poder estão mais para “Como Nossos Pais” e “Velha Roupa Colorida”, de Belchior. Que sejam, pelo menos, na versão rascante, gritada, indignada, de Elis Regina. "Minha dor é perceber/ que, apesar de termos feito tudo o que fizemos/ Nós ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”
O rabino Henry Sobel foi preso nos Estados Unidos quando furtava gravatas numa loja de griffe.
O rabino Henry Sobel foi um dos mais atuantes líderes religiosos na resistência à ditadura militar e na luta pelos direitos humanos. Chegou mesmo a enfrentar atritos com os membros mais conservadores da comunidade judaica por suas posições em muitos momentos. Emocionou o país ao defender o enterro em solo sagrado do jornalista Vladimir Herzog e de Iara Iavelberg, companheira de Carlos Lamarca, judeus que a ditadura “suicidou”.“Já faz tempo, eu vi você na rua, cabelo ao vento, gente jovem reunida/ Na parede da memória, essa lembrança é o quadro que dói mais”
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi cassado na Câmara dos Deputados pelo envolvimento com o esquema do mensalão. O procurador-geral da República classificou-o, em seu relatório sobre o escândalo, como chefe da quadrilha. Dirceu hoje vive de representar empresas que têm negócios e interesses com o governo.Durante a ditadura militar, Dirceu destacava-se no movimento estudantil com seus discursos inflamados, que podiam surgir a qualquer momento, encarapitado num poste ou em cima de uma caixa de madeira. Dirceu organizou o último Congresso da UNE. Foi para o exílio trocado pelo embaixador americano Charles Elbrick, que foi seqüestrado pelo MR-8. Virou, então, personagem de uma história rocambolesca: em Cuba, submeteu-se a uma cirurgia plástica que modificou o seu rosto e retornou ao Brasil com uma identidade falsa."Hoje eu sei que quem me deu a idéia de uma nova consciência e juventude/ Tá em casa, guardado por Deus, contando o vil metal”
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu no Palácio do Planalto o senador Fernando Collor. Foi a primeira vez que Collor voltou ao Palácio depois do seu impeachment. Estava lá com a bancada do PTB. Collor tem sido um entusiasta defensor do governo Lula no Congresso.Em 1989, Fernando Collor derrotou Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições. Mais tarde, após uma intensa investigação numa CPI mista no Congresso, descobriu-se que havia um esquema de corrupção capitaneado por Paulo César Farias, que fora tesoureiro de Collor na campanha. O dinheiro administrado por PC chegou a pagar despesas de Collor, como a compra de um automóvel, um Fiat Elba. Nas ruas, as pessoas, num movimento capitaneado pelo PT e pela UNE, pintaram as suas caras para pedir a imediata deposição de Collor num processo de impeachment.“Nunca mais você saiu à rua em grupo reunido/ O dedo em V, cabelo ao vento, amor e flor, que é do cartaz?
Era a geração que dizia que ia mudar o mundo. Quando ela chegasse ao poder, muita gente acreditava que a canção que embalaria esse momento seria algo assim como o Imagine, de John Lennon. Que, então, já não houvesse mais “nada pelo qual se mate ou se morra” e que iríamos ver “todas as pessoas vivendo em paz”, sem mais sentir “ganância ou fome”. Afinal, eram palavras de um “sonhador”, mas como ele dizia, ele “não era o único”. No entanto, a realidade hoje parece ser embalada muito mais pelos versos de um compositor menos conhecido e mais modesto. Um certo cearense fã dos Beatles e de Lennon. As canções que embalam o tempo dessa tal geração no poder estão mais para “Como Nossos Pais” e “Velha Roupa Colorida”, de Belchior. Que sejam, pelo menos, na versão rascante, gritada, indignada, de Elis Regina. "Minha dor é perceber/ que, apesar de termos feito tudo o que fizemos/ Nós ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”
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Rudolfo Lago
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