quinta-feira, 8 de março de 2007

PALPITES PICANTES
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Deu no Blog do Alon
No comando da própria sucessão (06/03)
O que há de comum nas circunstâncias da 1) derrota de Aldo Rebelo para a presidência da Câmara dos Deputados, da 2) renúncia de Nelson Jobim à candidatura a presidente do PMDB e do 3) desgaste a que Luiz Inácio Lula da Silva submete Marta Suplicy? Ao ajudar a derrotar Aldo, Lula enfraqueceu no nascedouro o bloco PSB-PCdoB-PDT, que acalenta a esperança de ter um candidato competitivo à sucessão de Lula, e fortaleceu seu próprio partido, o PT, que andava meio cabisbaixo e perigosamente frágil. Ao dinamitar Jobim, desidratou no PMDB quem aposta em vôos próprios e vitaminou Geddel Vieira Lima, que ajudou Lula a derrotar o PFL da Bahia no ano passado. É improvável que Geddel não esteja de mãos dadas em 2010 com Lula e seu possível candidato ao Palácio do Planalto, o governador petista da Bahia, Jaques Wagner. Ao descarnar a ex-prefeita Marta Suplicy, Lula evitou que a eventual entrada dela no ministério (se acontecer) represente a celebração de uma forte pré-candidatura petista à Presidência da República. Ou seja, Lula vai montando o segundo governo de modo a preservar o máximo de controle possível sobre a própria sucessão. O melhor cenário para Lula é poder concorrer a um terceiro mandato em 2010, coisa difícil de passar no Congresso. Lula diz que não quer, mas opera sistematicamente para enfraquecer todos os possíveis candidatos a candidato, com a exceção de Wagner. O segundo melhor cenário para Lula é a vitória de um governista (petista) em 2010, desde que a reeleição tenha sido abolida. Para que ele, Lula, possa tentar voltar em 2014 (ou 2015, se o mandato passar a cinco anos) sem ter que entrar em guerra com um presidente do seu partido/campo. Sem ter contra si a máquina do governo. Um cenário razoável para Lula é chegar a 2014 (2015) com um presidente tucano (ou oposicionista), mas que não possa concorrer à reeleição. O cenário ruim para Lula é ter que encarar nas urnas um presidente tucano (ou oposicionista) em 2014 (2015). E o cenário péssimo para Lula é eleger em 2010 um companheiro petista (ou aliado) que possa concorrer à reeleição. Ou seja, é provável que a reforma política de Lula (na qual ele, como em outros assuntos, promete não se meter) comece exatamente pelo fim da reeleição, em todos os níveis. Vão ter que convencer os governadores e prefeitos, mas os parlamentares podem ver no fim da reeleição um mecanismo para enfraquecer possíveis adversários, nos estados e nos municípios. Bem, mas você pode discordar de mim. Pode acreditar que Lula: 1) foi emparedado pelo PT na eleição de Arlindo Chinaglia para presidente da Câmara; 2) a contragosto, teve que ceder à realidade de que Michel Temer tinha a maioria no PMDB e 3) não está conseguindo, infelizmente, entre as mais de três dezenas de ministérios, abrir uma vaga boa o suficiente para alojar a ex-prefeita Marta Suplicy (a quem ele é muito grato, por tê-lo ajudado num momento difícil da campanha presidencial). Só que essas hipóteses têm um pressuposto: Lula deve estar mesmo bem fraco, já que não emplaca umazinha sequer. E você, acha que Lula está fraco politicamente? Acha mesmo? Se acha, você poderia explicar o que fez Lula se enfraquecer tanto de outubro para cá.

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