segunda-feira, 27 de novembro de 2006

A síndrome da porteira fechada
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Blog do Murillo de AragãoLula admitiu que errou em nomear petistas para cargos em ministérios comandados por partidos aliados. Deu uma bagunça. Nos Transportes, por exemplo, o ministro era do PL e não conseguia mandar no secretário-geral, que era do PT e se reportava ao José Dirceu. Uma vez, o ministro nomeou um diretor para uma entidade vinculada ao ministério, mas o seu presidente recusou a nomeação. Disse que só seguia ordens de José Dirceu.Assim, os ministros que não eram do PT terminavam sendo “rainhas da Inglaterra”, sem poder nenhum.
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Escaldados pelo fiasco do primeiro mandato, agora exigem ministérios “porteiras-fechadas”. Querem nomear do ascensorista até o ministro, passando por diretores, secretários, assessores, secretárias e office-boys. Claro que, na prática, não é assim que funciona. Existem muitos funcionários de carreiras que resistem, ano após ano, às mudanças nos ministérios.
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Porém, pode haver substituição em cerca de 600 cargos ocupados por indicações do PT. Daí o fato de o partido estar revoltado com a “operação despejo”. Não se conformam com ter que ceder lugar para conservadores, neoliberais, direitistas, corruptos e tantos outros tipos que pululam no “centrão” montado por Lula.
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O despejo contraria a filosofia de muitos do PT que defendem, como tática, o aparelhamento do estado. Querem mudar a sociedade a partir da ocupação de espaços no governo. Agora, vão ser despejados. Porém, não ficam sem emprego. Tal qual os tucanos e pedetistas, os quadros despejados de um lado são aproveitados em outro. Por exemplo, muitos do governo FHC foram para o governo de Minas.
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Como o partido conseguiu eleger governadores em cinco estados (Acre, Bahia Pará, Piauí e Sergipe), espaço não vai faltar. E o partido conta com isso para não perder a receita com o dízimo pago por petistas que ocupam cargos em comissão. O que importa é ficar controlando a máquina. Seja o PT, seja o PSDB, sejam os demais aliados de Lula. É a prova clara, cabal e inquestionável de que no Brasil não existe projeto de país. Existe projeto de poder. As ideologias e programas partidários são como chantilly ralo em cima do sundae do clientelismo bravo.

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