segunda-feira, 6 de novembro de 2006

INFORMANTE.NET - preenchendo lacunas da mídia#3729#3729#3729 - Cena_1

É Lula e luta
Tem razão Luis Dulci (Secretário Geral da Presidência), quando, em seu discurso na Avenida Paulista, imediatamente após a confirmação da reeleição de Lula, realça que essa vitória é, também, uma vitória de todos que lutaram – e lutam - pelo socialismo. Das inúmeras avaliações que serão feitas para entender o que aconteceu em 29 de outubro, uma me parece cristalina: o segundo turno acentuou as características programáticas e ideológicas da candidatura Lula, reaproximando-a da esquerda social, partidária e intelectual do Brasil. O movimento realizado pela campanha Lula no segundo turno demarcou campos e mostrou claramente o retrocesso a que o Brasil se submeteria se a candidatura liberal-conservadora de Alckmin triunfasse. Esse deslocamento programático à esquerda (materializado nas duras críticas à política de Estado mínimo), permitiu que a candidatura à reeleição ganhasse apoio de parte significativa de eleitores de Cristóvam e Heloisa. Mas, fundamentalmente, foi a chave para a mobilização da militância socialista, de esquerda e dos movimentos sociais – que se engajaram, com entusiamo, na jornada vitoriosa do segundo turno. A posição - dentre outros - do professor Chico Oliveira, do PCB e da Ação Popular Socialista (tendência do PSOL), que defenderam o voto crítico em Lula, foi fundamental para reforçar o confronto esquerda x direita que acabou ocorrendo neste segundo turno. Ademais, o engajamento militante do MST e de outros movimentos sociais deu a essa disputa um nítido caráter de enfrentamento de blocos políticos. De um lado, o "andar de cima" e seu partido-mor, a mídia. De outro, as classes populares e suas organizações e partidos. Neste quadro, o resultado do segundo turno re-abre as possibilidades históricas de um governo que realize mudanças estruturais na organização social, política e econômica brasileiras – diminuindo fortemente a desigualdade social e sepultando, definitivamente, o neoliberalismo. As classes dominantes brasileiras foram momentaneamente derrotadas. Mas, não arriaram suas bandeiras. Seu movimento imediato pode ser definido em duas táticas distintas, mas não necessariamente conflitantes. Há os que insistirão na estridência e na tentativa de desmoralização do PT e de Lula com a hipocrisia de uma suposta superioridade "ética" – Fernando Henrique, Tasso, Borhausen, Freire. E há os que tentarão determinar a agenda política do segundo mandato – parte considerável da mídia, como a Folha de São Paulo e a Rede Globo, que só falam em "corte de gastos" e reforma da Previdência, por exemplo. Ou César Maia, ideólogo direitista, que promete um "shadow cabinet", capaz de monitorar e se contrapor às ações e políticas do segundo governo. Portanto, os petistas, os socialistas, os lutadores dos movimentos sociais têm tarefas imediatas. Trata-se de "disputar", também, a agenda do segundo mandato. Garantir que a vontade de mais de 58 milhões de brasileiros prevaleça nas ações do segundo governo Lula. Porque a maioria que nos elegeu votou por mais políticas sociais, por mais salário, por mais emprego, por distribuição de renda, por moradia, saneamento, saúde e educação. Não votaram no "choque de gestão". Somente a continuidade de um processo de politização, de mobilização social e de pressão pode assegurar que a pauta liberal, fiscalista e rentista, não ganhe espaço na agenda política brasileira. O PT, o PcdoB, a esquerda política e social brasileiras devem continuar em movimento para incidir decisivamente sobre o debate político, re-afirmando a necessidade de juros mais baixos, de uma reforma tributária que onere a grande propriedade, do rompimento com a ciranda do capital financeiro, da continuidade de uma política externa soberana, da reforma agrária, de uma política mais ousada de direitos humanos e de igualdade racial e de gênero. Ganhamos uma batalha significativa. Entretanto, ainda estamos longe de alcançar nossos objetivos estratégicos. Construir um Brasil de iguais, soberano e democrático, vai exigir de nós, ainda, muita disposição para a luta. Estejamos prontos para as novas batalhas. Que já estão em curso. É Lula e luta!

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