sexta-feira, 3 de novembro de 2006

O DESEMPREGO, O MAL MAIOR QUE ATINGE A JUVENTUDE

O DESEMPREGO, O MAL MAIOR QUE ATINGE A JUVENTUDE
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Joao Pedro Stedile
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Nesses dias passados estive num seminário organizado pela AÇAO DA CIDADANIA, ai no Rio de Janeiro, no pavilhão da rua Barão de Tefé. Havia mais de 700 representantes dos comitês da campanha contra a fome, de quase todos bairros e comunidades da cidade e da baixada. Um povo atento e preocupado com os verdadeiros desafios do povo Brasileiro.
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Lá discutimos durante dois dias, que os principais problemas de nosso povo são a pobreza, a desigualdade social e a falta de oportunidade da educação. E que nos últimos quinze anos com o neoliberalismo, se agravou outro problema que atinge em especial a juventude:o desemprego.
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Os dados estatísticos são reveladores do que a gente vê e sente nas nossas casas, comunidades, bairros. O desemprego atinge a quase 25% de toda população economicamente ativa. Cerca de 50% dos desempregados são jovens ate 24 anos, com ensino médio completo. Apenas 31% da força de trabalho tem carteira assinada e direitos trabalhistas e previdenciários. Temos cidades como salvador, recife e Fortaleza que o desemprego atinge a 65% da população ativa.
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Viu-se que no ultimo exame de avaliação do ensino médio (ENEM) participaram 3, 7 milhões d ejovens pobres, oriundos de escolas publicas. E destes, o governo vai dar bolsa do Pro-uni para apenas 193 mil. E os demais, para onde irão, com seus 18 anos?
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Viu-se que a falta de trabalho, e educação só aumenta a violência, dentro de casa, no bairro, nas comunidades. Por isso, enquanto a população cresceu 20% nos últimos dez anos, a população carcerária aumentou e 88%. Seriam todos bandidos? Ou é a sociedade que os joga lá dentro?
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Qual é a solução para esses problemas que atormentam nosso povo? Construirmos um projeto político, que reorganize a produção, que leve o governo a priorizar suas politicas e em especial os recursos públicos (que são do povo) para investir em educação, geração de emprego, construção e moradias, distribuição de terras e de renda. Simples, não? Simples. Mas para aplicar esse projeto, precisaremos afetar os interesses dos banqueiros, das trasnacionais, das grandes empresas que se dedicam apenas a exportação e os latifúndios. E ai nenhum político quer mexer, nos seus financiadores de campanha. Por isso, os verdadeiros problemas da população ficaram fora do debate da atual campanha.
Espero que o povo se vingue nas urnas.
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João Pedro Stedile é dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra (MST) e da Via Campesina - Brasil

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