sábado, 11 de novembro de 2006

MERCANDANTE ACORDOU
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MERCADANTE CRITICA "CONTINUÍSMO" DA POLÍTICA ECONÔMICA
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Senador petista diz em discurso na tribuna que governo precisa mudar modelo econômico para crescer a partir de 2007
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Em seu primeiro discurso na tribuna do Senado após as eleições, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) defendeu mudanças na política econômica no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para Mercadante, que já foi um dos principais conselheiros econômicos de Lula e diversas vezes cotado para assumir o Ministério da Fazenda em lugar do ex-ministro Antonio Palocci, o atual modelo econômico foi vitorioso no primeiro governo petista, mas não conseguirá aumentar a taxa de crescimento para 5% a partir de 2007, meta estabelecida pelo Ministério da Fazenda.
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"Sou contra o continuísmo da política econômica. A política econômica que tivemos nesse período foi de transição, cumpriu seu papel. Foi uma política que estabilizou a economia porque fizemos superávit primário crescente para poder reduzir o crescimento da divida pública", disse Mercadante nesta sexta-feira (10). "Mas essa política econômica não vai permitir o crescimento de 5% ao ano. Não adianta continuarmos apenas aumentando superávit primário, fazendo ajuste fiscal, e buscando combinar essa política monetária com a fiscal, que não chegaremos ao crescimento de 5%", ressaltou.
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Discurso pós-eleição
O discurso desta sexta foi o primeiro de Mercadante após a derrota nas últimas eleições, quando perdeu a eleição para o governo de São Paulo para o candidato do PSDB, José Serra.
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No discurso desta sexta, Mercadante criticou o que chamou de "velho desenvolvimentismo". "É imaginar que, apenas baixando juros, vamos gastar mais, investir mais e impulsionar o crescimento econômico, que a inflação não volta e que o crescimento acomoda a pressão inflacionária", disse. Embora não tenha citado nomes, o discurso tem endereço: o presidente do PT e secretário-especial da presidência da República, Marco Aurélio Garcia, que vem defendendo que a redução dos juros vai acelerar o crescimento do país.
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Para Mercadante, esse pensamento pode até fazer sentido num primeiro momento, mas levará o país a uma "bolha de crescimento". "Acho que o caminho do velho desenvolvimentismo pode levar ao crescimento, mas podemos ter uma bolha: uma primeira expansão do PIB, estimulado pelo gasto da redução dos juros, mas assistiremos uma pressão inflacionária e a deterioração das finanças públicas e o governo poderá se ver obrigado a fazer um ajuste fiscal severo", explicou. "Novo desenvolvimentismo"A proposta do senador é classificada por ele de "novo desenvolvimentismo", com foco no investimento e a redução dos gastos correntes (salários, prestação de serviços, pagamento de pensões, entre outras coisas), do governo. "O foco da política econômica e orçamentária tem que ser o investimento. Só o investimento, com inovações científicas e tecnológicas, será capaz de impulsionar o crescimento sustentável no país", disse. "Como aumentar a taxa de investimento? Cortando gasto de custeio, reduzindo gastos correntes, contendo expansão dos gastos correntes", disse. Segundo ele, seu pensamento sobre a política econômica do governo e e as propostas que sugere foram entregues nesta semana ao próprio Lula. Mercadante sugeriu ainda que um grupo de trabalho seja criado por Lula para reduzir os gastos nos ministérios. "Não só para conter os gastos correntes, mas também aumentar a produtividade do gasto público, a qualidade do gasto público, para manter as políticas sociais, atendendo parte dessas demandas", disse. "Não é o caminho mais fácil. Mas é mais sólido e consistente. É mais sustentável e promissor. Exigirá sacrifício, mas trará resultados compensatórios", afirmou.

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