quinta-feira, 17 de maio de 2007

Poesia

AH! OS RELÓGIOS
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vida
sem seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida
- a verdadeira
-em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém
- ao voltar a si da vida
-acaso lhes indaga que horas são...
A Cor do Invisível
Mário Quintana

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