Artigo publicado no jornal O Globo, no dia - 12/05/2007Cristovam Buarque * http://www.cristovam.com.br/
Pela primeira vez, a juventude tem uma perspectiva menos favorável do que a geração anterior. E nunca a juventude esteve tão desiludida diante da falta de propostas para o futuro. Há um sentimento de vazio no ar: uma perplexidade e uma acomodação que se originam nas lideranças políticas e se espalham pela população, especialmente entre os jovens. Nunca foi tão necessária uma proposta alternativa, para oferecer um novo futuro ao País e uma perspectiva favorável aos jovens. Sobretudo, de apresentar propostas que consigam empolgar a juventude.Em tempos passados, partidos de esquerda foram capazes dessa empolgação. Mas atualmente, nenhum deles está conseguindo retirar a juventude da perplexidade, descrença e acomodação. Lamentavelmente, essas propostas dificilmente sairão de nenhuma das atuais siglas partidárias. Tampouco sairão das universidades, onde professores e alunos também estão perplexos, acomodados, e em silêncio tolerante e reverencial. Mas poderão, entretanto, surgir em torno e uma idéia que aglutine seus defensores em um bloco político.No entanto, para empolgar a juventude, esse bloco precisa olhar para o futuro, para a próxima geração; e não para o imediato, para a próxima eleição. Ele não pode surgir para disputar espaço com outros partidos dentro do governo atual, mas sim para conquistar a consciência dos jovens.A segunda metade do século XIX viu surgir no Brasil o mais bem-sucedido dos nossos blocos políticos - o "partido abolicionista". Não era um partido no sentido de sigla partidária, mas no sentido da causa progressista: a abolição da escravidão, que era injusta e ineficiente, atrasava e dividia o País.Cem anos depois, o Brasil volta a precisar de um bloco progressista para unir o País em torno de uma causa que supere o atraso econômico e a divisão social, que nos leve para o século XXI. Que assegure a todos os brasileiros a mesma chance de usar seu talento, sua persistência e sua vocação para o desenvolvimento pessoal e da Nação. A mesma chnce entre gerações, e a mesma chance entre classes sociais. A primeira exige uma reorientação, trocando o atual modelo de desenvolvimento depredador por um modelo de desenvolvimento sustentável. A segunda exige uma revolução na educação, que assegure escola com a mesma qualidade para cada criança, independentemente da classe social de seus pais e da cidade onde ela viva. Só essas mudanças derrubarão os muros da desigualdade e do atraso e tornarão o Brasil um centro de criação de capital-conhecimento, sem o que seremos um país periférico e desigual.Esse seria um ideário possível para uma alternativa de poder capaz de construir uma alternativa de rumo para o Brasil, libertando-o das amarras da pobreza e do atraso.Para existir, esse bloco precisa de uma proposta que empolgue a imaginação e os sonhos, uma alternativa nítida à tragédia que surge adiante: um país periférico, sem capital-conhecimento, dividido pela desigualdade social, consumido pela violência, paralisado pela ineficiência, instáve pela falta de regras claras. Não surgirá se for constituído com o objetivo de apoiar o governo ou de opor-se a ele, se for formado contra siglas e não a favor de uma causa.Sem a juventude, nenhum bloco sério vai prosperar. E sem propostas alternativas ousadas, nenhum bloco conseguirá sensibilizar, motivar e mobilizar a juventude. O Brasil não precisa de um bloco de apoio ao governo, em oposição ao PT. Ele precisa, isto sim, de um bloco jovem nas idéias, propostas, compromissos, capaz de empolgar a juventude. Isso não acontecerá se ficarmos presos à mesma lógica da velha política a serviço do velho modelo, vinculado a siglas e ao governo, ou contra siglas e contra governos. Tampouco se continuarmos oferecendo mais do mesmo. Só o vigor transformador de uma proposta revolucionária despertará os jovens. A proposta existe: garantir a mesma chance para cada brasileiro, com equilíbrio ecológico e uma escola de alta qualidade para todos.
* Professor da Universidade de Brasília, Senador pelo PDT / DF.
Pela primeira vez, a juventude tem uma perspectiva menos favorável do que a geração anterior. E nunca a juventude esteve tão desiludida diante da falta de propostas para o futuro. Há um sentimento de vazio no ar: uma perplexidade e uma acomodação que se originam nas lideranças políticas e se espalham pela população, especialmente entre os jovens. Nunca foi tão necessária uma proposta alternativa, para oferecer um novo futuro ao País e uma perspectiva favorável aos jovens. Sobretudo, de apresentar propostas que consigam empolgar a juventude.Em tempos passados, partidos de esquerda foram capazes dessa empolgação. Mas atualmente, nenhum deles está conseguindo retirar a juventude da perplexidade, descrença e acomodação. Lamentavelmente, essas propostas dificilmente sairão de nenhuma das atuais siglas partidárias. Tampouco sairão das universidades, onde professores e alunos também estão perplexos, acomodados, e em silêncio tolerante e reverencial. Mas poderão, entretanto, surgir em torno e uma idéia que aglutine seus defensores em um bloco político.No entanto, para empolgar a juventude, esse bloco precisa olhar para o futuro, para a próxima geração; e não para o imediato, para a próxima eleição. Ele não pode surgir para disputar espaço com outros partidos dentro do governo atual, mas sim para conquistar a consciência dos jovens.A segunda metade do século XIX viu surgir no Brasil o mais bem-sucedido dos nossos blocos políticos - o "partido abolicionista". Não era um partido no sentido de sigla partidária, mas no sentido da causa progressista: a abolição da escravidão, que era injusta e ineficiente, atrasava e dividia o País.Cem anos depois, o Brasil volta a precisar de um bloco progressista para unir o País em torno de uma causa que supere o atraso econômico e a divisão social, que nos leve para o século XXI. Que assegure a todos os brasileiros a mesma chance de usar seu talento, sua persistência e sua vocação para o desenvolvimento pessoal e da Nação. A mesma chnce entre gerações, e a mesma chance entre classes sociais. A primeira exige uma reorientação, trocando o atual modelo de desenvolvimento depredador por um modelo de desenvolvimento sustentável. A segunda exige uma revolução na educação, que assegure escola com a mesma qualidade para cada criança, independentemente da classe social de seus pais e da cidade onde ela viva. Só essas mudanças derrubarão os muros da desigualdade e do atraso e tornarão o Brasil um centro de criação de capital-conhecimento, sem o que seremos um país periférico e desigual.Esse seria um ideário possível para uma alternativa de poder capaz de construir uma alternativa de rumo para o Brasil, libertando-o das amarras da pobreza e do atraso.Para existir, esse bloco precisa de uma proposta que empolgue a imaginação e os sonhos, uma alternativa nítida à tragédia que surge adiante: um país periférico, sem capital-conhecimento, dividido pela desigualdade social, consumido pela violência, paralisado pela ineficiência, instáve pela falta de regras claras. Não surgirá se for constituído com o objetivo de apoiar o governo ou de opor-se a ele, se for formado contra siglas e não a favor de uma causa.Sem a juventude, nenhum bloco sério vai prosperar. E sem propostas alternativas ousadas, nenhum bloco conseguirá sensibilizar, motivar e mobilizar a juventude. O Brasil não precisa de um bloco de apoio ao governo, em oposição ao PT. Ele precisa, isto sim, de um bloco jovem nas idéias, propostas, compromissos, capaz de empolgar a juventude. Isso não acontecerá se ficarmos presos à mesma lógica da velha política a serviço do velho modelo, vinculado a siglas e ao governo, ou contra siglas e contra governos. Tampouco se continuarmos oferecendo mais do mesmo. Só o vigor transformador de uma proposta revolucionária despertará os jovens. A proposta existe: garantir a mesma chance para cada brasileiro, com equilíbrio ecológico e uma escola de alta qualidade para todos.
* Professor da Universidade de Brasília, Senador pelo PDT / DF.
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