quarta-feira, 30 de maio de 2007

Deputado João Plenário






Crônica do Márcio

MISERESMA BICOLOR
João estacionou seu fusca azul da cor de seus sonhos em frente ao posto de saúde de seu bairro e adentrou ao recinto:
- Moça, como é que eu faço para consultar o dentista?
- É urgente?
- Sim! Tô co buraco aberto, e é bem na frente, veja!...
- Amanhã às oito e meia.
- Não dá pra ser hoje?
- Não! À tarde só atendemos crianças. Venha amanhã às oito e meia que o doutor vai atender você em caráter de emergência.
- Sim! Eu venho hoje com o buraco aberto e serei atendido amanhã com urgência?!... Entendo... Urgência do dia seguinte!...
Na manhã seguinte, João volta, desta vez a pé, afinal, veículo nenhum anda sem o nosso combustível auto-suficiente, mesmo que seu fusca azul da cor de seus sonhos fosse total flex, jamais funcionaria só com oxigêneo. Trajava uma calça social azul, camisa xadrez de preto com amarelo-ovo, um colete vermelho-sangue, paletó verde-água e sapato marrom com cadarços brancos (um luxo!... colocou seu melhor traje para aquela consulta)... Depois de algum tempo esperando, é chamado pelo dentista, senta-se na cadeira, quase na horizontal, obrigado a olhar para um refletor que não inspira nem um pouco de fama, somente dor. O doutor faz a restauração... Trabalho perfeito! Só não encontrou a resina da mesma coloração do dente do João, mas não é de todo mal ter um sorriso bicolor.
- Este seu dente sofreu uma fratura por deslocamento, João...
- Que nome chique prum troço que dói tanto, doutor!...
- De agora em diante, você terá que se cuidar, não poderá mais morder com este dente.
- Que utilidade tem um dente que não serve para morder, doutor?... É o mesmo que meu fusca sem combustível: existe, mas não cumpre sua obrigação...
- Deverá tomar cuidado com alimentos mais duros, como a carne.
- Doutor, há meses que eu não como carne. Isso não será problema.
- Porquê? É penitência?... Mas a quaresma já acabou!...
- Acabou! Mas a miseresma continua... E sem previsão para terminar...
E lá se foi o João, com seu sorriso bicolor, resgatar seu fusca azul da cor de seus sonhos, que também não sobrevive à miseresma auto-suficiente. Em uma das mãos, um litro descartável de refrigereco vazio que sobrou da última ceia de Páscoa; e na outra, cinco pila pra gasosa... Na mente, a esperança de que um dia, aqueles excelentíssimos eleitos mostrando o sorriso na campanha mostrem agora trabalho a fim de fazer o povo ter motivos para sorrir... A consciência?... Tranqüila! Pois agora abstem-se da carne não por necessidade, mas por orientações odontológicas.
Afinal, mesmo na miseresma o sorriso, ainda que bicolor, é essencial.
Márcio Roberto Goes
Sempre sorridente

A praça é nossa

Hálito de vida

"... o historiador não é nem um censor nem um juiz, simplesmente trata de devolver um hálito de vida ao passado humano e não de reconstruir mecanismos desumanos. Mutilará a vida todo aquele que, em suas páginas, não deixe arder a paixão, que consumiu outros homens, florescer a esperança ou chorar a decepção, (...) pouco importa que pereça o semeador contanto que algum dia a colheita amadureça."
Pierre Broué

terça-feira, 29 de maio de 2007

CAVEIRÃO

Carlota Joaquina

Carlota Joaquina é um bom filme para quem quer conhecer um pouco da história da chegada da familia real no Brasil em 1808.

Renan Calheiros na corda bamba

Senador Renan Calheiros discursou no senado, se defendeu, não foi muito convincente e pode terminar a semana como ex-presidente do senado.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Sara Carvalho



Lenha na Polícia Federal

Choveu críticas em cima da Polícia Federal nos últimos dias. Estaria ela sendo excessiva, pirotécnica, irresponsável, abusiva. Não sei não, mais me parece trabalho para condicionar os policiais, para que não avancem o sinal e se aproximem de notórios corruptos.

Empreiteiras

As empreiteiras andavam numa boa. Denúncia para todo lado, e, elas só faturando, até que, a Polícia Federal resolveu bater na porta de uma, e agora, e agora?

Tucanos Fernandistas

Tucanos próximos ao ex-presidente Fernando Henrique se articulam para evitar que o PSDB caia no colo do governo federal, é o que se anuncia. A vontade de alguns tucanos voltarem ao governo é tão grande, que nem se incomodariam em ocupar cargos no atual governo, que o partido é formalmente oposição. É o caso clássico de síndrome de abstinência de cargos públicos.

Ladislau Dawbor - Entrevista- O que trava a economia

José Saramago em A Janela da Alma II


As melhores postagens

JOGO BASTANTE DIVERTIDO


Clik no link abaixo
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Originalmente postado em cinco de fevereiro de 2007

domingo, 27 de maio de 2007

Aquecimento Global: crença ou realidade?

Por mais que os cientistas tenham acumulado alguns anos, de pesquisa tem gente que ainda diz que não acredita no que vem sendo chamado de aquecimento global. A questão infelizmente não é mais essa. O aquecimento global é uma realidade, e segundo vários especialistas, o que nos sobra e nos adaptarmos.

Comunidade do Blog no Orkut

Clic no link abaixo e participe da comunidade do Blog no orkut, só tem gente bonita e inteligente.
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=18573194

Nobel de Ciência para os nossos especialistas

Caçadorenses especialistas em gestão da educação e em outras áreas, estão descobrindo uma tese sensacional, não, tem relação entre bom salário do professor e qualidade de ensino, se comprovarem a tese, tamara que ganhem o prêmio Nobel de Ciência. Estou torcendo.

Senadora Idelí no programa do Jô

Não perderei e recomendo a entrevista da senadora Idelí no programa do Jô amanhã, o otiminismo da senadora chega a me emocionar. Segundo suas falas, VIVEMOS EM UM SUÉCIA TROPICAL, alias muito melhor do que a Suécia verdadeira.

Excesso de Estrategistas

Os partidos políticos de Caçador sofrem com um mal bastante comum, o excesso de grandes estrategistas. Como uma eleição tem semelhança com uma guerra, isso acaba sendo mortal.

Uma semana depois da derrota para o Romário

Uma semana depois de minha estupenda derrota para o Romário já me encontro bem melhor, mas não faço mais aposta com ninguém.

Tô cheio de textos sérios

Tô cheio de textos sérios aqui a minha volta para colocar nesse Blog, mas fica a me perguntar qual deles vai ter a missão de salvar o planeta? Quando eu chegar a uma conclusão eu vou postando.

Greve dos Blogueiros

To chegando a conclusão que os Blogueiros devem também organizar uma grande greve internacional. Não vamos postar coisas babacas, ou repetir as babaquices que são divulgadas em outros meios.
Tá na moda todo mundo pensa em fazer greve também podemos organizar a nossa. Não vamos confundir isso com os Blogueiros quase parando que não postam nada por prequiça.

Acorda, Brasil!

Todos os dias, de manhã e à noite, milhões de brasileiros esperam o transporte para ir ao trabalho ou voltar para casa. Esperam em pé, sob sol ou chuva, sem qualquer informação sobre o próximo ônibus, sem saber se irão perder a primeira aula, faltar à prova, chegar atrasados ao trabalho, ter o salário descontado ou perder o emprego; se terão tempo de fazer o jantar, conversar com os filhos, ver a novela. E sabem que isso se repetirá no dia seguinte e no outro e no outro. Todos os dias, vivem a angústia da irregularidade do transporte urbano. Mas esse apagão não levanta nenhum furor, não sai nas primeiras páginas dos jornais, não aparece nos noticiários da televisão, não provoca CPIs.
Porém, quando o sistema de controle do tráfego aéreo entra em crise e os aviões atrasam, o Brasil se levanta contra o apagão. Os passageiros têm ar-condicionado, restaurantes e lojas ao redor, mas os sofrimentos com o atraso, as perdas econômicas, a quebra de projetos de férias, a imprevisibilidade das cirurgias fazem o Brasil entrar em pânico, e o Congresso convocar não apenas uma, mas duas CPIs.
A mesma diferença, conforme a parcela da população que sofra o inferno, acontece em outros setores. O próprio apagão aéreo é tratado como assunto restrito aos controladores de tráfego, ficando esquecido o apagão maior, resultado da falta de uma aeronáutica bem equipada, capaz de proteger o espaço aéreo, territorial e marítimo do Brasil todo. O apagão do Cindacta aparece, mas é uma pequena parte do invisível apagão aeronáutico.
A morte de qualquer personalidade ou cliente em um hospital privado gera imediatamente denúncias, críticas, propostas, mas a falência total do sistema de saúde que atende a população pobre do Brasil continua há séculos, sem grandes perturbações. Como um apagão invisível.
Quando bancos e indústrias entram em greve, o risco de apagão econômico movimenta as forças políticas, mas as greves de professores na educação básica não aparecem. Duram semanas, meses, provocando o mais duradouro dos apagões – o apagão intelectual, que inviabiliza o ingresso do Brasil na economia e na sociedade do conhecimento que caracterizam o século XXI, mas que também é invisível.
O Brasil inteiro se isenta de responsabilidade. Os ricos se acomodam porque seus filhos estão nas escolas privadas; os pobres, porque – como os escravos no século XIX em relação à liberdade – acham que educação é privilégio dos filhos dos ricos. Todos acostumados e acomodados. Os empresários, porque continuam viciados ao tempo das vantagens competitivas que vinham do controle dos recursos naturais (como, aliás, o etanol retoma) ou do capital das máquinas. Não entendem, nem se atrevem a ingressar no tempo do capital-conhecimento. Provocam um apagão de competitividade.
O Brasil só vê os apagões de efeito imediato que obscurecem a vida da parcela rica. Enquanto isso, são invisíveis os apagões que infernizam a vida dos pobres e o futuro da nação e que vão, aos poucos, apagando o País. Como se estrelas fossem desaparecendo do céu, aos poucos, até a escuridão chegar e nos surpreender.
Cada um dos apagões – tráfego aéreo, trânsito urbano, transporte (rodoviário, ferroviário, marítimo, aéreo), setor elétrico, sanitário, educacional (pré-escola, ensino básico e superior), previdenciário, jurídico, policial, presidiário, ético, intelectual, cultural, científico, tecnológico, habitacional, hospitalar, ecológico, da segurança pública e da defesa nacional (Aeronáutica, Exército e Marinha) – vai desarticulando os setores do País, vai deixando sua marca. Vai apagando o Brasil.
As duas CPIs em andamento vão ajudar a apurar as falhas que levaram ao apagão no tráfego aéreo, mas pouco farão para iluminar e corrigir os apagões invisíveis que apagam todo o resto. É preciso despertar o Brasil em seu ilusório berço esplêndido, no qual ele mais parece condenado do que deitado. Iludido por apagões que ele não vê. Mais do que de CPIs, o Brasil precisa de um despertador.
Cristovam Buarque é senador (PDT-DF)

sábado, 26 de maio de 2007

Dj Luis Carlos

Batalha da Segunda Guerra Mundial

Produção do Blogueiro Alessandro Cunha
http://acunhablog.blogspot.com/

Mudanças de Clima, mudanças de vida

Comercial do Greenpeace

O Urso Polar e o Aquecimento Global

Conseguimos realmente mudar o mundo

Aquecimento Global

Boa Notícia

Deputado faz indicação para campus da UDESC em Caçador
Caçador Online
O deputado estadual do PSDB, Marcos Vieira, indicou Caçador para receber um campus da Universidade Estadual de Santa Catarina. A indicação foi enviada ontem ao Governador Luiz Henrique da Silveira e ao Reitor da UDESC solicitando providências para a instalação de uma unidade do Campus da Universidade em Caçador. O pleito vem ao encontro das manifestações da sociedade local e regional para a implantação do Campus.
O município de Caçador possui uma população superior a 72 mil habitantes e é o principal pólo industrial do Meio Oeste Catarinense. A UDESC já está envolvida com o processo de descentralização estabelecido pelo Governo do Estado, com a implantação do Campus de Chapecó, somando-se aos investimentos realizados anteriormente em Florianópolis, Joinville e Lages. Por motivos de compromissos inesperados o Deputado Marcos Vieira cancelou sua visita à Região de Caçador e Curitibanos, que seria realizada nos dias 26 e 27 de maio.

Navalha na carne da política brasileira

As recentes operações da Polícia Federal – de significativa nomenclatura (Furacão e Navalha) – expõem mais uma vez as vísceras da elite governante brasileira. Não é a primeira vez que isso acontece, sem que a lição tenha sido aprendida. Será desta vez?
Há 15 anos, foi deposto um presidente da República sob acusação de corrupção. Um ano depois, alguns de seus acusadores no Congresso seriam igualmente cassados, na CPI do Orçamento, sob acusações análogas. Corrupção – ativa e passiva.
Ninguém foi preso, mas não se pode dizer que nada aconteceu. A carreira da maioria foi encerrada e o desgaste da exposição negativa custou caro para muitos. Imaginou-se, na época, que o Brasil tinha enfim rompido com a cultura da impunidade e estava sendo passado a limpo. Ledo engano.
Houve apenas uma troca de moscas, sem que o esterco em que elas chafurdavam tenha sido removido. Ainda está aí, como se vê neste momento. Desfilaram pela CPI do Orçamento, em 1993, o nome de diversas empresas e empresários, fornecedores do Estado, entre os quais os mais poderosos do mercado - e 14 anos depois continuam aí, com os mesmos métodos.
Pior: geraram filhotes. A Gautama, por exemplo, surgiu por intermédio de um ex-lobista da OAS, empreiteira baiana. Seu proprietário, Zuleido Veras, foi durante anos o operador daquele empreiteira no Congresso Nacional.
Era seu principal lobista, incumbido exatamente de negociar as tais emendas parlamentares ao Orçamento. Quando se sentiu com musculatura suficiente para um vôo solo, criou a Gautama (nome que evoca a eminente figura de Buda como fachada para atividades totalmente antibudistas, o que é uma tosca ironia).
Os métodos da Gautama são diferente dos das demais? Pelo que se sabe, não. Pode-se argumentar que foi mais agressiva, mais explícita, mais descarada, mas, na essência, o jogo é o mesmo. É o toma-lá-dá-cá com o dinheiro público. O custo das propinas é repassado ao custo da obra e a conta vai para o contribuinte: eu, você, caro leitor. A CPI do Orçamento já havia demonstrado isso.
Há 14 anos.
Há uma diferença entre aquele momento e este. Agora, há polícia no jogo. Alguns estão presos, expostos e algemados – e não são exatamente bagrinhos, arraia miúda. Sabe-se que há gente mais graduada, cujos nomes têm sido pronunciados à boca pequena nos corredores do Congresso. Governadores, prefeitos, parlamentares.
A OAB pediu uma CPI para investigar as empreiteiras e sua relação com o Estado. O senador Pedro Simon já o fizera antes. Há 14 anos. Jamais seu pedido foi levado a sério.
Quando assumiu a Presidência da República, em 1994, Fernando Henrique Cardoso fez uma avaliação aguda da situação. Faltou apenas, nos oito anos que se seguiram, materializá-la.
Disse que não bastava prender os ratos (embora fosse indispensável fazê-lo). Era preciso fechar os ralos e frestas pelos quais eles invadiam (e roíam) os cofres públicos. Em síntese, era preciso reformar o Estado. Mas a reforma não foi feita, não ao menos na proporção que impedisse o livre acesso dos ratos. Os bueiros continuam dando pleno acesso aos cofres. E haja ratos.
A responsabilidade pela omissão, como é óbvio, não é apenas do Executivo. É amplamente compartilhada com o Legislativo, que deveria fiscalizá-lo, mas, em vez, protagoniza com ele atos politicamente incestuosos.
O governo Lula tem a oportunidade histórica de fazer a reforma do Estado. Sem que isso ocorra, a CPI será mais um espasmo de moralidade, penalizando alguns, sem que a matriz do problema seja saneada. É como enxugar o chão com a torneira aberta.
O diagnóstico da crise do Estado brasileiro está mais do que feito. Sabe-se também o que de imediato precisa ser feito para mudar o padrão iníquo de gestão da vida pública. Falta vontade política de fazê-lo. Em 1870, dom Pedro II dizia, numa reunião ministerial, que todos os problemas do Brasil decorriam do “modo como são feitas as eleições”. Reforma política. Desde aquela época.
Há anos, discute-se no Congresso a necessidade de mudar o modelo do Orçamento da União, fonte de toda essa lama que tem agora a empreiteira Gautama como protagonista. Há uma proposta de emenda constitucional nesse sentido tramitando no Senado.
O Orçamento é autorizativo. A proposta é para que se torne impositivo. Parece bobagem, mas não é. Todas as rubricas que lá constam, autorizando gastos, só serão feitas se o Executivo achar que deve. Parte substantiva é de autoria de parlamentares, que fazem emendas à Lei do Orçamento, votada no Congresso.
Essas emendas prevêem obras cuja essência muitas vezes é questionável. Mas garantem votos e prestígio ao autor – e algumas vezes propinas na intermediação com as empreiteiras que vão realizá-las. O Executivo sabe do interesse dos parlamentares naquelas obras. E só liberam o recurso previsto (o tal descontingenciamento) mediante negociação política.
Sempre que há alguma crise ou alguma proposta a ser votada no Congresso de interesse do Executivo, a manobra se repete: o governo aborda os resistentes (e muitos resistem exatamente para ser abordados) e negocia o descontigenciamento das emendas.
Para muitos, é um momento de euforia: atendem as bases e atendem-se naquela base – esta que aí está, exibida pela Gautama, que, como é óbvio, não tem o monopólio da iniqüidade.
Vejamos se a CPI sai – e se o Congresso sobrevive a ela.
Ruy Fabiano Jornalista

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Corrupção dominou a semana

Para variar essa semana o noticiário foi dominado pela corrupção. Apesar de ser um assunto grave, já chegou o momento de não deixarmos essa vergonhosas notícias pararem a nossa capacidade de pensar em outras coisas, e efetivamente fazer aquilo que a sociedade tanto necessita.

O Cálculo do PDT

O PDT em Caçador só aceitará o retorno do vereador Gilberto Gonçalves ao partido, pelo medo de não fazer legenda para eleger um vereador. Esta é a opinião de muita gente, não deixam de ter um pouco de razão.

Saudades do Menta

Que saudade do ex-prefeito Onélio Menta, é que se ouve da boca de muitos servidores municipais de Caçador.

Redução da maioridade penal-Opinião

Deu no Blog do Noblat
"A questão da maioridade penal
(Entre tantos crimes praticados por menores, o mais recente foi o assassinato de uma estudante na cidade de São Vicente, litoral paulista, morta por um garoto de 13 anos por não lhe entregar uma máquina fotográfica. No fim de abril, a CCJ do Senado aprovou uma proposta que reduz de 18 para 16 anos a maioridade penal. Apesar da aprovação uma pesquisa mostra que a chance dessa proposta prosperar no plenário é pequena.)
O trecho acima faz parte do comentário do sociólogo Antônio Lavareda na Band News FM. Ouça aqui"

Crônica

Poética
A mulher do padeiro era infiel. Todo mundo sabia disso na cidadezinha. Era uma loira opulenta e farta, bem mais alta do que ele. Agora, tem o seguinte: ela só praticava sua infidelidade com um tipo de homem: com os amantes da poesia. A mulher do padeiro não conseguia resistir a quem lhe declamasse um bom poema. Os homens da cidade, ao descobrirem isso, passaram a se esforçar, literariamente falando. Chegavam à padaria com um Bilac na ponta da língua, às vezes até com um Baudelaire. Ela enlouquecia, dava um jeito de escapulir da vigilância do padeiro e se refestelava com o suposto poeta.Mas um dia... o padeiro descobriu.Algum maldito iletrado contou para ele. E uma vingança sórdida foi urdida. O padeiro comunicou à dadivosa mulher que ia viajar a negócios. E, de fato, arrumou as malas. E partiu. Só que se hospedou num hotel da periferia. Enquanto isso, um detetive particular ficou vigiando a casa. À noite, quando a mulher do padeiro estava se regalando com um tipo que recitava Castro Alves, o Navio Negreiro inteirinho, um fenômeno, o padeiro e o detetive entraram na casa pelos fundos. Ainda tomaram um cafezinho na cozinha, esperando a hora certa. E, quando a hora certa chegou, invadiram o quarto, com revólveres em punho.Pegaram a mulher do padeiro e o poeta amador em pleno ato. Tiraram fotos dos dois nus. Fizeram com que assinassem uma declaração admitindo o adultério. De posse de todos esses documentos, o padeiro pediu separação judicial. Não queria que ela tivesse direito a nada. Só que depois de um rápido julgamento, veio a surpresa: o juiz deu tudo a ela. Tudo: a padaria, uma pensão gorda, tudo. O padeiro ficou arrasado. E virou piada na cidade. Porque só ele não sabia que a especialidade do juiz não era o Direito: era Guilherme de Almeida. O Príncipe dos Poetas!
Afirmativa
Ela era uma dessas mulheres que só dizem sim, como a da música do Chico. Cristina. Linda, delicada e generosa. Nunca rechaçava um homem. Não que fosse devassa, mas por ser uma pessoa boníssima. Comovia-se com qualquer apelo masculino. Achava tão lindo ser desejada, que não resistia. Sucumbia, docemente. Se entregava... Os dom juans, porém, que não se enganassem. Era uma só vez. Bem como na música do Chico: no dia seguinte, aquele homem que havia se repoltreado em suas carnes brancas de leite era página virada, descartada do seu folhetim.Até que surgiu Norton. Um homem diferente. Porque, quando a abordou, não fez nenhuma insinuação sexual, não a fitou com olhos de lobo faminto, como todos os outros. Não. Norton foi cavalheiro, foi gentil, foi suave como um beijo de mãe. Mandava-lhe flores, caixas de Sonho de Valsa, cartões por imeil. Cris estava encantada. Mas também ansiosa. Quando é que ele finalmente ia pedir para passarem uma noite juntos?Norton não pedia. Os mimos continuavam. Os convites para jantares suntuosos. Sexo? Nada. Nem pegar na mão ele pegava. Uma noite, Cris não agüentou mais. Foi direta. Perguntou: - Norton, me diz logo: o que é que você quer comigo?Norton, então, tomou as mãos dela, ambas as mãos e, com um sorriso de frei franciscano, ciciou: - Cris, minha Cristina, Cristininha. É o seguinte: não quero uma mulher que só diz sim. Ela ficou olhando-o, muito séria. Levantou-se, enfim. Ajeitou a minúscula minissaia com as mãos. E disse, com voz de paralelepípedo: - Então, para você, eu digo não! E foi-se embora, para nunca mais olhar na cara do pobre Norton.
Inatingível
Algumas mulheres parecem ser inatingíveis. Marcela era uma dessas. Não só porque era linda, com suas pernas compridas, seu rosto de propaganda de creme Nívea e seus seios firmes como uma defesa montada pelo Felipão. Não. Marcela parecia ser inatingível porque era simpática demais. Tratava a todos os homens com a mesma atenção, o mesmo sorriso. Esse era o problema: com todos os homens, Marcela era condescendente como uma imperatriz, como uma mestra que perdoa a peraltice do aluno. A rainha do gelo. Certa noite, Leonardo, um colega que trabalhava ao lado dela, a viu dançando de bracinho levantado no Doctor Jeckyll. Detalhe: Marcela vestia uma minissaia de quatro dedos de altura. Depois disso, Leonardo passou a acordar todas as manhãs da seguinte forma: abria os olhos, fitava o reboco do teto, e pensava: - Será que ela vai vir de minissaia hoje? Ela nunca vinha. Leonardo passava o dia a rodeá-la, a mirá-la com olhos pidões. Ela nem aí. Leonardo pôs o plano em ação. Durante um mês inteiro, mal a o-lhou. Como foi difícil! Marcela surgia no escritório cada dia mais linda. Vinha com umas calças apertadas, como ela conseguia respirar dentro daquelas calças? Ele não a olhava. Mordia os nós dos dedos, tinha vontade de chorar, mas não olhava. E uma sexta-feira... Oh, naquela sexta-feira ela apareceu de minissaia! Aí Leonardo não agüentou mais. Olhou. Mas olhou de verdade, olhou tudo o que pôde, olhou bem, olhou com gula. E disse, finalmente: - Marcela, Marcelinha, todo este mês eu a ignorei. Mas hoje você está realmente irresistível. Hoje não tem como ignorar. Não tem... Então, ela o encarou com surpresa, levantou as sobrancelhas e disse: - Você estava me ignorando? Nem percebi...
Luis Fernando Veríssimo

Culpa compartilhada

Existe uma linha de investigação que aponta que a responsabilidade pelo acidente da gol deve ser compartilhada entre os pílotos americanos e os controladores de vôo.

Gautama e gatunos

Escândalos são como os gatos e gatunos do Brasil de hoje: têm sete vidas. Quando se pensa que a vergonha de "hoje" será a última, eis que uma nova desonra, um novo opróbrio surge no universo político do Brasil - como um furúnculo perpétuo. A máfia especializada em drenar recursos públicos vale-se de nomes quase onomatopaicos - nomes cujo som imita aquilo que deixam transparecer: falo dessa inacreditável empreiteira chamada "Gautama", que há anos vicia licitações e molha as mãos desonradas de altos funcionários do Brasil, aí incluindo um ex-governador e um atual ministro.
Gautama tem o "radical" de "gato" e o sufixo de "gaturama", parece, enfim, o nome perfeito para esconder uma sociedade de ladrões. O dono da caverna não se chama Ali Babá, mas Zuleido Veras, um empreiteiro paraibano que há pelo menos duas gerações domina o tabuleiro dos contratos de obras públicas em Brasília.
Zuleido, com esse nome de fétida rima, se diz um budista autêntico. O nome de sua quadrilha é uma "homenagem" ao fundador do budismo, Siddarta Gautama. Não poderia haver blasfêmia maior. Gautama pregava o despojamento total dos bens materiais, e sustentava que o sofrimento humano era o veículo capaz de depurar o homem para a sua superação existencial.
O "Nirvana", paraíso dos budistas, somente será alcançado com a honestidade dos que não enganam, não chantageiam, não roubam. Esses alcançam a bem-aventurança integral. Zuleido, com perdão da má palavra, encontra o seu "Nirvana" no assalto aos cofres públicos, com a escabrosa conivência dos potentados de Brasília e de muitos Estados brasileiros.
Quando um ministro recebe propina em seu próprio gabinete, o que teria acontecido com o ministro Silas Rondeau, segundo a "Operação Navalha", está descoberta a metástase que se espalhou pelo ambiente da administração pública brasileira e dado o sinal de que o câncer chegou aos escalões mais elevados da República. A bem da verdade, diga-se que é a Polícia Federal do próprio governo que lidera uma "Operação Asseio" e que revela a "gatunagem" desses novos "budistas".
Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido pela "banda sadia" da administração, até que se instale uma "Operação Mãos Limpas". O primeiro sinal deveria vir da Justiça brasileira, tão necessária, mas tão abalada pelos recentes escândalos. Ameaçados em sua credibilidade, os tribunais superiores geralmente desfazem, em nome de um licencioso "democratismo", o que a Polícia Federal se empenha em desmascarar.
Todos os excessos que a Polícia comete - principalmente no "set" espetaculoso de sua atuação - devem mesmo ser moderados pelo Poder Judiciário. Mas, respeitado o devido processo legal, os gatunos flagrados em "expropriação" do dinheiro público não deveriam ser tão favorecidos, apenas em nome do posto de representação que eventualmente desfrutem, como governadores ou ministros.
Autoridades que detenham o "munus" público, e que em razão de sua função tenham favorecido o peculato, desonrando a "fé pública" de que eram depositários, não deveriam ser tratados com a frouxidão da leniência, mas com o rigor da lei. Vivemos tempos duros e maniqueístas. Os agentes públicos precisam se decidir: ou são "do Bem", ou "do Mal".
O Brasil saudará o dia em que uma referência a um "juiz ladrão" se reporte, como sempre, a algum daqueles "desatentos" magistrados das quatro linhas do futebol. Hoje, infelizmente, a expressão começa a se aplicar, com naturalidade, às ovelhas negras que, sob a toga da Justiça, trazem os olhos vendados para uma vida ilibada. O Brasil, contudo, sabe que a "redenção" somente acontecerá através de uma Justiça sem mácula e de um Legislativo honesto.
Até que o Bem prevaleça, pedimos a proteção do Siddarta Gautama: - Meu caro Buda, exorcize esses gatunos que se apropriaram do teu nome!
sergio.ramos@diario.com.br

quinta-feira, 24 de maio de 2007

quarta-feira, 23 de maio de 2007

A tranquilidade acabou?

O presidente começa a semana preocupado. A “Operação Navalha” da Polícia Federal pode romper com a onda de boas notícias que o governo tem surfado nas últimas semanas. A operação, que já resultou na prisão de quase 50 pessoas, está agitando os bastidores de Brasília.

Até o momento, foram identificados fraudadores ligados ao PMDB, DEM, PDT, PT e PSDB. O temor é que além de derrubar o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, o escândalo acabe atingindo gente importante no Congresso. Assim como a questão da publicidade oficial, uma caixa preta em qualquer governo, a relação de autoridades com empreiteiras é explosiva.

No cenário de curto prazo, os desdobramentos da operação podem ser os seguintes: risco de afetar o andamento dos projetos de interesse do Executivo; desgaste ainda maior da imagem do Legislativo; novos processos no Conselho de Ética da Câmara e do Senado contra parlamentares; retomada das discussões sobre a forma de elaboração do Orçamento com proposta de eliminação das emendas de parlamentares; possibilidade de instalação de CPI para investigar os fatos.

O novo escândalo explode no momento em que o presidente Lula vive sua melhor safra de realizações de governo desde que assumiu o cargo em 2003, encerrando a semana com resultados expressivos, tanto na política quanto na economia.

Sua entrevista foi bem recebida pela imprensa, políticos e analistas. À vontade, Lula parece ter perdido um dos seus principais temores: falar com a imprensa.

Obviamente que ajudou muito o fato de ele ter bons indicadores econômicos para apresentar, apesar de alguns problemas pontuais.

A agência de risco Standard & Poor’s melhorou a classificação do Brasil, deixando o país muito próximo do tão sonhado grau de investimento.

De acordo com dados do Ministério do Trabalho divulgados na semana passada, a geração de empregos em abril atingiu novo recorde, com 301,9 mil novos postos de trabalho.

Na Câmara dos Deputados, o governo conseguiu aprovar a medida provisória do salário mínimo e derrotou a oposição com margem expressiva de votos (331 contra 109).

Na CPI do Apagão Aéreo da Câmara, o Palácio do Planalto também teve uma vitória importante: os governistas derrotaram proposta de pedido de informações ao Tribunal de Contas da União sobre os resultados da auditoria em contratos da Infraero.

No Senado, foram aprovadas quatro medidas provisórias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC): 351 – isenção de pagamento de contribuições a empresas que investirem em infra-estrutura; 352 – isenção para os produtores de componentes de TV Digital; 348 – FIP-IE (Fundo de Participação em Infra-estrutura); e 340 – reajuste da tabela de correção do Imposto de Renda de Pessoas Físicas.

Aparentemente não havia grande risco econômico ou político para o governo no cenário de curto prazo.

Por isso, saber administrar o “sucesso” é essencial. Mesmo diante de uma situação tão favorável, o presidente não pode descuidar-se de detalhes importantes. Mas parece que ele está atento a isso. Um exemplo foi quando Lula entrou em campo e apaziguou os ânimos no PMDB, nomeando indicados pelo partido para oito cargos estratégicos em empresas estatais e autarquias.

Mas se a “Operação Navalha” complicar a vida de uma lista muito grande de parlamentares, há o risco de aquela situação harmoniosa ficar fora de controle e atrapalhar o País. Uma vez mais, na hora em que as conquistas começavam a adquirir aquela aparência de longo prazo tão útil aos negócios.

Murillo de Aragão é mestre em Ciência Política e doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília e presidente da Arko Advice (Análise Política)

Líder dos Controladores depondo na CPI



Bloco jovem

Artigo publicado no jornal O Globo, no dia - 12/05/2007Cristovam Buarque * http://www.cristovam.com.br/
Pela primeira vez, a juventude tem uma perspectiva menos favorável do que a geração anterior. E nunca a juventude esteve tão desiludida diante da falta de propostas para o futuro. Há um sentimento de vazio no ar: uma perplexidade e uma acomodação que se originam nas lideranças políticas e se espalham pela população, especialmente entre os jovens. Nunca foi tão necessária uma proposta alternativa, para oferecer um novo futuro ao País e uma perspectiva favorável aos jovens. Sobretudo, de apresentar propostas que consigam empolgar a juventude.Em tempos passados, partidos de esquerda foram capazes dessa empolgação. Mas atualmente, nenhum deles está conseguindo retirar a juventude da perplexidade, descrença e acomodação. Lamentavelmente, essas propostas dificilmente sairão de nenhuma das atuais siglas partidárias. Tampouco sairão das universidades, onde professores e alunos também estão perplexos, acomodados, e em silêncio tolerante e reverencial. Mas poderão, entretanto, surgir em torno e uma idéia que aglutine seus defensores em um bloco político.No entanto, para empolgar a juventude, esse bloco precisa olhar para o futuro, para a próxima geração; e não para o imediato, para a próxima eleição. Ele não pode surgir para disputar espaço com outros partidos dentro do governo atual, mas sim para conquistar a consciência dos jovens.A segunda metade do século XIX viu surgir no Brasil o mais bem-sucedido dos nossos blocos políticos - o "partido abolicionista". Não era um partido no sentido de sigla partidária, mas no sentido da causa progressista: a abolição da escravidão, que era injusta e ineficiente, atrasava e dividia o País.Cem anos depois, o Brasil volta a precisar de um bloco progressista para unir o País em torno de uma causa que supere o atraso econômico e a divisão social, que nos leve para o século XXI. Que assegure a todos os brasileiros a mesma chance de usar seu talento, sua persistência e sua vocação para o desenvolvimento pessoal e da Nação. A mesma chnce entre gerações, e a mesma chance entre classes sociais. A primeira exige uma reorientação, trocando o atual modelo de desenvolvimento depredador por um modelo de desenvolvimento sustentável. A segunda exige uma revolução na educação, que assegure escola com a mesma qualidade para cada criança, independentemente da classe social de seus pais e da cidade onde ela viva. Só essas mudanças derrubarão os muros da desigualdade e do atraso e tornarão o Brasil um centro de criação de capital-conhecimento, sem o que seremos um país periférico e desigual.Esse seria um ideário possível para uma alternativa de poder capaz de construir uma alternativa de rumo para o Brasil, libertando-o das amarras da pobreza e do atraso.Para existir, esse bloco precisa de uma proposta que empolgue a imaginação e os sonhos, uma alternativa nítida à tragédia que surge adiante: um país periférico, sem capital-conhecimento, dividido pela desigualdade social, consumido pela violência, paralisado pela ineficiência, instáve pela falta de regras claras. Não surgirá se for constituído com o objetivo de apoiar o governo ou de opor-se a ele, se for formado contra siglas e não a favor de uma causa.Sem a juventude, nenhum bloco sério vai prosperar. E sem propostas alternativas ousadas, nenhum bloco conseguirá sensibilizar, motivar e mobilizar a juventude. O Brasil não precisa de um bloco de apoio ao governo, em oposição ao PT. Ele precisa, isto sim, de um bloco jovem nas idéias, propostas, compromissos, capaz de empolgar a juventude. Isso não acontecerá se ficarmos presos à mesma lógica da velha política a serviço do velho modelo, vinculado a siglas e ao governo, ou contra siglas e contra governos. Tampouco se continuarmos oferecendo mais do mesmo. Só o vigor transformador de uma proposta revolucionária despertará os jovens. A proposta existe: garantir a mesma chance para cada brasileiro, com equilíbrio ecológico e uma escola de alta qualidade para todos.
* Professor da Universidade de Brasília, Senador pelo PDT / DF.

Deu no Blog do Alon:
"Quando a Igreja ajudava a combater a ditadura ninguém berrava pelo "estado laico" (16/05)
São profundamente injustas as opiniões que, a pretexto de defender uma sociedade laica, imputam à Igreja Católica e ao Papa Bento 16 a intenção de transformar o Brasil num estado teocrático. Não há nada disso. O Vaticano gostaria que implantássemos o ensino religioso nas escolas. Aliás, não está esclarecido se Bento 16 pediu ensino católico ou ensino religioso, com liberdade de escolha da religião. Você há de convir que há uma diferença razo'avel entre as duas coisas. O Vaticano não concorda que a relação entre os padres e a Igreja no Brasil seja regida pela CLT. O Vaticano quer facilitar os movimentos de missionários católicos em terras indígenas. O Vaticano é contra ampliar os casos de aborto legal. O Vaticano é contra o divórcio, os preservativos e a pesquisa científica com células-tronco embrionárias. Não há nada de mais em a Igreja e o Papa externarem as suas posições e fazerem pressão para que elas prevaleçam. Eu discordo de muitas opiniões e atitudes da Igreja Católica no Brasil (faça uma busca por "CNBB", na janelinha no alto à esquerda nesta página). Mas eu admiro e aprecio a defesa que a Igreja faz da família e do direito à vida. Eu acho que numa sociedade marcada pelo consumismo, pelo hedonismo e pela dissolução dos laços familiares (raízes da explosão da violência nos grandes centros urbanos) é ótimo que uma instituição forte como a Igreja adote posição firme a favor de certos princípios. Vamos debater com serenidade, caso a caso, e ver onde está o ponto de equilíbrio. Mas o que está acontecendo não é isso. É uma onda histérica em que as opiniões da Igreja e do Papa Bento 16 são expostas como se fossem imposições para teocratizar o Brasil. Por que qualquer ONG de meia tigela pode aparecer na televisão defendendo teses e mais teses e o Papa não pode dizer ao governo brasileiro o que ele considera ser mais adequado para nós? Eu defendo a separação entre o estado e a Igreja. Mas defendo que a Igreja tem todo o direito de atuar politicamente. Eu me irrito quando a Igreja opera como uma facção política, mas até isso ela tem o direito de fazer. Aliás, quando os padres apóiam a luta dos movimentos sociais e se alinham a suas reivindicações não vejo ninguém da esquerda bradar pelo tal "estado laico". Assim como ninguém da esquerda berrava pelo "estado laico" quando a Igreja denunciava corajosamente as torturas no regime militar. Não me lembro de movimentos pelo "estado laico" quando os padres e freiras ajudavam , animadamente, a erguer o PT, quase trinta anos atrás. Então, pessoal, chega de oportunismo e de farisaísmo."

Eterno pecador

Quis evitar mais uma coluna sobre o papa Bento 16 assim como o diabo foge da cruz, mas não resisti. Caí em tentação. Há duas coisas sobre o sumo pontífice que ainda acho necessário destacar. A primeira, como bem observou o José Simão, é que ele fala português melhor do que o Lula. A segunda é que o santo padre é um estopador em anidropodotecas --apesar de incomum, essa é a expressão mais elevada que encontrei para dizer "chato de galochas".No plano lingüístico, muito embora o presidente brasileiro demonstre maior segurança na utilização do idioma, o bispo de Roma é mais escorreito no emprego daquilo que se convencionou chamar de concordância verbo-nominal. Talvez por influência do latim, quando o papa fala, um plural é um plural --o que nem sempre ocorre no discurso presidencial. Em termos de conteúdo, entretanto, fico com Lula, que me surpreendeu positivamente ao defender de modo polido, mas sem deixar de ser enfático o Estado laico. Constato com satisfação que, no poder, Lula vendeu-se apenas aos banqueiros, e não aos banqueiros e aos padres como eu já receava.Antes que me tomem por um anticlerical empedernido, devo dizer que estou entre as pessoas mais tolerantes do mundo. Ao contrário de muitos representantes dos meios seculares intelectualizados, não pretendo cassar a palavra ao Vaticano. Suas posições contra o aborto, a eutanásia, o sexo antes do casamento, a camisinha, as drogas e a reprodução assistida são tão boas como as minhas a favor disso tudo. E, se eu tenho o direito de me manifestar, é líqüido e certo que o papa também pode dizer o que pensa.E é preciso reconhecer que ele o fez, talvez até com algum exagero. Em praticamente todas as suas intervenções por aqui, o sumo pontífice aproveitou para passar o seu recado. Nem bem desembarcou, condenou o aborto. Falou aos jovens e condenou o aborto. Criticou os traficantes e condenou o aborto. Abriu a conferência episcopal e condenou o aborto. Despediu-se e condenou o aborto. O lado bom é que agora não temos nenhuma dúvida de que a Igreja Católica condena o aborto.De novo, não vejo problemas nas colocações papais. Quem partilha do pressuposto da igreja de que existe uma moral eterna e incondicionada e aceita a noção de que a vida tem início na concepção não poderia mesmo dizer outra coisa. O católico que queira conservar-se um bom católico está obrigado a aceitar as determinações papais. Como cidadãos brasileiros, entretanto, cada um de nós é livre para escolher se vai ou não pertencer a uma igreja e mesmo se vai ficar com o "pacote completo" ou apenas com partes dele --o tal do "supermercado da fé" de que Bento 16 tanto se queixa. As lógicas civil e religiosa não se comunicam.O "projeto" deste papa é justamente expurgar a Igreja Católica dos maus fiéis, que ficam apenas com o que lhes interessa da doutrina. Quer, de preferência, transformá-los em bons devotos, mas já antecipou que está disposto a levar a ortodoxia a ferro e fogo, mesmo que isso signifique a perda de adeptos. Não vejo grande chance de sucesso nessa empreitada, mas não sou eu quem vai ensinar o papa a rezar a missa.O problema do catolicismo em sua vertente mais rígida é que ele é contra a natureza humana. Estamos, como qualquer animal, biologicamente programados para fazer sexo --pelo menos para os homens, a estratégia mais comum é preferir a quantidade de parceiras à qualidade. Mais do que isso, temos (homens e mulheres) fortes inclinações para a busca do prazer --o hedonismo também tão criticado pelo papa-- e não gostamos que imprevistos em princípio evitáveis ou reversíveis (como uma Aids ou uma gravidez não planejada) atrapalhem nossos planos de vida. Em uma palavra, somos terrível e humanamente egoístas.Isso não significa, é claro, que uma vida "virtuosa" seja impossível. Há quem seja capaz de viver sem sexo. Alguns jovens conseguem manter-se virgens até o casamento. Existem até aqueles que podem aspirar à santidade, levando uma vida inteiramente dedicada a fazer o bem para outras pessoas. (Poderíamos, é certo, "diminuir" um pouco o significado desse altruísmo afirmando que os candidatos a santo são tão egoístas quanto qualquer outro ser humano, só que, em vez de aplicar suas energias em obter para si deliciosas noites de enlevos lúbricos, concentram-se em garantir um lugar no céu --o prêmio máximo).É no plano epidemiológico que os desígnios papais saem frustrados. Embora a maioria das pessoas afirme acreditar numa próxima vida, age como se esta fosse a única. Com efeito, nem os religiosos mais fervorosos parecem muito ansiosos para morrer. Esse, entretanto, seria o caminho "racional", a rota mais rápida para a tão almejada redenção. Homens-bomba são, felizmente, exceções no universo de gente com excesso de fé.Gostemos ou não, a maioria das pessoas não quer ou não consegue viver segundo o manual de instruções do Vaticano. Farão sexo antes, durante e depois do casamento, usarão camisinha, não hesitarão muito antes de recorrer a um aborto se se virem diante desse dilema, experimentarão drogas e, de vez em quando, até irão à missa.Esse lado mais severo do catolicismo é compensado pela boa tolerância dos padres para com os pecadores. Se em termos contratuais a religião exige do adepto o quase impossível, isso é contrabalançado pela relativa facilidade com que o faltoso obtém perdão, confessando-se e penitenciando-se. Não é surpreendente, portanto, que os próprios católicos estejam entre os primeiros a admitir que não praticam sua religião de modo muito exemplar.O estranho aqui é que Bento 16, por todos apontado como um rematado conservador, atue com o que, creio, são os mesmos cacoetes das utopias de esquerda. À sua concepção de religião parece subjazer um papel de força transformadora do homem e, em conseqüência, da sociedade. Se a maioria agir de acordo com a moral católica, além de povoar o céu com mais almas, construiremos um mundo melhor. Não é por outra razão que o Vaticano procura convencer o Brasil a transformar o ensino religioso, hoje optativo na rede pública, em obrigatório.E não estamos falando de pequenas transformações, de modelagens, que o meio social de fato consegue imprimir ao homem, seja pela via da educação seja pela da repressão, mas de mudanças radicais e justamente nas esferas em que nossa animalidade se faz mais notável, como o sexo e manifestações de auto-interesse. Aqui, Bento 16 lembra muito seu compatriota Karl Marx. A diferença fica apenas por conta da localização do paraíso. Para o primeiro, nas alturas, para o segundo, na terra mesmo.De minha parte, reservo-me o direito do ceticismo. Não acho, por certo, que o homem seja um caso perdido. Se tomarmos uma escala de longo prazo, maior até que a da Igreja Católica, estamos melhorando. Já não atacamos nossos vizinhos apenas por receio de que eles nos ataquem antes. Só que as mudanças para melhor no comportamento humano vêm menos traumaticamente quando ninguém tenta impingi-las através de projetos de engenharia social ou moral. Se o capitalismo tem alguma vantagem sobre o marxismo e o catolicismo, é que ele é menos ambicioso. Não tem a pretensão de alterar a natureza humana nem tenta negar-lhe os traços animalescos.
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Hélio Schwartsman, 41, é editorialista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001.

terça-feira, 22 de maio de 2007

OS SATISFEITOS

Resolvi dar esse título a uma reflexão sobre os meus colegas de profissão, que se dizem satisfeitos com os seus vencimentos. Considerando, que devem ser pessoas inteligentes, os trato aqui como satisfeitos.
Não consigo entender, é, de onde tiram tamanha satisfação. De minha parte considero os salários do magistério aviltantes e indignos, mas encontro professores, que acham que ganham o suficiente para viverem.
Em geral esses colegas tiveram algum tipo de ajuda dos pais para se formarem e se estabelecerem na vida. Se possuem um carro é financiado, raramente compram um livro, e dificilmente fazem uma viajem, e ainda não tiveram a necessidade de maiores gastos com saúde.
Provavelmente todos nós, professores, com o passar do tempo iremos ter gastos com a nossa saúde, e dos nossos familiares. Nosso carro vai estragar, a casa vai precisar de manutenção, os filhos farão faculdade, e aí os satisfeitos vão realmente descobrir, já com alguns anos de profissão, que o nosso salário é indigno e insuficiente.
Não aceito comparações com outras profissões se for com objetivos conformistas. Tenho plena consciência que os trabalhadores em geral ganham pouco, e deveriam se organizar para ganharem mais.
Outra ponderação necessária, é relativa ao fato de que de que a maioria do magistério é composta por mulheres, o que serve de álibi para governantes descompromissados com a educação justificarem os salários aviltantes que nos pagam.
2007 ao que tudo indica vai ser mais um ano de salários vergonhosos e uma jornada de trabalho estafante para todos os educadores brasileiros. Os políticos continuarão com as suas cantilenas de sempre, nos acenarão com as migalhas de sempre, como por exemplo, esse vergonhoso piso nacional de 850 reais.
Que bom seria se respondêssemos a eles altivamente, que não somos mendigos. E que os mesmo trabalhem, e encontrem as soluções imperativas, que a sociedade tanto exige.

Corrupção no Ministério da Minas e Energia

Veja o Vídeo
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http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM678945-7823-

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Ele me venceu!


Travei uma árdua batalha com Romário, gostaria de chegar as 100.000 visitas no Blog, antes do milésimo gol. Perdi. Quando ele fez o milésimo gol, eu ainda tinha somente 26750 visitas.

Pelé vibrou com milésimo gol do Romário

O Rei Pelé, que fez 1282 gols, vibrou com o milésimo gol do Romário. Veja o vídeo com a entrevista:
http://video.globo.com/Videos/Player/Esportes/0,,GIM679082-7824-

Oposição em parafuso

A oposição ao governo Lula está a repensar os seus rumos. Vários líderes oposicionistas consideram que o fundamental é definir um rumo seja lá qual for, se mantiverem as atuais posições vão ir mais para o limbo.
Enquanto a oposição não se acerta o governo vai ditando a pauta do momento.

Dúvidas Aeronáuticas

Não se está acreditando muito que a CPI do apagão vai esclarecer muita coisa. Retifico são duas CPIs, uma no senado e outra na câmara.

Até agora já está mais ou menos claro, que os pilotos americanos, foram os grandes responsáveis pelo acidente, e que os controladores poderiam ter evitado a tragédia, mas por várias razões não o fizeram.

De qualquer maneira fica patente, que não havia necessidade de CPI, para esclarecer esse fatos, mas como criaram, agora justifiquem o dinheiro que vão gastar, e apresentem alguma sugestão que torne a aviação comercial mais segura. Embora não tenha nenhum indicar que sustente a idéia de que o Brasil apresenta uma situação de insegurança alarmante.

Muito mais inseguras são as nossas estradas, e não são motivo de um alarme tão grande por parte da imprensa e de determinados políticos, talvez porque em sua grande maioria não são esses que as utilizem.

Valeria apena fazer uma apanhado com os caminhoneiros para conhecermos melhor as verdadeiras aventuras, por esse imenso brasil, são dificuldades de todo tipo, algumas alarmantes que não merecem o destaque da imprensa. 50.000 brasileiros perdem a vida todo ano nas estradas, e isso não motiva nenhuma CPI, muito sabiamente, porque não será uma delas que resolverá o problema.

O problema só vai sendo resolvido, com educação, fiscalização, investimentos nas estradas e na segurança dos veículos, no combate eficiente aos maus motoristas, sem a demagogia que tanto caracteriza certos políticos.

Entrevista de Sérgio Guerra


"PSDB deve ser o partido da classe média"
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Leia abaixo trechos da entrevista concedida por Sérgio Guerra:
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Qual o motivo dessa reunião com o governador Aécio Neves?
Na Executiva Nacional do PSDB, cuidamos de um programa de reestruturação do partido até setembro, mês em que faremos um grande congresso. Esse programa inclui três componentes. O primeiro deles é uma modernização do nosso programa. O segundo é uma reestruturação da nossa imagem. Já o terceiro movimento é na direção da reestruturação do partido nos estados. E em todas essas questões, a opinião do governador Aécio é muito importante.
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Que imagem o PSDB quer levar para o eleitor?
O presidente Fernando Henrique falou que o PSDB deve assumir com muita clareza a característica de um grande partido de classe média. Isso não quer dizer elite. É uma parcela dinâmica da sociedade, que é capaz de propagar um projeto de modernização. O PSDB deve ser o partido da classe média, das novas idéias. Um partido urbano.
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Setores do governo acusam o PSDB de ser um partido conservador. O PSDB não é um partido progressista?
O PSDB tem uma forte capacidade intelectual. Somos um partido progressista e nossos governadores atuam dessa maneira. A ação do governador Aécio é progressista, a favor do estado inteiro, do seu povo e não apenas da sua elite. O governo do presidente Lula tem duas atuações. De uma maneira especial, ele ajuda a elite, nunca os ricos ganharam tanto, nunca os banqueiros foram tão banqueiros e tiveram lucros tão exorbitantes. E do ponto de vista do povo, o governo desenvolve uma ação de atendimento social.
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Como o senhor vê o governo Lula?
As ações sociais do governo da gestão petista não são ações que gerem, na população mais pobre, condições de sustentação e efetivo desenvolvimento. Sou de uma região do Nordeste onde há muitos pobres. Lá, o governo tem feito uma ação que nós não condenamos, mas que não resolve, de socorrer os pobres. País moderno é aquele que cria condições para que os pobres deixem de ser pobres, para que eles tenham a capacidade de ascender, de se criar em um novo ambiente que não o da pobreza.
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Lula diz que seu governo promove um marco para o Brasil. O senhor concorda?
A reforma agrária que o presidente disse que ia fazer, nunca fez. A reforma urbana que poderia ser feita não se deu. Estão aí os sem-teto. A incorporação, por exemplo, das populações do Nordeste que são carentes, passam fome e que continuam desagregadas, dependentes do Estado, não se deu. Nenhuma das obras anunciadas para o Nordeste aconteceu: nem transposição do São Francisco, nem a ferrovia Transnordestina. É tudo propaganda, não é realidade.
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E qual é a proposta do PSDB?
É transformar o Brasil numa grande potência consumidora, com autonomia, com um grande mercado que incorpore as populações mais pobres e que arranque essas populações da pobreza. A gente tem de ser progressista, e não conservadores. Temos de ser inovadores, olhar para o futuro, e não para trás.Todas as pesquisas de governo apontam que o Brasil está crescendo. Isso não é positivo? Todas as pesquisas apontam o crescimento do Brasil numa base moderada, não suficiente. Podemos esquecer 3%, 4%, 5% [de crescimento ao ano]. Temos uma educação, considerada, do ponto de vista internacional, das piores do mundo. O nosso sistema de saúde é, do ponto de vista sul-americano, dos mais precários do continente e, seguramente, do mundo também. Enfim, se não investirmos na saúde de fato, se não investirmos na educação, especialmente dos mais jovens e das crianças, não há possibilidade de criarmos rigorosamente um país justo.
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Quais as próximas ações da oposição no Congresso?
Não vamos votar medidas provisórias do governo para créditos extraordinários. O governo tem três meses de exercício fiscal, ou seja, de orçamento para 2007. Ao invés de ter previsto o que vai fazer, chegam ao Congresso grandes quantidades de medidas provisórias na forma de créditos extraordinários de bilhões e bilhões de reais que são lançados para a aprovação imediata sem o respeito às normas democráticas. Não vamos mais votar crédito extraordinário porque não tem sentido fazer isso com três meses de exercício fiscal e com a inflação em controle.
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O senhor é candidato a presidente do PSDB?
Nunca fui. Algumas pessoas falaram no meu nome, mas eu nunca falei sobre isso. Sou liderado pelo presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati.
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Agência Tucana

domingo, 20 de maio de 2007

Momento Cultural



Charge


A reforma política

Se lembra dos políticos falando da prioridade da reforma política, durante a crise do mensalão. Falaram, falaram, o tempo passou, sua indignação arrefeceu e tudo na mesma.

Você acha que os privilegiados vão acabar com seus privilégios voluntariamente. Espere sentado, vai demorar.

O neto do Tancrecdo

Aécio Neves, nunca deixou de ser o neto de Tancredo. Embora mantenha uma sólida carreira políticak, o governador de minas gerais, nunca deixou de ser o neto do quase presidente, Tancredo, o eleito que não tomou posse.

Aécio utiliza com maestria a saudade do presidente, que prometia muito e que por uma fatalidade do destino não pode assumir o cargo máximo do país.

Aécio imagina, que elegendo-se presidente, estará realizando o sonho de seu amado avô, que não teve chance de assumir o cargo, que ele hoje ambiciona.

Esperemos pelo futuro!

Direito de Greve

O governo federal não se constrange vai a luta contra o direito de greve. Pouco importa que esteja consagrado na constituição federal, mero detalhe. Em um futuro próximo esperamos que não seja revogada a lei áurea, que aboliu a escravidão no Brasil.

AS NOVAS ESTRELAS

A CPI do apagão aéreo da câmara federal, já teve a ascensão das suas novas estrelas. O elenco vai dos imbecis aos simplesmente hilários. Felizmente também existem as excessões.

O Esquema Tático da Oposição

A semana acabou com o esquema tático da oposição ao governo federal uma bagunça. As CPIs não ofereceram muito combustível, os jogadores da oposição também parecem, gordos, desanimados e loucos para tirar férias, a exemplo do Kaká e do Ronaldinho Gaúcho.

Grandes momentos da cultura nacional



Rascunhos

GREVES
O mês de maio está se caracterizando por um pipocar de greves no serviço público.
AS CPIs AO VIVO
Embora com pouca audiência os parlamentares iniciaram a CPI do apagão e insistem que a TV Câmara transmita as sessões ao vivo, o desejo de aparecer é ilimitado, tem cada pergunta idiota, com o único objetivo de manter o cara na tela por alguns minutos.
FUMAÇA PARA CONFUNDIR
A proposta de limitar o direto de greve só pode ser entendida com fumaça para ofuscar nossa visão. Querem nos convencer que são as greves o grande problema nacional. Então tá, mas criem vergonha nessa cara suja.
SERIAM EXPULSOS
Há cinco anos qualquer petista que atacasse o direito de greve viraria escória no partido e seria expulso. Hoje ocupam até mesmo ministérios no governo federal. É o mundo!
FICOU
O ministro da defesa Waldir pires ficou no governo apesar das inúmeras críticas que recebeu.
SUCESSÃO DE ERROS
O resumo do acidente da gol: Foi uma sucessão de erros que tiraram a vida de 154 pessoas.

O melhor dos mundos

O partido do presidente fez uma propaganda eleitoral de TV focada na educação na última quinta-feira. O negócio todo feito para nos emocionar. Que bom que a realidade imitasse a propaganda estaríamos no melhor dos mundos.

sábado, 19 de maio de 2007

Bento XVI

Bentro XVI vai demorar para voltar ao Brasil, e, não serão poucos, aqueles felizes com essa demora. Aqui presente, o sumo pontífice não se preocupou em fazer amigos. Foi autêntico e sincero com todos, não deixou margem para dúvidas, bateu forte, inclusive no que denomina de falsos cristãos.

Fracos de Espírito

Bento XVI disse que os homossexuais são fracos de espírito. Nada de novo, a igreja oficialmente, já havia declarado coisa parecida. Se o papa não tivesse tratado do assunto já seria um grande avanço.

O santo padre não levou em conta a sabedoria popular que diz que em boca fechada não entra mosca. Só mesmo sendo santo para aguentar os comentários do papa sobre todo tipo de assunto.

Recomenda-se que o papa considerado um dos intelectuais mais brilhantes da igreja no século XX, continue estudando muito, sua missão exige isso.

As melhores postagens

Dá para uma tomar uma antes

Originalmente publicada neste Blog no dia doze de novembro de 2006

Crônica do Márcio

AMOLAÇÃO MOLAR
Meu personagem preferido, “João dos Sonhos Azuis” mora em um bairro esquecido e abandonado da cidade que leva o sobrenome de seus fundadores e fica perto do “campo santo” municipal, numa rua ladrilhada com um calçamento “meia boca”, batizada com nome de país e sua residência fica bem em frente a uma boca-de-lobo entupida há anos. Apesar disso, seu modesto e querido bairro tem um posto de saúde muito bem equipado com enfermeira, médico e dentista extremamente contentes trabalhando única e exclusivamente para o bem do povo (...acorda tchô! Isso é utopia!!)...
Certo dia, reunido com sua família, João estava a comer pinhão assado na chapa do fogão de lenha: um deles assou demais e ficou duro o suficiente para destruir a obturação de seu dente... Uma lástima! Mas continuou comendo , mesmo com o panelão do molar aberto, tentando mastigar do outro lado.
Porém, no dia seguinte, a cada alimento que se aproximava de seu molar inferior esquerdo, o dente pesteado respondia com uma fisgada irresistível de tirar água do “zóio”... A solução era procurar um dentista. Foi o que ele fez: Tirou seu fusca azul da garagem de lona provisoriamente definitiva e dirigiu-se até o posto de saúde. A moça, muito simpática lhe dá uma resposta um tanto antipática:
“Dentista para adultos só no bairro vizinho. Corra até lá que você ainda consegue encontrar o posto aberto e poderá marcar uma consulta para amanhã.”
“Tudo bem!” - Pensou João lá com seus sonhos da cor de seu besourinho da Volksvagen, afinal já esperou e perdeu um dia de trabalho, não custava perder mais um dia e a cesta básica do mês para se livrar da amolação de seu molar, apesar de observar que não tinha uma “alma viva” esperando para ser atendida naquele momento.
Chegando ao bairro vizinho, encontra uma rotina um pouco diferente. A simpatia da atendente é a mesma, porém o posto parece estar mais movimentado com algumas pessoas na fia esperando a vez. Nosso querido sonhador com dor de dente explica a situação e as razões que o levaram até aquele posto e recebe uma resposta com o mesmo nível de simpatia do posto de seu bairro:
“Nããããooooo! Eles são obrigados a lhe atender, afinal o senhor mora lá e o seu caso é urgente!”
“Que eu moro lá e que é urgente, eu sei, mas parece que eles não sabem, tanto é que me mandaram até aqui. O que eu faço? Não posso ficar correndo “prá lá e prá cá” sem sequer ser atendido decentemente por um profissional habilitado.”
“Então, o senhor vai até o posto central e fala com o fulano responsável”
Já que nem o amável e Bom Jesus pôde resolver seu problema, lá vai nosso amolado João percorrer oito quilômetros com o cheirinho de gasolina que ainda resta no seu Herb azul em busca de solução para seu molar teimoso. Encontra mais uma simpatia em forma de moça que lhe dá a única informação desnecessária naquele momento:
“O fulano acabou de sair, porém temos a dentista que chega daqui a pouco, às cinco da tarde, e atende emergências... Mas ela só vai medicar, não faz restaurações.”
“Muito obrigado, já estou dopado de remédios para a dor.”
Assim, nosso amigo volta a seu “lar, doce lar” desolado e amolado, percorrendo de um lado a outro da cidade só para ter violado seu direito à saúde, garantido pela constituição que não reconstitui qualquer molar dolorido e destruído por um pinhão.
Mas nem tudo está perdido: fontes fidedignas me garantem que ele finalmente foi atendido, mas isso é assunto para o próximo capítulo de “Amolação molar”...
Márcio Roberto Goes
Não me amola, molarzinho de m...!

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Plebiscito sobre o aborto

Seguem acalorados os debates sobre a realização ou não de um plebiscito sobre o aborto. O assunto vai esquentar, é polêmico, e é salutar que a sociedade se manifeste. Tenho pensando sobre isso.

TÁ TUDO DOMINADO!

No congresso tudo dominado, PMDB E PT, deitam e rolam, controlam a mesa, as comissões, e as CPIs. Os demais partidos tentam furar a barreira, mas não estão sendo felizes, o bloco dos satisfeitos é avassaladro, ao menos por enquanto.

Charge


quinta-feira, 17 de maio de 2007

Biografia de Jimy Carter

38o presidente dos Estados Unidos (1977-1981) nascido em Plains, Geórgia, que obteve na política externa, sobretudo nas questões relativas aos direitos humanos e ao desarmamento, seus maiores êxitos, que culminaram com a assinatura dos acordos de paz de Camp David entre Egito e Israel e Prêmio Nobel da Paz (2002) por décadas de esforços incansáveis no sentido de encontrar soluções pacíficas para conflitos internacionais, em prol da democracia e direitos humanos, promovendo o desenvolvimento econômico e social. De uma rica família de plantadores de amendoim, recebeu educação esmerada. Casou com Rosalynn Smith Carter (1927- ) logo após sua graduação da Naval Academy (1946) em Annapolis, Maryland, e do casal nasceram três filhos: John William, o Jack, James Earl III, o Chip, e Donnel Jeffrey, o Jeff, e uma filha, Amy Lynn. Permaneceu durante sete anos na Marinha, cinco dos quais no programa de submarinos nucleares. Regressou à Geórgia (1953), depois da morte do pai, para dirigir os negócios da família. Pregador batista leigo, opôs-se à segregação racial em seu estado. Elegeu-se senador estadual (1962) e governador da Geórgia (1971). Depois foi eleito presidente dos Estados Unidos, pelo Partido Democrata, vencendo o republicano Gerald Ford (1976). Sem maioria no Congresso teve muitas dificuldades em realizar as reformas econômicas e administrativas que idealizara, sobretudo as relacionadas com a utilização de novas formas de energia. Definiu uma política externa com base na defesa internacional dos direitos humanos, procurou diminuir a tensão com a União Soviética, estabeleceu relações com a China e promoveu a assinatura dos acordos de Camp David entre Israel e Egito. Firmou também com o governo panamenho um acordo para a futura devolução da soberania do canal do Panamá a esse país. Seus esforços na política exterior foram frustrados pela crise com o Irã (1979), quando militantes islâmicos, depois de derrubarem o xá, invadiram a embaixada americana. O longo seqüestro do pessoal diplomático e uma frustrada tentativa de resgate dos reféns debilitou a imagem do presidente. A invasão do Afeganistão pela União Soviética, no mesmo ano, interrompeu as boas relações entre as duas superpotências. Internamente cresceram a inflação, o desemprego e o déficit orçamentário e, candidato à reeleição (1980), foi derrotado por Ronald Reagan. Resumiu a experiência de seus anos na presidência no livro Keeping Faith (1982). O ex-presidente norte-americano ganhou hoje o Prêmio Nobel da Paz (2002), "por seus esforços infatigáveis em busca de uma solução pacífica dos conflitos internacionais, da democracia, dos direitos humanos e do desenvolvimento econômico e social", segundo anunciou o Comitê Nobel norueguês. Ele concorreu com mais de 150 candidatos e foi escolhido especialmente por seu trabalho em prol do reatamento das relações políticas entre Cuba e Estados Unidos

Copa de 1978

parte II



parte III



Poesia

AH! OS RELÓGIOS
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vida
sem seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida
- a verdadeira
-em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém
- ao voltar a si da vida
-acaso lhes indaga que horas são...
A Cor do Invisível
Mário Quintana

Boa Notícia!

UFSC define instalação de três campi no interior
A cidade de Curitibanos, no Meio-Oeste, receberá um novo campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A expectativa do reitor Lúcio Botelho é que, até 2010, este e outros dois campi, localizados nas regiões sul e norte do Estado, estejam em funcionamento.No sul, já estão em andamento as obras em Araranguá. No norte, ainda há dúvida entre Araquari e Jaraguá do Sul.A definição por Curitibanos ocorreu durante audiência pública realizada no município, onde cerca de 800 pessoas, entre autoridades municipais, empresários, agentes comunitários e representantes políticos participaram da escolha.
Foi exatamente esta mobilização popular que contribuiu para a escolha que, segundo Botelho, também levou em consideração o baixo índice de desenvolvimento humano da cidade e as suas condições geográficas (proximidade com as BRs 116 e 470).A próxima etapa do processo de implantação do campus será uma reunião com Fernando Haddad, ministro da Educação, na próxima semana, para a apresentação de detalhes do projeto.
Na seqüência, um grupo técnico se deslocará até a cidade para escolher o terreno, doado pela prefeitura ou pela iniciativa privada, onde a nova sede deverá ser construída. A última etapa será a definição dos cursos a serem implantados.
Os recursos destinados à instalação dos três novos campi são provenientes de emendas parlamentares e do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), que prevê, para este ano, a aplicação de R$ 1 bilhão na facilitação do acesso à educação no país. Segundo o reitor, a verba para os projetos está alocada e, dentro de três anos, todos devem estar concluídos.
Fonte: Diário Catarinense

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Marcelo Rezende no Superpop

PARTE II

Separatismo na Bolívia

Três departamentos bolivianos prometem lutar por sua separação da Bolívia. Mais um complicador para a política externa brasileira.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Distribuição de renda de fachada

Se olharmos a sociedade brasileira como uma pirâmide podemos dividi-lá em três partes: Ricos, Pobres, Classe média. Podemos até pensar, não, sem um pouco de razão, que o projeto deste governo, federal, é a distribuição de renda entre a classe média e os pobres, sem tocar nos privilégios dos ricos.
Se assim for, podemos em breve termos uma sociedade bipolar. Uma casta de milionários, e o restante do povo muito pobre. Algo semelhante ao que acontece no Paraguai, na Bolívia e no Equador.
Será esse o grande legado do governo Lula?

Como "matar" um professor

Há uma série de pesquisas mostrando o enorme estresse a que é submetido um professor, especialmente de escola pública, traduzindo-se em vários tipos de doenças, como ansiedade ou depressão. Ao perder o encanto de ensinar, ele estará, enquanto profissional, morto, esperando a aposentadoria.
Todos falam em inúmeros fatores por trás desta "morte": classes superlotadas, falta de estrutura das escolas, pais desinteressados, alunos violentos, poucos estímulos para premiar o mérito etc. Há, porém, um fator pouquíssimo comentado -e, na minha opinião, é dos piores porque se associa ao mau desempenho nas notas e favorece comportamentos violentos.
Tenho recebido uma série de estudos que revelam a altíssima incidência, nas escolas públicas, de doenças e distúrbios psicológicos em estudantes. Falamos aqui em no mínimo 30% dos alunos, alguns dos quais simplesmente não enxergam ou ouvem direito. Só a dislexia pode estar atingindo 15%. Temos na sala de aula um desfile de enfermos sem cuidados apropriados.
Isso significa que os governos deveriam ajudar as escolas a enfrentar problemas que não podem ser resolvidos pelos professor, a começar pela saúde chegando até a assistência social; filhos de famílias desestruturadas tendem a ter problemas em sala de aula. Exige-se, assim, um olhar mais sofisticado diante da educação.
Como esse olhar não existe e cada repartição do governo trabalha isoladamente, o professor acaba vítima de tensões que vão muito além da sala de aula. Esse é um dos fatores que explicam o enorme absenteísmo e rápida rotatividade em escolas públicas tanto de estudantes como dos professores.
Nessa "morte" do professor, a maior vítima, claro, é o lado mais frágil --o aluno, acusado de ser culpado por não aprender. E, aí, quem "morre" é o aluno, que passa a não ter interesse pelo conhecimento.
Gilberto Dimenstein

Rascunhos

ENTREVISTA
O presidente Lula concedeu hoje a primeira entrevista coletiva do segundo mandato.

UM ANO DOS ATAQUES
Triste data, hoje, faz um ano dos ataques do PCC em São Paulo. Não podemos esquecer, os paulistas ficaram reféns dos bandidos por algumas horas, as ruas de São Paulo ficaram vazias.
PLANEJAMENTO
A lição dos paises europeus mais desensenvolvido é o da importância do planejamento. No brasil infelizmente esse tradição não goza de maior sorte.

BAIXARIA NA TV
Você já deve ter ouvido falar que existe uma campanha contra a baixaria na TV. Pois bem, a tal campanha não tem alcançado resultado.
Os programas de baixo nível se proliferam, as dezenas.

MEDIDAS PROVISÓRIA
Os políticos criticam tanto as medidas provisórias, e porque não tomam a iniciativa de alterar a legislação.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Crônica do Márcio

MEUS RABISCOS
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Há muito tempo venho tentando despertar em meus alunos o gosto pela leitura. Mas na maioria das vezes, o resultado não é exatamente aquele que eu e tantos outros companheiros de profissão esperávamos... Para mim a dor parece dupla, pois além de ser professor, sou escritor, ao passo que a cada reclamação que ouço dos meus alunos em se tratando da prática da leitura, soa como uma cobrança sórdida do meu dever não cumprido.
Escuto reclamações das mais diversas possíveis e imagináveis, do tipo: “Nossa escola não tem biblioteca”... (essa até que tem algum fundamento), ou “Não tenho tempo de ir à biblioteca pública”, ou ainda “A biblioteca pública fica muito longe de casa”... e a pior de todas, que derruba qualquer professor de Língua Portuguesa e Literatura : “Não tenho "saco" pra ler... ou... tenho preguiça de ler”. Infelizmente, a maioria das pessoas ainda não despertou para a importância da leitura (infelizmente!)... E aí, meu trabalho torna-se quase impossível, desafiando a cada dia minha criatividade e minha capacidade de persuasão.
Numa tentativa quase desesperada de fazer de meus alunos “jovens leitores”, resolvi, dia desses, disponibilizar algumas crônicas e contos de um “determinado escritor”, para que todos pudessem ler, analisar os elementos da narrativa e comentar o conteúdo dos textos... Bingo!!!... Naquele momento, me senti como se estivesse descobrindo a roda. Pude perceber seus olhinhos brilhando... ora rindo de alguma situação engraçada ou de algum erro de digitação, ora querendo saber o significado de algum verbete difícil que aquele escritor por vezes usava só para “matar a pau”...
No passado, acreditei muito naquele ditado: “Santo de casa não faz milagre”... Mas parece que o caminho está em casa mesmo, afinal, não consegui muitos resultados com os grandes clássicos , que para muitos alunos soam como autores abstratos e lendários, muito distantes de sua realidade (Não estou, de maneira nenhuma, querendo dizer que devemos deixar de ensinar as escolas literárias, pelo contrário, devemos usar de meios criativos para isso...). No entanto, quando contemplam uma obra de um escritor “de carne e osso” (como acontece há dois anos no encontro marcado, promovido pela UNIMED e a 10ª GEECT, que trouxe à Caçador dois grandes escritores catarinenses: Maicon Tenfen e Silveira de Souza), o conceito de literatura muda consideravelmente, tornando-se mais agradável e transformando a leitura num dos prazeres da humanidade.
Voltando à minha técnica alternativa de leitura em sala: Poucas vezes pude observar tanta dedicação em um trabalho por parte dos alunos... um silêncio ensurdecedor, descomunal dentro de uma sala-de aula (a não ser em dia de prova)... os olhos atentos nas folhas impressas em preto no modo econômico, cujo único atrativo eram as palavras... nenhum apelo visual extra, nenhuma promessa de recompensa para quem ficasse “quieto”, nenhum pedido de “silêncio por favor”, enfim, nenhuma exigência... Todos movidos pela curiosidade de ver os escritos de seu professor.
Se eu soubesse, teria usado antes meus rabiscos pelo bem da educação, afinal a mudança mais impactante que pode acontecer, parte de nós mesmos, e a partir dela, mudamos também o meio em que vivemos: a maior prova disso é que além da leitura, alguns alunos estão despertando também o gosto e a vontade de pôr no papel as suas idéias, ou seja: a vontade de ser escritor... Não é maravilhoso?... Não sou perfeito, nem quero ser, mas descobri o verdadeiro sentido de outro ditado: “As palavras convencem. Os exemplos arrastam”. Sabe-se lá quantos “rabiscos” maravilhosos de nossos professores não se encontram lá no fundo da gaveta, privando seus alunos de uma leitura agradável e concreta?
Não existe deleite maior para um professor, do que ver seu aluno seguindo seu exemplo... E para o aluno, o fato de ver uma obra de seu “mestre”, desperta nele o ímpeto de ser também protagonista do conhecimento.
Márcio Roberto Goes
Rabiscado e rebuscado

Os Blogs estão incentivando a leitura?

Não sei. Só o futuro dirá. Mas acredito que seria bom que um novo público, que não tem acesso aos jornais e livros, ou não sentem motivação por esses meios tradicionais de leitura, começassem a ler.

domingo, 13 de maio de 2007

Dicas de Cinema

A febre dos Blogs

CNBB e Papa podem não falar a mesma língua

Basta uma simples olhadela nos dois documentos - as declarações finais da Assembléia da CNBB e o discurso do papa em sua chegada ao Brasil - para se perceber que há enfoques diferentes entre as principais preocupações dos bispos brasileiros e as do Bento XVI.

Os bispos demonstraram, através do documento tornado público, que suas atenções principais estão voltadas para a dura realidade da vida do povo brasileiro e, em nome do Evangelho, cobram atitudes públicas dos governantes a fim de eliminar as causas estruturais desses males, assim como estimulam aos cristãos a vivência desse mesmo Evangelho na luta pela mudança das estruturas perversas. E isto, sem deixar de abordar questões em pauta de discussão, como o aborto. Porém, se atêm muito mais na abordagem das questões estruturais.

Já o papa, como era de se esperar pelo seu histórico desde os tempos de auxiliar na Cúria Romana, mostra suas preocupações com certas questões da moral, porém sem abordar suas verdadeiras raízes, sem entrar no mérito das causas de tantas misérias humanas por ele abordadas em suas falas públicas.

Muitos bispos brasileiros têm contato direto com o povo e a sua realidade. Conhecem suas misérias e sofrimentos e conversam com seu povo. Conhecem muito bem a degradação das estruturas do poder brasileiro e sabem que a corrupção anda solta no Congresso Nacional – responsável pela elaboração das “leis” brasileiras -, assim como anda solta nas esferas do Executivo e também do Judiciário - que, convenhamos, de justiça verdadeira não tem nenhuma prática. Sabem que ali estão verdadeiros bandos de defensores de seus interesses particulares, em primeiro lugar, assim como defensores dos interesses escusos de setores aos quais estão alinhados. Sabem que a única preocupação que nessas esferas não prevalece são os direitos dos explorados, a justiça social, a igualdade de direitos e de deveres, a distribuição de rendas, o direito ao trabalho, à assistência social universal.

Já o papa Bento XVI revela entender muito bem dos países centrais da Europa, de onde é originário – Alemanha –, e das estruturas capitalistas, às quais parece defender, pois delas não fala, a não ser eventualmente, como uma das raízes fundamentais de tantas mazelas que atingem e degradam a humanidade. Para ele é mais simples atacar os efeitos do que atacar as causas dos problemas que afligem os seres humanos.

Dou-lhe certa razão quando fala da desgraça que pode ser a liberação do aborto, porque entendo que nenhuma mulher pode se sentir bem se tiver que tirar a vida de um filho, ainda que nos primeiros dias de sua existência. Ele sabe muito bem que a Justiça que prevalece neste mundo, de justa, não tem nada, e que isto levará a que muitos profissionais do ramo da saúde se utilizem das leis pra organizar verdadeiros hospitais do aborto, enriquecendo às custas dos mais pobres - embora não deixe isso claro. Porém, falta-lhe falar de que estamos vivendo os efeitos de um sistema de exploração do ser humano que transforma tudo em mercadoria, em instrumento de lucros criminosos; que torna o prazer sexual em mercadoria, porque lhe interessa fazer com que a mulher se sinta bem enquanto um lindo instrumento de prazer para o homem, assim como lhe agrada ver o homem se sentir “realizado” porque é capaz de transar com várias mulheres bonitas - e com isso ambos se tornarem instrumentos de publicidade dos produtos da indústria capitalista.

Não é por menos que o sistema, ao qual Bento XVI pouco se dirige, insiste em transformá-lo num “show-man”, num “pop-star”, induzindo milhões a transformar a religião em verdadeiro “ópio do povo”. A esse sistema – do qual a grande mídia é parte interessada – interessa que esse povo veja o papa como alguém dotado de poderes sobrenaturais, e não como um servo do povo espoliado, como o foi Jesus. Interessa colocar o papa como alguém a ser servido, inversamente às exigências evangélicas.

Para finalizar, percebi no documento da CNBB uma indireta afirmação de valores centrais da Teologia da Libertação, daquela parte da teologia que resgata o compromisso com o povo que deve ser libertado da exploração e da opressão: “porque me ungiu para libertar os cativos...”.

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

Bento XVI, crítico da cultura

O que levou Bento XVI ao supremo pontificado foi o fato de ser um eminente doutor, e não um conhecido pastor. Representa o típico teólogo acadêmico alemão, cuja faculdade de teologia se situa no interior da universidade do Estado. É a primeira entre todas as faculdades, o que lhe permite um discurso transversal, em permanente diálogo com outros saberes. Tal fato confere à teologia em estilo alemão alto nível de criticidade e até uma discreta arrogância de ser a mais profunda e filosofante de todas na Igreja, a ponto de Lutero, ainda em seu tempo, poder dizer que "um doutor romano é um asno germano".

Como teólogo acadêmico, Joseph Ratzinger se envolveu ativamente nas discussões sobre a identidade européia e sobre os desafios a modernidade.

É neste campo que se revela o alcance e também o limite de sua fecunda produção intelectual. Normalmente é assim como os filósofos do conhecimento nos ensinam que a cabeça pensa a partir de onde os pés pisam e o que cada ponto de vista é a vista de um ponto. Onde pisam os pés do intelectual Ratzinger e que vista seu ponto permite? Indiscutivelmente, ele pisa o espaço cultural da Europa central, portanto, a partir do grupo de países hegemônicos no mundo, e sua vista depende daquele ponto a partir do qual vê o mundo e a Igreja.Com efeito, não vê na ótica dos pobres e dos oprimidos.

O que pesa em seu pensamento é o lastro cultural formado na escola de Santo Agostinho (+450) e de São Boaventura (+1274), sobre os quais escreveu duas brilhantes teses. Ambos têm isso em comum: o mundo é uma arena onde se enfrenta Deus e o diabo, a graça e a natureza, a cidade de Deus e a cidade dos homens. O pecado das origens produziu uma tragédia na condição humana: esta ficou tão decadente que, sozinha, não consegue se redimir e produzir uma obra que agrade a Deus. Precisa do Redentor, Jesus, que é continuado pela Igreja, dotada com todos os meios de salvação. Sem a mediação da Igreja, os valores culturais valem, mas não o suficiente para salvarem o ser humano e sua história. O mesmo se aplica à libertação de nossa teologia.

Este tipo de teologia leva a uma leitura pessimista da cultura. Isso se percebe na leitura que o teólogo Ratzinger faz da modernidade. Nela vê antes de tudo arrogância, relativismo, materialismo e ateísmo, esforço humano em busca de emancipação por seus próprios meios. Missão da Igreja é desmascarar esta pretensão, levar-lhe clareza de princípios, segurança na obscuridade e verdades absolutamente válidas.

Esta teologia contém muito de verdade, pois há efetivamente decadência na modernidade. Mas esta não poupa também a Igreja que é feita de justos e pecadores. Entretanto, importa alargar o horizonte teológico. Faz-se mister inserir junto com Cristo uma teologia do Espírito Santo, praticamente ausente em Santo Agostinho e no teólogo Ratzinger. Uma teologia do Espírito permitiria ver no mundo moderno, como fez o Concílio Vaticano II (1965), grandes valores, como os direitos humanos, a democracia, o trabalho, a ciência e a técnica. Do anátema, a Igreja passaria ao diálogo. Associar-se-ia a todos os seres humanos de boa vontade para buscar uma verdade mais plena, pois o Verbo "ilumina a cada pessoa que vem a este mundo" e o "Espírito enche a face da Terra", como dizem as Escrituras judaico-cristãs.

Como o Papa é sumamente inteligente, pode bem ser que, face à nossa realidade, veja o que de bom está sendo feito para tirar as pessoas das conseqüências de uma perversa modernidade que negou a tantos milhões os direitos, a justiça e a vida.


Leonardo Boff é teólogo.

Uma aula sobre o Fusca IV

Uma aula sobre o Fusca III

Uma aula sobre o Fusca II

Uma aula sobre o Fusca I