domingo, 22 de outubro de 2006

Por que Lula subiu e Alckmin caiu?
.
Luiz Antonio MagalhãesAntes de analisar a situação do presidente-candidato nas últimas pesquisas de intenção de voto, é preciso lembrar o velho ditado futebolístico: o jogo só acaba quando termina. Lula está com a mão na faixa, mas o fato de ter conseguido uma dianteira de 20 pontos sobre Geraldo Alckmin não lhe garante, ainda, mais quatro anos no Palácio do Planalto. O que vale mesmo é bola na rede, ou seja, voto na urna. Até porque os cronistas tucanos avisam que vem mais artilharia contra o PT e os "meninos" de Lula nesta reta final da campanha.Dito isto, vamos à resposta da questão formulada acima: esta coluna vê as coisas com simplicidade e acredita que Lula está na frente porque, desde 1° de outubro, acertou mais do que errou, ao mesmo tempo em que seu adversário errou mais do que acertou. É possível esboçar três hipóteses básicas para explicar os movimentos de alta para Lula e baixa para Alckmin. Vamos a elas:
.
Apoio de Garotinho tira mais voto do que agrega
Alckmin parece ter dado um tiro no pé ao aceitar uma aliança com o ex-governador do Rio. Se Alckmin tivesse ficado ao lado da juíza Denise Frossard e recusasse as fotos ao lado de Garotinho, estaria melhor no Rio. Ademais, a aliança com Anthony Garotinho tirou de Alckmin, logo no início da campanha para o segundo turno, o discurso ético que o tucano vinha imprimindo em seus pronunciamentos. Para um eleitor de Cristóvam e Heloísa Helena, o tucano no mínimo se igualou a Lula neste quesito.
.
Privatização e comparação entre Lula e FHC são os temas do 2° turno
Aparentemente, o fôlego do escândalo do dossiê está terminando. Os eleitores decidiram pelo segundo turno porque quiseram ver Lula explicando melhor o que vem acontecendo em seu governo. Pois Lula foi para as rádios e televisões e... pareceu convincente. Agora, o assunto da vez é a comparação das duas obras – são 8 anos de tucanato contra 4 de petismo. O povão é mais inteligente do que parece e sabe que Geraldo Alckmin é do time dos tucanos, embora ele tente desesperadamente se desvencilhar da herança de Fernando Henrique Cardoso. Talvez Alckmin tenha se perdido muito neste ponto, pois ficou demasiadamente na defensiva, sem explicar se vê algo de positivo nas privatizações e na gestão de Cardoso. Além de não conseguir para si o que de bom FHC tenha eventualmente cometido, Alckmin, a cada dia que passa, fica mais ligado à parte ruim da obra do ex-presidente. Tudo somado, a pior saída para Geraldo foi a escolhida pela campanha: negar com veemência que vá privatizar as estatais. Além de soar falso, passa a idéia de que privatizar é mesmo uma coisa terrível. Muita gente acha que é, mas os eleitores indecisos que poderiam ser convencidos caso o tucano defendesse pelo menos as privatizações feitas pelo PSDB ficaram a ver navios e, provavelmente, caíram no colo de Lula.
.
Lula arregaçou as mangas e foi à luta
Pode parecer uma hipótese até simplória, mas a verdade é que, quando Alckmin ainda comemorava a passagem para o segundo turno, o presidente Lula já estava trabalhando para não perder o trono. Das alianças à tática empregada no debate da TV Bandeirantes, tudo foi melhor para o presidente. Ele percebeu que não poderia continuar andando de salto alto pelo país, passando uma imagem de arrogante, e agora faz na televisão o que sempre fez nas quatro campanhas anteriores: pede votos e explica por que o seu projeto é diferente "de tudo que já se fez neste país". Muita gente acha que nem é tão diferente assim, mas parece que o povão está preferindo acreditar nas palavras de um dos seus. Enquanto isto, Alckmin vestiu o salto alto, despreza as pesquisas e se diz o novo presidente brasileiro. Falta alguém na aliança tucano-pefelista para lembrá-lo que, quanto maior o coqueiro, maior é o tombo...
.
Luiz Antônio Magalhães é editor de Política do DCI e editor-assistente do Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br).
Blog do autor: www.blogentrelinhas.blogspot.com

Nenhum comentário: