terça-feira, 3 de outubro de 2006

O país e o governo vão parar

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A reviravolta de última hora na eleição presidencial, com a garantia de segundo turno entre o petista Lula e o tucano Alckmin, não só eletriza o país como pára o governo.Daqui em diante, é guerra. Lula vai ter que se esquecer da condição de presidente e se transformar em candidato em tempo integral. Inclusive comparecendo a debates e provocando o confronto direto com Alckmin.
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A expectativa é que Heloísa Helena e o PSOL fiquem neutros, mas que o seu eleitorado, minguado para menos de 7% dos votos válidos no final das contas, volte para Lula. E que Cristovam Buarque e seu PDT, com pouco menos de 3%, caminhem para Alckmin.
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O início do segundo turno flagra um Lula abatido e um Alckmin sorridente, com ares de grande vitorioso. Isso é resultado da reversão de expectativa, além de um dado importante do último Datafolha antes da eleição, no sábado: a diferença no segundo turno, naquele dia ainda indefinido, havia caído para apenas 5 pontos. Lula com 49%, Alckmin com 44%.
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Lula vai ter que dar um duro danado, sem se contentar com os 70% de votos do Nordeste e do Norte. Ele vai ter que buscar votos no eleitorado muito mais exigente e crítico do Sul e em São Paulo, onde perdeu. Vai ter, também, que aumentar sua diferença para Alckmin no Rio e em Minas, onde ganhou.
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Esperem muitas emoções. Aliás, o primeiro turno trouxe surpresas importantes. A maior delas foi a vitória espetacular do petista Jaques Wagner na Bahia, impondo uma derrota importante ao carlismo. O grupo de ACM perde o governo com um forte candidato, que foi Paulo Souto, e perde o Senado com Rodolpho Tourinho. Sua grande vitória é o investimento no futuro: ACM Neto, disputando a reeleição, deve ser um dos campeões de votos para a Câmara em todo o país.Outras surpresas foram proporcionadas pelas mulheres. No Rio, Denise Frossard (PPS) foi para o segundo turno contra Sérgio Cabral (PMDB), que passou a maior parte da campanha favorito para vencer no primeiro turno. No Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB) saiu do terceiro lugar, foi galgando posições e chegou ao segundo turno na dianteira das urnas. Coisa de gaúcho.
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Numa direção oposta, Roseana Sarney (PFL) era tida como franca favorita para ganhar o terceiro mandato já no primeiro turno, mas vai ter que suportar um segundo. Aparentemente, os Sarney conseguiram levar mais votos para Lula, que passou dos 70% no Estado, do que para Roseana.Agora, com o segundo turno para a Presidência, os palanques estaduais vão ter que sofrer uma enorme acomodação. E Alckmin, que passou o tempo inteiro sendo considerado 'abandonado', 'sozinho', 'derrotado virtual', deverá passar a ser um ímã de Norte a Sul.O segundo turno começou, gente. E haja coração!
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Eliane Castanhede

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