sábado, 16 de junho de 2007

Pedala Renan!

Deu no Blog do Josias
"Grupo de Renan prevê absolvição apertada na terça
Contrariedade será manifestada por meio da abstenção
Não há senador disposto a votar a favor da condenação
Lula Marques/FolhaA despeito da fragilidade da defesa de Renan Calheiros (PMDB-AL), ele deve ser absolvido da acusação de quebra do decoro parlamentar. Na noite desta sexta-feira (15), o grupo do senador elaborou uma planilha de votos. Concluiu que Renan dispõe do apoio de 60% dos membros do Conselho de Ética. O processo contra ele está virtualmente arquivado.
Mas concluiu-se que o placar vai impor ao presidente do Senado um constrangimento, arranhando-lhe o prestígio. Não há, por ora, nenhum senador disposto a votar pela condenação de Renan. Mas 40% dos integrantes do conselho cogitam expressar sua contrariedade por meio da abstenção. Significa dizer que têm dúvidas em relação à defesa de Renan e não se julgam em condições de absolvê-lo.
Há 15 senadores no Conselho de Ética. Epitácio Cafeteira (PTB-MA), o relator do processo, informa, de antemão, que nada o fará mudar o parecer em que advoga o sepultamento da representação do PSOL. Os aliados de Renan acham que o processo vai à gaveta com os votos dos seguintes senadores:
1) Epitácio Cafeteira; 2) Augusto Botelho (PT-RR); 3) Renato Casagrande (PSB-ES); 4) Eduardo Suplicy (PT-SP); 5) Wellington Salgado (PMDB-MG); 6) Valter Pereira (PMDB-MS); 7) Gilvam Borges (PMDB-AP); 8) Leomar Quintanilha (PMDB-TO); e, por último, o presidente do conselho, 9) Sibá Machado (PT-AC), cujo voto só é obrigatório em caso de empate.
Pendem para a abstenção: 1) Demóstenes Torres (DEM-GO); 2) Heráclito Fortes (DEM-PI); 3) Adelmir Santana (DEM-DF); 4) Marconi Perillo (PSDB-GO); 5) Marisa Serrano (PSDB-MS); e 6) Jefferson Peres (PDT-AM). Ou seja, na prática, Renan será absolvido, no limite, por nove votos, computando-se o do presidente Sibá, que pode fazer questão de se manifestar. É pouco, para alguém que, do alto da presidência do Senado, almejava a unanimidade.
Para complicar, os partidários de Renan receiam que possam ocorrer duas deserções de última hora: Renato Casagrande e Eduardo Suplicy. Numa tentativa de atenuar o vexame, Renan e seu grupo tricotam para seduzir pelo menos dois votos do DEM: Adelmir Santana e Heráclito Fortes. Algo que o líder do partido, Agripino Maia (RN), tentará evitar em contatos que pretende fazer neste final de semana.
A despeito dos esforços de Renan, Agripino e o colega Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB, avaliam, em privado, que a abstenção é o caminho menos constrangedor. Formou-se entre os líderes da oposição um sólido consenso. Acham que, até terça-feira (19), será impossível realizar na papelada que Renan entregou ao Conselho de Ética uma perícia que ultrapasse a verificação formal da autenticidade dos documentos.
Com a experiência de promotor público licenciado, Demóstenes Torres disse aos oposicionistas com os quais conversou que uma perícia pode conduzir a dois tipos de falsidade: a material e a ideológica. Acha, que do modo como está sendo feita a averiguação, a toque de caixa, pode-se até atestar a autenticidade material dos papéis de Renan. Mas seria preciso mais tempo para detectar eventuais fraudes ideológicas escondidas atrás dos documentos –falsidades contábeis e compradores de gado inexistentes, por exemplo.
É o receio de que possa estar lidando com dois Renan, o dos papéis de boa aparência e o dos negócios obscuros, que empurra a oposição para a comodidade da abstenção. Embora continue sustentando a versão de que, nos últimos quatro anos, ganhou R$ 1,9 milhão vendendo gado, o próprio Renan admite que as transações podem embutir impropriedades cometidas supostamente sem o conhecimento dele. Foi o que disse nos encontros privados que manteve nesta sexta. Na prática, antecipou-se a uma segunda reportagem constrangedora que, sabia de antemão, seria exibida no Jornal Nacional, à noite. Assista
aqui."

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