domingo, 3 de dezembro de 2006

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Em 1979, numa época em que o MDB ainda não havia incorporado o P, o velho Ulysses Guimarães recorria às investidas da ditadura com um linguajar caprino. “Eu já disse e repito: o MDB não vai morrer como carneiro. Vou berrar como um bode.”
Depois de enfrentar até os cachorros que o regime pôs no seu encalço, Ulysses passou a presidir, sob Sarney, não um bode, mas um cabrito. O PMDB fazia, já então, o tipo ‘cabrito bom’. Tendo meia dúzia de repartições públicas onde pastar, não berrava.
Entra governo, sai governo, o PMDB continuou pastando. Hoje, é uma legenda balofa. Lula enxerga no PMDB um aliado de peso. Para o deputado eleito Ciro Gomes (PSB-CE), o partido se parece mais com um fardo.
“Com todo o respeito, o PMDB é um elefante que não vai junto para canto nenhum. É um elefante com dislexia (...). Ele aprendeu a se impor pelo 'tamanhão'. Mas, no dia seguinte, eles não conseguem convergir para nenhum assunto, para caminho nenhum”, disse Ciro à rádio AM do Povo/CBN, do Ceará.
Além de alvejar um aliado que Lula considera estratégico, Ciro desancou a política econômica do governo: “Lula pegou um incêndio generalizado para apagar e ainda teve que provar que não era um bicho-papão. Mas daí funcionou [a política econômica]. Mas quando funcionou, começou a acontecer o inverso. O excesso de sucesso tirou o governo do rumo.”
Ciro mostra-se contrário a tudo o que o Banco Central de Henrique Meirelles considera essencial: “Todo o país, como o Brasil, não deveria colocar sua estratégia nacional no piloto automático, de superávit de 4,25%, meta de inflação definida um ano antes e câmbio flutuante. É muito conservador para um país complexo como o Brasil.”
Diz-se que Lula pretende reconduzir o ex-ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) à equipe do segundo mandato. Ciro, como se sabe, é um galão de gasolina com boca. Enquanto esteve no governo, guardou obsequioso silêncio. Solto na arena livre do Congresso, tende a enxergar em cada microfone um palito de fósforo. Se o convite de Lula demorar, as relações entre os dois podem ser consumidas na fogueira de uma entrevista.
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Blog do Josias

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