domingo, 17 de dezembro de 2006

JORNALISTAS CRITICAM O MONOPÓLIO DA GLOBO
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Agência Câmara
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Um dos principais problemas da comunicação hoje no País é o grande poder da Rede Globo, segundo os participantes do seminário "Mídia nas eleições de 2006", realizado nesta quarta-feira (13/12) na Câmara dos Deputados. O diretor de Jornalismo do SBT, Luiz Gonzaga Mineiro, assegurou que a TV Globo tem 50% da audiência, mas fica com 75% da receita.
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O diretor do site Conversa Afiada, Paulo Henrique Amorim, acredita o problema é provocado pela falta de um Conselho de Comunicação Social independente e com poder de decisão. Para ele, a Rede Globo também foi a responsável pelo modelo adotado pelo Conselho atualmente, que funciona apenas como órgão consultivo e não tem representantes de todos os setores interessados. As emissoras comunitárias, por exemplo, não têm representação.
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O jornalista também afirmou que é necessário "muito cuidado com a legislação em análise no Congresso". Em sua opinião, os projetos do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) e do senador Maguito Vilela (PMDB-GO) vão levar o País de "volta à idade da pedra, como quer a Globo, e fechar o Brasil para novas mídias".
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Paulo Henrique Amorim afirmou que a imprensa brasileira passa por uma crise de qualidade, que envolve uma confusão entre os conceitos de opinião e informação. "Há uma total promiscuidade entre opinião e informação. Hoje, só não há opinião na sessão de horóscopo. Ela está até no obituário", observou ele, durante o seminário "Mídia nas Eleições 2006".
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De acordo com Amorim, a situação não é nova. "O presidente Juscelino Kubitschek disse que um dos motivos de trazer a capital para Brasília foi porque não agüentava mais ver a Rádio Globo dar o microfone por uma hora ao Carlos Lacerda para pedir seu impeachment", lembrou.
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O jornalista sustentou que a Rede Globo trabalhou contra o presidente João Goulart, o governador do Rio Leonel Brizola e sempre foi contra todos os trabalhistas. Na sua opinião, isso é conseqüência, em parte, de hoje não existir mais proletários no jornalismo. "Só tem mauricinho", afirmou. "Jornalista hoje gosta é de banqueiro."
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Circulação e pluralismoDe acordo com dados apresentados por Amorim, a imprensa escrita perdeu 10% de circulação nos últimos dez anos. "Apesar dessa perda, a mídia mantém o poder de gerar crises", afirmou, citando declarações do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos.
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Na opinião de Amorim, a tendência com a crise é que os jornais fiquem menos pluralistas. "Com a decadência, eles se tornam mais fiéis a sua clientela", analisou. O jornalista citou pesquisa da Universidade de Harvard demonstrando que, com a queda na circulação, também diminui a diversidade de opiniões nos grandes jornais.
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InternetA boa notícia, para Paulo Henrique Amorim, é que a internet tem relevância política cada vez maior no Brasil. Segundo observou, os blogs daqui estão cada vez mais independentes, ao contrário do que aconteceu nos Estados Unidos, onde esses sites surgiram das rádios e se tornaram conservadores.
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Atualmente, de acordo com dados apresentados por ele, os brasileiros já gastam 20 horas por mês na internet. Os usuários já seriam 20 milhões, com alcance cada vez maior na classe C. Somente neste ano, destacou Amorim, foram vendidos 380 mil computadores populares. O diretor do Conversa Afiada também tem expectativas de que o celular torne-se cada vez mais parecido com um computador e um aliado na democratização da informação.

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