terça-feira, 12 de dezembro de 2006

O USO DA INTERNET NAS ELEIÇÕES!
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12.12, 15h25
Ex-Blog do Cesar Maia
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1. Ficou clara a importância da internet no referendo sobre desarmamento. Mas não ficou tão clara na ultima eleição presidencial onde os posts contra Lula foram em número muito maior que o inverso. Por que?
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2. No Brasil o uso da internet é quase generalizado para remessas, mas não para recepção. Recentemente uma pesquisa nacional de posse e uso de laptops e micros na residência das pessoas mostrou que no sul-sudeste alcança 25% dos lares. Mas no nordeste alcança apenas 8%. Ou seja, se é verdade que quase todos tem jeito de mandar seu recado, no local de trabalho, na escola, numa lan house, onde for, a recepção é muito maior para quem tem seu micro ou laptop em casa.
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3. Deveríamos desconfiar que esta diferença entre os 25% do sudeste-sul e os 8% do nordeste foi um dos fatores explicativos da esmagadora vitória de Lula no nordeste.
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4. Mas por que no referendo não foi assim?
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5. No Brasil o uso amplo da internet tem um perfil mais jovem e nos níveis de renda e instrução maiores. Desta forma o impacto de uma postagem na internet depende em primeiro lugar da forma que é multiplicada por quem a recebe -ou seja, pelo multiplicador horizontal. Mas numa clivagem social como a nossa há a necessidade de links condutores que levem a postagem para baixo, para a base da sociedade. É o multiplicador vertical.
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6. Em certas situações os multiplicadores das postagens tem resistência (a contra-postagem), e em outros não. Esse último caso foi certamente o do referendo das armas. Numa eleição presidencial as contrapostagens são muito grandes.
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7. O uso da internet na política no Brasil (ainda embrionário) exige que se pense igualmente nos dois multiplicadores. O primeiro é mais simples. É uma questão do prestígio do site, do blog, da newsletter, das redes de e-mails. O segundo é muito mais complexo, já que a forma de postar e seu conteúdo devem ter esta preocupação e se articular com meios internéticos e não internéticos, através de algum impacto na mídia espontânea e na comunicação política direta.
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8. Aliás, no início da campanha do Alckmin isso foi dito: O uso da internet deveria ter caráter profissional (guerrilha virtual), pensando em um amplo leque de articulações verticais. Mas a cozinha da campanha era ainda de carvão.

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