terça-feira, 3 de abril de 2007

OS APAGÕES DE LULA

por Clóvis Rossi, na Folha de S. Paulo
O apagão aéreo é apenas a culminação de uma seqüência completa de outros momentos em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou-se absolutamente inapetente ou incompetente ou as duas coisas ao mesmo tempo para enfrentar crises.

No caso da crise ética e moral, simbolizada pelo mensalão, o presidente limitou-se a afastar seu "capitão", José Dirceu, e a culpar o PT, para evitar que o escândalo respingasse ainda mais nele próprio.

Mas não foi capaz de dar um basta ao ambiente turvo que se criou no seu entorno e em seu partido, ambiente que levou o procurador-geral da República batizar a turma de "organização criminosa".

Tanto Lula tolerou o jeito de ser da "organização" que comportamentos obscenos reapareceriam logo depois, tanto na quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Pereira como no episódio do dossiê contra tucanos. Em ambos os casos, os responsáveis foram pessoas da maior proximidade com o presidente, o que indica a cultura predominante no entorno.

No apagão da segurança pública, o presidente chegou a qualificar de "terrorismo" o que aconteceu no Rio, no fim do ano. Ficou nisso e no envio de meia dúzia de gatos pingados da tal Força Nacional de Segurança. Solução zero, como se vê todo santo dia no noticiário dos jornais do Rio.

No caso do apagão aéreo, a crise dos controladores vinha se arrastando havia seis meses, sem que o presidente tomasse alguma atitude que não fosse fazer promessas vazias de solução iminente, que não vinha, ou exigir prazos, que seus subordinados não cumpriam e continuam não cumprindo (e nada acontece com eles).

Conseqüência da incompetência/inapetência: o governo se viu obrigado a render-se ante uma atitude que, agora, Lula considera "irresponsável". Quem é mais irresponsável, ante tal histórico?

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