É necessário acreditar sempre no prevalecimento do bem, da verdade e da justiça que gera vida e paz.
Não é minha intenção jogar água fria em ninguém e muito menos em projetos que prometem mais qualidade de vida para o povo. Quando não posso colaborar, muito faço não atrapalhando. Portanto, água fria só fica bem se jogada no ardor do verão. Mas, é muito importante que fiquemos atentos aos desdobramentos das notícias de alguns dias atrás.
Duas notícias boas chegaram até nós. A primeira foi a da escolha do nosso país para sediar a Copa do Mundo de 2014. Nos bastidores, a bola está rolando. Vozes disseram que este acontecimento vai ser muito importante para o Brasil. Gente do mundo inteiro virá para cá; a economia do Brasil vai esquentar com o turismo. Muitos empregos serão gerados... Fiquemos de olho nesta bola.
O evento, realmente, não deixa de ser importante. Mas, precisamos fazer com que o seja para todas as pessoas. Corremos o risco de, anestesiados com a notícia, ficarmos apenas na posição de espectadores deslumbrados.
Assim, como poderá trazer vantagens, as desvantagens são possíveis, pelo menos para a maioria da população. O velho ditado “pão e circo” tem muito de real.
A partir de agora, pessoas, grupos, empreiteiras... poderão lucrar freneticamente. O governo, em parceria com o setor privado, vai investir muito em infra-estrutura e o perigo da corrupção astronômica é iminente. Fiquemos vigilantes e na militância. A bola está rolando e não podemos ficar alheios, porque o povo também pode rolar.
Outra notícia boa foi o anúncio da descoberta, pelos técnicos da Petrobrás, do maior poço de petróleo e gás natural, na bacia de Santos. Parabéns aos nossos pesquisadores.
O Presidente da República disse, numa reportagem, que este é um presente de Deus para o Brasil. Eu tomo a liberdade de corrigir: é um presente de Deus para o povo Brasileiro.
Devido à profundidade, esta riqueza começará a render no auge da Copa do Mundo.
É preciso ficar de olho no bolo.
Desde já, equipes técnicas estão buscando o aperfeiçoamento da tecnologia, para que o bolo venha à tona. Concomitantemente, outras equipes da sociedade civil devem se organizar, pensando nas políticas públicas, para que este presente de Deus chegue ao povo que trabalha pesado para a grandeza desta nação e que normalmente recebe migalhas.
Vamos ficar de olho na bola e no bolo. Que tudo seja acompanhado. Saibamos por onde a “bola” corre para que o “bolo” seja partilhado com eqüidade.
Normalmente, os que saem da senzala para a casa grande, tendem a esquecer o sofrimento e os que continuam na penúria. Quando muito, a olham de longe e atiram migalhas e, às vezes, nem isso. Neste exato momento em que escrevo, está acontecendo o despejo de um acampamento dos sem-terra, aqui em Caçador. Em torno de 200 soldados, enviados pelas “autoridades”, fazem este “serviço” no dia de mais relâmpagos, trovoadas e chuvas torrenciais. São mais de 200 crianças sem contar os jovens e adultos. Todas as pessoas, com seus poucos pertences e alimentos molhados. Poderiam ter feito isto em outro dia. Lembro que esta terra é da União e está cedida em comodato à Epagri. É muita terra e está sendo usada também para plantar pínus e eucaliptos. Dizem que estão voltados para a pesquisa na área da agricultura familiar. Mas são palavras para ludibriar os menos avisados. O agronegócio tem preferência E quanto ao momento do despejo, fiz esta pergunta a mim mesmo, por que não escolheram um dia de sol? Tantas crianças molhadas, assustadas, amedrontadas, famintas... para isso existe o inferno. Basta uma leitura orante do Evangelho de Mateus 25,31ss. Deus não falha!...
De olho atento na bola e no bolo, para que no final do espetáculo não venha a ocorrer que as lonas do circo caiam e o povo também, como soe acontecer.
* Dom Luiz Carlos Eccel, 54, é bispo da diocese de Caçador (SC)
Não é minha intenção jogar água fria em ninguém e muito menos em projetos que prometem mais qualidade de vida para o povo. Quando não posso colaborar, muito faço não atrapalhando. Portanto, água fria só fica bem se jogada no ardor do verão. Mas, é muito importante que fiquemos atentos aos desdobramentos das notícias de alguns dias atrás.
Duas notícias boas chegaram até nós. A primeira foi a da escolha do nosso país para sediar a Copa do Mundo de 2014. Nos bastidores, a bola está rolando. Vozes disseram que este acontecimento vai ser muito importante para o Brasil. Gente do mundo inteiro virá para cá; a economia do Brasil vai esquentar com o turismo. Muitos empregos serão gerados... Fiquemos de olho nesta bola.
O evento, realmente, não deixa de ser importante. Mas, precisamos fazer com que o seja para todas as pessoas. Corremos o risco de, anestesiados com a notícia, ficarmos apenas na posição de espectadores deslumbrados.
Assim, como poderá trazer vantagens, as desvantagens são possíveis, pelo menos para a maioria da população. O velho ditado “pão e circo” tem muito de real.
A partir de agora, pessoas, grupos, empreiteiras... poderão lucrar freneticamente. O governo, em parceria com o setor privado, vai investir muito em infra-estrutura e o perigo da corrupção astronômica é iminente. Fiquemos vigilantes e na militância. A bola está rolando e não podemos ficar alheios, porque o povo também pode rolar.
Outra notícia boa foi o anúncio da descoberta, pelos técnicos da Petrobrás, do maior poço de petróleo e gás natural, na bacia de Santos. Parabéns aos nossos pesquisadores.
O Presidente da República disse, numa reportagem, que este é um presente de Deus para o Brasil. Eu tomo a liberdade de corrigir: é um presente de Deus para o povo Brasileiro.
Devido à profundidade, esta riqueza começará a render no auge da Copa do Mundo.
É preciso ficar de olho no bolo.
Desde já, equipes técnicas estão buscando o aperfeiçoamento da tecnologia, para que o bolo venha à tona. Concomitantemente, outras equipes da sociedade civil devem se organizar, pensando nas políticas públicas, para que este presente de Deus chegue ao povo que trabalha pesado para a grandeza desta nação e que normalmente recebe migalhas.
Vamos ficar de olho na bola e no bolo. Que tudo seja acompanhado. Saibamos por onde a “bola” corre para que o “bolo” seja partilhado com eqüidade.
Normalmente, os que saem da senzala para a casa grande, tendem a esquecer o sofrimento e os que continuam na penúria. Quando muito, a olham de longe e atiram migalhas e, às vezes, nem isso. Neste exato momento em que escrevo, está acontecendo o despejo de um acampamento dos sem-terra, aqui em Caçador. Em torno de 200 soldados, enviados pelas “autoridades”, fazem este “serviço” no dia de mais relâmpagos, trovoadas e chuvas torrenciais. São mais de 200 crianças sem contar os jovens e adultos. Todas as pessoas, com seus poucos pertences e alimentos molhados. Poderiam ter feito isto em outro dia. Lembro que esta terra é da União e está cedida em comodato à Epagri. É muita terra e está sendo usada também para plantar pínus e eucaliptos. Dizem que estão voltados para a pesquisa na área da agricultura familiar. Mas são palavras para ludibriar os menos avisados. O agronegócio tem preferência E quanto ao momento do despejo, fiz esta pergunta a mim mesmo, por que não escolheram um dia de sol? Tantas crianças molhadas, assustadas, amedrontadas, famintas... para isso existe o inferno. Basta uma leitura orante do Evangelho de Mateus 25,31ss. Deus não falha!...
De olho atento na bola e no bolo, para que no final do espetáculo não venha a ocorrer que as lonas do circo caiam e o povo também, como soe acontecer.
* Dom Luiz Carlos Eccel, 54, é bispo da diocese de Caçador (SC)
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