PUBLICADO EM: 23/02/2006
JORNAL INFORME
Resolvi tornar minha vida de homem separado mais confortável e investir numa tábua de passar roupa... Não sei se é assim que chama aquelas mesinhas de passar roupa com um armarinho munido de gavetas e portas, e ao lado uma pequena estrutura de metal para encostar o ferro...
Comecei minha pesquisa de preço na parte alta da avenida Barão do Rio Branco, afinal, a cada quinzena inaugura uma nova loja de móveis por aquelas bandas, com direito a foguetes, show de graça e gazeta descarada de aula... Procurei, primeiro algo básico: logo ao entrar, fui abordado por uma moça vestida de verde limão, com uma rosa estampada no bolso da camisa, por um instante pensei ter entrado numa floricultura, por causa da estampa sugestiva, mas logo percebi que estava na primeira de muitas revendedoras de móveis e eletrodomésticos daquela região da cidade. – O senhor já tem ficha conosco?... – Sim... Mas ao constatar que já fazia muito tempo que eu não comprava naquela loja, pediram para eu cprovidenciar um desorientado para servir de avalista. Nem procurei, porque hoje em dia já não se fazem loucos como antigamente.
Pensei em chegar na loja do pingüim... Só pensei, porque com o calor que fazia, certamente não sobraria nenhum pingüim para me atender, peguei um folheto, mas não encontrei o que procurava... Na próxima loja entrei com muito orgulho, afinal, também “soy latino americano e nunca me engano...” Escolhi minha tábua, mas o vendedor viajou na maionese tentando ser simpático: -Não quer levar o ferro também? Tem um ótimo na promoção, sua esposa vai adorar! – Desculpe-me, mas não tenho esposa e já tenho ferro de passar...
Prosseguindo minha jornada, atravessei a rua e vi belas moças segurando o mastro de bandeiras enormes, algumas vermelhas, outras brancas, atrapalhando o estacionamento... Pensei comigo: - Será que é alguma passeata ou comício?... Mas, ainda estamos tão longe das eleições!... Só depois percebi que se tratava de mais uma loja de móveis. Encontrei o que procurava, só não encontrei dinheiro na carteira para a entrada. Oh! Que labuta!... Prossigo minha maratona e encontro um baianinho sorrindo para mim na placa... Pensei que encontraria um grupo de capoeira ou a Scheila Carvalho... Mas só encontrei uma vendedora normal com sotaque caçadorense, que também viajou na maionese ao me mostrar a tão sonhada tábua: Gostaria de ver também uma máquina de lavar da promoção? É um ótimo presente para sua mãe. – Sinto muito, mas minha mãe não precisa mais lavar roupas, ela faleceu há mais de um ano. (Porque será que todo vendedor pensa que precisamos mais do que procuramos?).
Desesperado, por pouco não endividado, atravesso a rua até a capela Nossa Senhora Aparecida: - Ô minha Nossa Senhora, como é difícil, para um pobre plebeu indeciso comprar uma tábua de passar?
Márcio Roberto Goes
Passando roupa na mesa mesmo
JORNAL INFORME
Resolvi tornar minha vida de homem separado mais confortável e investir numa tábua de passar roupa... Não sei se é assim que chama aquelas mesinhas de passar roupa com um armarinho munido de gavetas e portas, e ao lado uma pequena estrutura de metal para encostar o ferro...
Comecei minha pesquisa de preço na parte alta da avenida Barão do Rio Branco, afinal, a cada quinzena inaugura uma nova loja de móveis por aquelas bandas, com direito a foguetes, show de graça e gazeta descarada de aula... Procurei, primeiro algo básico: logo ao entrar, fui abordado por uma moça vestida de verde limão, com uma rosa estampada no bolso da camisa, por um instante pensei ter entrado numa floricultura, por causa da estampa sugestiva, mas logo percebi que estava na primeira de muitas revendedoras de móveis e eletrodomésticos daquela região da cidade. – O senhor já tem ficha conosco?... – Sim... Mas ao constatar que já fazia muito tempo que eu não comprava naquela loja, pediram para eu cprovidenciar um desorientado para servir de avalista. Nem procurei, porque hoje em dia já não se fazem loucos como antigamente.
Pensei em chegar na loja do pingüim... Só pensei, porque com o calor que fazia, certamente não sobraria nenhum pingüim para me atender, peguei um folheto, mas não encontrei o que procurava... Na próxima loja entrei com muito orgulho, afinal, também “soy latino americano e nunca me engano...” Escolhi minha tábua, mas o vendedor viajou na maionese tentando ser simpático: -Não quer levar o ferro também? Tem um ótimo na promoção, sua esposa vai adorar! – Desculpe-me, mas não tenho esposa e já tenho ferro de passar...
Prosseguindo minha jornada, atravessei a rua e vi belas moças segurando o mastro de bandeiras enormes, algumas vermelhas, outras brancas, atrapalhando o estacionamento... Pensei comigo: - Será que é alguma passeata ou comício?... Mas, ainda estamos tão longe das eleições!... Só depois percebi que se tratava de mais uma loja de móveis. Encontrei o que procurava, só não encontrei dinheiro na carteira para a entrada. Oh! Que labuta!... Prossigo minha maratona e encontro um baianinho sorrindo para mim na placa... Pensei que encontraria um grupo de capoeira ou a Scheila Carvalho... Mas só encontrei uma vendedora normal com sotaque caçadorense, que também viajou na maionese ao me mostrar a tão sonhada tábua: Gostaria de ver também uma máquina de lavar da promoção? É um ótimo presente para sua mãe. – Sinto muito, mas minha mãe não precisa mais lavar roupas, ela faleceu há mais de um ano. (Porque será que todo vendedor pensa que precisamos mais do que procuramos?).
Desesperado, por pouco não endividado, atravesso a rua até a capela Nossa Senhora Aparecida: - Ô minha Nossa Senhora, como é difícil, para um pobre plebeu indeciso comprar uma tábua de passar?
Márcio Roberto Goes
Passando roupa na mesa mesmo
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