sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O uso da Internet emcampanhas eleitorais

O avanço da internet como veículo de comunicação no País vem produzindo efeitos também no campo eleitoral. Apesar do número de usuários ser ainda pequeno se considerarmos o universo eleitoral brasileiro, ele vem crescendo a cada dia e já se aproxima dos dez milhões segundo projeções do Comitê Gestor da Internet no Brasil.
Outro obstáculo a ser levado em conta é o fato de que a política não é propriamente o assunto mais procurado na internet. Assim como nos outros meios de comunicação o desinteresse por esse assunto é grande, mas em particular na internet, o seu espaço é ainda mais reduzido visto que o caráter informativo (aqui como forma de o usuário estar informado sobre as principais notícias) não é o seu forte. Busca-se na rede, em escala muito maior, assuntos diversos como música, sexo, relacionamento pessoal, programas de computador, compras on-line, além de outros. Mas este também é um dado que apresenta sinais de mudança, pois notamos que embora reduzido, cresce a cada dia o número de pessoas que se utilizam desse canal para se informar sobre os diversos assuntos que cercam o nosso cotidiano. Prova disso foi quando houve o atentado terrorista em Nova Iorque e Washington, onde a rede acusou um número gigantesco de acessos, a grande maioria de pessoas procurando informações sobre o acontecimento nos principais sites de notícias.
Assim, muito embora existam estes fatores, falando-se de campanhas eleitorais, ter um site na internet significa mais uma peça de artilharia na batalha pelo voto a um custo relativamente barato. Saber usar este instrumento é que se torna a grande questão.
Para tanto, em primeiro lugar é preciso saber o segmento em que o candidato está atuando, ou seja, qual é a sua base eleitoral, em que se baseia sua plataforma política e qual é o eleitor que se pretende atingir. Dependendo deste parâmetro, a internet pode ser tanto um canal inócuo, como também se tornar indispensável para a campanha.
Por exemplo, para um candidato que tem sua campanha baseada no tema ecologia, e que tem um bom histórico pessoal na luta pela preservação do meio-ambiente, ter um site hoje é fundamental. Note-se que este candidato possui um conteúdo específico de informações para poder transmitir através de seu site e o seu público alvo é formado por indivíduos que em geral tem acesso a esta tecnologia.
Mas mesmo que a massa de seu eleitorado não possua estas condições, é importante ressaltar que o público seleto que se atinge com esta mídia é composto geralmente por influenciadores de votos _ aqueles que pelo seu nível intelectual, cultural e social podem influenciar outros a seguirem suas opiniões _ sendo desta forma, a internet, um canal eficaz para atingir indiretamente o seu eleitorado.
Aliás, cumpre destacar que atualmente a principal função do site de campanha eleitoral não é exatamente fazer com que um eleitor indeciso vá procurá-lo para decidir em quem vai votar, mas sim de dar embasamento àquele que já fez sua opção e busca mais informações sobre o seu candidato gerando um entrosamento com ele e, significando assim, mais munição para que este influencie outros eleitores.
O Lado Operacional
Custo e Registro:
Há três momentos em que se deve despender recursos para colocar o site em operação. O primeiro é o registro, onde se deve pagar uma taxa inicial e depois taxas anuais para ter o seu domínio registrado, porém, o TSE nas eleições passadas disponibilizou o endereço www.(nome do candidato e número).can.br, que pôde ser usado sem o pagamento de taxas, o candidato interessado deveria providenciar o cadastro no registro.br, comunicando no prazo máximo de 48 após a efetivação do registro ao Juiz Eleitoral da zona onde pediu registro de sua candidatura, indicando o endereço eletrônico adotado. O segundo ítem é a hospedagem do site, pois é necessário se ter um provedor para que o seu site fique ali armazenado. E finalmente, a criação do site e sua manutenção, que poderá variar consideravelmente entre zero (se o candidato fizer ele mesmo, ou alguém o ajudar a elaborar o site) até um valor indeterminado, dependendo dos recursos e a estrutura utilizada no site.
Duração:
O site de campanha tem uma vida útil curta, aproximadamente três meses (ou um pouco mais em se tratando de campanhas de dois turnos), iniciados no dia 6 de julho do ano eleitoral e indo até o primeiro domingo de outubro, dia das eleições. Na verdade, esta restrição não foi imposta pela lei eleitoral, mas por uma resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que igualou o site de campanha à outras espécies de propaganda eleitoral e estendendo à ele a proibição de ocorrer antes do dia 6 de julho. Vale ressaltar, porém, que segundo o TSE, não é proibido que os candidatos tenham páginas pessoais, mas colocar em seus sites pesquisas de intenção de voto e referências, mesmo que indiretas, à ocupação de cargos políticos, caracteriza a propaganda eleitoral antecipada. Nas últimas eleições, só no Estado de São Paulo, houve cerca de 24 representações encaminhadas pelo Ministério Público sobre propaganda antecipada na Internet. Parte delas foi considerada procedente por justamente fazer referências ao cargo político pretendido e por apresentar propostas para o exercício do cargo. Em outros países como os EUA, por exemplo, não há uma restrição como aqui, o próprio presidente americano mantém o seu site pessoal atualizado mesmo fora do período eleitoral (www.georgewbush.com).
Conteúdo e Lay-Out
O conteúdo será ditado conforme o segmento eleitoral em que está enfocada a campanha do candidato, como já se disse antes. O site é sem dúvida, um instrumento eficaz para o candidato passar sua plataforma e histórico de maneira detalhada. Mas não convém criar um site muito extenso, mesmo porque este terá uma duração muito curta, como já se disse e além do que, pode-se tornar muito cansativo para o visitante.
Despertar Interesse:
O site deve ser interessante, a fim de atrair o eleitor. Mas sites interessantes já existem aos montes na internet, por isso, é importante que se crie algo mais específico para o seu público-alvo, inserindo algo relacionado diretamente à ele. Por exemplo, se se tratar de um candidato que atua num determinado bairro da cidade, é de valia colocar informações específicas sobre este bairro: linhas de ônibus, obras a serem realizadas, comércio, moradores ilustres, história ilustrada do bairro e outras curiosidades.
Facilidade de Navegação:
A página inicial do site (“homepage”) deve ter indicações para onde o visitante deva querer se dirigir, jamais preencha esta página com históricos do candidato ou outros trechos longos. O visitante é quem deve escolher o que quer ver. E as demais páginas devem ter um volume bem dosado de informações para não se tornar fatigante.
Vinhetas:
Geralmente em sites informativos não se usam vinhetas (animações gráficas associadas à música ou efeitos sonoros produzidas para internet através de programas específicos), mas num site de campanha estes artifícios são bem vindos, porque a informação prestada no site não deixa de estar inserida no contexto da propaganda eleitoral, logo, com este composto de movimento e som se atinge também o lado emocional do espectador.
Funções Acessórias
Comunicação com o Eleitor:
O site sem dúvida também pode desempenhar um importante papel de estabelecer um canal de comunicação com o seu eleitor. Através de formulários, o candidato poderá obter informações importantes sobre o perfil de seu eleitor e colher críticas ou sugestões importantes para nortear a campanha. É um meio interessante também noticiar a agenda do candidato, convidando todos os correligionários para os eventos da campanha.
Arrecadação de Recursos:
A coleta de fundos para campanhas no Brasil não é uma prática muito comum, mas existe e pode ser feita mais facilmente através da internet. Nos Estados Unidos, na última campanha, o candidato a presidente, John McCain, arrecadou cerca de US$ 2,5 milhões somente através de seu site.
A Divulgação
Aqui reside o principal problema de qualquer site. Como fazer para mostrar a todos que o meu site existe? Para um site se tornar conhecido há uma demanda considerável de tempo e muito investimento em publicidade, fórmulas mágicas são difíceis de acontecer.
Em relação ao sites de campanhas vimos que tempo já é um fator que podemos desconsiderar, mas por outro lado, para a publicidade do site o candidato tem a sua disposição todo o material usado na campanha, que pode perfeitamente ser usado para a divulgação do endereço do site de campanha.

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