sexta-feira, 31 de maio de 2013
NatGeo - Segredos do Terceiro Reich - O discipulo de Hitler
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ENTREVISTA - ANDRÉ SINGER
QUEM É
André Singer é jornalista e professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo. Tem 51 anos, é casado e pai de duas filhas
O QUE FEZ
Foi porta-voz da Presidência da República entre 2003 e 2007 e secretário de Imprensa de 2005 a 2007
O QUE PUBLICOU
É autor de Esquerda e direita no eleitorado brasileiro (Edusp, 2000) e de O PT (Publifolha, 2009) e organizador de Sem medo de ser feliz: cenas de campanha (Scritta, 1990)
ÉPOCA – Como o senhor define o lulismo?
André Singer – O lulismo é a execução de um projeto político de redistribuição de renda focado no setor mais pobre da população, mas sem ameaça de ruptura da ordem, sem confrontação política, sem radicalização, sem os componentes clássicos das propostas de mudanças mais à esquerda. Foi o que o governo Lula fez. A manutenção de uma conduta de política macroeconômica mais conservadora, com juros elevados, austeridade fiscal e câmbio flutuante, foi o preço a pagar pela manutenção da ordem. Diante desse projeto, a camada de baixa renda, cerca de metade do eleitorado, começou a se realinhar em direção ao presidente.
ÉPOCA – Quando isso aconteceu?
Singer – Em 2006. Houve um realinhamento eleitoral, um deslocamento grande de eleitores que ocorre a cada tantas décadas. A matriz desse tipo de estudo é americana. Lá, eles acham que aconteceu um realinhamento eleitoral em 1932, quando (Franklin) Roosevelt ganhou a eleição presidencial. Ele puxou uma base social de trabalhadores para o Partido Democrata que não havia antes. Aqui, em 2006 a camada de baixíssima renda da população, que sempre tinha votado contra o Lula, votou a favor dele. A diferença entre 2002 e 2006 foi que Lula perdeu base na classe média, seu eleitorado tradicional, e ganhou base entre os eleitores de baixa renda.
ÉPOCA – O lulismo pode sobreviver sem o Lula? Não é preciso uma liderança carismática à frente desse projeto político?
Singer – No lulismo existe um elemento de carisma, mas isso não é o mais importante. A importância do carisma é maior nas regiões menos urbanizadas do país, onde se tende a atribuir a capacidade de execução de um projeto a características especiais da liderança. Em regiões urbanizadas existe uma adesão mais racional ao programa político. Se minha análise estiver correta, o lulismo sobreviverá sem o Lula. Uma hipótese é que o lulismo vá desaguar no PT. Essa camada social que aderiu ao Lula pode lentamente começar a votar nos candidatos do PT a prefeito, governador, senador. Vejo indícios de que isso começou a ocorrer nas eleições municipais de 2008. O PT foi mal nas capitais, mas foi bem nas regiões metropolitanas de São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte. Isso pode sinalizar que o voto da camada de menor renda da sociedade está caminhando para o PT.
ÉPOCA – Dilma Rousseff será a herdeira do lulismo? O que acontecerá em 2010?
Singer – Mantidas as condições atuais, a tendência é que, à medida que ficar claro para o eleitor que a Dilma é a candidata de continuidade do lulismo, ela aumentará suas intenções de voto com chances consideráveis de ganhar a eleição.
ÉPOCA – Se o lulismo desaguar no PT, o partido terá de abrir mão de bandeiras históricas de esquerda?
Singer – O PT poderá ser uma fusão de duas forças, o petismo e o lulismo, que têm projetos com pontos de contato e diferenças. O PT continua sendo o partido do proletariado organizado, sindicalizado, com carteira de trabalho assinada. Pode vir a ser também o partido do subproletariado. Quando a gente vê a força do PT na periferia de São Paulo pode ser a expressão da confluência dessas duas forças.
ÉPOCA – Se essa convergência ocorrer, haverá uma hegemonia do PT?
Singer – Pode ser. É possível que estejamos assistindo a um realinhamento como foi na época do Roosevelt, que trouxe segmentos da classe trabalhadora para o Partido Democrata por cerca de 30 anos.
ÉPOCA – Essa camada que era anti-Lula, antiesquerda e a favor da ordem não teria dificuldades em se associar ao PT?
Singer – Com adaptações de parte a parte parece possível, mas será um processo lento. Não é tão simples porque o PT tem formação ideológica de esquerda e, embora tenha se transformado, mantém a identidade de um partido de esquerda. O PT é herdeiro de uma tradição de crítica ao populismo. Se o partido vier a ser caudatário desse movimento, vai haver o encontro de águas bem diferentes.
ÉPOCA – O que aproxima o lulismo do populismo de Getúlio Vargas?
Singer – Em ambos há uma política de governo voltada para os setores de menor renda. Mas há uma diferença importante. Getúlio Vargas, ao fazer a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), criou direitos para o setor urbano da classe trabalhadora, em um país predominantemente rural. Deixou de fora um vasto setor da classe trabalhadora que foi incorporado agora.
ÉPOCA – O lulismo pode prejudicar as instituições democráticas?
Singer – O presidente Lula tomou uma decisão fundamental ao não aceitar a proposta do terceiro mandato. Colocou um ponto final nessa questão. O Brasil sai desse processo com instituições democráticas fortalecidas. Há problemas na política partidária, cada vez mais pragmática e menos programática. Isso cria a sensação de que a política diz respeito aos políticos, e não à sociedade.
ÉPOCA – Lula e o PT, em sua estratégia eleitoral, fizeram uma guinada ao centro. A política econômica ortodoxa não tem a ver com esse caminho que o partido já vinha tomando antes de chegar ao poder?
Singer – O PT foi se institucionalizando, mas a ida ao centro é relativa se você olhar o aspecto programático. O partido manteve um programa com mudanças relativamente pequenas. E é isso que faz com que o PT mantenha a identidade de esquerda. Onde houve mudança foi na política de alianças do PT. Antes ele recusava alianças até o ponto de, em 1989, não querer o apoio do PMDB no segundo turno, sem contrapartida. Hoje o PT dá prioridade à aliança com o PMDB. Isso é compreensível do ponto de vista eleitoral, por causa do tempo de televisão, do tamanho do PMDB. Mas é também um problema porque não se sabe qual é a base programática dessa aliança.
ÉPOCA – Com Dilma na Presidência, crescem as chances de o PT aplicar um programa de governo mais à esquerda?
Singer – Depende da política de alianças. Se você tiver um vice-presidente como o Henrique Meirelles (presidente do Banco Central), as probabilidades caem muito. Mas o sentimento do PT é ter um governo mais à esquerda.
ÉPOCA – A emergência dos pobres significará a marginalização da classe média?
Singer – A entrada em cena dessa força nova tirou a centralidade das decisões políticas da classe média. Se o lulismo se consolidar, teremos o setor de baixa renda em um campo político e a classe média tradicional em outro. A nova classe média é dúvida. A oposição em 2010 vai fazer tudo para não se isolar dos eleitores de baixa renda. Vai tentar a mágica de convencer os lulistas de que seu candidato é melhor para dar continuidade ao projeto do que a candidata da situação.
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Tensión diplomática entre Ecuador y Perú es tema de debate
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quinta-feira, 30 de maio de 2013
[BBC] Racismo Científico - Darwinismo Social e Eugenia [DUBLADO]
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Cornelius Castoriadis
(1922 - 1997)
Filósofo, crítico social e psicanalista grego naturalizado francês nascido em Atenas, considerado um dos intelectuais mais capazes e criativos da segunda metade do século XX. Filiou-se (1942) ao partido trotskista, conjunto dos métodos políticos, econômicos e sociais defendidos por Lev Davidovitch Bronstein (1879-1940), dito Trotski, dirigido por Spiro Stinas e, depois da guerra, mudou-se para Paris (1945), integrando-se ao PCI de Claude Lefort. Depois de fundar o grupo esquerdista Socialismo ou Barbárie (1948) rompeu com o PCI francês e fundou (1949) e dirigiu a revista do grupo (1949-1965), que se transformou num espaço de reflexão sobre o autoritarismo para a esquerda. Destacou-se pelo estudo das formas autoritárias do Estado e por uma análise crítica do regime burocrático vigente durante a maior parte do século na ex-União Soviética. Trabalhou como economista para a OECD (1960-1970) e tornou-se psicanalista prático (1974) e diretor de estudos da Ecole des Hautes Etudes en Sociales Sciences (1979). Sua obra maior foi L'institution imaginaire de la société (1975-1989) com sucessivas edições revisadas e ampliadas, mas também destacaram-se Les carrefours du labyrinthe (1978-1997), obra em 5 volumes sucessivos, Capitalisme moderne et révolution (1979), De l'écologie à l'autonomie (1981), entre outros, além de muitos artigos publicados. Em vida uma de suas idéias básicas foi a da autogestão, e morreu de problemas cardíacos, na França.
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'O centro político sumiu'
A democracia brasileira se enfraqueceu com a perda de lideranças moderadas. No vazio o PT instalou o confronto, diz Bolívar Lamounier.
O mundo vem caminhando, há décadas, para a interdependência econômica, em que as decisões são complexas e têm de ser compartilhadas. É um caminho sem volta e só a democracia oferece os instrumentos para isso. Vendo por essa ótica, o cientista político Bolívar Lamounier se sente confiante. "Sociedades modernas não podem ser governadas totalitariamente. Se pudessem, a União Soviética teria dado certo", diz ele. "E quando a América Latina passou a respirar os ares democráticos, antigas ditaduras, dos anos 50 e 60, tiveram de ceder". Não é simples nem fácil, adverte. "Porque cada vez mais se está desvalorizando a política".
Bolívar percebe, no Brasil, um importante processo de esvaziamento do centro político. "Perdemos em poucos anos um grande número de competentes líderes de expressão nacional" - gente como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Mário Covas. Ficou um grande vazio." E esse vazio foi agravado por um partido avesso ao diálogo, que rejeita conviver com pontos de vista diferentes. "A ascensão do PT levou à disseminação de uma visão esquemática do "nós contra a elite"". O que vem sendo coroado, segundo ele, com o descomedimento do presidente e com a estratégia eleitoral petista, "que entende a campanha eleitoral como uma guerra de extermínio".
Os tempos não andam bons para a democracia. Há quem diga que a péssima imagem dos políticos e a complexidade dos problemas de hoje abririam caminho para Estados fortes. Esse risco é real?
Acho que não dá pra afirmar, sem ressalvas, essa tendência - a de que esteja mais difícil preservar o Estado democrático. Os processos todos da tecnologia e do Estado moderno têm verso e reverso. O conflito na praça Tien Am Men, em Pequim, chegou ao mundo inteiro pelo fax, uma máquina nova. A internet tem um potencial democratizante enorme, permite a discussão de ideias como nunca antes. No que se refere ao Estado nacional, a evidência a favor da democracia é mais forte. Quando os Estados nacionais eram viáveis como autarquias e a economia de cada país era determinante, as soluções eram as guerras. Da Segunda Guerra Mundial para cá, foram se percebendo as vantagens da democracia, da interdependência econômica. Isso exerce um efeito moderador e essa dependência compartilhada só se dá com a democracia representativa. Se você tiver um regime totalitário ao lado de uma democracia, um dos dois vai ter de ceder. Na América Latina tivemos isso. Ditaduras antigas, como a do Paraguai, na hora em que o continente começou a respirar democracia, tiveram de se abrir. O próprio Mercosul impulsiona nessa direção. Não digo que seja fácil, mas a direção é essa.
A democracia avança aos poucos, os conflitos são difíceis e urgentes.
O que é lento na democracia é o debate, a formação de lideranças. Mas o Estado democrático moderno dispõe de recursos para enfrentar tudo isso. As legislações vão descobrindo recursos para ir adiante.
Mas é um avanço às vezes lento demais.
Sim, e essa questão leva a um ponto nevrálgico: cada vez mais, se está desvalorizando a política. Na medida em que a opinião publica, equivocadamente, começa a fantasiar que não precisa de política nem de políticos, cria-se uma insegurança que leva à deslegitimização da política. Os líderes assumem os cargos já questionados. E um líder político não pode deixar de ter coragem. Ele foi escolhido para decidir e governar.
Cada vez mais, a sociedade não se sente representada.
Um dos problemas agudos, no Brasil e no mundo, é que a opinião pública, por razões difíceis de esgotar aqui, desenvolveu certa rejeição pela política, uma antipolítica. Rejeição muito frequentemente justa e muito frequentemente equivocada...
Que faz aparecer um Tiririca...
...e que dá num Jean-Marie Le Pen, na França. Isso enfraquece o sentimento de liderança e, aí sim, temos um problema sério. Começam a fantasiar a democracia direta, em que é preciso consultar todo mundo, a toda hora, a respeito de tudo. Ora, então para que a consulta das urnas?
A China faz sucesso com um modelo de partido único, autoritário. Isso pode inspirar outras nações?
Tem muita gente iludida com essa perspectiva. Não tenho dúvidas de que o modelo chinês e outros autoritarismos estão ganhando terreno no momento. Tais experimentos podem causar um estrago danado, mas o destino de todos eles é o mesmo. Uma sociedade moderna não pode ser governada totalitariamente, se isso fosse possível a União Soviética tinha dado certo. Tiveram várias gerações para implantar o modelo, educar todo o povo, e quando aquilo acabou, sobrou quase nada. A própria China está admitindo o mercado. Quando chegar a um grau elevado de conflito social - e ela vai chegar - veremos como vão resolver. A mão de obra não vai ser tão barata, nem tão facilmente arregimentada. Ela não vai ser assim para sempre.
"Sociedades modernas'' não são eternas.
É verdade, e isso abre algumas hipóteses. Uma delas é que, se tomarmos modernização no sentido estreito, você pode ter retrocessos dramáticos, como o do Irã com o aiatolá Khomeini. Ali, uma sociedade em rápida evolução de repente deu tudo para trás. Mas o problema da modernidade está lá, a tensão existe, eles não vão voltar à Idade Média. Pode haver recaídas, como na Alemanha nazista. Podemos esbarrar num limite, como o do desafio ambiental. Mas o ponto nevrálgico, para mim, é o seguinte: retrocessos, recaídas autoritárias, acontecem quando as lideranças políticas se desentendem de uma maneira irracional, ou perdem a confiança em si mesmas. Voltemos ao Brasil, em 1964. Era um problema insolúvel? De jeito nenhum. O que se viu foi uma radicalização ideológica, algumas paranoias e muito blefe de todo lado. E quem para fazer o meio de campo? Quase ninguém.
Como hoje.
Como hoje, sim. Da redemocratização em 1985 para cá, fomos perdendo as lideranças de centro. Morreu o Ulysses Guimarães, o Tancredo, o Mário Covas, o Teotônio Villela. Perdemos em poucos anos um número grande de competentes líderes políticos de expressão nacional. Ficou um grande vazio. Falta gente que encare a política como atividade nobre, uma coisa a ser exercida com altivez. Sobra gente exercendo-a com vergonha. O próprio Lula se aproxima da política mais para desvalorizá-la.
O eleitor médio brasileiro sempre foi tido como uma figura de centro, despolitizada, e foi esse eleitor que decidiu muitas eleições. Com a ascensão das classes C e D, isso está mudando?
Comecemos dizendo que não há nenhum país com alto grau de politização. Isso é um mito. A apatia quanto ao assunto é normal, as pessoas têm que tocar suas vidas. Grandes participações só ocorrem em tempos de crise. Também é verdade que temos aqui um baixo grau de escolaridade, menor que na França ou Inglaterra. Mas o que é decisivo, do ponto de vista da democracia, é que o voto individual não seja controlado. Que, no conjunto, o eleitorado seja uma força, em alta medida, imprevisível. No Brasil, caminhamos decisivamente no sentido de melhorar isso. O País se tornou urbano, os currais eleitorais foram desaparecendo. Duas grandes complicações surgiram, e se devem ao surgimento do PT e do governo Lula. Uma, e isto é uma menção que faço sociologicamente, não é crítica partidária, foi que programas como o Bolsa-Família, criados com louváveis motivos sociais, mas também com fins eleitorais, produziram uma ligação estreita, clientelista demais, com a pessoa do presidente Lula.
E o segundo problema?
É que a ascensão do PT levou à disseminação de uma visão esquemática do que é política. É "nós contra a elite". Um maniqueísmo que divide tudo entre heróis e bandidos. E não é um maniqueísmo contemplativo, ele é rancoroso. Contamina a vida pública e o processo eleitoral. Veja o caso da "herança maldita". Nunca, na história da República, um presidente eleito atacou o seu antecessor dessa maneira. Foi um ataque planejado, toda uma máquina do partido posta em ação para disseminar essa palavra de ordem. Foi uma senha para dividir a sociedade entre "nós e eles". E conseguiram.
Por que a oposição não se mexeu para lutar contra isso?
A oposição, especialmente o PSDB, demorou muito para perceber a gravidade do fenômeno. Depois, sendo uma bancada pequena, até porque o governo cooptou grande parte dela, ficou difícil reagir. E o Lula fez isso de maneira muito pensada.
Recentemente, o embaixador Sérgio Amaral levantou uma dúvida. Se os oito anos do governo FHC, acabando com a inflação, impondo a Lei de Responsabilidade Fiscal, submetendo os militares a um Ministério da Defesa comandado por civis, elevaram o Brasil a novos parâmetros democráticos, e portanto os temores de hoje são passageiros, ou se esses oito anos vão ficar como uma ''fase áurea'' perdida do passado. Que lhe parece?
O período Lula tem um lado positivo, que é a expansão da arena política. O eleitorado já tinha crescido enormemente e mais gente está dando opinião. Por outro lado, há um retrocesso sério que eu chamaria de descomedimento. A começar pelo próprio presidente. Pelo modo de falar, de simbolizar, ele está desinstitucionalizando o Brasil. Personalizando o Estado, promovendo o confronto de modo abusivo. Ele quis de tal maneira se sobressair em relação ao Fernando Henrique - sabe-se lá por que razão, pois nem precisava - que criou um biombo, uma espessa parede de vidro que ocultasse o governo anterior no passado. Aí, sentindo-se forte, se pôs a afagar a cabeça de um monte de gente envolvida em corrupção. Essa foi a segunda grande etapa de seu governo. E a terceira, que vemos agora, consiste em encarar a eleição como uma guerra de extermínio. Ele violou poucas vezes a lei escrita, mas violou o tempo todo o espírito da lei, o espírito da federação. Esse é o retrocesso a que me refiro. O do seu descomedimento.
Muita gente lamenta que, no passado, PT e PSDB não tivessem se unido numa aliança moderna, para eliminar as velharias da política. Teria sido possível?
Acho que nunca teria sido possível. Porque esse esquematismo maniqueísta do PT já tinha aparecido. Na eleição de 1982, o slogan petista dizia que ''era tudo farinha do mesmo saco''. Só o PT era diferente, uma estratégia excludente. Aferraram-se a uma teoria econômica e social fantasiosa, pela qual toda privatização era um mal. Reforma do Estado era coisa do tal consenso de Washington. O Plano Real era um blefe eleitoral. Aí trocaram o slogan "contra tudo isso que aí está" pela Carta aos Brasileiros, os efeitos pirotécnicos do Duda Mendonça. Enfim, hoje são dois partidos profundamente diferentes, com visões diferentes de democracia.
O sr. escreveu recentemente um artigo em que diz temer pela mexicanização do Brasil, com um partido único a dominar toda a vida política. Sua expectativa é de que tenhamos no futuro um Estado controlando muito mais a vida dos cidadãos?
Não estou otimista. Na economia caminhamos para grandes organizações burocráticas com forte peso estatal subordinando a empresa privada. Isso em todos os setores: elétrico, energia nuclear, petróleo. Na política, assistimos à criação de um condomínio de poder que mistura governismo e clientelismo, em que a pirâmide do PT se incrusta no Estado com uma rapidez que ninguém imaginava. E o PMDB convertido no modelo mexicano do PRI mesmo, uma pura máquina de ocupação do Estado. A soma dos dois não me inspira grande otimismo. A estratégia de terra arrasada que o PT e o Lula conduziram vai deixar marcas. Vai demorar algum tempo, depois, para se reconstituir o entendimento da política como uma arena de diálogo, debates sobre as diferenças, onde o outro é apenas um adversário que pensa diferente, não um inimigo a liquidar.
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quarta-feira, 29 de maio de 2013
Karl Kautsky
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terça-feira, 28 de maio de 2013
Quais empresas financiaram a tortura?, por Carlos Tautz
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segunda-feira, 27 de maio de 2013
La UNASUR quiere unificar las Fuerzas Armadas de sus países
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domingo, 26 de maio de 2013
Budismo - Parte 5/5 ( Documentário : História das Religiões )
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Budismo - Parte 4/5 ( Documentário : História das Religiões )
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Budismo - Parte 3/5 ( Documentário : História das Religiões )
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Budismo - Parte 2/5 ( Documentário: História das Religiões )
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Budismo - Parte 1/5 ( Documentário: História das Religiões )
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sábado, 25 de maio de 2013
Marx e religião no mundo presente
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Por que não seguimos os Estados Unidos?
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Grupos extremistas, una amenaza para El Líbano y la región
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Programa nacional de propaganda do PSB - Abril de 2013
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A PRIMEIRA IMPRESSÃO NÃO DIZ TUDO!!!
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Eduard Ambrosievich Shevardnadze
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‘A política, segundo Afif’, de Demétrio Magnoli
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A 06 - Europa: Economia e Geopolítica - Geografia - Vestibulando Digital
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A 03 - Américas Andina e Platina - Geografia - Vestibulando Digital
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sexta-feira, 24 de maio de 2013
Introdução à Ciência Política
Vídeos Educacionais
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Senado Federal
Originalmente publicado em onze de janeiro de 2007
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Ernesto Geisel e o autoritarismo nacionalista
O general Geisel enquanto ministro do Supremo Tribunal Militar, 1965 Paradoxalmente, foi a ele, ao “Alemão”, como seus companheiros de farda o chamavam, um homem ideologicamente comprometido com a ditadura militar e de forte inclinação filofascista, de inspiração mussolineana, quem terminou por conduzir o regime militar ao seu fim. Desde o discurso da posse, proferido em 15 de janeiro de 1974, seu nome passou a ser identificado com a “abertura”, isto é a estratégia de gradativa recuperação das liberdades democráticas, suprimidas da vida republicana desde a publicação do AI-5 (o Ato Institucional nº 5), ocorrida em 13 de dezembro de 1969, por obra do general Arthur da Costa e Silva. Secundado pelo seu escudeiro, o general Golbery do Couto e Silva, ex-chefe e mentor do SNI (Serviço Nacional de Informações), entendeu que o sistema sufocante e paranóico que os serviços de segurança (SNI, CIE, CISA, CENIMAR e dos DOI-CODIs, entre outros) haviam imposto ao país, e ao próprio govenro ditatorial, era intolerável. A “abertura” porém, articulada por quem Elio Gaspari chamou (A ditadura derrotada, Cia das Letras, SP, 2003) de “sacerdote” (o general Geisel) e seu companheiro , o “feiticeiro” (o general Golbery do Couto e Silva), não se faria de supetão. Fato, tratou-se de uma retirada milimetricamente calculada e executada que se estendeu por dez anos (de 1974 até 1984), até que o regime militar, desgastado, finalmente foi obrigado a aceitar a vitória no Colégio Eleitoral de um candidato civil à presidência: Tancredo Neves.
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A escolha do general Geisel para suceder o general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), na condução suprema do regime militar foi um tanto sui generis. Num país de 150 milhões de habitantes, a indicação do maior mandatário da nação, se bem que gozando da aprovação dos demais líderes militares, foi feita apenas por um voto: o do próprio general Médici. Grande parte disso devia-se ao sucesso do governo ditatorial, pois na Era Médici, época do Milagre Econômico, a repressão brutal convivia com taxas de crescimento de mais de 11% ao ano. Foi o prestígio amealhado pelo presidente-ditador que fez com que ele, tornando-se o Grande Eleitor, dispensasse a necessidade de realizar amplas consultas aos comandante das forças armadas ou ter que convocar um consistório de generais para encontrar um nome consensual para a sua sucessão. Para ele era o “Alemão” e fim de conversa.
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Entrevistas marcantes: Furet, o implacável
Entrevistas marcantes: Furet, o implacável
Postado por Juremir em 14 de maio de 2013 - História
“O capitalismo é o nosso horizonte”
JUREMIR MACHADO DA SILVA
François Furet morreu. Desparece um grande intelectual, humanista e de extrema gentileza. Um ser feito para a amizade e para as polêmicas. Parisiense, nascido em 1927, autor de obras luminosas que mudaram a interpretação da Revolução Francesa, atacou com a violência do texto erudito os dogmas e os mitos do século XX. Considerado conservador pela esquerda, cultivava paradoxos: especializara-se em apresentar leituras radicalmente novas de acontecimentos histórios exaustivamente estudados. Com Pensar a Revolução Francesa (1978) e o Dicionário Crítico da Revolução Francesa (1988), em colaboração com Mona Ozouf, ganhou projeção internacional, enquanto desferia golpes fatais contra a trágica fábula da teoria marxista-leninista. Em O Passado de uma Ilusão – Ensaio sobre a Idéia Comunista no Século XX (Editora Siciliano), Furet inventariou a trajetória da cegueira que impediu intelectuais geniais de aceitarem a verdade sobre o regime soviético.
Nesta entrevista exclusiva concedida em Paris para mim, publicada na Folha de S. Paulo, passados 40 anos do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, quando Kruchtchev denunciou oficialmente os crimes de Stalin, o ex-diretor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS – Paris), professor da Universidade de Chicago e presidente da Fundação Saint-Simon, revisitou, com a sua fala mansa e o seu sorriso irônico, a grande “construção ideológica” do século XX. Numa manhã ensolarada, em fevereiro deste ano, durante uma caminhada pelas ruas de Montparnasse, reafirmou suas posições. Algumas meses antes, estivera no Brasil para uma série de conferências. Desejava voltar ainda em 1997.
- O senhor escreveu um ensaio sobre a ilusão como motor da vida social. O imaginário pode ser determinante para a construção da realidade?
François Furet – Claro. Nunca canso de repetir que a idéia de igualdade e de liberdade, essa extraordinária promessa sem respaldo na realidade, na qual os homens não são livres e nem iguais, mesmo quando encontram bastante igualdade e liberdade, é um fermento formidável na cabeça e no coração dos atores sociais. As sociedades modernas operam com um impulso utópico particular, forte e de conseqüências ambíguas. Os sonhos e as fantasias ajudam a mover os homens.
- Em 1956, Nikita Kruchtchev sacudiu o mundo com suas revelações sobre os crimes de Stalin. O que representou de fato o relatório do XX Congresso do PCUS?
François Furet – O relatório Kruchtchev marca uma data capital na história do comunismo em geral e da idéia comunista em particular. Com efeito, é a primeira vez que a crítica radical do movimento é feita do interior, pelo chefe. A denúncia dos crimes de Stalin deixa de ser articulada por reacionários, por marginais ou excluídos e passa a ser objeto da vontade do Secretário-geral do Partido Bolchevique. Em função disso é que a repercussão do discurso de 1956 foi enorme, não somente junto aos intelectuais, mas na opinião pública internacional.
- Por que as advertências de Karl Kautsky a André Gide, passando por Souvarine, Victor Serge e tantos outros intelectuais, a propósito da terror soviético não foram escutadas?
François Furet - Essa é a questão que deve ser respondida pela investigação histórica atual. Ela norteou a construção do meu livro. Os intelectuais são apenas uma parte do contingente de cegos em relação à realidade terrível da União Soviética. Os diplomatas, os políticos e boa parte da opinião pública sofreram do mesmo mal. Aos intelectuais cabia, entretanto, o trabalho crítico de revelação ou de exumação da verdade. Hoje, eles são cobrados pelos rastros deixados, um caminho de omissão ou de indiferença face aos relatos dos que ousaram denunciar. No início dos anos 20, Souvarine foi um dos primeiros a testemunhar sobre o regime soviético. Ignorou-se tudo isso.
- O comunismo era uma religião?
Furet - A analogia, embora limitada, é possível. Existem componentes religiosos na adesão ao credo comunista. A diferença entre o crente religioso e o comunista, conforme a anedota, está no fato de que o primeiro sabe que crê enquanto o último crê que sabe. Os ex-comunistas eram desqualificados como traidores ou ressentidos. A direita era acusada de dizer somente o que interessava a ela e assim por diante. O marxismo-leninismo possuía o meio absoluto de sua defesa. Os dois únicos homens que mereceram crédito, quando denunciaram o regime soviético, foram dois secretários do Partido Comunista Soviético: Kruchtchev e Gorbatchev. A verdade teve de sair do próprio território cultuado. Necessitou-se do desaparecimento do regime para que a ilusão se dissipasse.
- Como explicar que Jean-Paul Sartre tenha sido capaz de negar o horror stalinista mesmo depois do Congresso de 1956?
François Furet – A paixão dominante em Sartre sempre foi o ódio à burguesia. Sartre detestava o mundo no qual vivia e, acima de tudo, odiava os burgueses. Diga-se de passagem que o universo burguês não é amável e nem admirável e ele tinha boas razões para odiar a burguesia. O investimento relativo à União Soviética nutria-se de uma força passional e de elementos exteriores à história soviética. Sartre, como muita gente neste século, hesitava e recusava-se a abandonar a esperança em uma sociedade nova, preciosa e oposta àquela que o amargurava. O mundo burguês na história da humanidade representa a sociedade que produz o maior número de inimigos dela mesma. As razões disso são claras: todos os grandes filósofos dos séculos XVIII e XIX viram os defeitos de uma civilização baseada predominantemente sobre o dinheiro, o lucro, a acumulação, etc. O comunismo tornou-se uma espécie de exorcismo do déficit político do universo burguês. Era preciso, portanto, que a União Soviética fosse melhor.
- No caso de Sartre é a cegueira ou a mentira que o leva a recusar a realidade?
François Furet – A palavra certa é cegueira. Sartre e os outros eram pessoas de boa fé, todos possuídos por uma paixão política forte e compreensível.
IstoÉ – Não existiu falsificação da história em nome da imposição de uma ideologia?
Furet – Sartre não falsificou deliberadamente a história. Ele faz parte do caso geral e foi vítima, como milhões de homens deste século, da ilusão segundo a qual a União Soviética contruía uma sociedade livre das maldições do capitalismo. Sartre, a exemplo da maioria da esquerda, foi antifascita, mas não antitotalitário.
- Já a Revolução Francesa foi utilizada por historiadores como modelo para analisar e justificar os métodos e o terror da Revolução Russa?
François Furet – Certamente houve uma apropriação marxista-leninista da Revolução Francesa. Basta dizer que 1793 passou a ser considerado o episódio fundamental da Revolução Francesa quando se sabe que o essencial ocorreu em 1789. Tomou-se a Revolução Francesa como uma antecipação fracassada de 1917, cujas promessas revolucionárias não teriam sido cumpridas. Afora o destaque aos aspectos sociais, o arcabouço conceitual da análise marxista-leninista da Revolução Francesa é totalmente falso. 1789 não corresponde à revolução burguesa e nem 1793 ao momento revolucionário popular e anti-burguês. Ou bem a Revolução é burguesa e 1789 e Thermidor são os seus acontecimentos decisivos, ou ela não é burguesa e será necessário que nos expliquem o que é. Em realidade, trata-se de um evento político que ultrapassou largamente as determinações sociais, e o desejo de integrar a Revolução no quadro da ditadura de uma classe não encontra apoio nos fatos. Eis o ponto cego de um certo marxismo e do marximo-leninismo: a redução do nível político a uma causalidade puramente social.
- Há uma relação histórica coerente entre Lenin e Robespierre?
François Furet – Há elementos nessa comparação que não são absurdos. Existe nos dois homens esse aspecto moderno contido no investimento quase fanático num projeto de salvação. Mas, em contrapartida, diferenças não faltam. A paisagem mental de Robespierre estava habitada pelo Ser-Supremo enquanto a de Lenin obedecia ao imperativo da superação da luta de classes.
- Seus livros mais recentes são um acerto de contas com os intelectuais de esquerda que o acusaram de conservadorismo e continuam a tomá-lo por reacionário?
François Furet – Não. E não é a primeira vez que respondo a essa questão. O livro foi bem recebido mesmo pela esquerda e pelos comunistas franceses… Recebi o prêmio do melhor livro político de 1995 por essa obra. Os comunistas franceses acolheram-me com consideração, apesar das diferentes interpretações sobre um tema polêmico. Discutem o meu livro. O acerto de contas realizou-se há muito. Fui membro do Partido Comunista Francês na juventude e deixei-o depois de madura reflexão.
- Comunismo e fascismo, para o senhor, contrariando as verdades de esquerda, encontram-se no repúdio ao liberalismo. Por que a democracia liberal estimula tantas reações extremadas?
Furet – A democracia liberal suscita tantas reações fanáticas por ser um regime de relativismo moral e que não tem pontos de apoio filosóficos. O mundo liberal consiste em fazer viver em conjunto cidadãos de todas as opiniões e representa a hegemonia do individualismo privado voltado para o prazer, o bem-estar, as paixões e os desejos de cada um, sem pilares virtuosos e sem outra legitimidade que a do dinheiro. Há no mundo burguês, desde a origem, uma enfermidade política causada pela ilegitimidade. A burguesia não é uma classe política. Quanto ao problema do fascismo e do comunismo, estou convencido de que a interpretação mais imbecil do fascismo é justamente essa que o transforma em produto do universo burguês. Ao contrário, o que há de espetacular no fenômeno, do ponto de visto histórico, é que ele escapa a tal redução. Se Hitler era a marionete do grande capital não há como compreender o genocídio dos judeus, algo que nunca fez parte do programa liberal.
- O fascismo também pode ser revolucionário?
Furet – Com certeza. Compreendê-lo como a recusa da mudança é um erro. O fascismo caracteriza-se pela tomada do poder por gangsters, o que Marx chamaria de lumpen, gente não pertencente a nenhuma classe organizada da sociedade. Tomada de poder em nome do povo e da comunidade sem a limitação de nenhum controle racional. Algumas das paixões que alimentaram o fascismo eram comparáveis às do comunismo, entre elas o ódio ao individualismo burguês. Para mim, a grande invenção do fascismo foi a recuperação da idéia revolucionária em benefício da direita. A direita européia, desde a Revolução Francesa, era contra-revolucionária, cultivando o sonho absurdo de fazer a história correr ao contrário e voltar ao passado para encontrar o ponto que paradoxalmente originou a Revolução. O fascismo recuperou a idéia de futuro para a direita e em conseqüência o projeto revolucionário.
- O senhor cita no Passado de uma Ilusão uma frase de Saul Bellow: “Tesouros de inteligência podem ser investidos ao serviço da ignorância quando a necessidade de ilusão é profunda”. O desejo encobriu a realidade?
Furet – O século XX está marcado pelo desencantamento religioso, no sentido weberiano do termo, e a crença na redenção do homem pela história tornou-se um pouco o substituto dessa perda. O investimento potente em política como um modo de salvação terrestre ocupou o lugar deixado vago pela fé tradicional. Muitos homens deixaram-se enganar pelo intenso desejo de uma sociedade radicalmente nova. Transformou-se em verdade científica, com o materialismo-histórico, o que era produto do voluntarismo sem qualquer garantia de êxito.
- Alguns dos temas característicos dos anos 30 estão de retorno?
Furet – De jeito nenhum. É absurdo. Elaborou-se uma analogia entre o fascismo dos anos 30 e os acontecimentos envolvendo a Sérbia e a Bósnia. Mas não é a mesma coisa. Os homens gostam de pensar que os eventos do futuro serão comparáveis aos do passado. Estamos, contudo, num mundo totalmente diferente. O fato de que atravessamos uma fase de depressão e de desmitificação do sonho do crescimento econômico infinito não é uma razão para lamentar o fim do comunismo. Tampouco o recrudescimento do terrorismo do IRA, do ETA ou do Hamas devem levar a crer que o caos esteja prestes a se impor no mundo.
- Num país do Terceiro Mundo, caso do Brasil, a utopia comunista continua a seduzir muitos intelectuais. Os acontecimentos do ano passado na França, com as grandes manifestações e as greves organizados por sindicatos, representaram para alguns dos críticos do neoliberalismo o retorno da classe operária à vida política.
Furet – Duvido que o movimento social francês do último outono tenha a ver com esse hipotético renascimento. Tratava-se de uma greve em torno de vantagens sociais adquiridas nos setores industriais do Estado e não de uma ação com perspectiva revolucionária.
- O crescimento do desemprego não pode favorecer o ideal revolucionário comunista?
Furet – As nossas sociedades democráticas são inseparáveis de um tendência utópica. Não creio, portanto, que isso venha a desaparecer. A religião, os Direitos do Homem e o humanitarismo são versões moles da utopia. O que está definitivamente morto na utopia comunista é o papel da classe operária, que era vista enquanto classe messiânica. Mesmo os comunistas não acreditam mais nisso pois a classe operária está desaparecerendo sob os nossos olhos. O marxismo-leninismo e sua relação com a história também pereceram. A idéia de um Partido-Estado não faz mais sentido. Será que viveremos a partir de agora sem a visão de uma sociedade pós-capitalista? Não. Talvez venhamos a inventar uma alternativa. Esperemos que seja menos trágico.
- O que senhor pensa quando políticos de esquerda denunciam o fracasso da social-democracia e afirmam ainda que o capitalismo está condenado?
Furet – Quem tem coragem hoje de dizer que o capitalismo está condenado? Raríssimas pessoas. Vivemos numa espécie de capitalismo universal. Após a queda do comunismo resta um só campo de influência mundial: o capitalismo. É a universalização do mercado. Não conheço nenhum homem sensato – filósofo, político ou mesmo partido – que proponha outra economia que não seja a capitalista. Nada pode levar a crer na atualidade que é útil eliminar a propriedade privada e a livre iniciativa para gerar bens com alta produtividade.
- Seria possível deturpar Sartre e dizer que o capitalismo é um horizonte incontornável do século XXI?
Furet – No momento o capitalismo é o horizonte de nossa época: um horizonte no qual teremos dificuldades para viver; precisamos agir conhecendo as nossas contradições e sabendo que até agora não encontramos a solução. Os salvadores do século XX levaram-nos a fracassos apocalípticos. Não estou feliz com a nossa realidade, embora não seja o inferno, e prefiro-a às utopias sangrentas.
- As nações de direita e esquerda estão condenadas?
Furet – Não, ao menos enquanto as nossas se caracterizarão pelas lutas de partidos e de homens pelo poder. A opinião pública será sempre chamada a pronunciar-se a respeito de programas e de idéias diferentes, de esquerda ou de direita.
- A democracia liberal é definitivamente o último estágio da história?
Furet – Não. A história nunca termina. Os hegelianos podem falar em fim da história. Em Hegel havia o individualismo moderno, o constitucionalismo, o capitalismo industrial e o conceito de fim da história, existente também em Tocqueville. Não sou filósofo e nem teólogo para pensar em fim da história. Digo apenas que hoje ninguém imagina um regime econômico capaz de substituir o capitalismo. Já a crítica à social-democracia esconde com freqüência uma nostalgia do comunismo.
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Aécio chama ministra de Dilma de despreparada 7
Aécio chama ministra de Dilma de despreparada 7
Josias de Souza 22/05/2013 19:44
O novo presidente do PSDB, Aécio Neves, chamou de “ministra de menor importância” a petista Maria do Rosário, chefe da Secretaria de Direitos Humanos. Estendeu a crítica à presidente Dilma Rousseff. “Essa história de ter 40 ministérios [em verdade, são 39], você acaba colocando no ministério pessoas muito despreparadas.”
Deve-se o ataque do presidenciável tucano ao fato de a ministra ter atribuído à oposição os boatos de que o Bolsa Família seria extinto. Boatos que Aécio tachou de “cretinice”. Maria do Rosário manifestou-se via Twitter. No mesmo microblog, a ministra voltaria atrás horas depois.
“Acho que ela acabou levando um puxão de orelhas”, ironizou Aécio. Ele investiu contra a ministra numa entrevista à Rádio Gaúcha. Dirigia-se, portanto, a uma audiência familiarizada com Maria do Rosário, uma deputada federal licenciada do PT do Rio Grando do Sul.
“Nós cobramos, logo que surgiu o boato, que a polícia federal investigue e aponte os responsáveis”, acrescentou. “É isso o que nós esperamos. O que houve foi uma acusação leviana de uma ministra no Twitter, que depois já se desculpou. E não assumiu aquilo que disse.”
Sobre o destino do Bolsa Família num eventual governo tucano, Aécio repisou a tecla de que o programa traz o PSDB no seu DNA. Consiste na unificação de três iniciativas do governo de Fernando Henrique Cardoso –o Bolsa Alimentação, o Bolsa Escola e o Vale Gás.
“Portanto, nós, do PSDB, queremos mantê-los. Mas queremos muito mais do que isso. Eu não acho, por exemplo, que um pai de família tenha que passar pro seu filho como única herança o cartão do Bolsa Família, como já acontece hoje.” Para Aécio, o essencial é “qualificar essa mão de obra para reintroduzi-la no mercado de trabalho.”
No finalzinho da conversa, o entrevistador fez uma pergunta embaraçosa sobre a fama de baladeiro de Aécio e a exploração eleitoral que os adversários devem fazer de vídeos do senador disponíveis na internet. Seguiu-se o seguinte diálogo:
— Senador, eu quero fazer uma pergunta, que é um pouco complicada. Ela tangencia o lado pessoal, mas eu sei que será um ponto que será tocado na sua campanha. Há vídeos na internet que prejudicam a sua imagem. Especialmente um vídeo que foi postado num boteco do Rio de Janeiro. Como vai tratar essa questão da má utilização da sua vida pessoal durante a campanha?
— Peço que utilizem, porque verão que eu sou um cidadão comum, um homem de bem. Jamais encontrarão vídeos meus no mensalão. Jamais enconrtarão, depois de 30 anos de vida pública, qualquer ação incorreta. Agora, isso é difícil. A internet virou, infelizmente, para uma parcela dos nossos adversários, que agem quase que como uma quadrilha, um espaço do vale-tudo –coisas fraudadas, coisas não fraudadas. O que posso dizer é que governei o meu Estado por dois mandatos, deixei o meu Estado com 93% de aprovação. Lidero hoje o maior partido de oposição para permitir ao brasil viver um tempo diferente. Sem deixar de ser o que eu sou. Vou lhe dizer o seguinte: desconfie muito daquelas pessoas que ocuparem ou postularem qualquer cargo e deixem de ser o que são. Essas não merecem a sua confiança.
— Esses vídeo nao o intimidam?
— Isso deve existir desde que eu fui deputado pela primeira vez. Eu sou um homem do meu tempo. Não tenho absolutamente nada na minha vida a esconder. Ao contrário, para assumir a responsabilide que eu assumo, acho que eu tenho o respeito e a admiração dos que me conhecem.
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Alexander Soljenitsyn
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quinta-feira, 23 de maio de 2013
CNJ quer acionar judicialmente autoridades que dispunham de verba e não aplicaram em prisões
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Apocalipsis Segunda Guerra Mundial (4-6) El punto de inflexion (ESPAÑOL)
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quarta-feira, 22 de maio de 2013
Gobierno venezolano plantea esquema para el subsidio de vivienda
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RUDÁ RICCI: O discurso de Aécio
RUDÁ RICCI: O discurso de Aécio:
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terça-feira, 21 de maio de 2013
Bolsa Família: ministra culpa oposição por boato
Josias de Souza
A ministra petista Maria do Rosário (Direitos Humanos) pendurou no Twitter uma nota explosiva: “Boatos sobre fim do Bolsa Família deve ser da central de notícias da oposiçao. Revela posição ou desejo de quem nunca valorizou a política.”
Procurada, para forneceer os detalhes, a ministra disse que fizera apenas um “comentário inocente”. Hã?!? Maria do Rosário diz que não tem nenhuma informação sobre a boataria que convulsionou o final de semana. Heimmm?!?
“Fiz um comentário por avaliar que, no mesmo fim de semana da convenção tucana [que tornou Aécio Neves presidente do PSDB], tem o boato do Bolsa Família. Foi um comentário, digamos, fora do horário de expediente. Foi apenas um comentário [sobre] a quem interessa [o boato].” Hummmm!
Maria do Rosário fez seu “comentário inocente” menos de 24 horas depois de o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) ter acionado a Polícia Federal para apurar o ocorrido. Quer dizer: enquanto a PF não exibir as provas, a fofoca da ministra deve ser entendida como coisa da central de notícias do petismo.
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Dicionario de cama filme completo dublado.
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segunda-feira, 20 de maio de 2013
Brasil potencia. Entre la integración regional y un nuevo imperialismo
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Los secretos del Corán 1/10
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Última quimera, por Elton Simões
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