Já escrevi aqui mesmo no Blog que Serra ganharia a eleição por 60 a 30 no 1º turno. Era uma avaliação objetiva e não mera torcida. Relembrei do famoso referendo pró ou contra o desarmamento da população de bem. Apontei a principal semelhança: enquanto apenas um lado falava, o Sim, a favor do desarmamento, chegou a marcar 80% nas pesquisas do Ibope. Chegada a campanha, feita pelo extremamente competente Chico Santa Rita, hoje candidato a deputado federal do PV de São Paulo e um dos poucos marqueteiros que não se deixa seduzir somente pela forma deixando de lado o conteúdo aqui no Brasil, o Não venceu de maneira avassaladora com mais de 60%.
Acontece que eu ignorei um dado importante: havia da parte da turma que defendia o Não, vontade de fazer política de verdade. De falar o que precisava ser dito sem medo de ir no fígado do adversário. Foi dito que os cidadãos de bem seriam proibidos de se armar, enquanto bandidos continuariam com verdadeiros arsenais de guerra. Simples. Claro. Objetivo. Como todas as campanhas que o Santa Rita coordena, desde Collor em 1989. Esta vontade de fazer política de verdade, de maneira clara, de ir no fígado, parece simplesmente inexistir na atual oposição.
Mea culpa. Mea máxima culpa. Eu deveria ter percebido isto antes. Foram oito anos de covardia e de retraimento. Quando Lula assumiu e mandou as mesmas reformas que o PT combateu por oito anos a fio no governo FHC, a oposição deu uma demonstração de lealdade maior que as bancadas "governistas", votando tudinho sem sequer ocupar a tribuna para fazer o que se espera de políticos, sejam de situação ou oposição: POLÍTICA. Não ocupou a tribuna para denunciar o oportunismo de um governo que começava já fraudando a sua própria trajetória política e partidária, de quem combateu aquelas mesmas reformas com ferocidade inaudita durante longos oito anos do governo FHC. Simplesmente aprovaram e fizeram carinha de bons moços: "Não somos como o PT que apostava no quanto pior, melhor", diziam como verdadeiros coroinhas franciscanos. Era só o começo.
Quando o PT começou a bombardear Palocci dia sim e outro também pela continuidade na política econômica herdada de FHC e tocada no Banco Central pelo até 2002 tucano Henrique Meirelles, os "opositores" do governo Lula montaram uma verdadeira tropa de choque para defendê-lo no Congresso. Beirava o inacreditável. A "oposição" protegendo o PT de si próprio.
No Valdomirogate, primeiro escândalo de corrupção no governo petista, ainda pré-mensalão, foram pra cima de Zé Dirceu por motivos menores, motivados apenas pelo que se considerava "arrogância" do general maior da tropa lulista. Mas no mensalão, escândalo que deixou claro a nulidade da eleição de 2002, financiada por dinheiro sujo de caixa 2, além da tentativa claríssima de dar um golpe branco na democracia, ao tentar anular o Congresso Nacional com a compra de deputados no varejo, a "oposição" foi de uma covardia ímpar. Se recusou a cumprir com seu papel constitucional e pedir o impeachment do presidente. Com considerações acadêmicas girando em torno de Maquiavel, um fracassado político que perdeu absolutamente todas as disputas em que se enfiou, acreditou que deveria deixar Lula "sangrar". Usaram um argumento absolutamente risível para não admitirem o medo terrível que sentiam dos tonton macoutes do petismo, MST, CUT e UNE a frente.
Por covardia deixaram Lula se recuperar. Por covardia deixaram o PT se rearticular. Por covardia, mandaram o melhor candidato que tinham em 2006 disputar o governo de São Paulo. Por covardia escolheram um ex-governador de São Paulo absolutamente desconhecido fora do estado. Por covardia fizeram uma campanha pífia no 1º turno, uma campanha coordenada pelo mesmo Luís Gonzáles que hoje coordena a campanha de Serra. Uma campanha transformada em show room de empreiteiras. Lula fez isso. Geraldo aquilo. Lula fez aq uele outro. Geraldo fez mais. E só não perderam ainda no 1º turno, por pura covardia, graças aos aloprados da campanha de Aloízio Mercadante, liderados pelo churrasqueiro do Lula, que num puta amadorismo impediram Lula de liquidar logo a fatura.
Mas a covardia foi cobrada no 2º turno e Geraldo fez história ao ser o primeiro candidato a Presidente na história do país a fazer menos votos no 2º turno do que no 1º. Pura covardia.
Agora a história se repete. Mesmo quando um sopro de coragem e altivez surge, como no caso do candidato a vice Índio da Costa, os covardes tratam logo de retomar o comando da irreversível marcha dos covardes rumo a derrota. Recusam-se a discutir temas sérios. Preferem ficar no que os geniais marqutetólogos apontam como sendo OS temas da eleição. Quanta falta faz um estudo um pouquinho mais demorado das campanhas americanas. Descobririam que por lá, os que aqui são chamados de marqueteiros, com sorte, cuidariam da publicidade da campanha. Política é coisa séria demais pra cair na mão desta gente.
Pra irmos finalmente ao que me traz aqui. O velho alemão cheio de furúnculos na bunda Karl Marx, dizia que a história repete-se duas vezes: primeiro como farsa, depois como tragédia. No Brasil estamos pulando etapas. Caímos direto na tragédia.
Lula é um Getúlio pós moderno. É impossível para qualquer pessoa com um mínimo de sensatez negar sua absoluta genialidade política. Quando um animal político dotado de tamanha capacidade encontra pela frente uma oposição covarde e despreparada como a nossa, o resultado só pode ser aquele que se processa quando um predador encontra uma presa frágil no reino animal.
Getúlio era populista e comunicava-se extremamente bem com as massas. Lula também. A diferença fundamental é que Lula dispõe de um colchão de apoio partidário e social com o qual Getúlio jamais sonhou. Getúlio tinha apoio fechado mesmo apenas do PTB, a terceira força partidária do país. Lula tem do PT, uma máquina de fazer política nas mais variadas frentes sem qualquer limite. O PT é um PTB infinitamente melhorado. Tem mais quadros técnicos, tem mais intelctuais partidários, tem mais massa, não fica restrito a bases urbanas, como era o caso do PTB.
Getúlio tinha como principal aliado o PSD, partido dos grotões, mas com alguns quadros excepcionalmente preparados como Tancredo Neves e logo em seguida Ulysses Guimarães, além de um Benedito Valadares em Minas Gerais e tantos outros. Com um partido como esse a política da negociata e da boquinha pura e simples jamais funcionaria. Acordos pontuais eram necessários. A partilha do poder real era exigida. Lula tem o PMDB, um partido infinitamente mais fácil de controlar e de negociar, podendo ainda enfeixar em suas mãos o poder de verdade. Basta pagar em espécie, com alguns ministérios e outras diretorias financeiras.
Mas pra encerrar os paralelos, vamos logo a principal diferença. Lula tinha na oposição a UDN, capitaneada por um Carlos Lacerda que dia sim e outro também descia o braço no presidente e em seus aliados. Um Lacerda que não tinha medo do perigo. Que não se resumia a fazer a política água com açúcar da oposição atual, que tinha no seu Clube da Lanterna gente disposta a matar e morrer para protegê-lo. Agora me contem: cadê o Lacerda da oposição atual? Cadê o Clube da Lanterna? Cadê até mesmo um maluco do Jânio Quadros, que não teve o menor pejo de ir com tudo pra cima de um governo hiper bem avaliado como o de Juscelino Kubitschek, que representava a aliança entre PSD e PTB?
Desse jeito, temos um Getúlio sem UDN, uma oposição sem um Lacerda. O resultado parece apontar para a eleição de um Dutra de saias infinitamente piorado. Algo que com Lacerda e Jânio jamais aconteceria.
É deplorável. Mas é a realidade. Me obrigo a fazer auto-crítica enquanto é tempo. E rezar para o Brasil não descer ainda mais pro fundo poço. Porque mesmo Getúlio era muito melhor do que Lula e Dutra era um homem honrado, não um assassino com idéias totalitárias. Lamento. Mas chegamos a isso.
Quanto a minhas análises anteriores repito: Mea Culpa. Mea Máxima Culpa.
Acontece que eu ignorei um dado importante: havia da parte da turma que defendia o Não, vontade de fazer política de verdade. De falar o que precisava ser dito sem medo de ir no fígado do adversário. Foi dito que os cidadãos de bem seriam proibidos de se armar, enquanto bandidos continuariam com verdadeiros arsenais de guerra. Simples. Claro. Objetivo. Como todas as campanhas que o Santa Rita coordena, desde Collor em 1989. Esta vontade de fazer política de verdade, de maneira clara, de ir no fígado, parece simplesmente inexistir na atual oposição.
Mea culpa. Mea máxima culpa. Eu deveria ter percebido isto antes. Foram oito anos de covardia e de retraimento. Quando Lula assumiu e mandou as mesmas reformas que o PT combateu por oito anos a fio no governo FHC, a oposição deu uma demonstração de lealdade maior que as bancadas "governistas", votando tudinho sem sequer ocupar a tribuna para fazer o que se espera de políticos, sejam de situação ou oposição: POLÍTICA. Não ocupou a tribuna para denunciar o oportunismo de um governo que começava já fraudando a sua própria trajetória política e partidária, de quem combateu aquelas mesmas reformas com ferocidade inaudita durante longos oito anos do governo FHC. Simplesmente aprovaram e fizeram carinha de bons moços: "Não somos como o PT que apostava no quanto pior, melhor", diziam como verdadeiros coroinhas franciscanos. Era só o começo.
Quando o PT começou a bombardear Palocci dia sim e outro também pela continuidade na política econômica herdada de FHC e tocada no Banco Central pelo até 2002 tucano Henrique Meirelles, os "opositores" do governo Lula montaram uma verdadeira tropa de choque para defendê-lo no Congresso. Beirava o inacreditável. A "oposição" protegendo o PT de si próprio.
No Valdomirogate, primeiro escândalo de corrupção no governo petista, ainda pré-mensalão, foram pra cima de Zé Dirceu por motivos menores, motivados apenas pelo que se considerava "arrogância" do general maior da tropa lulista. Mas no mensalão, escândalo que deixou claro a nulidade da eleição de 2002, financiada por dinheiro sujo de caixa 2, além da tentativa claríssima de dar um golpe branco na democracia, ao tentar anular o Congresso Nacional com a compra de deputados no varejo, a "oposição" foi de uma covardia ímpar. Se recusou a cumprir com seu papel constitucional e pedir o impeachment do presidente. Com considerações acadêmicas girando em torno de Maquiavel, um fracassado político que perdeu absolutamente todas as disputas em que se enfiou, acreditou que deveria deixar Lula "sangrar". Usaram um argumento absolutamente risível para não admitirem o medo terrível que sentiam dos tonton macoutes do petismo, MST, CUT e UNE a frente.
Por covardia deixaram Lula se recuperar. Por covardia deixaram o PT se rearticular. Por covardia, mandaram o melhor candidato que tinham em 2006 disputar o governo de São Paulo. Por covardia escolheram um ex-governador de São Paulo absolutamente desconhecido fora do estado. Por covardia fizeram uma campanha pífia no 1º turno, uma campanha coordenada pelo mesmo Luís Gonzáles que hoje coordena a campanha de Serra. Uma campanha transformada em show room de empreiteiras. Lula fez isso. Geraldo aquilo. Lula fez aq uele outro. Geraldo fez mais. E só não perderam ainda no 1º turno, por pura covardia, graças aos aloprados da campanha de Aloízio Mercadante, liderados pelo churrasqueiro do Lula, que num puta amadorismo impediram Lula de liquidar logo a fatura.
Mas a covardia foi cobrada no 2º turno e Geraldo fez história ao ser o primeiro candidato a Presidente na história do país a fazer menos votos no 2º turno do que no 1º. Pura covardia.
Agora a história se repete. Mesmo quando um sopro de coragem e altivez surge, como no caso do candidato a vice Índio da Costa, os covardes tratam logo de retomar o comando da irreversível marcha dos covardes rumo a derrota. Recusam-se a discutir temas sérios. Preferem ficar no que os geniais marqutetólogos apontam como sendo OS temas da eleição. Quanta falta faz um estudo um pouquinho mais demorado das campanhas americanas. Descobririam que por lá, os que aqui são chamados de marqueteiros, com sorte, cuidariam da publicidade da campanha. Política é coisa séria demais pra cair na mão desta gente.
Pra irmos finalmente ao que me traz aqui. O velho alemão cheio de furúnculos na bunda Karl Marx, dizia que a história repete-se duas vezes: primeiro como farsa, depois como tragédia. No Brasil estamos pulando etapas. Caímos direto na tragédia.
Lula é um Getúlio pós moderno. É impossível para qualquer pessoa com um mínimo de sensatez negar sua absoluta genialidade política. Quando um animal político dotado de tamanha capacidade encontra pela frente uma oposição covarde e despreparada como a nossa, o resultado só pode ser aquele que se processa quando um predador encontra uma presa frágil no reino animal.
Getúlio era populista e comunicava-se extremamente bem com as massas. Lula também. A diferença fundamental é que Lula dispõe de um colchão de apoio partidário e social com o qual Getúlio jamais sonhou. Getúlio tinha apoio fechado mesmo apenas do PTB, a terceira força partidária do país. Lula tem do PT, uma máquina de fazer política nas mais variadas frentes sem qualquer limite. O PT é um PTB infinitamente melhorado. Tem mais quadros técnicos, tem mais intelctuais partidários, tem mais massa, não fica restrito a bases urbanas, como era o caso do PTB.
Getúlio tinha como principal aliado o PSD, partido dos grotões, mas com alguns quadros excepcionalmente preparados como Tancredo Neves e logo em seguida Ulysses Guimarães, além de um Benedito Valadares em Minas Gerais e tantos outros. Com um partido como esse a política da negociata e da boquinha pura e simples jamais funcionaria. Acordos pontuais eram necessários. A partilha do poder real era exigida. Lula tem o PMDB, um partido infinitamente mais fácil de controlar e de negociar, podendo ainda enfeixar em suas mãos o poder de verdade. Basta pagar em espécie, com alguns ministérios e outras diretorias financeiras.
Mas pra encerrar os paralelos, vamos logo a principal diferença. Lula tinha na oposição a UDN, capitaneada por um Carlos Lacerda que dia sim e outro também descia o braço no presidente e em seus aliados. Um Lacerda que não tinha medo do perigo. Que não se resumia a fazer a política água com açúcar da oposição atual, que tinha no seu Clube da Lanterna gente disposta a matar e morrer para protegê-lo. Agora me contem: cadê o Lacerda da oposição atual? Cadê o Clube da Lanterna? Cadê até mesmo um maluco do Jânio Quadros, que não teve o menor pejo de ir com tudo pra cima de um governo hiper bem avaliado como o de Juscelino Kubitschek, que representava a aliança entre PSD e PTB?
Desse jeito, temos um Getúlio sem UDN, uma oposição sem um Lacerda. O resultado parece apontar para a eleição de um Dutra de saias infinitamente piorado. Algo que com Lacerda e Jânio jamais aconteceria.
É deplorável. Mas é a realidade. Me obrigo a fazer auto-crítica enquanto é tempo. E rezar para o Brasil não descer ainda mais pro fundo poço. Porque mesmo Getúlio era muito melhor do que Lula e Dutra era um homem honrado, não um assassino com idéias totalitárias. Lamento. Mas chegamos a isso.
Quanto a minhas análises anteriores repito: Mea Culpa. Mea Máxima Culpa.
Eduardo Bisotto
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