terça-feira, 31 de agosto de 2010

O chocalate de Dilma

É isso aí: está pintando um chocolate.
Dilma Roussef deve vencer no primeiro turno. Tem muita gente desesperada. E mais gente ainda sem entender o que está acontecendo. Todas as previsões dos especialistas fracassaram.
Só o Everaldo acertou.
Everaldo é motorista de táxi. Tem ponto no HPS. Nas horas vagas, formou-se em História.
Enquanto Carlos Augusto Montenegro, o vidente do Ibope, previa uma vitória de José Serra no primeiro turno, Everaldo já anunciava um passeio da Dilma. Everaldo é de esquerda. Montenegro é de direita?
Por que mesmo está tão fácil para a candidata do PT? É simples.
O presidente Luiz Inácio fez três coisas estupendas pelo Brasil: o Bolsa-família, o Prouni e a manutenção da política de austeridade econômica.
Foram medidas de primeiro mundo.
Quem ainda não entendeu isso? A direita. E a extrema-esquerda.
A direita acha que é muito.
A esquerda sabe que é pouco.
O Brasil pode mais.
Mas não com esse José Serra aí.
Qual o critério de escolha política de um empresário? O interesse econômico. O povo pensa da mesma maneira.
O Brasil está melhor hoje do que ontem.
Previu-se que José Serra esmagaria Dilma nos debates? Qual o fundamento dessa previsão? Nada além do chamado nexo causal fantasioso e ideológico. Funciona assim: Serra é tucano, os tucanos são racionais, a racionalidade se expressa através de um discurso encadeado e demonstra uma competência especializada, que se consegue, em geral, com mestrado e doutorado nos Estados Unidos ou na Europa.
Acontece que nem sempre funciona assim.
Dilma e Serra não têm carisma.
Jamais se viu Serra brilhar num debate.
Nada permitia imaginar que ele tornasse um monstro da argumentação de um momento para outro.
Os dois mostram níveis de competência técnica semelhantes. Ambos têm pavio curto, personalidade forte e certa arrogância. Mas Dilma representa um governo nacional progressista que deu certo, apesar das suas alianças espúrias, ou graças a elas, e encarna uma perspectiva de avanço que Serra está muito longe de reconhecer.
Na hora da campanha, com as bandas nas ruas, o que se viu foi uma guinada de Serra para a extrema-direita. O PSDB, que se parecia com o melhor do PMDB na época da sua fundação, está cada vez mais semelhante ao pior do PFL, a turma que veio da Arena e acabou abrigada nessa sigla de nome esquisito, Dem.
Dilma vai ganhar por ser melhor para o Brasil.
O único argumento que restou para a direita é a crítica à corrupção, especialmente ao mensalão.
Não cola mais. É o roto falando do descosido.
No fundo, a direita se lixa para a corrupção, assim como já se lixou para a democracia. Se der dinheiro, aposta até em ditadura. Parece rasteiro? É rasteiro. A dor da direita é ter de ver um operário esperto, capaz de costurar alianças duvidosas, fazer mais pelo Brasil do que os doutos. Por quê? Porque a direita nunca quis dividir o bolo. Achava que sempre poderia enrolar os otários e manter o controle do fazendão.
Não imaginava que a plebe se atreveria a defender seus próprios interesses e a cair na folia.

Juremir Machado da Silva

Nenhum comentário: