quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

CEGUINHO

Lula deve melhorar visão para ver mensalão, destaca CNBB
Salvador - Ao classificar 2005 como mais um ano "perdido no aspecto social" no Brasil, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o cardeal-arcebispo, dom Geraldo Majella Agnelo, desejou que 2006 seja o ano de "redenção" do governo federal em relação a programas que beneficiem diretamente o povo.
Ele criticou a corrupção revelada no escândalo do "mensalão" e foi irônico quando comentou as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva segundo as quais as CPIs não teriam provado, até o momento, nenhuma falcatrua: "Acho que ele (Lula) precisa ver melhor".
D. Geraldo foi duro nas críticas da condução da área econômica. Disse que há um "passivo" social no País que se acumula na gestão do presidente Lula e sobre a antecipação do pagamento da dívida do Brasil com o Fundo Monetário Nacional, lembrou que "a dívida interna permanece e quem sabe ainda é maior".
Ele considerou irrelevante a pesquisa divulgada recentemente dando conta que a taxa de miséria teria reduzido um pouco nos últimos anos. "São números que oscilam para cima e para baixo: é tão grande o universo da miséria que não basta uma melhoria mínima, não vai fazer diferença".
Ano eleitoral
Ao comentar a expectativa do próximo ano eleitoral, o presidente da CNBB dirigiu outro petardo, de forma indireta, ao presidente Lula. Disse que não importa qual o candidato que se eleja em 2006, o mais relevante é que ele faça promessas que possa cumprir e de grande alcance social.
Em relação aos acusados no escândalo do mensalão, enfatizou não ser preciso apenas punir os responsáveis (até com cadeia caso seja necessário), mas recuperar o dinheiro supostamente desviado.
Quanto à tese de Lula que não se provou ainda corrupção, o cardeal não conteve o sarcasmo, ponderando que o presidente precisa melhorar a visão. "Se esses mensalões e companhia não é alguma coisa terrível...", disse. "Que ele procure, agora, imediatamente investigar e exigir o esclarecimento dos fatos".
Biaggio Talento
Estadão

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