domingo, 28 de março de 2010
Bolchevismo sem utopia
Por Emanuel Medeiros Vieira ⋅ 27 de dezembro de 2009
“Sobre a Brevidade da Vida”, de Sêneca (1aC-65dC): era a respeito desse (precioso) livro que iria escrever.
Relia-o aqui no Planalto Central: pretendia meditar sobre as lições do estoicismo, pensar sobre a nossa finitude, refletir sobre a necessidade da filosofia no cotidiano, não como algo abstrato, mas como lição de vida e necessário aprendizado existencial.
Sempre internalizando a percepção de que o homem é um ser para morte, mas que nesse breve trânsito pode construir uma obra, porque sendo o único animal que sabe que vai morrer, deixará algo que ultrapassará a poeira do tempo.
O ato da criação é aquele através do qual o homem arranca algo à morte, “transformando em consciência uma experiência” (personagem Garcia, em “A Esperança”, de André Malraux).
Lenin
Mas a percepção do nosso cotidiano falou mais forte: um horror feito de pasmo e resignação.
Lembrei-me de uma expressão: “Bolchevismo sem utopia”.
Quer dizer, os vitoriosos líderes da Revolução Russa tinham uma utopia.
No Brasil: a noção subleninista do aparelhamento do Estado (lógico, muitos não se deram conta, pois tiveram má formação intelectual, leram pouco) está grudada no governo Lula e tomou conta do PT.
Eu sei, hoje o partido é apenas uma sublegenda ou apêndice subalterno do presidente.
No chamado pragmatismo dos dirigentes do PT, percebe-se essa fome insaciável por cargos e desejo compulsivo do aparelhamento total.
E uma visão paranóica: todos os que criticam são de “direita” ou fazem o seu jogo.
Alguns sim. Nem todos.
E calam-se vozes – através do dinheiro e de cargos públicos – que já foram da esperança e da inquietude (CUT, UNE, MST), através da pecúnia, de cargos, de prebendas e de Ongs manipuladas e cheias de verbas.
Não adianta afirmar que nossa crítica é humanista: a paranóia facilitaria diz que é “conspiração tucana”, do PSDB, esquecendo-se até do passado honrado e de resistência dos seus críticos.
E carecem de visão internacionalista, ficam com uma percepção meramente paroquial. Falta uma visão de mundo, falta a noção de que o planeta precisa ser preservado.
Enfim, carecem de humanismo, de uma noção da “vida plena”, não calcada no consumismo ou em cargos.
O que vemos?
Uma política de terra arrasada, a ausência completa de princípios éticos, a devastadora “pedagogia” que é passada às novas gerações (“se eles roubam, também vou ser corrupto”).
Não agüento mais a lembrança dos governos passados do PSDB.
Insisto à redundância: a velhacaria dos outros não pode ser a medida dos nossos valores.
* * *
Em 64 anos de vida, poucas vezes vi um quadro tão carente de perspectivas (sim, pelo menos não nos prendem, torturam ou nos mandam para o exílio….)
O PSOL é apenas um grupelho, muitas vezes delirante, e contaminado por infantilismo ideológico.
A aliança PSDB-DEM não é sinal de dias melhores.
Não alegra o coração saber que a candidata Marina Silva é da Assembléia de Deus.
(As escolas vão adotar o criacionismo, negar Darwin, e as mulheres não poderão mais se pintar ou cortar o cabelo?)
E, então? Não sei. Realmente não sei.
Mas lembro-me de Eduardo Galeano: “Ela está no horizonte… Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Por mais que caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve a utopia?
Serve para isso. Serve para caminhar.”
* * *
Do Blog de Olho na Capital de César Valente
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sábado, 27 de março de 2010
Cambalache? Tudo é igual: Dilma ou Serra?
A candidatura da Marina, as do Psol, do PSTU, do PCB e outras eventuais do mesmo campo, têm algo em comum: tentar caracterizar que o PT e o PSDB seriam variações da mesma alternativa. Daí deduzem a necessidade de outra candidatura, buscando romper o que consideram uma falsa alternativa. Daí também, implicitamente, a posição de abstenção ou voto em um segundo turno em que se enfrentassem Dilma a Serra.
Essa tentativa de igualização das duas candidaturas é essencial para que se tente aparecer como superação do que seria uma falsa dualidade e aponta, entre outras coisas, para um voto branco em um eventual segundo turno entre Dilma e Serra, de forma coerente com essa análise. Foi o que aconteceu no segundo turno entre Lula e Alckmin.
Para nos darmos conta do absurdo dessa posição, basta fazer o exercício de imaginar o que teria sido do Brasil com quatro anos de mandato de Alckmin no lugar de Lula – incluindo o enfrentamento da crise internacional. Não se conhece nenhum balanço autocrítico dos setores de esquerda, o que supõe que a mantêm, agora com o agregado de Marina, que em 2006, ainda ministra do governo, fez campanha ativamente, no primeiro e no segundo turno, o que faz pensar que quando ocupava aquele cargo, sua posição era uma, quanto teve que deixar o governo, mudou de avaliacao sobre o governo Lula e também sobre o caráter do bloco tucano-demista, haja vista suas fraternais relações com estes atualmente. (Fazendo temer até mesmo que os apóie, expressa ou veladamente no segundo turno.)
A incompreensão das diferenças entre as candidaturas da Dilma e do Serra decorre da incompreensão da realidade brasileira atual, o que permite esse e outros equívocos. Considerar que o bloco tucano-demista é similar ao bloco governista e que um governo da Dilma ou do Serra seriam similares para o Brasil corresponde a não dar valor à política internacional do governo atual, às políticas sociais, ao papel do Estado, à inserção internacional do Brasil – entre outros tantos temas.
Quem não sabe localizar onde está a direita, corre o grave risco de se aliar a ela. Um aliado moderado – um governo de centro-esquerda – é radicalmente diferente de um inimigo. Ao contrário da avaliação dos setores radicais que deixaram o PT, o governo mudou e mudou para melhor, desde que Dilma Rousseff substituiu Palocci como ministro coordenador do governo. Quem acreditou que o governo estava em disputa e que era possível um resgate seu pela esquerda, acertou, enquanto que os que tiveram uma avaliação puramente moral, acreditando que o governo tinha “mordido a maçã” do pecado da traição, caminhando para ser cada vez pior, erraram, se isolaram e desapareceram do campo político, lutando agora apenas por uma sobrevivência mínima no plano parlamentar.
Considerar que um governo da Dilma ou do Serra seriam a mesma coisa - assim como consideraram que o Brasil com Lula, nestes quatro anos, é o mesmo que teria sido com 4 anos de governo de Alckmin - é não valorizar o que significa a prioridade da integração regional e das alianças com o Sul do mundo, em contraste com os Tratados de Livre Comércio – a que o governo de FHC levava o Brasil – e com as alianças prioritárias com os países do centro do capitalismo, objetivo dos tucanos.
É não levar em conta as diferenças de enfrentamento da crise do governo FHC – de que Serra foi ministro nos dois mandatos – e a forma de enfrentá-la do governo Lula, com um papel ativo do Estado, com a diminuição e não o aumento da taxa de juros, com os aumentos salariais acima da inflação, com a rápida recuperação do nível do emprego, com a manutenção das políticas sociais.
É não considerar as diferenças substanciais entre o Banco do Brasil comprar a Nossa Caixa, mantendo-a como banco público, evitando que um banco paulista mais fosse privatizado pelos tucanos – o Banespa foi vendido a um banco espanhol e a Nossa Caixa teria destino similar, não fosse o atuação do BB.
Esses e outros aspectos ajudam a diferenciar e a projetar governos muito distintos no futuro – veja-se a equipe econômica do Serra, para se ter idéia, além dos ministérios que entregaria para o DEM.
Quando uma força de esquerda se equivoca sobre a polarização do campo político, querendo desconhecê-la, conforme seus desejos subjetivos, se torna intranscendente, não acumula capacidade de intervenção política. E, pior, a ação que logra obter, pode perfeitamente favorecer a direita, seja de forma explícita ou implícita.
A incapacidade de compreender a polarização política no Brasil de hoje entre dois blocos de forças claramente diferenciados inviabiliza uma política de construção de uma frente ampla de esquerda, com o sectarismo fazendo com que nem sequer entre si os grupos mais radicais da esquerda consigam coligar-se.
Emir Sader
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O DEM na sucessão presidencial
Embora tenha afastado os seus filiados que se envolveram no mensalão de Brasília – e, nesse sentido, dado uma lição ao PT, que conservou e prestigiou os seus mensaleiros e aloprados -, o partido saiu chamuscado. E tem contra si o fato de que tudo é muito recente.
O eleitor vota com a memória dos últimos meses. O mensalão do PT ocorreu há cinco anos; o do DEM, agora. Está no noticiário, gerando a cada dia desdobramentos que o expõem.
Por mais que se tenha livrado dos infratores, vê diariamente o epíteto “mensalão do DEM” estampado nos jornais. E paga um preço alto por isso.
A primeira conseqüência é óbvia: o candidato tucano José Serra não o quer por perto. Em política, o contágio é imediato - e evitado. Diante disso, o partido cogita em partir para o tudo ou nada. E isso se materializaria com o lançamento de candidatura própria, mesmo com escassas chances de sucesso.
Está em exame entre os democratas a candidatura à Presidência da República da senadora Kátia Abreu (TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura e líder dos ruralistas. Ela adquiriu projeção nacional quando da extinção pelo Senado da CPMF, há três anos. Foi a relatora da proposta que baniu aquele tributo.
Antes, porém, já se destacava na luta contra as invasões de terra pelo MST. Ganhou destaque com a eleição para a presidência da CNA e, mais recentemente, com a instalação da CPI mista que investiga as atividades e fontes de financiamento ao MST.
É, pois, a única liderança conservadora de projeção no Congresso. Sua candidatura, além de estabelecer um contraponto às demais – que, sem exceção, se apresentam como de esquerda -, propiciaria ao DEM a chance de se defender dos ataques recentes e colocar em exame a agenda conservadora.
Desde o fim da ditadura militar, o receio de ser rotulado como direita fez com que muitos políticos que não avalizam a agenda da esquerda silenciassem. Ou fingissem apoiá-la.
O Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3), por exemplo, lançado em dezembro do ano passado, provocou grande reação na sociedade, por mexer em questões tidas como pétreas.
Proíbe o uso de símbolos religiosos em locais públicos, libera o aborto, retira do Judiciário o monopólio de decidir sobre invasões de terra, estabelece censura oblíqua à imprensa, reabre a lei de anistia e prevê critérios do Estado para financiamento de obras culturais, entre outras coisas. Foi criticado e impôs recuos ao governo, mas não por razões ideológicas, mas de disputa de poder.
Essa é a agenda dos chamados movimentos sociais e de ONGs que gravitam em torno deles. Têm hoje presença maciça no governo e nos partidos de esquerda.
Uma eventual eleição de Serra, por exemplo, não baniria esses temas da agenda, nem seus agentes. Poderia impor uma redução de intensidade na ação desses grupos.
Kátia Abreu seria o outro lado dessa moeda, abrindo o debate ao outro pólo, que até aqui só se manifesta – e se impõe – quando a discussão é econômica.
O país, há anos, convive com o paradoxo de sustentar uma economia conservadora ao lado de um discurso político progressista. Essa ambigüidade tem, no plano de governo de Dilma Roussef, calcado no PNDH 3, o primeiro sinal de abalo.
Não se conhece ainda o plano de governo de José Serra, nem o de Ciro Gomes ou Marina Silva, que falam com muita cautela de questões econômicas, evitando falar em mudanças e optando pela evasiva de “melhorar o que está aí”.
Não há dúvida de que uma candidatura conservadora do DEM, mesmo sem chances aparentes, dará outra dinâmica ao debate sucessório, conferindo-lhe efetivo conteúdo ideológico.
Ruy Fabiano é jornalista
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sexta-feira, 26 de março de 2010
Lula e Dilma entregam apartamentos sem acabamento
Ao inaugurar ontem o conjunto habitacional do Jardim Vicentina, na periferia de Osasco, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou se antecipar a possíveis críticas por ter entregado uma obra inacabada. Ele argumentou, em seu discurso, que os 106 apartamentos entregues ontem estavam semiprontos para que os próprios moradores façam os acabamentos a seu gosto.
— Este apartamento, Dilma, ainda não está totalmente terminado porque o prefeito falou o seguinte: "Tem gente que pega o apartamento com o azulejinho de uma cor, na semana seguinte ele está tirando e colocando outro da cor dele". Então, ele falou que é melhor entregar semiacabado, para as pessoas poderem fazer o acabamento necessário daquilo que gostam — disse Lula.
O conjunto habitacional foi construído em um ano e meio pela construtora Delta, a que mais tem contratos do PAC. A obra põe fim, parcial, a uma favela de 40 anos, que tinha esgoto a céu aberto.
As obras de saneamento e a construção dos primeiros 180 apartamentos (106 entregues ontem e 74 já inaugurados em dezembro) custaram R$ 21 milhões, sendo R$ 13 milhões do PAC e R$ 8 milhões da prefeitura.
Com 50 metros quadrados e dois quartos, os apartamentos foram entregues sem pintura interna nem assoalho, apenas o piso frio de cozinha e banheiro.
Nas salas e quartos, só o contrapiso de cimento. O estado de entrega já estava definido no contrato assinado pelos moradores e a prefeitura. O custo final é de R$ 58 milhões, segundo a prefeitura.
Os moradores deverão pagar R$ 20 mil, financiados pela Caixa Econômica Federal.
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Serra e Tarso lideram pesquisa no Rio Grande do Sul
O PSB gaúcho encomendou ao Instituto Methodus pesquisa de intenção de voto para avaliar a disputa pelo governo local e a vaga de Lula.
A pesquisa foi feita em 25 cidades entre os dias 18 e 19 de março. Ouviu mil eleitores.
Margem de erro: três pontos percentuais para mais ou para menos.
Na pesquisa espontânea para presidência, José Serra (PSDB) aparece com 12,7% seguido por Dilma Rousseff (PT) com 10,1%.
Na estimulada Serra tem 41,6%, contra 25,6% de Dilma e 12,5% de Ciro Gomes.
Rejejeição dos candidatos: Dilma, 30,8%, Serra, 20,2% e Ciro, 19,4%.
Para o governo do Estado na pesquisa espontânea: José Fogaça (PMDB), 7,3%, Tarso Genro (PT), 6,2%, e Yeda Crusius (PSDB), 4,0%.
Na pesquisa estimulada para o governo do Estado: Tarso, 37,1%, Fogaça, 31,4%, Yeda Crucius, 9,7% e Beto Albuquerque (PSB), 8,7%.
Candidatos ao governo local mais rejeitados: Yeda, 55%, Tarso, 8%, Paulo Feijó, 9,4% e Fogaça 8,1%.
Blog do Noblat
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MEC quer distribuir bicicletas com o dinheiro alheio
De Demétrio Weber:
O Ministério da Educação (MEC) quer distribuir bicicletas, uniformes e cadernos escolares a alunos da rede pública. Mas a ideia é que as despesas sejam bancadas por prefeituras e governos estaduais, sem apoio financeiro da União, segundo a assessoria de imprensa do MEC.
Ao participar anteontem de audiência pública na Comissão de Educação da Câmara, o ministro Fernando Haddad citou a distribuição de bicicletas. Sem mencionar quem pagaria a conta, ele defendeu a iniciativa, que tem como público-alvo os estudantes de áreas rurais:
— A bicicleta é essencial para levar o jovem ao local por onde passa o ônibus, o barco ou até mesmo para ir até a escola — disse o ministro, observando que há alunos que percorrem até 15 quilômetros a pé em seus trajetos diários.
O Globo
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Fio tênue
A política vivenciada como espetáculo faz com que um presidente como Lula transforme-se em um eterno candidato, mesmo quando já não pode mais se candidatar.
Se não sai dos palanques, se sua prioridade do último ano de mandato é eleger sua sucessora, a agenda governamental transforma-se em uma maratona de inaugurações, mesmo que as obras estejam inacabadas.
Essa maneira de fazer política exclui o debate, afasta também a possibilidade de entendimentos com adversários para políticas de Estado.
A política transforma-se em uma permanente disputa corpo a corpo, "nós contra eles", num espírito de pelada que não contribui para o desenvolvimento da cidadania.
O problema é que políticos como Lula querem tornar o que é eventual em permanente, negando a validade de uma das pilastras da democracia, a alternância de poder.
E ele não se contenta com pouco. Tem uma popularidade que causa inveja aos políticos de todas as partes do mundo, mas quer a unanimidade.
Quando outro dia mais uma vez queixou-se da imprensa, ele simplesmente disse que os jornalistas que o criticam deveriam olhar as pesquisas de opinião para constatarem que estão indo de encontro à opinião de 83% da população brasileira.
Este é um raciocínio perigoso para um chefe de governo que se diz um democrata convicto. É como se pensar diferente da maioria estivesse proibido, como na prática está proibido na Venezuela, país que segundo Lula tem "democracia até demais".
Ontem, Guillermo Zuloaga, presidente da rede de TV venezuelana de oposição Globovisión, foi impedido de sair do país devido a uma denúncia de um deputado governista que o acusa de ter dado "declarações desrespeitosas e ofensivas contra o chefe de Estado".
A prisão de Zuloaga se soma a do político oposicionista Oswaldo Álvarez Paz, preso após uma entrevista à mesma Globovisión, em que comentava uma investigação realizada na Espanha que liga a Venezuela a grupos que apoiam o narcotráfico, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), e o grupo separatista basco ETA.
Há nesses constantes embates entre governos, democráticos ou não, com a chamada mídia, questões distintas. Uma é permanente em políticos, seja de que tendência for, que querem ver seus feitos glorificados.
O presidente Lula reclama que a imprensa tem "predileção pela desgraça" e "não quer escrever a coisa certa e escreve a coisa errada". Nesse caso, "escrever a coisa errada" é criticar o governo em vez de elogiá-lo.
Mas essa reclamação "até de notícia boa" não é privilégio de Lula. O governador paulista José Serra tem essa fama entre os jornalistas, e ele veio em socorro a Lula repetir o discurso do presidente contra a imprensa.
Assim como Lula acha que a grande imprensa é dominada por uma conspiração contra seu governo, Serra também acha que a Ptpress domina a imprensa, e ontem se queixou de que não faz reportagens sobre suas realizações e obras.
Lula inaugurou duas mil casas e "não saiu uma linha". Serra inaugurou um centro de reabilitação para doentes mentais, e, segundo ele, ninguém da imprensa ligou.
O próprio presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, vem tendo uma confrontação quase permanente com o canal Fox, de propriedade do magnata da mídia Rupert Murdoch e de tendência conservadora.
Obama acusa a Fox de se dedicar totalmente a atacar seu governo, sem exibir nenhuma reportagem positiva sobre sua gestão.
São reações naturais de políticos que seguem a tradição de não separar notícia da propaganda. Tudo o que os governantes querem que seja publicado é propaganda. O resto é notícia.
Outra questão mais séria é quando os governos tentam controlar a informação, cerceando a liberdade de expressão. O caso da Venezuela é o mais grave entre todos, pois o país ainda não é uma ditadura formalizada e tenta manter uma aparência de democracia.
Enquanto o governo brasileiro se contentar em criticar a "mídia" dia sim outro também, estará tensionando o ambiente democrático do país, e incentivando atitudes mais radicais contra os meios de comunicação por parte de seguidores menos equilibrados, ou daqueles que, dentro do governo, tentam impor limitações à liberdade de imprensa.
Esse é o limite que o governo tem que resguardar, se não consegue respeitar o direito à informação como um valor em si.
Mas as constantes tentativas de "controle social" dos meios de comunicação, surgidas desde o primeiro ano de governo com o Conselho Nacional de Jornalismo, e repetidas em diversas ocasiões desde então, demonstram que Lula é mais do que simplesmente um ranzinza em busca de elogios unânimes.
Ele não entende a liberdade de expressão como um valor democrático, como por exemplo, Thomas Jefferson, autor do seguinte depoimento: "Se me coubesse decidir se deveríamos ter um governo sem jornais ou jornais sem um governo, não hesitaria um momento em preferir a última solução".
A necessidade de a imprensa ocupar um lugar antagônico ao governo foi percebida com clareza pelos fundadores dos Estados Unidos, e por isso tornaram a liberdade de imprensa a primeira garantia da Carta de Direitos.
"Sem liberdade de imprensa, sabiam, as outras liberdades desmoronariam. Porque o governo, devido à sua própria natureza, tende à opressão. E o governo, sem um cão de guarda, logo passa a oprimir o povo a que deve servir", explicou o famoso jornalista americano Jack Anderson.
Entre a reclamação dos governantes e a tentativa de controle da informação está o tênue fio que sustenta a democracia.
Merval Pereira
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Entrevista com Leonel Pavan no programa Direto ao Ponto (21/10) - 4
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Entrevista com Leonel Pavan no programa Direto ao Ponto (21/10) - 3a
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Leonel Pavan no Jornal do Meio Dia da Record (15/01) - 1
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Entrevista com Leonel Pavan no programa Direto ao Ponto (21/10) - 2
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Entrevista com Leonel Pavan no programa Direto ao Ponto (21/10) - 5a
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ICEBERG À VISTA
23/02/2010
Apesar de se dizer que o Programa de Governo apresentado pelo PT para a candidata Dilma Rousseff nada tem de radical, que não passa de um amontoado de inocentes diretrizes, bem que poderia ter recebido como título: “Rousseff, o Socialismo do Século 19”.
Um dos influentes artífices do Programa foi o chanceler de fato Marco Aurélio Garcia, mentor de nossa desastrada política externa que não fracassa apenas em suas tentativas de obter cargos em organismos internacionais, mas faz feio quando apóia países que afrontam direitos humanos; se intromete onde não deve como no caso de Honduras que resultou em tremendo fiasco para o Brasil; defende eleições fraudadas de tiranetes tipo Chávez ou déspotas como Mahmoud Ahmadinejad o qual, inclusive, recebe total aceitação brasileira no tocante aos seus intentos de explodir o mundo, a começar por Israel.
Imagine-se, então, se Rousseff se sair vitoriosa o que fará Garcia para dar seguimento à obsessão do PT de mudar a geopolítica do planeta. Para tanto, segue-se eliminando a companhia dos melhores e se juntando aos piores. Exemplo do que se fala é o nascimento, na cúpula da Calc (Cúpula da Unidade da América Latina de do Caribe) que está sendo realizada em Cancún, no México, da OEA do B, que exclui Estados Unidos e Canadá. A idéia, não há dúvida, é mais uma consequência da antiga dor de cotovelo latino-americana em relação aos vizinhos desenvolvidos, especialmente, aos Estados Unidos.
Sob as ordens de Lula da Silva o Programa do Governo de Rousseff sofreu algumas modificações de cunho semântico para não ficar muito assustador para as “zelites”. Porém, mesmo tendo se alterado algumas palavras manteve conteúdo totalitário. Além de estatizante, o que foi corroborado pela candidata em discurso, as diretrizes aprovadas contemplam, entre outras coisas: “compromisso com a jornada de 40 horas”; “combate ao monopólio dos meios eletrônicos de informação, cultura e entretenimento e reativação do Conselho Nacional de Comunicação Social”; “atualização dos índices de produtividade das propriedades rurais passíveis de desapropriação, ampliação de restrição de compras de terras por estrangeiros, revogação da MP anti-invasão editada por FHC”; “tributação sobre grandes fortunas”; “apoio incondicional ao Programa de Direitos Humanos”.
Traduzindo: duro golpe na classe empresarial, sobretudo, nos pequenos e médios empresários; censura férrea dos meios de comunicação, o que deve atingir a Internet; golpe mortal no agronegócio, o grande sustentáculo de nossa balança comercial, com previsível expropriação de terras para serem doadas aos sem-terra; punição para a riqueza dos “outros”, é claro.
Quanto ao Plano de Direitos Humanos, coroa e enfeixa o Programa Rousseff. Naquele calhamaço não se poupou afrontas às instituições que antes eram os pilares mais importantes da sociedade: Igreja, Forças Armadas, Mídia, Justiça, além do bombardeio ao direito de propriedade.
Impressiona que estas instituições tenham aceitado ao longo de quase oito anos, com complacência bovina, tudo o que Lula disse e fez junto com seu governo. A propaganda, o culto da personalidade e, sobretudo, nossa cultura permissiva fez pobres e ricos acharem natural impostos escorchantes, corrupção deslavada, Planos fracassados, falta de infra-estrutura, Saúde em condições de descalabro, Educação no fundo do poço em termos de qualidade, deturpação de dados econômicos.
Impressionante mais ainda no momento a falta de reação das instituições que serão frontalmente atingidas se Rousseff conseguir chegar à presidência, deixando-se, então, levar por seus influentes mestres, entre eles, Marco Aurélio Garcia ou apoiadores externos entusiastas como Hugo Chávez que já se colocou à disposição da candidata do companheiro Lula.
Esperto, Lula da Silva minimiza o Programa de Governo de sua afilhada, enquanto análises tranquilizantes ecoam pela imprensa referindo-se ao pragmatismo petista que tomou gosto pelo capitalismo e não quer ver escoar pelo ralo a estabilidade econômica adquirida no governo de FHC. Também o fisiologismo do PMDB, que fará o vice na chapa de Rousseff, acena com alguma possível brecada nos radicalismo petista, mas apenas naquilo que possa atrapalhar os interesses peemedebistas.
Entretanto, alguns sinais inquietantes, como a volta da inflação e a deterioração das contas públicas deveriam deixar as instituições pelo menos mais atentas. De modo algum parece que isso está acontecendo. Ao radicalizar e afrontar à vontade o PT parece sinalizar a certeza de sua continuidade. E é como se dissesse: “se tudo correu facilmente durante oito anos, sem oposições partidárias ou institucionais, agora faremos o que quisermos e seremos de novo aceitos, como se dizia antigamente, “na lei ou na marra”,
De tudo isso se conclui que no momento somos como os alegres passageiros do Titanic um pouco antes do navio bater no iceberg. Haverá tempo e meios de escapar do naufrágio? As urnas dirão.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
mlucia@sercomtel.com.br
www.maluvibar.blogspot.com
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quinta-feira, 25 de março de 2010
Qualidade da Educação Básica - IDEB - depoimento Erasto
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quarta-feira, 24 de março de 2010
A hora e a vez dos asiáticos
Se considerarmos os desdobramentos da crise econômico-financeira atual constatamos uma preocupante inércia.
Os EUA conseguiram dobrar os europeus na decisão de manter o mercado como eixo central da economia com a promessa de controles e regulações que ainda não foram tomadas.
Barac Obama se inclinou na direção de Wall Street e com dinheiros dos contribuintes salvou e apoiou bancos que foram os principais vilões da crise.
Mais e mais se mostra um presidente que obedece à lógica de um império em franca decadência, cujo única força que realmente conta é sua capacidade de matar todo mundo e de destruir a vida do planeta. Essa é a verdade que ninguém gosta de dizer e de ouvir.
A ajuda que os G-20 em abril de 2009 prometeram em Londres aos países vulneráveis, um trilhão e cem bilhões de dólares, somente 5% foram realmente concedidos. Esta ajuda é 360 vezes menor que os 18 trilhões de dólares destinados para salvar as falidas instituições financeiras dos países ricos.
A especulação financeira corre solta como antes da crise. Não sem razão, os dois proeminentes prêmios Nobeis de economia, Joseph Stiglitz e Paul Krugman, prevêem para breve uma nova crise mais grave que a anterior. Vivemos gaiamente como nos tempos de Noé, comendo, bebendo e nos divertindo.
Mesmo assim a atual crise produziu ou reforçou três fenômenos que merecem ser notados.
O primeiro é uma desglobalização que se dá aravés de uma regionalização da economia: a criação de grupos regionais, como Mercosul, Alba, Nafta, BRIC, ASEAN(10 paises entre os quais, Birmania, Indonesia, Singapura etc), OCDE, Comunidade Européia, OSC (Organização de Shangai com China, Rússia, Kazaquistão etc) e outros.
As políticas são coordenadas para evitar crises e com bancos regionais fortes, dispensando o FMI.
O segundo é o deslocamento do centro de gravidade do Atlântico Norte para o Pacífico e a Asia. Aqui estão 44% de todas as reservas mundiais.
O PIB da China é da ordem de 7,8 trilhões de dólares e é ela que sustenta o consumo dos EUA; do Japão é de 4,5 trilhões; da Coréia do Sul é de 1,3 trilhões; e da Indonésia é de 932,100 bilhões.
As reservas destes quatro países soma 7,34 trilhões de dólares. Marx nos deixou esta lição: a economia atrái pós si a política, a cultura e a hegemonia do mundo. Os asiáticos pretenderão moldar o processo mundial com traços asiáticos especialmente chineses. É a vez deles.
Por fim, o surgimento de uma ação mundial coletiva contra a atual situação crítica. Ela nasce de uma profunda decepção e de muita raiva existentes no mundo. Agora já são 60 milhões de desempregados.
Dentro de pouco serão mais de cem milhões. Tudo indica que a solução para o aquecimento e para a crise ecológica generalizada não poderá vir da política, perpassada de interesses nacionais e de muita corrupção.
Estão surgindo esboços de Organizações de Salvação da Humanidade e da Vida. Líderes, grupos, movimentos, setores religiosos, associações, articulações mundiais, de forma desesperada, quererão tomar a história em suas mãos.
Milhões de refugiados climáticos forçarão os limites políticos de muitas nações em busca de sobrevivência.
Haverá manifestacões multitudinárias de descontentes diante dos bancos, dos parlamentos e dos palácios de governo exigindo medidas drásticas para garantir a seguridade alimentar, postos de trabalho, água potável, proteção contra as devastações dos eventos extremos. Quem resistirá às multidões enraivecidas?
A economia do puro crescimento para o consumo, motor da economia capitalista e do PAC do governo Lula, no fundo diz:”às favas com a natureza e que se danem as gerações futuras; nós queremos continuar crescendo e aumentar o PIB pois é isso que nos faz potência”.
Mas todos gritarão: “Basta, seus geocidas. Queremos uma economia verde que nos faça viver e que seja adequada à nova situação da Terra”. Sem essa viragem dificilmente escaparemos da vingança de Gaia.
Disse-o e honrei a minha consciência.
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JOÃO PEDRO STEDILE no Canal Livre da Band: parte 7 (última)
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Voto inédito em presídios preocupa magistrados
A instalação de seções eleitorais em presídios do país para viabilizar o voto de detentos provisórios gera preocupação entre juízes e membros do Ministério Público, informa reportagem de Flavio Ferreira e Lilian Christofoletti, publicada nesta quarta-feira pela Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).
Segundo a reportagem, eles apontam desde dificuldades logísticas e de segurança até uma possível interferência de facções criminosas no processo eleitoral.
A Constituição de 1988 somente proíbe os presos condenados de votar enquanto eles estiverem cumprindo penas definitivas. Os provisórios, que aguardam sentença ou ainda podem recorrer, têm direito a voto, mas poucos Estados vinham adotando medidas para permitir a participação deles.
No último dia 2, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aprovou, para a eleição deste ano, uma resolução determinando a instalação de seções eleitorais em estabelecimentos penais e em unidades de internação de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas.
A Folha informa que, segundo estatísticas do Ministério da Justiça, do total de 473 mil presos do país, 152 mil são provisórios. Só no Estado de São Paulo, há cerca de 52,5 mil presos provisórios e 5.500 menores infratores na Fundação Casa (ex-Febem).
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O PNDH na UTI (18/03)
É sábio rever o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) nos pontos onde eventualmente possa ter atentado contra alguns direitos humanos. Errar foi humano, persistir no erro seria burrice. Luiz Inácio Lula da Silva decidiu recuar. Parabéns. É por essas e outras que precisamos aumentar a frequência das eleições no Brasil, nunca diminuir.
O risco é o PNDH não sobreviver à UTI. Paciência: na política, ou você tem força ou não tem. Quem viu no plano a oportunidade de fazer o salto rumo ao “programa máximo”, mesmo restrito ao universo da propaganda, deve conformar-se com a realidade e voltar à prancheta.
Mas aqui vem uma dúvida. O governo recuou no PNDH só por faltarem as condições para aplicá-lo ou concorda que há ali coisas equivocadas no mérito?
Vou refazer a pergunta, pois o “equivocadas” precisa ser lido no contexto. Os itens indesejáveis do PNDH subscrito meses atrás pelo presidente também serão indesejáveis no futuro? Ou o programa precisa mudar apenas por conter certas inconveniências, que deixarão de ser inconvenientes quando houver energia política para realizá-las?
Foi um recuo tático ou estratégico?
Um bom debate para as eleições. O ambiente apropriado. Se o PNDH é tão importante, não há razão para restringir a polêmica aos menos de 15 mil participantes das reuniões a conferências que o viram nascer. Ou aos polemistas profissionais.
Num processo eleitoral aparentemente faminto por dejetos, eis uma janela para subir o nível e trazer à mesa, além do lixo, assuntos mais nobres.
É bom o governo refazer o PNDH — até para afastar, de vez, o falso pretexto de ser ele uma produção “da sociedade”, em estado puro. Mas vai ser ruim se os temas ali incluídos forem para a gaveta.
Esquematicamente, há duas maneiras de fazer política: a democrática e a outra. No primeiro método, participam (ou podem participar) todos. No segundo, apenas os escolhidos, ou autonomeados. E o “podem” precisa ser concreto, material, não apenas formal.
Chegamos ao paradoxo que a linha de montagem do PNDH teve o mérito de exibir com todas as cores. A democracia dita participativa veio para teoricamente aumentar a influência da sociedade sobre as decisões de repercussão coletiva. Entretanto, na prática, a principal diferença entre ela e a representativa é que desta última acaba participando mais gente.
Nada como uma boa eleição, com regras saudáveis, para mexer com a política. Já os mecanismos supostamente mais “avançados”, mais “diretos”, acabam levando à cristalização do poder de um indivíduo, ou de um grupo. Isso vale para países e outras formas de organização social.
Não dá para dizer que a história e a política são ciências sociais e depois tratá-las como se fossem religião. O método científico prevê experimentação. Se uma determinada experiência nunca chega no resultado desejado, é preciso rever a teoria. Ou então estamos diante de um dogma, de uma fé.
Onde foi que a democracia participativa sobrepujou a representativa e isso resultou num país mais democrático, com mais respeito aos direitos humanos, mais mobilidade social, mais controle do estado pela sociedade e mais prosperidade e bem-estar?
Mas talvez esteja eu aqui a gastar muita vela com um defunto de qualidade duvidosa. Nem o governo leva a sério, de verdade, as conferências que convoca. Quando concorda com as decisões, bate no peito em defesa do “participacionismo” e critica quem supostamente resiste a mais democracia. Quando discorda, finge que não é com ele e toca a vida.
A Conferência Nacional de Saúde condenou o projeto de transformar equipamentos públicos do setor em fundações estatais de direito privado. Derrotadas no voto, as autoridades federais deram de ombros e continuaram tentando passar a coisa no Congresso Nacional. Só desistiram, momentaneamente, quando perceberam não haver a menor chance de emplacar agora o que um petista, dos antigos, poderia apelidar de “privatização”.
A democracia participativa made in Brasil é boa quando produz coisas com as quais concordamos. E é ruim quando aprova coisas de que discordamos. Hora de mudar de assunto.
Coluna (Nas entrelinhas) publicada nesta quinta (18) no Correio Braziliense.
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Até quando?
Dorcelino R. dos Santos/São José
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Nós lembramos
Ex- Governador Paulo Afonso candidato ao Senado?
Nós,funcionários públicos estadual, não esquecemos que no último ano de mandato do seu "governo" ficamos 3 MESES sem receber nosso salário, prejudicando milhares de funcionários do Estado e nossos famíliares.
Antonio Domeval Alexandre/Campos Novos
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terça-feira, 23 de março de 2010
segunda-feira, 22 de março de 2010
Marina SIlva
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domingo, 21 de março de 2010
José Serra
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Viagem à Petra
Durante muitos séculos a capital dos nabateus foi considerada uma lenda, tal qual Atlântida ou Tróia. Relatos muito antigos mencionavam, extasiados, os monumentos, as tumbas, os salões dentro da rocha, os obeliscos, descreviam obras de arte nos mais variados estilos... mas ninguém conseguia localizar tal maravilha.
Até que no início do século XIX um explorador suíço, viajando pelo Oriente Médio, ao ouvir histórias de uma cidade cravada na pedra, abandonou o roteiro que tinha determinado para si e foi em busca da cidade legendária. Ludwig Burckhardt, em 1812, foi o primeiro e feliz "louro de olhos azuis" a por os pés, os olhos e o coração em Petra. E desde então a maravilhosa Petra foi sendo minuciosamente explorada e visitada, hoje é Patrimônio da Humanidade e ponto turístico dos mais cobiçados por quem pode viajar até lá.
Lendo os jornais, daqui e lá de fora, fico feliz por nós, povo brasileiro, termos podido oferecer à Primeira Dama do Brasil essa linda viagem. Pelo menos isso. O dinheiro foi bem gasto. Viajar é tão bom, mas tão bom, que eu curto as minhas viagens, as dos outros, dos livros, dos filmes, dos documentários. Pior seria se ela não tivesse ido à Petra. Aí, sim, eu ia ficar desconsolada.
Porque os outros objetivos da viagem, francamente... Na quarta-feira 16, enquanto Lula se iludia como mediador da paz, os enfrentamentos entre palestinos e israelitas recrudesciam. Choques nas ruas, dezenas de feridos. E na quinta, ontem, um foguete palestino matou um imigrante tailandês em um kibbutz localizado na fronteira com a Faixa de Gaza. A resposta israelense não tardou: seu exército reagiu de imediato, e a paz cujo vírus o presidente Lula diz carregar dentro de si desde o ventre de sua mãe, ficou cada vez mais distante.
O pesquisador, professor e doutorando francês Julien Salingue, do departamento de Ciências Políticas da Universidade de Paris 8, disse ao jornal “Libération”: “A cólera se cristaliza por conta das declarações de Netaniahu sobre as 1600 casas em Jerusalém Leste, mas o ressentimento vem de algo muito mais profundo no seio da população palestina.
São os jovens que cresceram nos campos de refugiados, que têm entre 10 e 15 anos, e seu ódio aos soldados israelenses. O movimento que surgiu esta semana não é controlado ou liderado por ninguém, não há partido ou facções na paisagem política palestina que possa liderar seja lá o que for (...) A revolta é de pessoas muito jovens, que só conheceram a ocupação. Sua cólera traduz uma ausência total de perspectivas”.
Do lado de Israel, a mobilização de força impressiona. Segundo Salingue, os soldados israelenses já estão habituados a lidar com manifestantes em fúria, como esses meninos que atacam com paus, pedras e ódio. Na fronteira é mais fácil controlar, mas nas ruas da velha cidade de Jerusalém, a situação é mais complicada e o que se teme é um crescimento dos choques com a inauguração, na terça que vem, de uma nova sinagoga na parte mais antiga de Jerusalém.
Hoje, sexta-feira, o quarteto de mediadores convidados a mediar, é imprescindível notar o detalhe, convidados a mediar, se reunirá em Moscou: Hillary Clinton (EUA), Vladimir Putin (Rússia), Catherine Ashton (EU) e BanKiMoon (ONU). Deus permita que descubram qual é a tal palavra mágica...
Ao contrário do que o presidente Lula pensa, nós brasileiros, orgulhosos de quem somos e da acolhida fraterna que sempre demos a todos, torcemos pela paz naquela região. Não há nada em nossa História, antiga ou recente, que permita que ele diga a barbaridade que disse em Amã:
“- Eu sei que no Brasil tem gente que fala: ah, mas por que o Brasil está se metendo? Isso não é área do Brasil. É, sim, a área de qualquer país do mundo que queira brigar pela paz. Algumas pessoas no Brasil não acreditam até nelas próprias. Tem gente que acha que nasceu para ser de terceira categoria. Tem gente que nem acreditava que o Brasil conseguiria ser sede das Olimpíadas. São pessoas que não querem crer que o Brasil faça parte do jogo, porque acham que são inferiores”.
Agora falo por mim: não creio que seja importante para o Brasil ser parte do jogo pesado que os grandes jogam, não sonho com um Brasil “grande” nesse sentido. Meu sonho é um Brasil grande aqui dentro, com escolas, hospitais, esgoto sanitário, luz e água para todos, segurança, transportes, a alegria brasileira de volta.
Não acho que desempenhar o papel que desempenhamos até hoje seja ser de terceira categoria. Oswaldo Aranha não era de terceira categoria. Joaquim Nabuco também não. Isso para falar nos mais antigos e já falecidos. Nossos diplomatas sempre foram respeitados. O MRE não nasceu no governo Lula. O Itamaraty é que morreu no governo Lula.
Celso Amorim enfatizou ainda que a recepção à delegação brasileira, no início desta semana, em Jerusalém, foi "excelente": “Os israelenses tocaram música brasileira no jantar e os encontros ultrapassaram os horários. O premier Netaniahu nos recebeu no gabinete, foram acordadas reuniões ministeriais conjuntas, um tratamento que é dado a poucos países. É muito importante que o país saiba que nós nos consideramos amigos de Israel”.
Sei disso, ministro. A música brasileira sempre ultrapassou fronteiras e uniu corações. É uma bênção de Deus sermos tão criativos e musicais. Mas flores para Arafat sem flores para Herzl, não há cantoria que segure.
A felicidade é como gota de orvalho numa pétala de flor e o trem está atrasado ou já passou. Ainda bem que dona Marisa conheceu Petra.
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Governador \" Rolando Lero\" !!!!!!!!
Para isso, decreta ponto facultativo no Estado com a anuência da Prefeitura.
Isso claro, só depois das 15:00hs. KKKKKK no RJ ? Depois das 15:00 KKKK?
Aí esse "protesto", pára, literalmente a cidade em pleno dia útil.
Bem no centro nervoso da cidade, dando um nó, no já combalido trânsito do Rio.
Várias outras prefeituras enviam mais de 200 ônibus , cheios de funcionários públicos daquelas cidades que também aderem ao "ponto facultativo"
Aí o protesto começa. Xuxa canta ila,ila,ilariê ÔÔÔ!!!!
No palco tem de tudo, de papagaio de pirata, políticos as pencas e "éca", Rosinha Garotinho.
Para encerrar com chave de ouro, algumas baterias de escola de samba animando a galera.
Isso é que é "protesto".
Por trás de tudo isso, os 5 Bilhões que o Estado do Rio, arrecadou só em 2009. Gastos em que mesmo??
Nem sei porque , mais lembrei do poeta Gonçalves Dias quando diz:
"Minha terra tem palmeiras;Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam; Não gorjeiam como lá."
Paulo Curvello/Balneário Camboriú
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Municípios do Rio viram reféns dos royalties petróleo
Os municípios do Rio de Janeiro e do Espírito Santo estão cada vez mais dependentes e reféns do petróleo. Apesar de algumas iniciativas de diversificação da economia, com a atração de empresas, o peso dos royalties e das participações especiais só aumenta, revelam dados do Inforoyalties.
Em alguns casos, como no município de Presidente Kennedy, no Espírito Santo, a parcela dos recursos do petróleo no caixa da prefeitura passou de 9% para 82% entre 2000 e 2008. É o que mostra reportagem do enviada especial Bruno Rosa, publicada na edição deste domingo do jornal O GLOBO.
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sábado, 20 de março de 2010
Humor Tadela
Humor Tadela: "Família Enterna
Um homem robusto de meia idade vai ao médico para saber os resultados de um checkup. O médico fala:
— Você está em muito boa forma para quem tem 40 anos.
— Não, doutor! Quem disse que eu tenho 40 anos?
— Quantos anos você tem? — pergunta o médico, curioso.
— Fiz 53 na semana passada.
— Caramba! E quantos anos tinha o seu pai quando morreu?
— Eu disse que meu pai tinha morrido?
— Ah, desculpe! Quantos anos tem o seu pai?
— Ele é forte igual um cavalo. Agora está com 74 anos...
— Poxa, 74? Muito bom! E o seu avô morreu com que idade?
— Meu avô também está bem vivinho, doutor!
— Incrível! E quantos anos ele tem?
— Ele tem 103 e, graças a Deus, está muito bem de saúde.
— Fico feliz em saber. E o seu bisavô? Morreu de quê?
— Meu bisavô não morreu, não! Ele tem 124 anos e vai se casar na semana que vem...
— Ah, espera aí! Meu amigo, isso já é demais! — diz o médico — para que é que um homem de 124 anos ia querer se casar?
— Na verdade, ele não queria casar, doutor. O problema é que ele engravidou uma garota, aí..."
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sexta-feira, 19 de março de 2010
Esqueçam o que Lula diz!
Blog do Noblat:
Estamos de acordo que Lula é um cínico - como de resto quase todos os políticos.
Talvez não estejamos de acordo em classificá-lo como o político rei do cinismo. Muita gente aqui haverá de discordar, sei disso.
Proponho então um meio termo: digamos apenas que Lula escalou o mais elevado degrau do cinismo ao dizer, esta manhã, antes de voltar de sua viagem ao Oriente Médio, que não se envolverá na polêmica sobre os royalties.
Justificou-se:
- Já cumpri minha parte. Minha vontade era não votar os royalties este ano, pois sabia que era um ano político e que em ano de eleição todo mundo quer fazer gracinha. Disse que era para deixar para o ano que vem, pois tudo isso é para 2016. Não precisaria dessa pressa agora. Portanto, meus companheiros, a bola está nas mãos do Congresso Nacional e o Congresso que resolva o problema.
Por que a Câmara dos Deputados votou a questão dos royalties?
Ora, porque o governo despachou para lá um projeto a respeito e, originalmente, com um pedido de votação "urgente, urgentíssima".
A maioria dos governadores havia aconselhado Lula a deixar o projeto para mais tarde. Não foi ouvida.
Lula diz agora que "tudo isso é para 2016".
Então por que mandou o projeto para a Câmara?
Foi ele que antecipou a discussão sobre os royalties ao se aproveitar da descoberta de petróleo na camada do pré-sal para exaltar as virtudes do seu governo e de sua candidata a presidente.
Se o projeto tivesse sido aprovado como ele mandou, a essa altura Lula estaria felicíssimo.
Se tivesse ficado dormindo em uma gaveta da Câmara, tudo bem para ele.
Lula seguiria tirando proveito eleitoral em 2010 de algo que é "para 2016". Algo que na verdade ainda não se sabe ao certo se valerá a pena ser explorado do ponto de vista econômico.
Ocorre que a Câmara aprovou o projeto modificado por meio de uma emenda apresentada pelo deputado Íbsen Pinheiro (PMDB-RS).
Os Estados produtores de petróleo estão em pé de guerra porque se sentem prejudicados - e foram de fato..
O trunfo eleitoral de Lula foi pelo ralo.
O Senado empurrará com a barriga o que a Câmara aprovou. Ou então fará mudanças no projeto para que ele volte a ser examinado pela Câmara - de preferência depois das eleições.
Cinismo para muitos quer dizer esperteza. E o sujeito esperto costuma ser admirado.
Afinal, o sonho dos brasileiros é tirar vantagem em tudo, certo?
Lula é cínico e suficientemente esperto para tirar o dele da reta sempre que antevê o pior.
No caso de Lula, recomenda-se esquecer o que ele diz.
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BBBasta
Ontem foi ao ar na France 2 um documentário chocante sobre um falso jogo de TV produzido com o objetivo de desmascarar este tipo de programa.
Parte de uma pesquisa sobre os impactos da comunicação de massa, o "jogo da morte" selecionou 80 participantes reais que se imaginavam em um programa de auditório - com direito a cenário, câmeras, plateia.
Com o objetivo de ganhar um prêmio final, sua missão seria de aplicar choques elétricos em um outro participante caso ele não respondesse corretamente determinadas questões. Sem que os jogadores soubessem disso, o outro participante era um ator instruído a gritar e a pedir para deixar o jogo, simulando dor com os supostos choques.
O formato do "jogo" é uma releitura fiel da pesquisa realizada em Harvard por Stanley Milgram, em 1960, que colocava em causa a explicação dada por Adolphe Eichmann, carrasco nazista julgado em Israel, de que ao organizar a morte de milhares de judeus ele teria apenas "obedecido ordens".
A pesquisa acadêmica realizada então, sem palco nem apresentadores, teve um resultado já surpreendente: mais de 60% dos indivíduos que participaram da investigação travestida de "jogo" não hesitaram em aplicar nos outros "jogadores" a descarga elétrica mortal de 450 volts.
No documentário produzido pela France 2, sob a pressão de uma plateia, de uma equipe de filmagem e da figura de autoridade representada pela apresentadora, a resposta foi ainda mais expressiva: 81% dos participantes aplicaram a voltagem máxima proposta pelo jogo - de 460 volts, mais que o dobro da potência da descarga elétrica de uma tomada doméstica.
No livro lançado simultaneamente ao documentário, o depoimento dos participantes impressiona: "Apliquei o procedimento". "Simplesmente obedeci". "Ele podia gritar, não estou nem aí: vim aqui para ganhar". "Tem a pressão do público, das câmeras, da apresentadora - é difícil dizer não".
Sociólogos veem na experiência um efeito do que Le Bon apontou como o comportamento de massa - aquela velha história de fazermos em grupo o que não faríamos sozinhos. A ideia é que, na televisão, ainda que o indivíduo esteja sozinho na cabine de jogo, tem-se a impressão de estar "acompanhado" por todos os telespectadores.
Para os críticos radicais da televisão (como já contei aqui antes, isso é o que não falta na França), a lógica também contamina o telespectador comum, que "aceita" comportamentos amorais recebidos pela telinha graças à sensação de cumplicidade de se saber parte de um enorme grupo.
Além de tudo o que já sabemos - do tempo que a televisão nos rouba de atividades intelectualmente mais ricas, do convívio familiar, de tudo o que nos faz verdadeiramente ativos, e não simples espectadores - o documentário deixa uma pergunta profunda: será que essa televisão-trash nos torna piores? Não só menos bons, mas ainda por cima mais malvados?
Carolina Nogueira é jornalista e mora há dois anos em Paris, de onde mantém o blog Le Croissant (www.le-croissant.blogspot.com)
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Assédio Sexual
Em funcionário passa por uma colega de trabalho e diz que os cabelos dela têm um cheiro muito gostoso. Ela não perde tempo e vai reclamar com o chefe, que responde:
— Mas afinal, qual é o problema de um colega de trabalho dizer que o seu cabelo tem um cheiro gostoso?
— O problema é que o safado é um anão, chefe.
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quinta-feira, 18 de março de 2010
A sedutora
Collor quer que Dilma seduza Jefferson
De Illimar Franco:
O senador Fernando Collor (AL) fez a saudação à ministra Dilma Rousseff no jantar com o PTB, anteontem. Collor afirmou que a candidatura de Dilma é "uma coisa extraordinária", que o presidente Lula está fazendo "uma renovação nos costumes ao escolher para sucessor uma mulher" e que "o Brasil, um país tradicionalmente machista, está prestes a eleger uma mulher presidente da República".
Collor também pediu que Dilma tente uma aproximação com o presidente do partido, Roberto Jefferson, que denunciou o mensalão do PT: "A senhora, que é uma mulher, tem que usar todo seu encantamento para trazer para a campanha o nosso presidente Roberto Jefferson".
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quarta-feira, 17 de março de 2010
Politica salarial de LHS
1 - conceder abono de R$ 1.500,00 para os auditores e fiscais da fazenda. Com o objetivo de arrancar mais impostos dos povo.
2 - conceder aumento para si (o único governador do Brasil que se deu aumento) 50 % de aumento, enquanto a inflação do período não passou dos 20%.
3 - conceder aumento para a cúpula do governo,(secretários, auditores, procuradores, etc).
4 - conceder abono de R$ 2.000,00 a policia civil e ao comando da PM( ou vcs acham que ele não vai dar o abono pra PM???)
5 - Arrocho salarial para as demais categoria, com mais de 6 anos sem qualquer reajuste salarial. (afinal de contas, ele tem que presentear a cúpula).
Essa é a política salarial do governo LHS, com isso, o governador, em oito anos de mandato, conseguiu desmontar toda a maquina administrativa do estado. Pois com os salários congelados, os funcionários mais qualificados que o estado tinha foram saindo, buscando outros empregos, muitos em outra esfera (outros estado, federal, e ate municipal, que esta remunerando melhor que o estado.) ficando somente o folclórico servidor publico (aquele que nunca aparece, faz corpo mole na hora do trabalho, e outra coisas mais).
Quem perde com tudo isso??? Nós o povo, que não temos segurança, onde os processos administrativo demoram 6 meses para ficarem prontos, funcionários mau educados. Etc, etc.
Nayara da Silva/Araranguá
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segunda-feira, 15 de março de 2010
domingo, 14 de março de 2010
TERRA DE TANTA CRUZ
Comemorar é, literalmente, lembrar junto. É recordar - pensando com o coração - a conflitante saga do "cobrimento" que nos constituiu como massa que deve virar povo, superando a ninguendade. E como país que deve virar nação, superando a subordinação.
Nenhuma celebração, portanto. Mas reflexão, entendimento, ação transformadora. Chega de encobrimento! Somos indo-afro-europeus, isto é, bugres-negros-lusos, nesta ordem, inversa à da dominação colonialista. Somos ainda um vir a ser, na contramão da epopéia lusitana que realizava a profecia pós-Camoniana de Fernando Pessoa: " a busca de quem somos na distância de nós, e com febre de ânsia".
Pessoas brasileiras, buscamos febrilmente nossa realização com a ansiedade de quem suporta cinco séculos de escravidão e exclusão. Procuramos em rezas, passes, mandingas, gingas e gritos de gol (tantas vezes mal anulados) a consciência, a justiça, a solidariedade e a República. Dentro de nós.
Mas só aí não basta. Os que mandam desde 1500 nos querem isolados, individualistas, dispersos, na caravela-presídio do "cada um por si". Egoísmo como virtude é o auriverde cinzento pendão. Também na globalização: a matriarca do neoliberalismo, dona Tachter, decretou que "não há mais sociedade, mas apenas indivíduos".
Façamos a nova data! Da virada, do redescobrimento ("o Brazil não conhece o Brasil") não apenas cronológico: no lugar do macho, branco, dono de gado e gente, o sujeito coletivo feminino-masculino-plural que se reconhece na longa marcha, ao som das violas caipiras, dos atabaques vigorosos, na defesa do direito à dignidade, caetaneando Maiakovski (aquele que disse que "em algum lugar do mundo, talvez no Brasil, há uma pessoas feliz"): "gente é pra brilhar, não pra morrer de fome". Prefiramos a Luzia, mulher de Lagoa Santa, que lutou com sua tribo pela vida em nosso chão há 11500 anos, ao Cabral quinhentista da conquista de imposição do império e da fé mercantilista.
Celebremos, ainda assim, o grande dia, do cotidiano de quem abriu estradas, alargou pastos, semeou cana, café, laranja e feijão. De quem ergueu igrejas, cidades, casas onde não moraria. De quem botou a mesa onde jamais comeria. E moveu fábricas por minguado salário. Cinco séculos de dizimação dos povos nativos e escravidão dos povos da África, mas também de engenho, arte e suor negro, indígena e popular. Teimosa, malandra, operária e esperançosa resistência! João Ninguém, Maria Maria, Zé das Couves, Ana que ama e canta a terra em que nasceu. Construtores anônimos do Brasil!
Dando nome: Pindorama, a terra das palmeiras, a terra sem males ("antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade", proclamou Oswald de Andrade, um século depois da pseudo-independência anunciada à beira-riacho pelo príncipe português). Com a conquista, as denominações d'além mar: em 30 anos, fomos Ilha de Vera Cruz, Terra Nova, Terra dos Papagaios, Terra de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Terra de Santa Cruz do Brasil, Terra do Brasil e Brasil. Crise de identidade? Tantos nomes para uma só realidade: latifúndio, monocultura, escravidão, patriarcalismo, dependência externa, exploração, chacinas. Justiça dos ricos, dos pistoleiros, das emboscadas, da impunidade. Melhor seria, agora, nos rebatizarmos: Terra de Tanta Cruz.
Fora com os festejos balofos e bolorentos que entediam os vivos e não ressuscitam os mortos! Esqueçamos o relojão que determina aos videotas, com enorme atraso, a descoberta que devemos fazer desde que nascemos! Viva a comemoração na batalha (razão de vida) pelo bolo repartido, pela diversidade respeitada, da soberania popular reconquistada!
Chico Alencar, Professor de História (UFRJ), é autor do livro BR-500 - Um guia para a redescoberta do Brasil (Editora Vozes), entre outros.
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Eloquência
"O principal objetivo da eloquência é impedir que os outros falem" Autoria Desconhecida
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Política do padrão pobre
Autor: Léo Lince
Publicado:
Data: 03/12/2009
O “mensalão” do DEM, mostrado com riqueza de detalhes, ocupa todos os espaços na imprensa escrita, falada e televisada. É a bola da vez. Na secura do planalto central, ganha contornos tenebrosos a última, no sentido de mais recente, feição da escalada sem fim da corrupção na política brasileira. Depois dos tucanos e petistas, chegou a vez dos “demos” exibirem seus “valores não contabilizados” e entrarem na fila lenta que antecede a barra dos tribunais.
Alguns se surpreendem por imaginar que a execração pública observada por ocasião dos escândalos anteriores pudesse inibir a repetição das mesmas práticas. Ledo engano. Afinal, até agora nenhum dos antigos mensaleiros foi preso ou sequer condenado. A lentidão da justiça sugere impunidade. Mas, para além de tais aspectos, há uma questão de fundo que explica a persistência do fenômeno. A seqüência interminável de “fatos isolados que se repetem”, para usar uma expressão cara aos que se ocupam em dourar a pílula, é uma decorrência inevitável do modelo dominante, que fornece proteína e só se reproduz azeitado pela lógica da corrupção sistêmica.
Quando o presidente Lula, do alto da sua súbita projeção como personagem salvífico do capitalismo mundial, afirma que “as imagens não falam por si”, ele não está apenas tentando livrar a cara dos que foram filmados com a boca na botija. O presidente, por certo, não haveria de se condoer com a sorte do DEM, seu opositor aparente, mas com a carga que pesa sobre suas próprias costas. Ao desqualificar o poder das imagens, ele deve ter pensado no Delúbio, nas declarações anteriores sobre inevitabilidade dos “recursos não contabilizados”, na grana que precisa arrecadar para a próxima campanha. E, por outro lado, na base do reflexo que sustentou a espontaneidade da resposta, falou mais alto a função de garantidor geral do sistema dominante.
O presidente sabe perfeitamente em que bases está cravado o pedestal que o sustenta. E opera com desenvoltura a condição de “pau que sustenta a lona do circo”. Qualquer sentença firmada sobre a cabeça do indigitado Arruda, sem margem para qualquer dúvida, se destina a pairar como uma ameaça sobre os demais sócios do seleto clube. Daí porque, invertendo os termos do ditado famoso, a palavra do presidente, nas circunstâncias em que foi dita, falou mais que mil imagens.
O esforço no sentido de minimizar, abafar e circunscrever o alcance do episódio foi replicado na voz de outras figuras proeminentes do mesmo esquema. Ricardo Berzoini, ainda presidente em exercício do PT, Candido Vaccarezza, líder do partido na Câmara, além da candidata Dilma Rousseff, fizeram declarações absolutamente sintonizadas com a voz do dono. Não querem fazer marola, dizem tratar-se de fato isolado, “não é corrupção do DEM, é do governador”, não deve ser explorado politicamente. Tudo bem de acordo com a idéia de preservar os grandes partidos da ordem e os fluxos que lhes financiam as campanhas eleitorais cada vez mais caras.
As manifestações populares que pedem o fim da impunidade, tipo “Arruda na papuda e PO no xilindró”, estão corretas. Falta agregar, como dimensão permanente da mesma luta, o desmonte do formato atual de financiamento de campanha eleitoral, fator incontrolável de corrupção e matriz de quase todos os escândalos da nossa história recente. Não se trata, apenas, de formar um fundo público. Ele deve ser exclusivo e, além de definir um teto de gastos para cada tipo de campanha, deve vir acompanhado do mais rigoroso esquema de fiscalização, que incorpore aos tribunais eleitorais, o ministério público, a receita federal e estruturas outras da sociedade civil. É a única maneira de quebrar o ciclo vicioso que privatiza o poder público e sustenta a atual política do padrão podre.
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sábado, 13 de março de 2010
Parece que a eleição não está empolgando nem os próprios candidatos
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Polêmica. 9/02/2010 - 9h30 A comparação entre os governos Lula e FHC
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Vocês podem me ajudar a demolir minha escola? (Demolition call)
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O MAL, O BEM E MAIS ALÉM - FLÁVIO GIKOVATE PARTE 8
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O MAL, O BEM E MAIS ALÉM - FLÁVIO GIKOVATE PARTE 9
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sexta-feira, 12 de março de 2010
Mundo Animal
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quinta-feira, 11 de março de 2010
Nem sabedoria, nem coragem
O PT e Luiz Inácio Lula da Silva precisam decidir se é desejável a transição democrática em Cuba. Ou se seria retrocesso. Precisam resolver se a mudança no sistema político de lá -para talvez aproximá-lo do nosso- representaria avanço. Ou se viria como capitulação ao imperialismo norte-americano.
Precisam dizer se o socialismo melhora quando incorpora valores universais nascidos com a democracia liberal. Ou se piora. Ou se é incompatível com eles.
São questões objetivas.
Não peço ao governo do Brasil ou ao PT para se meterem na política interna de Cuba. Não defendo isso.
Mas um debate verdadeiro exige que as posições políticas estejam claras. E já registrei aqui noutra ocasião ("Um poço de bom senso") que o PT talvez não tenha maior dificuldade quando decidir pegar esse touro a unha. Afinal a sigla é, nas suas próprias palavras, um produto histórico da “esquerda democrática”. Conceito que só existe em oposição a uma esquerda “não democrática”.
Mas você pode achar essa abordagem absurda, pois cada país tem uma história, uma circunstância, e não cabe julgar de fora, por nenhum critério. Nem tentar estabelecer padrões.
Não haveria portanto uma escala civilizatória a percorrer, mas processos específicos, baseados apenas na absoluta soberania nacional e cultural. Não nos metemos na vida dos outros e eles não se metem na nossa. E ponto.
É intelectualmente defensável. Mas o argumento precisaria ser conduzido com radicalidade e amplitude, pois do contrário desmoraliza o proponente. Como, infelizmente, tem provado o nosso querido Itamaraty.
Ou talvez o sujeito acredite que existe sim a tal escala civilizatória, e que nela Cuba está adiante de nós. Por ter abolido a propriedade capitalista e trocado o projeto de uma democracia burguesa por outro, bem mais avançado. Então, pela lógica, se é bom lá também deveria ser proposto aqui. Nem que só para o futuro. O eleitor tem o direito de saber.
Se entre nós tal debate é em boa medida teórico, para os cubanos é bem prático. Especialmente para os que divergem do governo de Havana. Como os Estados Unidos querem e incentivam a mudança do sistema político de Cuba, todo mundo que ali defende a mesma coisa e começa a lutar pelos seus objetivos, mesmo quando pacificamente, acaba enquadrado pelas autoridades na categoria de inimigo do país. E corre o risco de puxar uma cana brava.
Terça-feira Lula comentou sobre a greve de fome de presos políticos em Cuba. O ato desesperado busca sensibilizar o governo cubano para que solte um grupo de prisioneiros. Lula criticou a greve.
Poderia tê-lo feito com elegância. Poderia ter usado um argumento humanitário, ou religioso (religiões costumam proibir o suicídio). Mas preferiu fazer o paralelo talvez mais equivocado e deplorável de todo o abundante estoque de falas presidenciais, desde 2003.
Não é razoável soltar presos políticos só por causa de uma greve de fome, diz Lula, assim como não seria razoável libertar bandidos comuns que usassem essa mesma forma de pressão.
Poucas vezes, talvez nunca em sua longa e vitoriosa carreira política, Lula esteve tão completamente errado. São situações incomparáveis.
Pode haver uma superposição, uma zona cinzenta entre a militância política e o banditismo. Mas são coisas diferentes, nunca iguais. E há um jeito fácil de distinguir uma categoria da outra.
É habitual lutadores políticos autênticos aceitarem a morte pela causa. Mas ninguém vê bandido oferecer voluntariamente a própria existência por um motivo político.
Bandido não está atrás de morrer, ao contrário. Pode até perder a vida por causa das opções que faz, mas será um acidente, uma contingência, e nunca um sacrifício de caso pensado.
Claro que Lula sabe distinguir entre as duas turmas. Ainda mais como presidente da República. Ninguém chega onde ele chegou, nem sobrevive no poder, se não souber separar os dois segmentos.
Em termos simples e práticos, e para resumir, os presos políticos cubanos não são bandidos, são militantes de uma causa com a qual o presidente do Brasil parece não concordar. Paciência. Mas nem por isso nosso chefe de Estado tem o direito de se referir a eles como se fossem criminosos comuns.
Humilhar os adversários nunca é ato de sabedoria. Neste caso particular, considerando que Lula é o todo-poderoso presidente do grande Brasil e os alvos da fúria verbal dele estão presos, nas condições conhecidas, sequer pode ser entendido como ato de coragem.
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Estado forte
Mais ainda: a visão cada vez mais clara a favor de um Estado forte e ativista, que a ministra Dilma representa, indutor não apenas de investimentos, mas que escolhe as áreas prioritárias, financia projetos de grandes empresas multinacionais, privadas ou estatais, e define vencidos e vencedores, tem apoio da maioria da população ou é repudiada por ela?
Sua formação de líder sindicalista, acostumado a centralizar as decisões e a enfrentamentos radicais com grupos adversários, deixou-lhe no espírito uma queda por regimes autoritários que conseguem resultados rápidos, daí a admiração por planejamentos centralizados como os do governo Geisel. \
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quarta-feira, 10 de março de 2010
terça-feira, 9 de março de 2010
EVOLUÇÃO SOCIAL
Estranhas as transformações por que passa o mundo e mais estranha ainda a forma de as pessoas encararem certos fatos hoje. E as formas de se ganhar dinheiro também se modificaram substancialmente.
A Cicarelli e o namorado foram filmados fazendo sexo numa praia. Ficou por isto mesmo. Estavam trepando, mas se diz que faziam amor (Ah, o amor! Está na hora de alguém ensinar a essa gente que amor se sente e se vive e não se fabrica mecanicamente como uma masturbação a dois). A liberalidade do brasileiro admite essas coisas como permitirá, em breve, macacos nas praias, como mostra o filme Turistas que estão querendo boicotar porque mostra um Brasil mais real que o real e isto revolta a nós, habitantes desta honrada e cristalina Nação.
Isto se os macacos concordarem e suportarem a sujeira que os humanos fazem nas praias, como os que entram na água só para dar uma mijadinha, sem contar os esgotos a céu aberto, sabugos de milho verde, latinhas de cerveja, cocô de cachorro (se estes são admitidos e exibidos por seus donos, por que não macacos?), etc.
Mas o caso da Cicarelli e do namorado é inusitado. Ou não? Acho que não. Mas eu, se sair pelado na rua aqui no recantozinho do meu bairro, serei processado no mínimo por ultraje público ao pudor. Por quê? Porque com 55 anos, gordo, meio careca e nu na via pública minha conduta só poderia mesmo ser considerada indecorosa. Já a Cicarelli e o namorado são aceitáveis porque são bonitos e podem praticar um falso naturismo numa praia pública.
Agora a Juliana Paes vai processar o fotógrafo Marcelo Pereira porque ele bateu uma foto dela sem calcinha. Ela usava uma saia curtinha e deve ter tomado a cautela necessária para mostrar exatamente aquilo que o fotógrafo fotografou. A coisa está ficando cabeluda para o lado dele que é acusado de montagem fotográfica. Montagem, nesse assunto, é bom.
Pode até ser e então o fato será efetivamente grave e autoriza à sem calcinha com calcinha processar aquele que viu o que estava sendo exposto por debaixo do pano porque os paparazzi existem mesmo para amolar as pessoas batendo fotos delas em situações quanto mais embaraçosas melhor.
Mas para a dona do Bar da Boa, que já exibiu a bunda em comerciais de cerveja – só faltou mostrar mesmo aquilo que o jornalista fotografou ou montou – andar sem calcinha parece natural. Bater a foto, que não é nada indecente, é antinatural. Uma tendência geral: o crime não é comprar o dossiê de Cuiabá, é mostrar o dinheiro apreendido... Uma coisa bem petista. E eu ainda me impressiono com essas mudanças... Sou muito ingênuo.
E se o baixinho da Kaiser resolver andar só de cuecas, daquelas abertas na frente (acho que combina com o tipo dele) e o pingolim saltar e alguém bater uma foto, quem vai ser processado? Ele ou o fotógrafo? É uma incógnita. Eu que lidei com o Direito a vida inteira, a estas alturas nem sei se valorizo mais Código de Ética do PT ou a Constituição Federal. Aquele, pelo menos, é estável.
Na verdade, tudo depende do dinheiro e cada um vai ganhando dinheiro como pode. As celebridades bonitas posam nuas para a Playboy em posições ginecológicas e isto é normal. Fotografar casais que buscam publicidade fazendo sexo na praia, não.
A Juliana Paes disse que, se ganhar a ação, vai doar o dinheiro para o Retiro dos Artistas. Uma boa ação. Mas um velhinho, lá, entrevistado pelo Jus, disse que preferia ver a foto mesmo. Até para tentar se lembrar para que serve a anatomia fotografada.
Publicado originalmente no blog Jus Sperniandi,
em 05/12/2006.
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Ilton C. Dellandréa
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Luiz Carlos Prates
Sabias que não vamos ter eleições para presidente este ano? Não vamos. Fernando Henrique Cardoso disse que o candidato tem que ser confiável, competente e decente. Ora, onde vão achar esse candidato? Não teremos eleições…
Luiz Carlos Prates
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O partido secreto
Luís Carlos Lopes
O ataque político-ideológico de setores das direitas do Brasil às universidades públicas é curioso. Ele consegue unir jornalistas pequeno-burgueses que militam na imprensa mais conservadora do país a alunos de origem pobre, vindos de famílias que jamais alcançaram o ensino superior. Estes, quase sempre, são residentes em domicílios onde a palavra escrita mais conhecida é a Bíblia e/ou a mídia mais consumida é a TV aberta. O reacionarismo é uma erva da daninha, não sendo somente uma crença das elites. O conservadorismo popular, quase sempre negado ou negligenciado, é um problema grave que precisa ser atacado.
Não raro, os professores de biologia são admoestados por seus alunos ao tentar ensinar a teoria da evolução. Estes resistem bravamente, e, coléricos, reafirmam o velho criacionismo derrotado por Darwin no século XIX. Existem os que falam e defendem seus pontos de vista publicamente e os mais covardes que calam, com medo do vexame, manifestando-se em âmbito privado e na Internet. A polêmica entre criacionistas e evolucionistas, guardando-se as devidas proporções, se repete em sala de aula de todos os ramos do saber, quando alunos mais limitados são apresentados às teorias consagradas das ciências de qualquer cepa. O preconceito secreto contra o conhecimento, de origem medieval, tem livre curso entre parcelas substantivas dos jovens e nem tão jovens do Brasil.
Os sites e blogs deste mesmo movimento reproduzem matérias jornalísticas que acusam os professores de ‘doutrinadores’, de ‘esquerdistas’, de mentirosos e outras bobagens a mais. No mesmo lugar, são encontráveis depoimentos de alunos, familiares, militantes, bem como, vídeos gravados de modo secreto e ilegal de aulas que incriminariam os perigosos professores de esquerda. A idéia é juntar ‘provas’ de que as universidades públicas, os cursinhos pré-vestibulares e, até mesmo, os concursos públicos estariam povoados por ‘comunistas’ que comem ‘criancinhas’. Eles querem uma ‘escola sem-partido’. Não querem saber que, até em silêncio, sempre se escolhe e se defende uma posição. Obviamente, os partidários destas idéias respondem a estas críticas, negando tudo. Não passam recibo do que realmente acreditam. Esquecem que o homem é um animal político, tal como ensinou Aristóteles.
É necessário sublinhar que o mesmo ataque dirige-se contra as escolas públicas e contra qualquer tipo forte ou frágil de difusão de posturas e de conhecimentos anti-hegemônicos ou a simples difusão do saber científico e artístico universal. Nenhuma palavra é escrita sobre os cursos universitários da área privada. Deve-se presumir que esses críticos e, ao mesmo tempo, usuários do ensino público devem achar que o melhor seria que todas as escolas fossem privadas e que o ‘mercado’ fosse o rei vazio do saber ensinado.
Afinal, para que falar em política, história, ciência, literatura e outras formas de arte? De que adiantaria incrementar o debate com idéias que discordariam dos sensos comuns e das tradições? A quem serviria discordar das religiões dominantes ou paralelas, da televisão de todo dia, do cinema comercial etc? As escolas, fundamentalmente as de nível superior, deveriam apenas certificar seus alunos, distribuindo os diplomas tão almejados. Não deveriam cobrar nada de mais sério deles, bem como, nada exigir além do ritual burocrático-acadêmico e nem checar se eles estão de fato preparados para as carreiras que escolheram. É o que parece que os defensores dessas idéias pensam.
Eles construíram um universo bastante afastado da realidade do que realmente se passa no ensino público universitário. É verdade, que neste ainda há espaço para discussão crítica e para a atualização dos saberes humanos. Fora dele, pouquíssimos espaços brasileiros discutem algo de mais substantivo. A tendência é de fazer o que os mestres midiáticos e conservadores mandam e recomendam. Essa janela, que insiste em interpretar o mundo, deve irritar bastante os mais tradicionalistas e conservadores, tal como sempre aconteceu.
É inverídica a afirmação de que o pensamento conservador não possua muitos adeptos na universidade pública. De fato, existe uma verdadeira guerra de posições entre os professores, alunos e funcionários mais integrados e os descontentes com a hegemonia da ignorância e do reacionarismo. Nesta mesma universidade, existe espaço para as mais diferentes correntes políticas e do saber e estas não são, necessariamente, inimigas da ordem. Há um exagero calculado e a tentativa de desqualificar o que não compreendem e rejeitam a priori. Lá, existe um pouco de tudo, como em qualquer outro ambiente humano de grandes proporções. Fazem parte dessas escolas santos e demônios, oportunistas e altruístas e muita gente que não se coloca em nenhum dos extremos conhecidos.
Por que eles tanto atacam estas instituições? Na visão de mundo deles, tudo que possa atrapalhar a dominação ideológica sufocante que almejam deve ser sumariamente destruído. Não há perdão. Eles têm saudade da época da ditadura militar e de todos os regimes autoritários do mundo afora. Desejam que o Brasil caminhe na direção de uma sociedade com uma só voz, com as pessoas controladas e sem capacidade crítica. Odeiam a ciência, a arte e se pudessem mandariam para fogueira os livros mais importantes da história da humanidade. Muitos dos seus seguidores detestam a palavra escrita, adoram a imagem e têm enorme aversão ao ato de pensar. Os que aceitam o que apreendem nos livros selecionam autores e idéias que defendam os mesmos pontos de vista ou possam ser usados nesta direção. Obviamente, isto não faz parte da superfície dos seus discursos. Pode ser depreendido, mergulhando-se nos conteúdos.
A velha técnica da manipulação implica inverter significados, cortar frases e dar interpretações truncadas. O que se quer é transformar as audiências em bonecos de ventríloquos, impedir que pensem e que decidam em sã consciência. Isto funciona. Existem mil e um exemplos da história humana da construção de versões para esconder a verdade, de se manipular grande quantidade de seres humanos e de usá-los como instrumentos do poder de uma pequena minoria.
Luís Carlos Lopes é professor e autor do livro "Tv, poder e substância: a espiral da intriga", dentre outros
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