sábado, 14 de fevereiro de 2009

FASCISMO EM ALTA NA ITÁLIA

Eliakim Araújo

Com Berlusconi no comando, a Itália tem caminhado a passos largos em direção a novas formas de fascismo, no qual as grandes vítimas são os imigrantes. Na semana que passou, o Senado italiano aprovou a nova Lei de Segurança, na qual está inserida a norma que obriga os médicos a denunciarem os imigrantes indocumentados que procurem os postos de saúde pública.

Trata-se de mais uma medida autoritária e desumana dos dirigentes de um país que, no passado, teve seus cidadãos acolhidos em todo mundo, especialmente no Brasil. Os médicos estão revoltados e já disseram que não são dedo-duros. E a oposição teme que a medida leve os imigrantes a procurarem clinícas e médicos clandestinos, com risco de vida para os pacientes, ajudando assim a aumentar o número dessas clínicas ilegais.

Na mesma lei, os senadores aprovaram a legalização das “rondas padanas”, grupos de civis, paramilitares, que percorrem as ruas e albergues na caça aos imigrantes e ciganos. Esses grupos que têm como lema “nós não queremos os restos de outros países”, têm origem na Liga Norte, o partido dirigido por Umberto Bossi, um separatista, racista e radicalmente xenófobo, que aumentou imensamente sua influência no cenário politico italiano, ao aliar-se a Silvio Berlusconi.

A oposição, tendo à frente a senadora Anna Finnochiaro, lider do Partido Democrata, disse que a lei é uma vergonha e que "a Itália em vez de regular o fenômeno migratório passou a perseguir os imigrantes".

Faz parte dessa Liga Norte o tal deputado Ettore Pirovano, aquele que ofendeu gravemente nosso país ao declarar que “o Brasil é mais conhecido por suas dançarinas do que por seus juristas”.

Claro que nosso Judiciário não é nenhuma maravilha, mas é o que nós temos. Nem por isso, devemos admitir que um gringo racista e neo-fascista venha fazer esse tipo de insinuação, que ofende não só o poder judiciário como a própria mulher brasileira.

Tomara que o STF, ferido em seus brios, dê a resposta que esse cidadão merece, votando pela permanência de Cesare Battisti no Brasil.

Nada que venha da Itália de Berlusconi e da Liga Norte nos surpreende. Os italianos não merecem seus atuais dirigentes.

Motivo de surpresa, essa sim positiva, foi a decisão do presidente Barack Obama de limitar os salários dos executivos das instituiçõs financeiras que receberam ajuda financeira do governo, como questionamos em nossa coluna da semana passada (“Banqueiros sem-vergonhas”). Parece óbvio que, se o governo colocou dinheiro público para tirar essas empresas do buraco, delas se tornou sócio com direito a impor regras em seu gerenciamento. Foi o que fez Obama determinando que seus dirigentes não podem ganhar mais do que 500 mil dólares por ano, além de restrições aos gastos e benefícios pessoais.

Com essa medida, Obama mexe numa área sensível do capitalismo e mostra que o governo está de olho nos golpistas de Wall Street. Nos oito anos de Bush, a coisa corria frouxa, sem nenhuma fiscalização, e deu no que deu: o colapso da economia ianque com reflexos no mundo inteiro. Ponto para Obama.

A propósito, o salário do presidente dos Estados Unidos é de 400 mil dólares anuais, sem contar as mordomias.

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