sábado, 24 de janeiro de 2009

Editorial - A moradia como problema social

Um estudo elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2007, revela que cerca de 54 milhões de pessoas, um percentual equivalente a 34,5% da população das cidades, moram de forma precária. Esses números indicam que um em cada três brasileiros não tem um lugar digno para morar, apesar de o direito à moradia ser um dos direitos sociais garantidos pela Constituição federal.O levantamento foi divulgado nesta terça-feira e revela que o país continua a ter uma pesada dívida social a resgatar com sua população mais carente. Foram constatadas algumas melhorias pontuais, como na quantidade de banheiros nas residências, luz elétrica, cobertura das habitações e conexões telefônicas. Todavia, a situação continua bastante grave em relação ao número de pessoas por moradia, com muitos habitantes em espaços reduzidos. Esses problemas foram observados com mais intensidade nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, totalizando, em números absolutos, mais de 3 milhões de pessoas nessa situação.Quando se observam os percentuais dessa superlotação doméstica, os casos mais críticos estão localizados nas regiões metropolitanas de Belém, de São Paulo e de Salvador. A média nacional é de 7,8% da população urbana dividindo com duas ou mais pessoas um cômodo. Nesses lugares, essa média está em 16,6%, 11,7% e 10,6%, respectivamente. Também as cifras da população que mora em cortiços ou casas coletivas improvisadas continuam bastante altas, embora tenha havido uma diminuição entre 1992 e 2007. O documento revela que esse número hoje já ultrapassa os 400 mil brasileiros. Quanto à população que habita as favelas, a revelação é que esse montante já engloba atualmente 7 milhões de pessoas nas áreas urbanas do Rio de Janeiro e de São Paulo.As questões relativas à moradia indicam antecedentes históricos de exclusão. Com a péssima distribuição de renda, esse problema se agrava, repercutindo na qualidade de vida da população. Investimentos maciços nesse setor, pelos benefícios diretos e indiretos que trazem, como a geração de empregos, são necessários sem tempo a perder.

Correio do Povo

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