domingo, 2 de julho de 2006

A TRAGÉDIA!

Faltou vergonha na cara.
Faltou alguém, como o Dunga, chegar no vestiário, no intervalo, e enfiar a mão na cara dos outros.
Eu agradeço a Deus por ter me livrado de ver isso. Eu bem que tentei ir à Copa, mas não consegui comprar ingressos. Graças a Deus. Em fim de carreira, não merecia ver isso, uma seleção brasileira covarde.Em 36 anos de futebol nunca vi uma seleção brasileira tão apática, tão inoperante. O jogo estava ruim, continuou ruim e depois piorou. Então, alguma coisa tinha de ser feita. Nem que alguém desse um pontapé num jogador francês para ser expulso. Parece um contra-senso. Mas, quem sabe, surgiria a partir disso uma reação dos demais jogadores.Eu estou completamente perdido.
Não sei o que dizer. O sentimento neste instante é confuso, muito confuso. Como é possível uma seleção brasileira, em jogo de Copa do Mundo, dar apenas dois chutes a gol? Foram 90 minutos de sofrimento.O time não pegou o jogo. Só funcionou nos dez minutos iniciais. Depois, patinou, patinou, patinou. Tive saudades do Dunga. Que saudades do Dunga!Você acha que o Dunga, ou um Chicão, deixaria a equipe apática, sem suar a camisa, num jogo decisivo da seleção?Em 1998, a seleção ainda jogou alguma coisa. Naquela final, deu carrinho, deu chutes a gol e teve a desculpa do problema médico sofrido por Ronaldo horas antes da partida.
Houve algum fenômeno ontem, em Frankfurt. Que a França esteve muito bem, não há dúvida. Foi a melhor partida dos franceses dos últimos anos. Isso não está em questão. O Zidane fez uma bela apresentação.Eu quero saber como é possível um time com a camisa da seleção brasileira entrar em campo com a postura de ontem. Uma equipe dorminhoca. Tinha de ter alguém para acordá-la. Faltou isso. Faltou muito mais. Faltou tudo. Faltou paixão, coração.
Já não gostei de ver os jogadores todos risonhos, se cumprimentando no túnel, antes da entrada em campo. Parecia haver ali uma grande confraternização, como se estivessem a poucos minutos de um amistoso importante, de uma festa.
Eu vivi uma situação como técnico do São Paulo, anos atrás, no Morumbi, da qual me recordo agora. Era um jogo com o Cosmos, uma verdadeira seleção mundial, com vários craques. Então, veio uma ordem para o Oscar, capitão do meu time, esperar o Cosmos para as duas equipes pisarem juntas o gramado. Eu e Oscar reagimos: "Nada disso. O jogo é uma guerra. Confraternização, se houver, só depois do apito final." Vencemos por 3 a 1.
Acho que tudo o que ocorreu ontem em Frankfurt deve ser analisado com muita atenção. Foi uma despedida triste para vários atletas, que não terão condições de disputar outra Copa do Mundo.Alguns deles vão entrar para a história como perdedores. Duro é ter de ouvir de alguns desses mesmos atletas que a geração atual é melhor que a de 1970. Não é saudosismo. É realismo. A pura realidade.
Argentinos e ingleses deixaram este Mundial também nas oitavas-de-final e devem chegar a seus países respeitados. Lutaram até o fim, com amor à camisa. Não se entregaram em nenhum momento. Saíram da Copa de cabeça erguida. Merecem os parabéns. Quanto a nós? Sabe o que vai acontecer? Os três que atuam no Brasil (Mineiro, Rogério Ceni e Ricardinho) é que vão ter de explicar o fracasso para milhões de pessoas. E o que esses coitados têm a ver com isso? Vou ficar com pena deles. Já os outros vão para suas belas casas, na Europa.Coisa triste. O futebol brasileiro não merecia isso Um desastre!
CARLOS ALBERTO SILVA TÉCNICO DE FUTEBOL

Um comentário:

Marco Aurélio disse...

Nunca vi NENHUM jogo a não ser o de ontem onde um time só consegue chutar contra o gol adversário aos 45 min do segundo tempo.

Um abraço

Marco Aurélio