sábado, 4 de março de 2006

SERRA O PODEROSO!

CARTAS ÁCIDAS
A unção e o ungido

Parece mentira, mas é o que foi noticiado em blogues e páginas: Tasso Jereissati ungiu José Serra como o “grande eleitor” do PSDB. Quem Serra ungir, ungido será. Alckmin tem razão, quando reclama.
Flávio Aguiar
Naquele tempo dizia Tasso a seu discípulo: tu és Serra, e Serra hás de ser. Parece mentira, mas é o que foi noticiado em blogues e páginas: Tasso Jereissati ungiu José Serra como o “grande eleitor” do PSDB. Quem Serra ungir, ungido será.Que pobreza política! Lembra a célebre eleição de João Baptista Figueiredo, por Ernesto Geisel, com o placar de 1 x 0!A opção, ainda a passar por cima de Geraldo Alckmin, revela a falta de opção por parte dos tucanos para a política nacional. Sua única opção é ocupar o Palácio do Planalto. Sem isso, se desmilingüem, são ninguém, zero à esquerda no plano da história nacional.José Serra é um atravessador. Alckmin tem razão, quando reclama. Agora era a vez dele. Tanto era que quando ele o apoiou para prefeito de S. Paulo, Serra assumiu o compromisso de ficar na prefeitura até o fim do mandato. E ainda teve de assumir tal compromisso porque o seu vice era o pefelista Kassab, que ninguém quer ver na prefeitura, mas que Serra, se for candidato, vai fazer os paulistanos engolirem. Mas enfim, houve tal campanha na imprensa contra Marta, que Serra acabou eleito. E agora vem mostrando que na verdade não queria ser o prefeito de S. Paulo. Até porque o verdadeiro prefeito da cidade é Andréa Matarazzo, e sua política direitista de limpação dos pobres no centro da cidade. Serra só corre pra cá e pra lá, atrás de festas e mostrações. Quanto à administração, nada tem a mostrar, a não ser a desarticulação das principais conquistas da gestão anterior, a petista.Há uma determinação histórica e psicológica: quando alguém quer ser presidente da república, quer muito, isso termina acontecendo. Vide Lula, vide FHC, vide até Geisel. No lado tucano, seria o caso de Serra. Mas há um senão: falta ao personagem uma visão de longo prazo, aquela que, no seu campo, sobra a Alckmin e também a Germano Riogotto, no partido ao lado.Serra quer logo tudo: e aí tropeça.Foi assim na última eleição presidencial, quando atropelou o próprio FHC; e está sendo assim agora, quando atropela o correligionário. Serra, se for candidato, periga ser derrotado, não pelo PT, mas pelo... PSDB!
Flávio Aguiar é professor de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo (USP) e editor da TV Carta Maior.

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