terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O fetiche intelectual

Não me desesperanço com aqueles que não leem e afirmam que não o fazem porque não gostam. É uma opção, com consequências negativas e positivas, como outra qualquer.
Eu lamento, deveras, por aqueles que passam mais tempo dizendo que gostam de ler livros do que lendo, propriamente.
Para esses, em que a literatura é um mero fetiche, um arremedo para seu hebetismo, dedico estas ingratas linhas.
Então, a esses que entram em livrarias todas as vezes que vão ao shopping e jamais compram nada, justificando que é caro, mas que, ironia dorida, jamais pegaram um livro emprestado numa biblioteca (senão quando um professor qualquer obrigou), a estes leitores de Dan Brown ou auto-ajuda, dedico humilde e singelamente, de coração contrito e lágrimas contidas, um olhar de cima para baixo, um desprezo que não consigo conter, uma lamúria derradeira sobre sua nociva pseudo-intelectualidade, a bagatela de vossas inteligências.
Eles se julgam superiores aos meros mortais por estes não lerem, por falarem eventualmente errado, por não terem curso superior. Quem dera estes pseudo-intelectuais pudessem permutar suas inteligências pelas suas arrogâncias. Julgam que uma é grande e a outra é bem pequena, quando na verdade, na maioria das vezes é exatamente o contrário.
Bem, nutrir tais sensações não me faz bem, é claro, mas convenhamos que é difícil se conter ante a ignomínia daqueles que deveriam compor a elite intelectual do país, e na verdade são fantasmas do que poderiam ser, fantoches que nada contribuem para o desenvolvimento da nação, mesquinhos eivados de uma soberba injustificada, que insistem ainda em se julgarem melhores do que os outros.
Vejo muita gente criticando o “povo brasileiro”, chamando-o de ignorante, preguiçoso e que tais, porém, muito mais pernicioso ao país do que sua parcela mais humilde é a sua elite burra.
Uma lástima.
Doney

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