terça-feira, 30 de novembro de 2010

E o caseiro Francenildo, hein?

O governo Dilma começa mal quando aponta para a Casa Civil ninguém menos que Palocci, envolvido em diversos escândalos. Por Rodrigo Constantino*

O Estadão destacou em manchete: “Palocci é confirmado na Casa Civil”. O poderoso cargo, que já foi ocupado por José Dirceu, Dilma Rousseff e Erenice Guerra, sempre foi palco de grandes escândalos de corrupção. O governo Dilma começa mal quando aponta para tal função crucial do governo ninguém menos que Palocci, já envolvido em diversos escândalos diferentes. Como diz a máxima: “À mulher de César não basta ser honesta, é preciso parecer honesta”. O ministério da Casa Civil deveria ser ocupado por alguém acima de qualquer suspeita. Palocci está muito longe de representar algo parecido.

Em 2005, Palocci se viu envolvido no escândalo do “mensalão”, após ser acusado por Rogério Buratti, seu ex-secretário em Ribeirão Preto, de receber entre 2001 e 2004 R$ 50 mil mensais de propina da empresa Leão&Leão, que seria favorecida em licitações da prefeitura. Palocci foi denunciado em 2006 pelo Ministério Público de São Paulo por crimes de formação de quadrilha, peculato e adulteração de documentos públicos. Em 2007, ele foi condenado em primeira instância pela Justiça, por irregularidades em Ribeirão. A lista continua.

Mas o caso que o derrubou do governo Lula, mostrando que estava completa a transformação do médico de fala mansa (Dr. Jeckyl) no “monstro” (Mr. Hyde) do livro de Stevenson, foi a quebra de sigilo do pobre caseiro Francenildo Costa, que era testemunha da presença do então ministro na mansão alugada em Brasília para a chamada “república de Ribeirão Preto”. O episódio, totalmente bizarro, expôs a verdadeira natureza de Palocci.

O uso da máquina estatal como instrumento de espionagem particular é uma das maiores ameaças ao Estado de Direito, e tal crime não pode ser ignorado pelos liberais só porque Palocci tem fala mansa e prega mais austeridade fiscal. O Mr. Hyde sempre estará lá, pronto para vir à tona sempre que for necessário para o projeto petista de poder.

* Rodrigo Constantino é diretor do Instituto Liberal

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