quarta-feira, 23 de julho de 2008

O paraíso das idéias cretinas

O Febeapá no Brasil não pára nunca. No Valor de ontem, o economista Eduardo Strachman, da Unesp, propõe uma série de mudanças para o regime de metas de inflação. Há propostas conhecidas, outras ruins e uma totalmente estapafúrdia: “a ampliação do Comitê de Política Monetária (Copom), com alguns representantes dos setores industrial, de serviço e agrícola, e não apenas do sistema financeiro”. A idéia do sujeito é uma variação piorada da que sugere a entrada de representantes da economia real no Conselho Monetário Nacional (CMN).

Entre várias outras atribuições, o CMN fixa a meta de inflação a ser perseguida pelo BC. Essa proposta já é bastante ruim – mas Strachman conseguiu piorá-la. Imagine o Paulo Skaf e o Abram Szajman no Copom, definindo o rumo dos juros? E por que não o Samuel Klein, da Casas Bahia? “Eu aprendi política monetária na escola da vida”, diria o simpático Klein. Paulo Skaf, claro, sempre votaria por cortes de 2 pontos percentuais dos juros, mesmo com a inflação perto de dois dígitos.

Outro gênio é Hélio Jaguaribe. É verdade que ele foi ministro do Collor, mas o sujeito deu aula em Harvard, Stanford e no MIT. Eu esperava que ele pelo menos não trilhasse o caminho do grotesco absoluto. Eu estava errado: a Folha publica um artigo de Jaguaribe em que ele sugere a criação da Amazoniabrás. Estou falando sério. Vale a pena citar um trecho:

“A Amazônia requer uma ativa interveniência do Estado. Não apenas, nem principalmente, por meio de normas regulatórias que, ademais de não serem produtivas, são completamente ineficazes, pela incapacidade de seu consistente monitoramento. A indispensável e urgente intervenção do Estado na Amazônia deve ter caráter operacional.

Trata-se, em primeiro lugar, de complementar os dados já disponíveis com um completo levantamento geoeconômico da região. E trata-se, adicional e principalmente, de constituir uma grande empresa pública, a Empresa Brasileira da Amazônia -Amazoniabras-, para promover a exploração racional, eqüitativa e ecologicamente responsável desse grande tesouro vegetal e mineral. Algo à semelhança do que foi -e continua sendo- a Petrobras para o petróleo.”

É isso aí: mais uma grande empresa pública, para inchar ainda mais o Estado, criar mais cargos públicos e levar mais ineficiência à administração da Amazônia. Não é brilhante?

Como se vê, sobram idéias cretinas no Brasil. Falta, porém, uma empresa que coordene e administre os esforços de tanta estupidez, hoje operando sem foco e de modo desorganizado. Para mudar esse quadro, só com mais uma estatal. Eu sugiro a criação da Cretinobrás. Mão-de-obra qualificada é que não vai faltar


Marcos Matamoros

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