domingo, 17 de maio de 2009

O Efeito Dilma

É controversa a tese que a frase "Política é como Nuvem" é de autoria de Magalhães Pinto. De qualquer maneira, a frase cabe como luva na sucessão presidencial de 2010. Com o adoecimento de Dilma Rousseff, as nuvens se movem a cada lufada, mesmo a mais leve. O último lance é o ressurgimento do terceiro mandato de Lula. O PMDB já teria coletado assinaturas suficientes para propor emenda constitucional para levar a referendo o terceiro mandato (referendo cuja data limite para ocorrer é setembro deste ano). Até aí, nada de muito novo. Logo que se soube do adoecimento da ministra, fui entrevistado por alguns jornais e revistas para fazer uma análise como cientista político. Eu afirmava que a situação poderia gerar três possibilidades: a) fortalecimento do nome de Dilma, a partir de uma comoção nacional, estimulada pelo lulismo/petismo, a partir do reforço da imagem de guerreira; b) a movimentação intensa da base aliada, em especial, o PMDB e Ciro Gomes, e de Aécio Neves (neste caso, se aproximando do PMDB, criando uma saia justa no interior do PSDB, que enfraqueceria Serra); c) o terceiro mandato, ainda que com pouca força política.
As nuvens se alteraram. O que se diz nos bastidores da política é que Aécio Neves começou a sondar a terceira via (do terceiro mandato), o que detonaria a possibilidade de Serra e o colocaria como terceira via em 2014, unindo, talvez, PT, PMDB e PSDB (o que ampliaria o "lulismo"). Esta possibilidade parece razoável porque Aécio discursou no evento do PSDB no nordeste como ponte entre o lulismo e os tucanos. Elogiou Lula e pediu ao PT que reconheça o bem que FHC fez ao país. E foi além: disse que os historiadores do futuro perceberão que de Itamar à Lula houve uma linha de sucessão cumulativa, complementar.
Rudá Ricci

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