quarta-feira, 17 de junho de 2009

A “Loura” não é má

Escrito por Gilvan Rocha


"Loura" é como a prefeita de Fortaleza é chamada, carinhosamente, pelos mais próximos dela. Ultimamente, temos ouvido alguns xingamentos e o argumento de que ela já não é a mesma Luiziane do tempo em que era funcionária da Emlurb, líder estudantil, vereadora, deputada estadual.

Há muito, o PT endireitou. Mas a "loura" pertencia a uma facção petista que se opunha a esse endireitamento. Tratava-se de uma militante aguerrida, de uma parlamentar combativa.

Quando havia manifestações populares bradando por direitos, lá estava a "loura" com seu discurso veemente em defesa do povo explorado pelo capitalismo, mas que ela imaginava ser pelo governo de plantão, erro comum do seu partido e assemelhados.

Também nas greves de trabalhadores em defesa dos seus direitos, ela lá estava apoiando-os na luta considerada por demais justa.

Tudo isso, porém, mudou e mudou muito, quando a nossa heroína passou para o outro lado do balcão e deixou de ser uma parlamentar livre das amarras, tornando-se gestora da desigualdade, isto é, quando assumiu um posto cuja tarefa é executar políticas do interesse da burguesia, próprias da função de governo, nesse sistema. Não só foi a "loura" que mudou de lado. Junto, ela arrastou um contingente de militantes para auxiliá-la nesse perverso papel de gestora da desigualdade, convertendo muitos desses militantes em meros office-boys e office-girls do capitalismo.

Isso, porém, não implica em dizer que a "loura" e seu séquito tornaram-se gente má. É verdade que alguns estão deslumbrados e até se locupletam com as benesses da posição que ocupam. Contudo, essa não é a regra, pois, o que os move é a vaidade do convívio e os afagos que o sistema matreiramente lhes dispensa - e esses são os tropeços da história.

Ontem, combatentes aguerridos; hoje, cooptados pelo jogo do capitalismo.

Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.

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