Os caras
Na minha antiga máquina de escrever já era a mesma coisa, algumas teclas estavam desbotadas, gastas. Agora, no computador, ocorre o mesmo, nas mesmas teclas. O que será? Bolas, eu as uso mais que as outras.
Mas esse usar das mesmas teclas, ou de usar algumas mais que outras, traz, não raro, alegrias, grandes alegrias.
Dia destes, antes de iniciar uma palestra numa das nossas cidades, um jovem sentou-se ao meu lado e muito educadamente pediu licença. Contou-me que eu o “salvei”. Fez-me sabedor de sua história, que ele andava por aí... e hoje sabe o que quer, considera-se um vencedor, mudou de rumos, sente-se feliz. Deu-me detalhes. Fiquei feliz.
Mas o que foi que eu fiz para ajudá-lo tanto assim? Com certeza ter batido nas mesmas teclas. Faz um bem danado ver alguém tirar velhos textos aqui publicados e tirá-los da bolsa como prova... Bah, subi ao palco que era um leão depois disso.
Quantas vezes, por exemplo, já disse que é muito bom ser campeão, ser o primeiro, ser apontado como referência, ser tido por competente, por capaz, por disciplinado etc etc, quantas vezes já disse isso aqui?
Quantas vezes fiquei furioso ao lembrar que os bons alunos na escola um dia foram chamados de CDFs? Chamados por quem? Pelos vagabundos, pelos nadas, pelos invejosos...
Dia destes contei aqui sobre os CDFs (sigla de uma expressão de calão, e todo calão é baixo, não é preciso redundá-lo) contei aqui que os primeiros CDFs foram chamados de “nerds”. Quem eram os nerds? Eram jovens que se envolviam com ciência e tecnologia nos inícios da década de 1950, foram os primeiros a estudar seriamente computadores. E sabe o leitor como os nerds eram definidos pelo American Heritage Dictionary? Eram definidos como “pessoas comicamente desagradáveis”. Isso mesmo. E os detratores dos nerds não desconfiavam que eles colocariam os americanos mais tarde na Lua... Sim, foram os nerds que fizeram isso, e mais tarde ainda criaram os centros de tecnologia do Vale do Silício, na Califórnia.
Coitados dos detratores dos bons alunos, coitados.
Pois não é que li esta semana no Estadão que os “nerds” estão sendo “caçados” pelas gurias nos pátios das universidades. Elas descobriram que eles são “os caras”. São alinhados, têm boa conversa, são gentis, gente fina, enfim. E ainda tiram 10 nas provas. Que tal, guri, que tal, guria, que tal ser um nerd? Não custa nada, não dói e pode colocá-los no pedestal da vida e dos corações alheios. Ah, estas velhas e desgastadas teclas: ser é melhor que ter. E ser é ter.
Na minha antiga máquina de escrever já era a mesma coisa, algumas teclas estavam desbotadas, gastas. Agora, no computador, ocorre o mesmo, nas mesmas teclas. O que será? Bolas, eu as uso mais que as outras.
Mas esse usar das mesmas teclas, ou de usar algumas mais que outras, traz, não raro, alegrias, grandes alegrias.
Dia destes, antes de iniciar uma palestra numa das nossas cidades, um jovem sentou-se ao meu lado e muito educadamente pediu licença. Contou-me que eu o “salvei”. Fez-me sabedor de sua história, que ele andava por aí... e hoje sabe o que quer, considera-se um vencedor, mudou de rumos, sente-se feliz. Deu-me detalhes. Fiquei feliz.
Mas o que foi que eu fiz para ajudá-lo tanto assim? Com certeza ter batido nas mesmas teclas. Faz um bem danado ver alguém tirar velhos textos aqui publicados e tirá-los da bolsa como prova... Bah, subi ao palco que era um leão depois disso.
Quantas vezes, por exemplo, já disse que é muito bom ser campeão, ser o primeiro, ser apontado como referência, ser tido por competente, por capaz, por disciplinado etc etc, quantas vezes já disse isso aqui?
Quantas vezes fiquei furioso ao lembrar que os bons alunos na escola um dia foram chamados de CDFs? Chamados por quem? Pelos vagabundos, pelos nadas, pelos invejosos...
Dia destes contei aqui sobre os CDFs (sigla de uma expressão de calão, e todo calão é baixo, não é preciso redundá-lo) contei aqui que os primeiros CDFs foram chamados de “nerds”. Quem eram os nerds? Eram jovens que se envolviam com ciência e tecnologia nos inícios da década de 1950, foram os primeiros a estudar seriamente computadores. E sabe o leitor como os nerds eram definidos pelo American Heritage Dictionary? Eram definidos como “pessoas comicamente desagradáveis”. Isso mesmo. E os detratores dos nerds não desconfiavam que eles colocariam os americanos mais tarde na Lua... Sim, foram os nerds que fizeram isso, e mais tarde ainda criaram os centros de tecnologia do Vale do Silício, na Califórnia.
Coitados dos detratores dos bons alunos, coitados.
Pois não é que li esta semana no Estadão que os “nerds” estão sendo “caçados” pelas gurias nos pátios das universidades. Elas descobriram que eles são “os caras”. São alinhados, têm boa conversa, são gentis, gente fina, enfim. E ainda tiram 10 nas provas. Que tal, guri, que tal, guria, que tal ser um nerd? Não custa nada, não dói e pode colocá-los no pedestal da vida e dos corações alheios. Ah, estas velhas e desgastadas teclas: ser é melhor que ter. E ser é ter.
Luis Carlos Prates
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