A revista inglesa The Economist publicou na semana passada extensa reportagem a situação falimentar da educação brasileira. Não há nada que não saibamos. Apenas o reconhecimento de uma publicação de enorme prestígio internacional da nossa incapacidade de possuir uma escola pública de qualidade. Ou como escreveu a revista, ao comentar a crença nacional de que Deus é brasileiro. Pode até ter ser, mas o Altíssimo certamente não desempenhou nenhum papel no desenvolvimento do modelo educacional do País em vigor.
The Economist faz uma análise detalhada da educação brasileira desde o legado cultural da colonização portuguesa que fazia da escola uma instituição da Casa Grande, reservada à elite abastada, até a influência negativa dos sindicatos dos professores no desenvolvimento da educação. Lembra, por exemplo, que são despendidos enormes recursos orçamentários em um modelo de escola que não funciona. Conforme mostra a revista – assunto que já comentei neste espaço – investimos em educação um percentual em relação ao PIB maior do que o da Coréia do Sul. No entanto, quanta diferença de desempenho.
A revista inglesa tem absoluta razão ao demonstrar que o déficit educacional é o grande freio do desenvolvimento do Brasil, que apesar de ter apresentado progresso político e econômico continua em posição de inferioridade em relação ao próprio terceiro-mundo. No fundo somos aquele gigante que despertou da sonolência dos séculos, mas permanece analfabeto. A publicação também encontra o “x” do problema ao demonstrar a inversão de prioridade de um sistema educacional que investe mais nas universidades do que no ensino fundamental.
Não é possível mesmo esperar resultado de um modelo empenhado em simular o aprendizado. Não estou a dizer apenas da falta de qualificação dos professores e da estrutura precária das instituições de ensino. Especialmente percebo que o tempo de permanência do aluno na sala de aula – fato que a reportagem da revista inglesa deixou escapar – é um dos grandes fatores que alimentam o ralo educacional. Como imaginar uma escola eficiente em que o estudante tem, com muito esforço, uma carga horária líquida de aprendizado inferior a quatro horas diárias?
A reportagem da revista está corretíssima, mas faltou comentar a necessidade de se instituir no Brasil a Escola em Tempo Integral, como ocorre lá no Hemisfério Norte. Sem a iniciativa, daqui a 20 anos teremos um ministro da Educação, ainda que competente, cheio de esperança de que estará a fazer algo de fundamental para as faladas próximas gerações quando não conseguirá gerir o desenvolvimento humano de quem está por aí imerso no analfabetismo funcional. Como disse a revista inglesa, ainda há muito a aprender.
Demóstenes Torres é procurador de Justiça e senador DEM-GO
The Economist faz uma análise detalhada da educação brasileira desde o legado cultural da colonização portuguesa que fazia da escola uma instituição da Casa Grande, reservada à elite abastada, até a influência negativa dos sindicatos dos professores no desenvolvimento da educação. Lembra, por exemplo, que são despendidos enormes recursos orçamentários em um modelo de escola que não funciona. Conforme mostra a revista – assunto que já comentei neste espaço – investimos em educação um percentual em relação ao PIB maior do que o da Coréia do Sul. No entanto, quanta diferença de desempenho.
A revista inglesa tem absoluta razão ao demonstrar que o déficit educacional é o grande freio do desenvolvimento do Brasil, que apesar de ter apresentado progresso político e econômico continua em posição de inferioridade em relação ao próprio terceiro-mundo. No fundo somos aquele gigante que despertou da sonolência dos séculos, mas permanece analfabeto. A publicação também encontra o “x” do problema ao demonstrar a inversão de prioridade de um sistema educacional que investe mais nas universidades do que no ensino fundamental.
Não é possível mesmo esperar resultado de um modelo empenhado em simular o aprendizado. Não estou a dizer apenas da falta de qualificação dos professores e da estrutura precária das instituições de ensino. Especialmente percebo que o tempo de permanência do aluno na sala de aula – fato que a reportagem da revista inglesa deixou escapar – é um dos grandes fatores que alimentam o ralo educacional. Como imaginar uma escola eficiente em que o estudante tem, com muito esforço, uma carga horária líquida de aprendizado inferior a quatro horas diárias?
A reportagem da revista está corretíssima, mas faltou comentar a necessidade de se instituir no Brasil a Escola em Tempo Integral, como ocorre lá no Hemisfério Norte. Sem a iniciativa, daqui a 20 anos teremos um ministro da Educação, ainda que competente, cheio de esperança de que estará a fazer algo de fundamental para as faladas próximas gerações quando não conseguirá gerir o desenvolvimento humano de quem está por aí imerso no analfabetismo funcional. Como disse a revista inglesa, ainda há muito a aprender.
Demóstenes Torres é procurador de Justiça e senador DEM-GO
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