O repúdio dos empresários

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A medida provisória que eleva em 2% a alíquota do ICMS vem provocando uma sucessão de notas de protesto e de repúdio e documentos pedindo sua retirada Assembléia. Um singular consenso registrou-se na reunião do Conselho das Entidades Empresariais-Cofem em torno da rejeição da medida. Outra unanimidade rara: o tom forte da nota expedida pelas Federações das Indústrias, do Comércio, da Agricultura, dos Dirigentes Lojistas e dos Microempresários de Santa Catarina. Todos os discursos tiveram uma linha: condenação do ato governamental pelas implicações econômicas nas empresas, pelo efeito cascata da nova alíquota, pela redução do mercado consumidor e até pela diminuição dos empregos.

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Há também um item que merece maior reflexão, ao ressaltar que está em jogo neste momento a credibilidade da classe política. O Cofem recorda que Luiz Henrique esteve duas vezes na Fiesc: uma no debate com Esperidião Amin e José Fritsch no primeiro turno. Ali, comprometeu-se em "rejeitar qualquer iniciativa de aumento da carga tributária e propor medidas de redução da carta tributária". Entusiasmado, assinou documento dizendo que ele "fazia parte de sua luta e de seus sonhos". A segunda visita foi mais festejada, porque anunciou que o presidente da Associação Empresarial de Joinville (Acij), Sérgio Alves, seria o secretário da Fazenda. Renovou o pacto em expediente do Cofem. Presente, Eduardo Moreira proclamou que o documento serviria de bússola para as ações de governo. Preocupado com o profundo desgaste da medida, o governador convidou o Cofem para uma reunião de emergência hoje, às 13h30min, na Casa d´Agronômica.
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Punhal
A edição da medida provisória ressuscita na mente dos eleitores e dos empresários decisão semelhante do presidente José Sarney. Vinha num mar de rosas, segurou de forma artificial os preços, queimou dinheiro público para manter o câmbio e adiou demagogicamente o reajuste dos combustíveis. O PMDB elegeu quase todos os governadores estaduais, na melhor vitória de sua história. No dia seguinte à eleição, Sarney apunhalou os eleitores, anunciando um reajuste de 50% nos preços da gasolina.

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Descendo o morro da Lagoa para comemoração política, o deputado Edison Andrino sentenciou: "O aumento da gasolina vai ser absorvido com o tempo. Mas o gesto de traição ninguém esquecerá". A partir dali, a imagem de Sarney despencou e só se segura hoje com as muletas fisiológicas do governo Lula.

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O grave da medida provisória aumentando o ICMS não situa-se só no financeiro. Está na quebra de um solene compromisso. O melhor a fazer agora é mandá-la para as calendas gregas.
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Estão estremecidas as relações políticas entre Marco Tebaldi e Luiz Henrique.
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Ministro Guido Mantega monitora de Brasília o leilão do governo para venda da conta salários do Besc. A senadora Ideli Salvatti dá informações diárias, convencida de que a operação tem caráter político.

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Moacir Pereira

Diário Catarinense