sábado, 16 de dezembro de 2006

Evolução da espécie humana
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Clóvis Rossi*
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Em resposta a uma pergunta que lhe fiz em Caracas, em agosto de 2003, Lula disse assim: "Em toda minha vida, nunca gostei de ser rotulado de esquerda. E, na primeira vez que me perguntaram se eu era comunista, respondi: "Sou torneiro mecânico".
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Agora, depois de confundir "evolução da espécie humana" com envelhecimento natural das pessoas, saiu-se com essa: "Se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas. Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também tem problemas".
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Soa engraçadinho, para uns, negação do PT, para outros, ou traição à esquerda, para terceiros. No fundo, porém, trata-se do mais puro oportunismo. Lula foi vendido com o rótulo de esquerda, sim, quando isso convinha na disputa pelo poder e seu marketing era ser contra "tudo o que está aí".
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Hoje, presidente, ele não precisa mais de rótulos e de maquiagem, e o PT nem é mais de esquerda, nem descambou para a direita, nem se equilibra no centro. Apenas tenta se entender. A frase foi só mais um lance pragmático de um político aplaudido como "intuitivo".
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Lula jogou o PT fora para se agarrar ao PMDB e aos mensaleiros, distribuiu o Bolsa Família para criar a sensação de distribuir renda, permitiu que os bancos tivessem o maior lucro da história enquanto o crescimento só bateu o do Haiti.
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Agora, para completar, finge que a esquerda não é com ele, tenta atrair os partidos, namora Delfim Netto e procura "grandes quadros" para compor o segundo mandato.
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Do PT sobram poucos, como Tarso Genro, cotado para tudo o que aparece, Justiça, Defesa, área política. Será que Lula gosta tanto assim do petista Tarso? Quem conhece ri e explica: "Não, é o contrário. Lula está é louco para se livrar do Tarso no Planalto". Dá para dizer: do Tarso, do PT e do restinho de esquerda que ainda estiver sobrando por lá. *Jornalista, Folha SP, 14/12/2006

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