Soberba, rancor e transe
Os candidatos derrotados à Presidência Heloísa Helena e Cristovan Buarque foram criações do rancor e da soberba. Do rancor destes candidatos e da soberba do PT e do próprio governo Lula, quando estes ainda estavam em lua de mel com o eleitorado. HH e Cristovan nada têm que ver - ou nada deveriam ter que ver - com a oposição tucano-pefelista. No entanto, no primeiro turno da eleição presidencial fizeram uma aliança tácita com essa oposição contra o candidato Lula. Assim, serviram de escada para Alckmin chegar ao segundo turno, mas não conseguiram nada para eles e para seus grupos políticos.
Comecemos com o rancor. O pior desastre que causou foi a candidatura de HH. Sua votação significativa no primeiro turno esconde um voto de protesto. Ela foi o "Cacareco" da eleição. Se o voto ainda fosse depositado em espécie na urna em vez de ser virtual, HH não teria nem metade da votação que teve, porque os eleitores teriam opção de votar em animais e figuras cômicas em sinal de protesto. Daí o fato de que o PSOL, partido dela, não superou o percentual de "barreira" (5% dos votos válidos) e, portanto, tenderá a sumir, fundindo-se com algum outro partido. Por outro lado, HH ficou sem mandato e ainda colaborou com a eleição de Collor para senador por Alagoas. E, como se verá no próximo parágrafo, os motivos dela para se meter na aventura de uma candidatura presidencial estiveram longe de ser forjados pelo interesse público.
A soberba do governo Lula criou um monstro. Heloísa Helena não conseguiu nada politicamente, nem para ela nem para seu grupo político, mas atrapalhou muito o governo que a expulsou do PT. O presidente, José Dirceu e o resto da cúpula do governo Lula de então optou por tratar HH como irrelevante, como dispensável, como alguém que poderiam atirar no lixo, por conta do apoio popular impressionante que tinha Lula e seu governo àquela época. Geraram um monstro. Se tivessem contornado a situação com ela, acalmando-a, tratando-a bem, ela não teria deixado o PT, mesmo incomodando e atrapalhando o partido. Expulsá-la foi uma burrice.
Tudo o que escrevi sobre HH vale para Cristovan Buarque.
Agora, no entanto, precisamos fazer certas considerações sobre essas duas lideranças políticas. HH e Cristovan construíram suas carreiras políticas na esquerda. HH, inclusive, na esquerda radical. O eleitorado que votou neles no último domingo, depois de lipoaspirado do voto de protesto de gente sem ideologia, sem convicção, que os encarou como brincadeiras, deverá votar pelo que considerará "o mal menor", conforme disse o psolista Plínio de Arruda Sampaio, candidato derrotado ao governo de São Paulo. Fica difícil de imaginar, pois, o eleitorado ideológico de HH e Cristovan votando num grupo político que tem ACM, Bornhausen e cia. apenas porque os dois presidenciáveis derrotados têm uma picuinha pessoal com Lula.
A chance de Lula se reeleger ainda é considerável. Ele precisa somar míseros dois milhões de votos aos que teve. Porém, deve reverter a imagem de pusilanimidade que, agora se sabe, passou ao eleitorado ao não comparecer ao debate da Globo. E não pode continuar fazendo programas eleitorais "propositivos". Precisa ir ao ataque. Imaginem o efeito de ele perguntar a Alckmin, num debate, por que alguém que preza tanto a "ética" impediu todas, absolutamente todas as CPIs que foram pedidas pela Assembléia Legislativa paulista. E quando Alckmin vier dizer que não teve influência nisso, Lula deve retrucar perguntando por que, então, a oposição sempre acusou a ele (Lula) de tentar abafar CPIs. E, finalmente, o presidente deve dar exemplos de por que a imprensa não é confiável, e dizer claramente ao público que os donos de jornais e TVs tem suas preferências políticas e, por conta delas, estão tentando interferir na eleição, valendo-se de concessões públicas como são TVs e rádios.
O coordenador da campanha de Lula, Marco Aurélio Garcia, disse em entrevista que "se for preciso" a mídia "será enfrentada". Se ele assistiu ao Jornal Nacional de ontem à noite e ainda não se convenceu de que é, sim, mais do que preciso enfrentar a mídia, então Lula já perdeu a eleição. Sua campanha vai ficar ajeitando a meia enquanto os tucanos fazem gol.
Comecemos com o rancor. O pior desastre que causou foi a candidatura de HH. Sua votação significativa no primeiro turno esconde um voto de protesto. Ela foi o "Cacareco" da eleição. Se o voto ainda fosse depositado em espécie na urna em vez de ser virtual, HH não teria nem metade da votação que teve, porque os eleitores teriam opção de votar em animais e figuras cômicas em sinal de protesto. Daí o fato de que o PSOL, partido dela, não superou o percentual de "barreira" (5% dos votos válidos) e, portanto, tenderá a sumir, fundindo-se com algum outro partido. Por outro lado, HH ficou sem mandato e ainda colaborou com a eleição de Collor para senador por Alagoas. E, como se verá no próximo parágrafo, os motivos dela para se meter na aventura de uma candidatura presidencial estiveram longe de ser forjados pelo interesse público.
A soberba do governo Lula criou um monstro. Heloísa Helena não conseguiu nada politicamente, nem para ela nem para seu grupo político, mas atrapalhou muito o governo que a expulsou do PT. O presidente, José Dirceu e o resto da cúpula do governo Lula de então optou por tratar HH como irrelevante, como dispensável, como alguém que poderiam atirar no lixo, por conta do apoio popular impressionante que tinha Lula e seu governo àquela época. Geraram um monstro. Se tivessem contornado a situação com ela, acalmando-a, tratando-a bem, ela não teria deixado o PT, mesmo incomodando e atrapalhando o partido. Expulsá-la foi uma burrice.
Tudo o que escrevi sobre HH vale para Cristovan Buarque.
Agora, no entanto, precisamos fazer certas considerações sobre essas duas lideranças políticas. HH e Cristovan construíram suas carreiras políticas na esquerda. HH, inclusive, na esquerda radical. O eleitorado que votou neles no último domingo, depois de lipoaspirado do voto de protesto de gente sem ideologia, sem convicção, que os encarou como brincadeiras, deverá votar pelo que considerará "o mal menor", conforme disse o psolista Plínio de Arruda Sampaio, candidato derrotado ao governo de São Paulo. Fica difícil de imaginar, pois, o eleitorado ideológico de HH e Cristovan votando num grupo político que tem ACM, Bornhausen e cia. apenas porque os dois presidenciáveis derrotados têm uma picuinha pessoal com Lula.
A chance de Lula se reeleger ainda é considerável. Ele precisa somar míseros dois milhões de votos aos que teve. Porém, deve reverter a imagem de pusilanimidade que, agora se sabe, passou ao eleitorado ao não comparecer ao debate da Globo. E não pode continuar fazendo programas eleitorais "propositivos". Precisa ir ao ataque. Imaginem o efeito de ele perguntar a Alckmin, num debate, por que alguém que preza tanto a "ética" impediu todas, absolutamente todas as CPIs que foram pedidas pela Assembléia Legislativa paulista. E quando Alckmin vier dizer que não teve influência nisso, Lula deve retrucar perguntando por que, então, a oposição sempre acusou a ele (Lula) de tentar abafar CPIs. E, finalmente, o presidente deve dar exemplos de por que a imprensa não é confiável, e dizer claramente ao público que os donos de jornais e TVs tem suas preferências políticas e, por conta delas, estão tentando interferir na eleição, valendo-se de concessões públicas como são TVs e rádios.
O coordenador da campanha de Lula, Marco Aurélio Garcia, disse em entrevista que "se for preciso" a mídia "será enfrentada". Se ele assistiu ao Jornal Nacional de ontem à noite e ainda não se convenceu de que é, sim, mais do que preciso enfrentar a mídia, então Lula já perdeu a eleição. Sua campanha vai ficar ajeitando a meia enquanto os tucanos fazem gol.
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