Folha de S.Paulo editorial
As escolas de lata são imorais (frias no inverno, um forno no verão, barulhentas em dia de chuva), nada as justifica, e, no entanto, as pessoas é que sabem a hora... Boa leitura! Ensino de lata
LEVANTAMENTO realizado pela Folha com base em dados do Prova Brasil mostra que o desempenho de alunos paulistanos que freqüentam as escolas de lata é praticamente o mesmo dos matriculados nos CEUs, os centros educacionais que oferecem piscinas, bibliotecas, teatro, laboratórios. Tal resultado não chega a ser uma surpresa. É claro que a infra-estrutura existente nos CEUs é importante e deveria estendida ao maior número possível de alunos. Mas também é óbvio que piscinas não ensinam matemática.
Quem o faz é o professor e no contexto de um projeto pedagógico. Sem isso as crianças não vão aprender, por melhores que sejam as condições materiais oferecidas. Para os alunos dos CEUs, a média na prova de língua portuguesa aplicada na 4ª série do ensino fundamental foi de 162,74 contra 159,02 obtidos pelos estudantes das escolas de lata. A diferença de 2,28% não tem relevância estatística. Em matemática, as notas foram respectivamente 169,37 e 165,45 (uma variação de 2,31%). É um desempenho bastante próximo da média da rede pública da cidade de São Paulo, que foi de 160,42 em português e 166,86 em matemática. Para o levantamento, foram usadas as notas de alunos de 20 CEUs e de 26 escolas de lata.
Os dados reforçam a convicção de que o principal desafio no campo da educação é promover uma revolução qualitativa, o que requer investir no aperfeiçoamento do professor e em projetos pedagógicos. A infra-estrutura é importantíssima e, sob vários aspectos, pode fazer grande diferença. Um exemplo: o aluno submetido às condições degradantes da escola de lata -onde ele passa calor no verão e frio no inverno- tem maiores chances de abandonar precocemente os estudos.
No mais, os CEUs não servem apenas à educação. Funcionam também como pólos de cultura, esporte e lazer para toda a comunidade em seu entorno.
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