quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A oposição piscou. Sarney deve ficar

Ricardo Noblat

Lembra do escândalo dos aloprados? O tal do dossiê fraudado por membros da máfia das ambulâncias e empregados da campanha à reeleição de Lula com denúncias contra os candidatos José Serra e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB?
Lembra da CPI do Cartão Corporativo e do dossiê montado na Casa Civil da presidência da República sobre despesas sigilosas do governo Fernando Henrique Cardoso?
Do Caso Renan Calheiros (PMDB-AL) você lembra. Sim, aquela história do dinheiro entregue por um lobista de empreiteira à jornalista, ex-amante e mãe de um filho do senador.
Como deve lembrar da descoberta recente sobre o curriculum da ministra Dilma Rousseff,da Casa Civil, onde constava curso que ela não concluiu.
Tais episódios ficaram por isso mesmo. O que envolveu Renan resultou na absolvição duas vezes dele pela maiores dos seus pares.
Prepare-se para testemunhar mais um que chegará ao fim sem que ninguém seja punido.
Sim, falo de tudo que foi apurado contra o senador José Sarney (PMDB-AP) - do empreguismo de parentes e afilhados políticos ao desvio de verbas oficiais dadas em patrocínio para a fundação batisada com o nome dele e presidida por ele.
Em discurso elogiado pelos colegas como "uma defesa técnica e sem emoção", Sarney disse em resumo o seguinte: se tenho culpa, quem aqui não tem?
Citou, por exemplo, o número de atos secretos produzidos nas duas gestões anteriores dele como presidente do Senado. E comparou-o com o número de atos secretos produzidos nas gestões dos seus sucessores.
De lá para cá, o PMDB pediu a cassação do mandato de Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB no Senado, que pagou o salário de um assessor liberado para estudar cinema durante dois anos em Barcelona.
E soube-se que o senador Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB, foi cuidar da saúde no exterior e levou uma das filhas com passagem paga pelo Senado.
O argumento do "se tenho culpa,quem aqui não tem?", assustou boa parte da oposição. O susto cresceu depois que Virgílio foi encostado na parede.
Ser réu confesso, como ele faz questão de repetir, não torna ninguém menos réu. Confessar um erro não revoga o erro cometido. Oferecer-se para reparar o erro pode, no máximo, atenuar uma eventual pena.
Sarney atou seu destino ao da aliança do PMDB com o PT para eleger Dilma. Ameaçou pedir licença do cargo para que ele fosse ocupado por um vice da oposição. O governo entrou em pânico.
Estamos outra vez nos estertores de mais um caso que provocou muito barulho para afinal se desmanchar no ar como tudo que parece sólido.
A prometida reforma do Senado se limitará a uma maquiagem mal feita. Medidas antes anunciadas estão sendo esquecidas sem alarde.
O que era sujo permanecerá sujo.
Revoguem-se as disposições em contrário.

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